SOBRE O MANIFESTO DO VENÂNCIO MONDLANE
Levantou-se uma controvérsia desnecessária após algumas pessoas terem considerado que o discurso inaugural do novo Presidente da República mostrava ter extraído muitas coisas que estão no Manifesto do Venâncio Mondlane. Este post não é acerca, nem está na linha dessa essa controvérsia. Pelo contrário, vou aproveitar a ocasião de um conselho amigo para contar uma parte da história que é importante ser conhecida para se compreender a dimensão e o significado daquele manifesto (tanto no seu conteúdo como no modo como foi elaborado) no contexto do debate nacional para a procura de soluções aos desafios que o país enfrenta.
Talvez isto ajude aos que estão envolvidos no debate do “plágio/não-plágio” a entender porquê que o actual Presidente da República (ou as pessoas que lhe escreveram o discurso) escolheram ir buscar alguns elementos de “bandeira” do manifesto de Venâncio Mondlane para incluir no seu discurso inaugural. Mas isto será simplesmente sub-produto, pois tal como disse em post anterior, não escutei nem li tal discurso, pois a basta e trágica experiência que temos dessas coisas é de que muitas vezes não valem nem o papel em que estão escritas.
Mas vamos por partes.
1. O DIA EM QUE ACORDEI COM A SENSAÇÃO DE ESTAR NUM PESADELO SAMORIANO
Se o Venâncio Mondlane tivesse ficado presidente eu nuca mais havia de ter um sono de profundo e total descanso. E não quero com isto insinuar que eu fosse ficar um dos ministros do governo dele. Por muito que as pessoas não possam acreditar isto nunca foi matéria de conversa entre eu e ele. A razão está no que explico a seguir, e que brevemente expliquei numa entrevista na TV-Sucesso quando ainda eu trabalhava no Manifesto.
O que aconteceu é que eu sempre “chateei” o Venâncio Mondlane, fazendo-lhe perguntas sobre os planos políticos dele, sobretudo quando ele começou a movimentar-se para disputar a presidência da Renamo. E quando ele decidiu apresentar-se como candidato independente a Presidente da República, decidi dar-lhe o meu apoio publicamente. A seguir, comecei a pedir-lhe para me dar a oportunidade de comentar e dar subsídios às suas ideias governativas e para o manifesto.
Mas Venâncio que é Venâncio, aparentou ignorar-me e deixou-me “secar” durante duas ou três semanas sem resposta. Até nem atendia os meus telefonemas, e quando os atendia dizia que voltavas a ligar e não o fazia. Me resignei. Comecei a arrumar as minhas notas para começar a “disparar coisas” através do Facebook para quem quisesse ouvir. Para mim NO INTERESSE NACIONAL era necessário entrar no grande debate pois as eleições de 2024 se apresentariam como “a mãe de todas as eleições” (como já vimos).
Mas ao acordar numa madrugada dessas (fim de Abril ou inicio de Maio de 2024) apanho no meu WhatsApp inbox uma mensagem dirigida aos seus colaboradores e copiada a mim em que ele dizia que está designado o Professor Tibana como Coordenador do manifesto, e a seguir indicava uns três jovens que iam trabalhar comigo como Relatores. Indicava também que havia um documento que já tinha algumas ideias e que podíamos olhar nele e começar daí. No dia seguinte pedi o documento e mo foi enviado. Eram três páginas com uma lista de tudo o que está mal e deve acabar em Moçambique (em surdina passei a chamar esse documento de “lista zangada” – razão dada mais à frente).
Os da minha idade ou por volta disso irão lembrar-se como era comum nos anos imediatamente após a independência uma pessoa estar sentada a assistir o noticiário e alí ouvir pela primeira vez que havia sido destituído ou nomeado a ministro ou director, ou a quadro técnico numa empresa estratégica. Tudo isso por despacho do Presidente Samora Moisés Machel, algumas vezes lido no noticiário da meia-noite.
Já há uns anos que jurei à minha esposa que mesmo que me fosse oferecido nunca agora na minha idade aceitaria ser ministro de coisa que fosse. Por isso sempre que penso no Venâncio Mondlane como Presidente da República sinto um calafrio provocado por essa experiência da comunicação da minha “nomeação” como Coordenador do Manifesto dele, com medo de acordar e ler nmos jornais que fui nomeado ministro de qualquer coisa.
Ainda assim, a coordenação da elaboração do manifesto dele é algo a que me dediquei com paixão e todo o meu zelo.
2. MAS COMO FOI ELABORADO O MANIFESTO DO VENÂNCIO MONDLANE
É importante frisar que o conteúdo das propostas daquele manifesto não é só do Venâncio Mondlane e de todos os seus colaboradores que para ele contribuíram. Ele resulta também do contributo de muita gente de diversas esferas da vida, muitas até que não têm nada a ver coma política. Até alguns militantes e simpatizantes da Frelimo e de outros partidos da oposição contribuíram, bem como da diáspora moçambicana.
