Temos ouvido vezes sem conta as pessoas a criticarem o Presidente da República por este lançar farpas aos críticos. Isso até está a se tornar normal, e estamos a levar isso num “fair play” gelatinoso. Porém, o que gostaria de deixar aqui passar, é a razão que vejo por detrás do discurso do PR sobre estes críticos. Não quero aqui cercear a liberdade que as pessoas tem em lançar opiniões, em criticar e em contribuir para uma melhor gestão da coisa pública, mas quero somente chamar a atenção ao que, para mim, é uma prática ociosa que tem como fim levar os outros ao ócio: criticar e depois ficar na arquibancada a assistir navios.
Não nego que as coisas não correm lá bem, mas também não se pode negar que estamos a ressurgir no mundo como um país que apresenta-se, a cada dia que passa, com uma cara mais lavada, e mais apresentável.
Voltando aos críticos, tenho acompanhado “estudos” que são apresentados, e principalmente de foro económico, onde os diversos “economistas” tem lançado papers e papers sobre o estágio económico do país, e, comumamente, falam do que está ainda por fazer, usando uma linguagem “arrastadora”, onde os que não contextualizam o discurso ao país real, chegam logo com um pau e, toma que dou!
Ok, como disse, não nego que haja crítica, mas temos que saber que a crítica não é só um “VAI”, mas é também e essencialmente o “VEM”. Isto é, a capacidade de descobrir um problema é meio caminho andado para a sua resolução; e quem descobre o problema já está mazomenos habilitado para começar a desenhar soluções e estancar o problema. Porém, o que se nota na maioria desses “estudos”, o que há de mais é só uma consciencialização de coisas negativas, e cheias de intenções “bota- abaixo” que, no fundo é essa mesma a solução que os autores querem que seja. Isto é, o trabalho essencial, o fim último desses “estudos” é de querer passar a mensagem de que em Moçambique nada é feito, e que o que é feito não tem valor do que aquilo que está por fazer, esquecendo que para se fazer um todo, precisa de se começar de algum lugar!
Criticar não é só apontar os erros e ficar a rir-se, deixando o outro na defensiva, mas é também mostrar soluções para tais erros, e participar na sua eliminação, afinal somos todos filhos desta terra! Ouvi alguém a dizer que, o Governo não pode pedir soluções a outros, mas deve, ele mesmo ser capaz de escrutinar o que vai mal, e avançar com soluções. Até certo ponto pode ter razão, mas somente se formos pelo lado político. Pois não é lógico que um adversário político te dê soluções, enquanto ele precisa de estar no poder. O adversário político alegra-se com os erros do adversário, e publicita esses erros, de modo a se ver que afinal quem está a governar não está a fazer nadica de nada. Sim, politicamente é mazomenos aceitável.
Porém, tendo em conta que a academia nada tem a ver com política como aquele ofício cujo fim é a conquista do poder, fico intrigado quando alguém usa esta capa e começa a agir politicamente, embora usando uma linguagem, espaço e ambiente académicos para fazer o seu job político. Isso demonstra que, há políticos disfarçados de académicos, e que, em tempos lá ido, estiveram nos centros de decisão, e não tiveram a capacidade de fazer o que eles mesmos criticam, e agora que estão fora, e se acham “injustiçados”, vingam-se, usando a farda de académicos para ajustar antigas contas.
Se são políticos saõ políticos, pois a sua mensagem é clara e cristalina, que somente quem se embala em palavreados floreados e capas de livros brilhantes é que se deixa arrastar por esses “estudos” que de académico só tem nome, pois o que eles tem e querem atingir, é algo de âmbito político, na perspectiva do alvance do poder.
Portanto, para mim, estes críticos são cegos estruturais que tem óculos selectores de realidades, e vivem caçando gaffes, deixando de ver o que de bom se tem feito. Nunca ouvi um destes “académicos” a elogiar nadica de nada, e todas as realizações, boas ou más, são remetidos ao esquecimento, ou servem de ponto de apoio para o nascimento de uma nova crítica atómica.
Espero que a juventude, a mesma que clama por um país melhor para o futuro, comece a criar uma outra forma de crítica de modo a existir uma crítica-crítica, e não uma crítica-política; mas pelos vistos, os “académicos” em causa tem tanta poesia que vejo alguns jovens a serem aprendizes dos mesmos, e já estão ganhando o hábito, construindo, ou melhor, solidificando esta coisa nova de crítico-político.
Portanto, quando o PR responde, não responde àquele crítico normal que gostaríamos de ter, mas sim ao CRÍTICO-POLÌTICO. É um papo de político para político. É assim que eu entendo.
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