Mika Brzezinski e Joe Scarborough dizem que foram chantageados pela Casa Branca e acusam o presidente norte-americano de representar os piores padrões para as crianças do país.
Mika Brzezinski e Joe Scarborough, os dois jornalistas da MSNBC que Donald Trump atacou esta quinta-feira através do Twitter, vieram defender-se dos ataques, dizendo que estão bem, “o país é que não”. Citada pelo The New York Times, Brzezinski afirmou mesmo que os tweets de Trump demonstram “um ego frágil e infantil“.
Mas a história não ficou por aqui: os apresentadores do programa Morning Joe, duramente criticado por Donald Trump por frequentemente dizer mal do presidente norte-americano, asseguram que foram contactados por oficiais da Casa Branca, que lhes disseram que poderiam impedir o tabloide The National Enquirer de publicar um artigo contra o programa, caso os dois jornalistas telefonassem a Donald Trump e lhe pedissem desculpa pelas críticas que lhe fazem no programa.
Depois desta acusação, Trump voltou à carga, afirmando que a história foi ao contrário: Scarborough é que lhe teria ligado para pedir que impedisse o tabloide de publicar a história. “Eu disse que não!”, assegura Trump.
E Scarborough respondeu de volta. “Outra mentira”, garantiu, explicando que tem notas dos telefonemas com oficiais de topo da Casa Branca que provam que é a sua versão da história que está correta. Além disso, garante que não fala com Donald Trump “há meses”.
Brzezinski e Scarborough escreveram esta sexta-feira um editorial no Washington Post no qual criticam duramente a atitude de Donald Trump, acusando-o de voltar a atacar as mulheres apenas com base no género.
“É perturbador que o Presidente dos Estados Unidos continue os seus implacáveis ataques às mulheres. Desde os seus pensamentos relativos à menstruação sobre Megyn Kelly, ao gozo com o peso da Miss Universo, às suas declarações fanfarronas sobre agarrar os genitais de mulheres, o 45.º presidente representa o pior dos padrões para as nossas crianças”, escreveram os jornalistas.
Trump ataca jornalistas da MSNBC no Twitter
Trump acusou o programa "Morning Joe", da MSNBC, de "falar mal" dele e ter "baixo-nível". Depois, acrescentaria que rejeitou encontrar-se com a apresentador por estar a "sangrar da cara".
Não é a primeira vez que o presidente dos Estados Unidos usa o Twitter para criticar jornalistas — e não só. Provavelmente não será a última. Mas desta vez a publicação de Donald Trump está a gerar indignação no país, sobretudo por causa do tom agressivo com que se dirige à apresentadora Mika Brzezinski.
Tudo aconteceu na manhã desta quinta-feira. Pouco depois de o programa “Morning Joe”, da MSNBC, começar a ser emitido, Trump escreveria que aquele programa de “baixo-nível” estava a “falar mal” dele em direto. Mais, acrescentaria Trump: “Não assistam [ao “Morning Joe”]!”
Depois de criticar o programa, Donald Trump resolveu, noutra publicação que fez em seguida, pessoalizar as criticas. Escreveu Trump que Joe Scarborough e Mika Brzezinski o convidaram para uma conversa no dia de Ano Novo no resort de trump em Mar-a-Lago. “Não aceitei”, escreve. Porquê? “Ela [Mika Brzezinski] estava a sangrar abundantemente por causa de um lift facial [operação plástica].”
Não tardaria a que a CNN — recorrendo à ata do encontro — desmentisse o presidente: não só Trump aceitou o convite da MSNBC, como os três mantiveram uma conversa em privado em em Mar-a-Lago. Mais: Brzezinski não havia sido submetida a qualquer cirurgia — pelo que não estava a “sangrar abundantemente”.
Embora Trump garanta que não é espectador de um programa de “baixo-nível” como o “Morning Joe”, a CNN escreve que é. E não só do programa da MSNBC, mas de todos os programas de política norte-americanos emitidos de manhã, dos da Fox News aos da CNN. Em algumas ocasiões o presidente dos Estados Unidos chega mesmo a receber os convidados pro-Trump destes programas para os congratular pelas opiniões favoráveis que partilharam sobre ele.
As reações (mais ou menos oficiais) não tardariam. Mika Brzezinski optou por (também via Twitter) publicar uma fotografia onde se pode ler “feito para mãos pequenas”, numa clara referência à campanha presidencial de Trump. Em março do ano passado o candidato republicano Mark Rubio diria de Trump num comício no estado norte-americano da Virginia: “Ele [Trump] mede para aí um metro e noventa. E é por isso que não entendo como tem as mãos de alguém que mede um metro e sessenta. E sabem o que dizem sobre homens com mãos pequenas? Não se pode confiar neles”.
Por sua vez, o presidente-executivo da NBC News e da MSNBC, Mark Kornblau escreveria: “Nunca imaginei o dia em que eu pensaria para mim mesmo: ‘Está abaixo da minha dignidade responder ao presidente dos Estados Unidos'”. Em comunicado, o porta-voz da estação norte-americana endureceria mais ainda o tom da resposta: “É um dia triste para os Estados Unidos quando o presidente passa o seu tempo a fazer ‘bullying’, mentindo e vomitando pequenos ataques pessoais em vez de fazer seu trabalho”.