Como coordenador recebi dessas pessoas muitos contributos, directamente e outras que eram enviadas ao Candidato Venâncio e ele mas transmitia. Falei com muitas dessas pessoas que, NO INTERESSE NACIONAL, mesmo sabendo que eu estava a trabalhar para o Manifesto do candidato Venâncio Mondlane (isso era público e nunca foi ocultado a ninguém a quem solicitei contribuições) aceitaram falar e até escrever para mim ou para o Venâncio. Algumas pessoas e organizações até o fizeram sem que fossem solicitadas. Tenho a certeza de que muitos desses ao lerem o Manifesto se sentem representados, embora outros possam se sentir frustrados por não verem todo o seu contributo refletido como desejariam. Mas houve também outros que se negaram, alguns de maneira vergonhosa.
2.1. SESSÕES DE BRAINISTORMING E DEBATES VIRTUAIS
Depois de receber as tais três “paginas zangadas” que tenho a certeza que o Venâncio nem tinha visto antes, e depois de uma conversa com os três jovens Relatores, notei que me havia metido numa alhada muito grande. Pedi ao Venâncio para termos uma sessão de Brainstorming com a sua equipa central. Em dois dias preparei a sessão. No dia peguei no computador e fui lá. A sessão durou cerca de quatro horas até alta noite. Não havia chá para estimular. E água só quem tivesse trazido sua garrafinha.
Fique uma semana a escrever tudo em PowerPoint. Venâncio já se esquecia que tinha um coordenador de manifesto. Ele estava às voltas com a recolha das assinaturas de suporte à candidatura. O pequeno escritório de três compartimentos minúsculos era uma azáfama terrível. Um dia consigo captar a atenção dele e lhe peço mais uma sessão para apresentar os resultados do brainstorming e outras coisas que eu havia escrito e queria testar com eles. Foi outra maratona que termina a altas horas da noite. Mas aí já tínhamos chá e água (ainda não havia bolachas; nunca houve! Quem podia levaca o seu farnel).
À saída dei boleia a dois dos jovens relatores. Um deles que estava sentado ao meu lado, visivelmente cansado da “tortura” do brainstorming e debates da reunião, mas aparentemente mais relaxado, virou para mim, olhou-me e disse: “puxaa!... Doutor! Você nos salvou mesmo hein! … Quer dizer, nós estávamos mesmo zangados!...Aquela lista alí era mesmo para partir tudo…” Foi a partir desse dia que comecei a chamar aquelas três páginas que me haviam dado no início de “lista zangada”.
Depois desta sessão, fiquei mais umas duas semanas desenvolver tudo já em texto e também em PowerPoint. Entretanto, além de puxar pelos meus arquivos estou a falar com alguns amigos. Não quero comprometer ninguém publicamente, mas peço contribuições. Telefono para pessoas. Falo com empresários. Chateio toda a gente que me pode aturar. Entretanto os meus Relatores começaram a escassear. Já se estava a entrar a fundo no conteúdo e isso já “não era com eles”. Alguns estão a ser puxados para a recolha de assinaturas. ER cada um tem o seu ganha-pão para conta. Falo com o Venâncio e peço mais apoio. Decidi largar tudo e investir nisto. Ele lembra-se que tem “este rapaz que é muito inteligente e dedicado e costuma ajudar-me em certas coisas… fale com ele…” Dá-me o contacto do Edgar Barroso. E com este começa uma colaboração épica. Sem horas do dia. A qualquer altura, à saída das sulas lá onde ele estava apanha sempre um texto para ler, corrigir e devolver “logo que possa”. Mas o diligente do Edgar sabe que aquilo é muito urgente e diz “Sim Prof. Já devolvo…” ou “Sim, Prof, logo que sair das aulas …”, ou ainda “ Sim, Prof, só vou apanhar uma soneca rápida e logo devolvo…” Muito parco em palavras, mas horas ou mesmo minutos depois está a devolver, com tudo a fazer mais sentido (estou a ler muitas coisas ea falar com muitas pessoas, e escrevo rápido para não perder o fio da meada e ele tem que arrumar as coisa). Umas vezes peço para iniciar a elaboração desta e daquela secção e ele prontamente escreve coisas extraordinárias.
Volto ao Venâncio e digo-lhe que agora quero a tua equipa central toda e todos os teus coordenadores e quadros provinciais para uma apresentação e debate. Uma espécie de brainstorming em que ainda só vamos escutar mas já estamos a testar algumas ideias.
A primeira sessão com os coordenadores e quadros provinciais foi um dilúvio de ideias extremamente valiosas. Fiquei assustado, não certo se havíamos de poder incorporar e sistematizar tudo aquilo. Os Redatores eclipsaram, sugados pelas múltiplas actividades. Deu para mais umas três semanas de escrever.
