Por Edwin Hounnou
Para as exéquias fúnebres do antigo chefe de estado do Botswana, Ketumile Masire, que se realizam a dois de Julho, Filipe Nyusi, o nosso Presidente da República, envia como seu representante, portanto, do povo moçambicano, o antigo chefe de estado, Armando Guebuza, uma figura sinistra que passou avales criminosos a EMATUM, MAM e PROINDICUS - para contraírem dívidas ocultas e inconstitucionais, que comprometeram, de forma grave, a economia nacional.
Se Nyusi vê alguma legitimidade em Guebuza, o problema é dele, os lesados não vislumbram nele nenhuma legitimidade e sentem-se desonrados serem representados por quem governou o país com os olhos virados para os seus interesses privados e do grupo. Nyusi desprezou o povo. As dívidas inconstitucionais calculadas em cerca 2,2 mil milhões de dólares foram um golpe ao nosso sonho colectivo, retrocedeu a nossa economia para níveis nunca antes vistos e o mais grave de tudo isso vem revelado agora no relatório executivo da Kroll que a Procuradoria-Geral da República acaba de divulgar.
Ninguém acredita que aquela roubalheira toda tenha ocorrido sem o conhecimento e participação do então chefe de estado. Por hiperfacturação foram 713 milhões de dólares e Guebuza não pode dizer que não sabia. Mentiram que 500 milhões compraram armas, mas o Ministério da Defesa nega ter recebido alguma arma e as empresas que citaram onde teriam comprado armas, dizem que não venderam nenhuma arma às empresas que alegam essa transacção.
Guebuza formou essa associação para delinquir alegando adoptar o Estado de capacidade de defesa contra embarcações estrangeiras que dizimavam o nosso pescado, mas, as licenças de pesca das empresas constituídas pelos golpistas foram vendidas às empresas que acusavam de estar a roubar o nosso pescado. Daqui se pode concluir que as empresas EMATUM, com os barquitos a enferrujarem-se no Porto de Maputo.
MAM e PROINDICUS foram criadas para, de forma deliberada, roubar fundos ao Estado moçambicano. A intenção de roubar e ficar impune não começou agora. Começaram por cooptar o sistema judicial para não serem indagados. Agora temos uma procuradora inerte e inexistente que só persegue os pilha-galinhas.
A indicação de Guebuza num momento tão conturbado como este, é muito mau sinal que transmite a mensagem de solidariedade dos que jogaram o país para a sarjeta. Nyusi pretende dizer a Guebuza que “Camarada, estamos contigo na alegria e na turbulência, não te preocupes que isso é apenas vento que sopra dentro de um copo”.
Esperamos ver Guebuza e seu grupo no banco dos réus, julgados e exemplarmente punidos. Queremos ver os bens móveis e imóveis dos mafiosos arrolados e revertidos ao Estado. Queremos saber quem são esses indivíduos que “lixaram” o futuro dos moçambicanos.
O FMI e os demais parceiros de Moçambique não deveriam retomar o apoio enquanto não houver uma responsabilização criminal - acusação e julgamento dos envolvidos na fraude.
O lugar de Guebuza é na prisão e não na diplomacia internacional muito menos representar o povo a quem ele desgraçou.
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