sexta-feira, 28 de julho de 2017

"Para mim é fingimento. A sua função não é criticar, é tomar medidas"


EUREKA por Laurindos Macuácua
Cartas ao Presidente da República (62)
Bom dia, Presidente. Acho que traí as minhas convicções. Devia ter encabeçado esta carta com o título Governo de entrincheirados. Sim, porque o Presidente, durante os dois anos e meio da sua governação, entrincheirou-se face a tantas críticas à gestão política da sua competência.
Preferiu ouvir os aduladores, os beijamão.
Tudo o que eles dizem, para si, está correcto. Nunca lhe apontam nenhum erro. Não acha que lhe mentem? Até o Messias não era perfeito…
E não me vou juntar ao soluço dos que choramingam ao sabor de que o Presidente traiu o seu patrão (entenda-se o povo). O maior traidor desta pátria é o povo que sucessivamente, eleição após eleição, escolhe gente que rouba, mente, e ainda alimenta esses mesmos governantes pagando impostos para os seus forrobodós.
E o que é que o Presidente tem feito face às inúmeras críticas ao seu Governo por não ter sido transparente às investigações das dívidas ocultas? Nada. Aliás, não tem de fazer nada. É só continuar entrincheirado. O povo que se aguente. Afinal não foi o próprio povo que escolheu o Governo que tem?! No dia que o povo há-de querer mudanças, tê-las-á. Não pode só ter competências de eleger um Governo entrincheirado e não saber como escorraçá-lo.
Soube, de fontes dignas de crédito, que o Presidente adiou, pela terceira vez , a visita ao Ministério da Economia e Finanças. Até porque o terceiro adiamento foi esta quarta-feira.
Não me admira. O Presidente prefere, também porque está no seu direito, entrincheirar-se nos TPM, ver as baterias dos autocarros, se há combustível ou não e tais.
Não é o Ministério da Economia e Finanças que devia ser urgente visitá-lo? Não é este que move o País? Que relevância tem uma empresa de transporte público diante deste dinossauro? Não foi este ministério, também, que engendrou com os prevaricadores A, B e C as dívidas ocultas? E tenho que ressalvar isto: ainda não entendi essa de que o País está de volta. Provoca-me asco quando a Rádio Moçambique, paga pelo nosso bolso, solta continuamente trechos aludindo a isso. Essa forma de engraxar acabará dando cabo do próprio sapato…
Termino dizendo que ainda não entendi o sentido das suas visitas às instituições já visitadas. Não sei se serviu de algo o Presidente ter lá ido. É que, julgo eu, não mudará nada a sua postura de crítico aos gestores dessas instituições.
Para mim é fingimento. A sua função não é criticar, é tomar medidas. O Presidente tem competências para isso a não ser que lhe sabe bem continuar entrincheirado.
DN – 28.07.2017

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