E depois fomos a mais uma sessão com os coordenadores e quadros provinciais. Duas semanas depois e já tínhamos um texto e slides de apresentação em PowerPoint. Mas nem todo o conteúdo tinha sido completamente elaborado (aliás no meu ver nunca chegamos a ter tudo o que queríamos).
2.2. A “LOUCURA” DO PRÉ-MANIFESTO DE CONSULTA
Quando transmiti pela primeira vez um texto em Word e 50 slides PPT houve muita euforia de que já tínhamos “arrancado” o Manifesto. Quase se abriu Champanhe. Os editores políticos (tipo Dinis) e comunicadores (tipo Cremildo) já se chateavam connosco. Aquilo já estava a levar tempo, Nunca houve nada igual no “mercado”.
Mas para mim e o Edgar ainda aquilo estava longe de satisfatório. Havia áreas que não eram da minha especialidade e não estavam bem elaboradas. Outras elaboramos, mas tinham que ser testadas junto de pessoas da área. Eu via muitos buracos para tapar. Mas o Venâncio não tem gente nem tempo, nem dinheiro para trazermos recursos. Voluntários escasseiam. Que fazer? O certo é que era preciso ir buscar mais ideias, mais propostas concretas para os problemas a resolver, coisas que as pessoas possam olhar e identificar-se com elas, tanto como problemas identificados correctamente como nas soluções.
Um dia estávamos reunidos na equipa conselheira e eu digo: Venâncio, tens que ir a consultas públicas com este documento como um pré-manifesto. Ele olha para mim e não responde nada. Depois finge que está a atender alguma mensagem no telefone. Sei que ele está lateralmente a pensar e a espera que alguém diga algo. Alguém diz que isso seria loucura. Vai ser tudo copiado. Outro diz ainda bem se copiarem, vão se envergonhar eles todos porque toda a gente vai saber que eles copiaram. Outro diz mesmo se copiarem não vão saber implementar porque não foram eles que pensaram.
Aí o Venâncio levanta a cabeça e diz: mas Mestre (assim me trata ele), porquê que vamos ter que fazer isso? E eu expliquei-lhe que ir a consultas com o documento em slides teria duas vantagens: 1) Expor as suas ideias e propostas sem pretender que elas sejam finais e totalmente abrangentes; 2) mostrar claramente como ele vai governar, que ele vai consultar a todos, e deve começar com o seu Manifesto, para que realmente reflita ao mais possível as várias situações e capte as várias propostas de soluções que existem na sociedade; 3) Você não tem recursos humanos e financeiros para fazer os estudos que te podem dar esse conhecimento; somos aqui uma meia dúzia de gatos pingados com ideias interessantes mas não temos capacidade de elaborar e sistematizar mesmo essas nossas ideias e ainda há muito que não sabemos e que temos que ir buscar lá fora.
O grupo conselho corrobora. Mas o lançamento vai ser por slides e PowerPoint. O texto completo em Word fica em reserva até a versão final.
Aí ele do Venâncio Mondlane levanta-se e diz: ok, vamos a isso. Decisão tomada. Vamos lançar isto como um pré-Manifesto em PowerPoint, e depois vamos seguir isso com uma série de sessões de consultas públicas e fechadas com todos aqueles que aceitarem discutir isso connosco e fazer críticas e dar contribuições.
No fim da sessão um dos colaboradores dele disse: “Esta foi a primeira sessão do nosso conselho de ministros.”
E foi assim parido um pré-Manifesto de quase sessenta slides em Power Point que foi lançado no dia 4 de julho de 2024 no Hotel VIP em Maputo com transmissão virtual para todo o país e o mundo. Coisa inédita na elaboração de um manifesto de partido político em Moçambique.
A partir daí foi um outro dilúvio de contribuições de diversas pessoas e organizações. Tivemos um calendário muito ambicioso de consultas algumas das quais não se realizaram por falta de recursos e outras por indisponibilidade das pessoas ou entidades com quem pretendíamos falar.
Houve pessoas e entidades que nos abriram as portas e outras que não colaborara. O que é de esperar. Porém o meu grande desapontamento foi em relação ao sector empresarial, em particular a principal confederação das associações económicas, com a qual não tivemos uma interação organizada a[pesar de todos os esforços. Tenho uma grande divida de gratidão a alguns empresários que individualmente se prontificaram a falar honestamente e dar muitas contribuições valiosas de assuntos que sugeriam que analisássemos e tivéssemos politicas para elas, e até sugerindo politicas e medidas concretas para as mesmas. Por isso vale parar e reconhecer todos aqueles que deram as suas contribuições, embora não possa citar os seus nomes por razões óbvias.
