O
presidente da Frelimo abriu, ontem, a VI sessão do Comité Central do
partido lançando recados para os “camaradas” e também para os críticos
de fora daquela organização política. Filipe Nyusi falou do diálogo
político com a Renamo e disse, sem dar detalhes, que “dialogar é
moralmente arriscado”, mas comprometeu-se a continuar.
A
cerca de dois meses do 11º congresso da Frelimo, Filipe Nyusi entende
que é momento de fortalecer a coesão interna, mas está ciente de que há
vozes que tentam desestabilizar o partido. Entretanto, recorreu a uma
linguagem metafórica para reduzir alguns adversários: “Quem se faz a uma
cotada para caçar legalmente uma impala não se preocupa em lançar
pedras a pássaros.”
A
sessão termina hoje, tendo como principal agenda a discussão da
proposta de revisão dos estatutos do partido e afinação do programa do
11º congresso.
Diálogo político com a Renamo
“Continuamos
a levar avante a incumbência da sessão do Comité Central que nos
orientou para trabalharmos no ‘dossier’ da paz. Temos a consciência de
que não é tarefa fácil, e não tem sido. Dialogar é moralmente arriscado,
mas acreditamos que é a coisa certa que temos estado a fazer. A Frelimo
afastou sempre a visão de que o diálogo significaria alienar os valores
e princípios fundamentais. Demonstrámos isso em Lusaka, na Zâmbia.
Sentámos à mesma mesa com o governo português, assim como em Nkomati,
com o regime de Apartheid da África do Sul. Para a Frelimo, o diálogo
não significa uma oportunidade para a legitimação de violência ou
promover o diálogo com quem se opõe ao que está legislado. Também
provámos esse patriotismo quando, em Roma, sentámos à mesma mesa com a
Renamo. Encorajados pelos militantes do nosso partido e pelo povo
moçambicano, continuaremos a dialogar, considerando esta a forma mais
acertada para manter uma posição pragmática sobre o futuro deste país.
Apelamos a toda a sociedade e a todas as confissões religiosas a
aderirem a este movimento sem que esperem pelo convite formal, porque o
que se pretende é encurtar o período de espera pela paz. O que se
pretende é a paz e não a projecção de quem a construiu. A paz pertence
ao povo. Os próximos dias deverão ser decisivos para todos nós, porque o
diálogo sobre a paz é uma perspectiva ética clara que se baseia em
preceitos humanísticos que colocam a defesa de vida e a cessação de
derramamento de sangue como prioridade.”
Foco nos problemas do partido
“Vamos
orientar os nossos olhos e a nossa imaginação dentro do nosso foco e
não no foco dos outros. Quem se faz a uma cotada para caçar legalmente
uma impala não se preocupa em lançar pedras a pássaros. Nós temos
prioridades, temos grandes desafios pela frente. O nosso foco devem ser
esses desafios: fortalecer o nosso partido, ganhar etapas e contribuir
para o desenvolvimento de Moçambique uno e indivisível. O que demarca a
nossa Frelimo de outras organizações nacionais é a nossa disciplina e
firmeza comprovadas em mais de 50 anos.”
Recados aos críticos
“Os
vários adversários do país e da Frelimo tentarão explorar ao máximo
estes momentos em que discutimos a vida da Frelimo e do país, para
tentarem nos fragilizar nos próximos dias. Estejamos atentos e
preparados, pois este não é o problema maior. Já fizeram no passado,
tentarão fazer desta vez com recurso a novas tácticas, incluindo a
instigação à desunião interna. Recordemos, mais uma vez, que o único
segredo que manteve a Frelimo vitoriosa ao longo do tempo é a sua
unidade, por isso, devemos redobrar a nossa vigilância individual e
colectiva a novas manifestações de instigação à desunião interna.”
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