Acusados admitem uso de contas diversas para drenar fundos
As
namoradas dos dois efectivos do Ministério da Defesa, a esposa de um
deles e o irmão do outro pagam, hoje, o preço de terem “emprestado” as
suas contas bancárias. Estão todos no banco dos réus! Abdul Ismael, de
33 anos de idade, militar de profissão desde 2007, é apontado como um
dos protagonistas do desvio de fundos.
À
data dos factos, entre 2010 e 2015, estava afecto ao sector de
vencimentos e processava salários. Foi nessa qualidade que teria usado
várias contas para drenar fundos públicos.
Perante
o juiz, admitiu, ontem, que usou a conta da sua ex-namorada e do seu
irmão para canalizar milhões desviados do Estado. Diz que o seu
departamento recebia um valor em excesso para o pagamento de salários e,
sob recomendações do chefe de vencimentos, Alberto Issufo, tinha de se
procurar “contas extra” para canalizar o valor, daí ter usado contas dos
seus próximos.
Verdade
ou não, Alberto Issufo não está mais entre nós para apresentar os seus
argumentos. Morreu entre 2013 e 2014. Ainda assim, o esquema continuou.
Já
Ernesto Rufino, também funcionário da Defesa e militar há 28 anos, é o
segundo homem apontado como quem movimentou contas diversas para desviar
fundos. Era oficial de processamento de salários e teria usado o mesmo
esquema, através das contas da sua esposa e de outra mulher, mãe de dois
filhos seus. Além de contas bancárias, diz também que dava em mão um
valor, a cada mês, a uma terceira mulher, igualmente mãe de outro filho
seu, a qual também responde em tribunal.
Na
sessão desta quinta-feira, foram ouvidos, igualmente, Aníbal Sacatisa e
Elsa Chaúque. Sacatisa é militar e estava num outro departamento, o
regimento de blindados, na Matola-Gare. Diz que deixou o seu cartão de
banco com o seu amigo, Abdul Ismael, porque estava aquartelado em
Manhiça, e não sabe o que acontecia na sua conta.
Elsa
Chaúque, também militar, tinha relações com Ricardo Jiquina, homem da
Defesa cujo paradeiro se desconhece. Chaúque também recebeu dinheiro
indevido na sua conta, mas atira a responsabilidade ao seu parceiro. Diz
ter permitido que Ricardo pegasse no seu cartão de banco por algum
tempo e este nunca mais o devolveu, alegando ter-se perdido.
Dinheiro desviado terá servido para comprar viaturas e construir casas
Durante
o período do saque no Ministério da Defesa, parte dos envolvidos teriam
comprado viaturas para uso pessoal. Consta, também, que foi comprado
mobiliário na Home Center, com base na verba desviada. O valor de
aquisição do mobiliário ultrapassa um milhão de meticais, saído de
algumas contas usadas no esquema. Abdul Alfredo, um dos funcionários da
Defesa implicados, diz que usou o valor, para, igualmente, reabilitar a
sua residência e para custear a formação do irmão, também na barra do
tribunal.
Sem comentários:
Enviar um comentário