sexta-feira, 14 de julho de 2017

O DIÁLOGO POLÍTICO E OS DILEMAS DO PRESIDENTE FILIPE NYUSI.


Lendo a edição de hoje (13.07.2016) do CANAL DE MOÇAMBIQUE e recuando o histórico do que tem sido as exigência da Renamo e muito particularmente a pretensão de governar as províncias de Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa, sou impelido a concluir que o Presidente da República, Eng.º Filipe Jacinto Nyusi, enfrenta, com o diálogo, um dilema extremamente arrepiante.
Durante a pré e campanha eleitoral, Filipe Nyusi vestiu-se de branco, personificando o Homem da Paz. E os esforços que tem empreendido no seu consulado são reveladores de se tratar de um homem empenhado na paz efectiva, pelo que ninguém se achará com legitimidade de pôr em causa o seu compromisso com a paz.
Entretanto, tendo presente que o debate central no presente diálogo político são as províncias supostamente ganhas pela Renamo, avançamos com cenários possíveis nesta empreitada da paz, como abaixo se expende.
Cenário 1: O Governo recusa ceder às províncias e propõe a alteração imediata da Constituição República, da Lei Eleitoral, com vista acomodar a questão da eleição dos governadores provinciais e convoca eleições antecipadas para o efeito.
Cenário 2: Governo convence a Renamo a propor nomes que poderão ser nomeados pelo Presidente da República para o cargo de governadores e aceita rever os procedimentos administrativos em vigor e assume todos os riscos que isso significará: escangalhamento de toda estrutura administrativa actual já montada do top a base.
Cenário 3: O Governo nega as exigências da Renamo, nega eleições antecipadas e nomeações de governadores provinciais, sendo visto, a partir daí, como arrogante, prepotente e altamente passível de mais sanções económicas até à sua queda, sem contar com as consequências para Nyusi e seus camaradas, ao nível da Frelimo.
Para os 1º e 2 º cenários, o ambiente interno no seio da Frelimo será turvo. As mudanças decorrentes desses pontos poderão não ser percebidas da mesma forma ao nível das bases. Poderá existir um sentimento de fragilidade, perda de poder e derrota diante da Renamo. Esse cenário poderá conduzir ao questionamento interno em relação a real capacidade da liderança do partido. Caso não seja altamente monitorado poderá trazer consequências imprevisíveis.
Mais particularmente, no cenário 2, poderemos ter uma agitação gritante, desordem interna e aumento de rebeliões internas que poderão agitar o partido, com o risco de um resultado menos conseguido nas eleições municipais de 2018, caso a mesma liderança que entregou as províncias esteja no poder.
Na 3ª hipótese, com as sanções aumentando, o Estado ficará mais débil, a crise de divisas aumentará, teremos sérios problemas de inflação e carência de produtos, o que irá conduzir a frustração popular, possíveis tumultos sistemáticos, onde a tónica será a demissão governo da Frelimo.
Este cenário poderá fazer com que as estruturas do partido entendam colocar no lugar do actual um outro líder com visão e força suficiente. Aí emerge a figura de Luísa Diogo, que pode entrar em cena, se tivermos em conta o seu historial com Banco Mundial e FMI. Há sectores na Frelimo que entendem que tê-la como líder salvará da crise aguda que se pode atravessar.
Ainda na hipótese 3, iremos assistir ao aumento de ataques dos homens armados, crescente destruição infra-estruturas, bens privados e alastramento do conflito para outras províncias.
Aqui o papel dos financiadores da Renamo entrará em cena, pois esta poderá receber mais dinheiro, ter mais capacidade bélica e poderá levar a curto prazo a uma provável declaração de guerra formal e suspensão da Constituição.
Ainda assim e independentemente do cenário que se afigurar mais provável, é mister recordar que o Zimbabwe – ainda que sem ataques armados – já esteve numa situação financeira mais grave que a nossa, mas conseguiu sobressair graças a coesão interna no ZANU-PF. É disto que a Frelimo precisa hoje.
Olá paz!
15 comentários
Comentários
Filimao Suaze
Filimao Suaze EU espero que se respeite a Constituiçao Da Republica nesse dialogo, ainda que isso signifique que sejamos todos mortos pela Renamo,e se salva o Estado de Direito Democrático. De contrario, será o fim do Estado.
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Julio Mutemba
Julio Mutemba A renamo tem a capacidade de te levar a um diogo cujo desfecho e quase sempre imprevisivel. A guerra!
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Isalcio Mahanjane
Isalcio Mahanjane Lucidez de invejar e pedir emprestada! Bem tirada Alexandre Chivale!
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Carlos Jorge Nhamahango
Carlos Jorge Nhamahango Chivas já era sem tempo começar a antever os possíveis cenários das discussões entre a F&R. outrossim iria adoptar a opção 1. Frelimo não teme mas a crise poderá castiga lá no entanto seria decisão do povo. Boa antevisao ilustre
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Fracelina Muchungo
Fracelina Muchungo Isto quer dizer que teremos Moçambique de norte e sul! e a constituição da República onde fica?
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Chandrek Niconela
Chandrek Niconela Primeiro vamos falar do desarmamento total da Renamo, não se pode falar da Paz quando os homens da renamo continuam armados.
A minha questão é, a renamo exagerou bastante nas exigências e o governo cedeu sempre, acomodou muitos interesses da renamo. 
O
 que a renamo cedeu em contrapartida? 
Infelizmente continua a mesma renamo armada, fazendo guerras contra o Povo inocente.
Num universo em que a Renamo tem muitas exigências e o Governo apenas duas era óbvio que a renamo cedesse pelo menos uma, ou Paz efetiva ou desarmamento total, enquanto continuarem acomodar as exigências da renamo e não existe troca em contrapartida, sempre teremos a mesma renamo.
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Alexandre Chivale
Alexandre Chivale Exactamente. O ponto está aí
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Fernando Chiluvane
Fernando Chiluvane Caro Alexandre Chivale gostei das lúcidas analises que fizeste que provam claramente que ainda restam alguns homens com visão. Acredito ainda haver muito espaço para diálogo e entendimento, a chave será a forma como será abordado na prespectiva do desenvolvimento do país e não apenas para se alcançar a paz, porque para alcance da paz pode refletir uma visão a curto prazo. 