Também o Manifesto, que não é uma obra académica, não faz referências ou citações de fontes, excepto raríssimas exceções de fontes publicas. Este é Manifesto político e não uma obra académica.
Em resumo, O que está alí naquele manifesto não foi trabalho de gabinete de uma ou duas pessoas. Houve sim um “laboratório técnico e estratégico” (se assim o quiserem chamar) para elaborar e arrumar contributos de variadíssimas fontes.
Também vale dizer que na essência a inspiração política, a “veia” e “garra” do manifesto, e a sua capacidade de captar o pulsar da nação nos seus sonhos e desejos, e mesmo a iniciativa de muitas ideias concretas nele contidas, foram ou originadas ou sancionadas pelo candidato independente e dono do mesmo, o Venâncio Mondlane, em coordenação com os seus colaboradores ao nível central e provincial. Isto que fique claro. O “laboratório técnico e estratégico” fez pesquisas, recolheu material de várias fontes escritas e orais, analisou e sistematizou, e sobretudo desempenhou o papel critico de organizar os debates e elaborar os documentos para a equipa política decidir.
As pessoas poderão dizer: mas então qual é a responsabilidade do “laboratório técnico e estratégico” nisto tudo? Estão a eximir-se dela? De modo nenhum. Muito simples: assumimos todos os erros e omissões de análise que no Manifesto possam existir.
3. E SOBERE ESSA DE O DISCURSO DO PRESIDENTE APROPRIAR-SE DE PARTES DESTE MANIFESTO?
Repito: não escutei nem li esse discurso, por isso não sou eu que o digo. Mas se os que assim o dizem têm alguma razão, isso pode ter duas interpretações. Mas antes de ir a essas interpretações deixa-me contar uma história rápida sobre a “cultura de manifestos” em moçambique, com um exemplo paradigmático.
Numa destas minhas investidas de tentar estabelecer pontes, estava eu a conversar sobre assuntos sérios com um quadro sénior da Frelimo que trabalhou e sabe muito bem como esses documentes são produzidos e qual o papel que lhes é atribuído naquele partido.
Ele começou o assunto perguntando-me se era verdade que eu estava a coordenar a elaboração do Manifesto do Venâncio Mondlane cujo pré-manifesto estava em circulação para consulta pública. Eu disse que sim. Ele deu uma gargalhada e disse (quase literalmente): você também! … Leva essas coisas muito a sério…. Essas coisas de manifestos nós na Frelimo fazemos aquilo só para ter um documento… manifesto é quase uma formalidade, o próprio candidato nem chega a ler aquilo. Ele sai depois para a campanha e vai lá falando o que politicamente dá para mobilizar as pessoas. E depois as coisas se fazem... Manifesto não tem função nenhuma nestas coisas…
Senti-me humilhado, mas retive isto:1. “… manifesto é quase uma formalidade”; 2. “… depois as coisas se fazem”. As coisas se fazem!
Coitado do Venâncio Mondlane que uma vez eu tive que lhe trancar no escritório dele e com a ajuda da esposa tirar-lhe os telefones para ele poder ler o rascunho do Manifesto.
É verdade que todos os políticos no terreno inventam coisas que não têm nos manifestos. Venâncio também fez isso. Mas num processo sério existirá uma espinha dorsal e uma elaboração que faz um diagnóstico sincero da situação e propõe uma estratégia e soluções sérias dos problemas.
Mas se calhar é isto que explica aquilo que as pessoas dizem que se passou com o discurso de tomada de posse do actual Presidente da República. Se for verdade que ele incorpora uma boa parte das propostas do manifesto do Venâncio Mondlane, para a Frelimo isso até pode não ser problema nenhum. Aquele discurso é só uma formalidade e “depois coisas se fazem…” Também está em linha com aquela entrevista em que perguntam ao então candidato Chapo quais eram as ideias dele para o futuro do pais e ele abruptamente se levanta e termina a entrevista dizendo ao jornalista para lhe fazer essa pergunta quando já for presidente. Na altura não era necessário ter ideias. O que interessava é que “depois as coias se fazem”. E isso de facto só seria quando fosse presidente.
Mas pode ter-se uma outra interpretação, se calhar mais benigna. Ou até outra maligna dependendo dos gostos. Só que isso é conversa para outro dia. Por agora prefiro ficar com a minha porque esta já vai muito longa: “as coisas depois se fazem..”.
Em resumo: A seriedade do projeto governativo de Venâncio Mondlane não está só no conteúdo do manifesto, como também na maneira como ele foi elaborado. Também está na maneira como a sua implementação seria organizada, que não foi de domínio público, e nem sequer do próprio Venâncio Mondlane pois as maquetes e organogramas ainda estavam no “laboratório técnico e estratégico” (o que em parte pode explicar a trapalhada dos ministérios que se extinguem, criam e fundem – faltou a cesso ao blueprint da implementação.. kkk…).
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