O
Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Hidroeléctrica de
Cahora Bassa (HCB), Pedro Couto, considera que, no Estado, existe um
grave problema de percepção de que os investimentos públicos não devem
ter retorno. O PCA da HCB reactivou um velho problema de gestão dos
fundos públicos e disse que muitos gestores agem como se em
investimentos das empresas públicas não houvesse custos. Couto falava,
ontem, em Tete, durante um debate, no Fórum de Infra-estruturas.
O
ex-ministro das Finanças disse que, mesmo as finanças islâmicas, que
condenam os juros nos seus investimentos, prevêem retorno. “É preciso
que nós ganhemos consciência e entendamos que também os investimentos do
sector público exigem retorno. Estou a dizer que até as finanças
islâmicas - eu fui vice-ministro das Finanças - condenam juros e outras
coisas, mas têm taxas de retorno lá dentro, mínimo é três por cento”,
explicou o ex-ministro.
Pedro
Couto considera que o sector privado também é problemático. “O sector
privado também não é imaculado, também tem defeitos na sua visão. Acha
que não tem imposto nenhum a pagar, nem taxas a pagar, quer tudo de
graça, mas também não pode ser”, caracterizou o sector privado, Pedro
Couto.
O
presidente da HCB diz que os empresários devem saber assumir riscos,
dar os seus contributos para o desenvolvimento da economia nacional e
deixarem de fazer pedidos para não pagarem nada, como forma de fazer
negócios apenas para tirar proveitos.
Por
seu turno, o antigo ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo
Zucula, defendeu a necessidade de sintonia entre os sectores público e
privado, para que haja investimentos nas infra-estruturas. Zucula diz
que uma parceria inteligente entre as partes é essencial. “Essa coisa de
parcerias não é uma opção, é uma necessidade ou obrigação. O nosso
sector público não pode financiar tudo”, concluiu Zucula.
Já
Ismael Faquir, da Ernst and Young, defende que os gestores públicos
tenham mais tempo nos seus mandatos, de modo a operacionalizarem os seus
projectos. “Qual é o tempo de duração de um conselho de administração
nas empresas públicas? Que tipo de estabilidade é que nós pretendemos
dar a essas empresas, para que depois se possa cobrar das pessoas
responsáveis por estas empresas os resultados que se pretendem. Tem-se
notado uma duração curta dos mandatos que, a meu ver, não ajuda naquilo
que se pretende, que é a estabilização destas empresas”, referiu Ismael
Faquir.
As intervenções foram feitas, esta quinta-, no Fórum de Infra-estruturas,
num debate sobre “Mobilização de recursos públicos e privados para a
implantação de infra-estruturas nos corredores de desenvolvimento e seu
papel no desenvolvimento da economia nacional e regional”, que teve como
moderador o economista Tomaz Salomão.
Sem comentários:
Enviar um comentário