Sou de opinião que o cenário 1 pode ser actualmente o mais adequado, mas sem necessidade nenhuma de eleições antecipadas. Apenas para garantir que os actores políticos vão aos próximos processos eleitorais conhecendo previamente a regra de jogo.

Não vejo necessidade nenhuma de nomeação de governadores nas 6 províncias. O que pode ser sugerido é uma análise clara e lógica de formas para acomodar determinados interesses que até pode passar por nomear certos membros da RENAMO para dirigirem algumas empresas públicas e uma e outra província sem ter que ser necessariamente uma das 6 províncias, porque se a ideia é dirigir para desenvolver isso pode ser melhor feito onde realmente se precisa deste desenvolvimento.
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Alexandre Chivale
Alexandre Chivale O repto está lançado. Até podem se cogitar outros cenários.
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Julio Muambale
Julio Muambale Bem ate agora o futuro e sombrio mas acredito na capacidade dos mocambicanos para lhe dar com este tipo de situacao porque ate os contra ficaram afectados caso venha haver tumultos ou guerra o qui nos como povo temos a fazer e exigir o respeito por nos esobre tudo SERMOS UM POVO UNIDO porque na verdade o qui os patroes da RENAMO e os DA DITA SOCIEDADE CIVIL, so querem nos dividir para poderem melhor nos dominar e pilhar as nossas riquezas. DEIXEMOS A POLITICA PARA OS POLITICOS
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Augusto BáfuaBáfua
Fernando Muianga
Fernando Muianga Peço quem puder nos dar uma "cunha" e meter esta análise ao debate da Comissão politica...este assunto não é para simples comentários é para estudo e debate de quem tem aresponsabilidade sobre todos nós ... não brinquemos com a nossa vida caros irmãos
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Florindo Passaro
Florindo Passaro Os mocambicanos querem a paz. Quem nao a quer, este nao pode ser digno de ser mocambicano. Quem ataca Mocambique e aos mocambicanos sao os invejos mano. Havemos de assistir mais uma vez o olho grande do imperialismo pois Massangena ja tem jazigos de diamante. Mais... nao disse!
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