segunda-feira, 24 de julho de 2017

É difícil imaginar que morte de Cistac não tenha a ver com suas declarações

Uma imagem com corpo ensanguentado de um catedrático chocava o país e o mundo, na manhã de 3 de Março de 2015. Era o corpo do constitucionalista franco- -moçambicano, Gilles Cistac, estatelado no alcatrão quente da Avenida Eduardo Mondlane, na capital do país. Estava assim eliminada uma autoridade do direito constitucional em Moçambique, dias depois de ter argumentado o enquadramento constitucional para a criação de autarquias províncias, conforme exigia, na altura, a Renamo, ao contra- -gosto da Frelimo, o partido no poder. Ao que as autoridades judiciais, incluindo o ministro Basílio Monteiro, do Interior, prometeram, na altura, celeridade para o seu esclarecimento, volvidos mais de 2 anos, continua sem avanço. E o embaixador francês insiste que é difícil dissociar o assassinato de Gilles Cistac dos seus pronunciamentos públicos. É difícil imaginar que morte de Cistac não tenha a ver com suas declarações Mais de dois anos depois do assassinato do professor GillesCistac, qual é o ponto de situação das investigações para o esclarecimento de um caso que chocou o país e o mundo? O que eu posso dizer é que o inquérito continua em Moçambique e na França e que as autoridades judiciárias de ambos países comunicam-se. Não posso dizer mais, é papel da Justiça comentar sobre as investigações. Desculpa senhor embaixador, mas esse discurso não é novo. Deve- -se lembrar que, ano passado, entrevistamo-lo ainda nesta sala (N.E: no seu gabinete de trabalho) e dizia a mesma coisa: que a justiça está a trabalhar. Mas há uma percepção de que a França não está a pressionar o suficiente para que este caso seja esclarecido. Estamos a falar de dois anos, sem avanço algum. Eu acabo de dizer que a Justiça, infelizmente, leva tempo. Houve um assunto criminal conhecido na França que ressurgiu 30 anos depois, para dizer que, infelizmente, quando os assuntos criminais são complicados, podem levar tempo. Não posso dizer mais, a única coisa que posso afirmar é que as duas Justiças estão em contacto e o inquérito continua. Noutra ocasião, o embaixador classificava o assassinato de Gilles Cistac como uma acção que visava impedir que declarações posteriores dele pudessem acontecer. Com às caças às bruxas que assistimos a seguir, pode-se considerar Gilles Cistac como a primeira vítima dos chamados esquadrões da morte? Isso eu seria bem incapaz de dizer. Eu disse na ocasião do primeiro aniversário da sua morte, que era difícil imaginar que as declarações e as posições públicas que ele tomou não estivessem associadas ao seu assassinato. Não posso dizer mais, não tenho elementos suplementares para sustentar. Vai a França permitir que este assunto termine sem esclarecimento? Há um inquérito na França e as duas Justiças estão a trabalhar juntas.

Sem comentários: