A Renamo acusou hoje as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas de violarem a trégua entre as duas partes, mas a polícia rejeita as alegações e diz que a situação está calma.
Em declarações à Lusa, em Maputo, o porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), António Muchanga, disse que as FDS obrigaram membros da direção do partido a abandonar o distrito de Tsangano, província de Tete, centro do país, sob ameaça de morte.
"Os membros da direção da Renamo no distrito de Tsangano foram forçados a abandonar o distrito e estão refugiados na cidade de Tete, no distrito de Moatize e no Malaui", afirmou António Muchanga.
No distrito de Gorongosa, um bastião da Renamo na província de Sofala, centro do país, um cidadão de nome Zarco Tonde Fombe, foi encontrado morto e com sinais de tortura, na manhã do dia 24, depois de ter sido raptado na noite do dia anterior na via pública por elementos das FDS, estacionadas numa posição militar conhecida por Lourenço, declarou o porta-voz da Renamo.
Há duas semanas, prosseguiu António Muchanga, um outro cidadão foi morto por membros das FDS na zona de Tazaronda, distrito de Gorongosa.
As forças governamentais terão exigido dinheiro à vítima, acrescentou.
"Estas ações estão a provocar agitação nas populações, que querem desfrutar dos benefícios da trégua", declarou o porta-voz da Renamo.
António Muchanga disse que a situação mostra a urgência da retirada das FDS das posições que ocuparam durante os confrontos com o braço armado da Renamo e do seu regresso aos quartéis.
Em declarações à Lusa, a porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Tete, Lurdes Ferreira, rejeitou as acusações, assinalando que a corporação não persegue membros de partidos políticos.
"Não cabe a nós dirigir ameaças a membros de partidos legalizados, não temos nenhuma denúncia de que tal possa ter ocorrido", afirmou Lurdes Ferreira.
Por seu turno, o porta-voz do comando provincial da PRM em Sofala, Daniel Macuácuá, disse desconhecer a ocorrência dos homicídios supostamente cometidos pelas FDS, assinalando que a trégua está a ser respeitada.
"Não tenho conhecimento [dos assassínios], a trégua está a vigorar e a situação está calma e controlada, não só na Gorongosa, mas também nas áreas onde se registavam confrontos".
Moçambique assiste desde o início desde mês a uma trégua por tempo indeterminado, na sequência de contactos entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Paralelamente à trégua em vigor, o Governo e a Renamo estão em negociações em torno da descentralização do Estado, despartidarização das FDS e desarmamento do braço militar do principal partido da oposição.
Entre 2015 e dezembro do ano passado, o país voltou a ser palco de confrontos na sequência da recusa do principal partido da oposição em aceitar a derrota nas eleições gerais de 2014.
A vaga de violência incluiu ataques a alvos civis que o Governo atribuiu à Renamo e assassínios políticos de membros do principal partido da oposição e da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
PMA // VM
Lusa – 30.05.2017
Comments
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Francisco Moises said...
A escrita esta na parede e estes senhores da Renamo liderados por tal Afonso Dhlakama nao vem nada. Agem como o lendario avestruz que enterra a cabeça na arreia para evitar ver o perigo que se aproxima. Um ditado da lingua swahili diz: "asante ya punda ni mateke (o burro agredece com pontapés)". A Frelimo da pontapés na Renamo do evangelista torto Afonso Dhlakama que agradece pelo pontapé e diz que o pontapé é como a Frelimo demonstra a sua boa vontade.