editorial
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Mais caro dos estádios erguidos para a Copa de 2014, o faraônico Mané
Garrincha revelava-se, desde o início, evidente desperdício de dinheiro
público. Seu custo, de R$ 1,6 bilhão, era ainda mais absurdo quando
cotejado com o pífio público do futebol de Brasília.
Três anos depois, a gravidade do caso ganha novo patamar —uma investigação de superfaturamento e propinas na obra levou à prisão, nesta terça-feira (23), dos ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda (DEM, hoje no PR) e Agnelo Queiroz (PT).
Outro preso, o peemedebista Tadeu Filippelli, ex-vice de Agnelo, teria merecido pouco mais que uma discreta menção no noticiário não fosse a circunstância de figurar, até então, em uma seleta lista de auxiliares diretos do presidente Michel Temer (PMDB).
Para um governo que se enfraqueceu de modo tão vertiginoso, qualquer episódio do gênero se torna evidência de vulnerabilidade.
O Planalto resistiu, apesar de considerável abalo político, à queda do primeiro dos assessores especiais de Temer (eram cinco, de início). Tratava-se de José Yunes, que em dezembro pediu demissão após ter sido citado em depoimento de ex-dirigente da Odebrecht.
Conforme o delator, Yunes havia recebido dinheiro da construtora em 2014, a ser entregue à campanha do PMDB. Em fevereiro, o ex-funcionário da Presidência declarou tê-lo feito a pedido do hoje ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Nada se compara, é óbvio, ao impacto provocado por Rodrigo Rocha Loures, que em março deixou a assessoria de Temer para assumir a vaga de deputado aberta pela ida de Osmar Serraglio (PMDB-PR) ao Ministério da Justiça.
Flagrado na posse de uma mala de dinheiro entregue pela JBS, o obscuro parlamentar converteu-se na peça-chave do inquérito aberto contra o presidente —dado que a célebre gravação do diálogo deste com o empresário Joesley Batista permanece sob questionamentos quanto à forma e ao conteúdo.
Em trecho truncado, Temer recomenda o nome do deputado a Joesley —apenas, segundo disse depois, para que fossem ouvidas as "lamúrias" do empresário.
Persiste, até aqui, um embate de versões em torno desse trunfo central, documentado, da peça acusatória formulada pela Procuradoria-Geral da República —a qual busca sustentar que o deputado agiu por orientação do presidente.
Já Temer minimiza sua proximidade com o ex-assessor, homem "de boa índole" que teria sucumbido a uma fraqueza.
Enxovalhado em público, Loures mantém-se em silêncio perturbador. O que vier a dizer será decisivo para o desfecho da crise.
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Peter Janos Wechsler
(24/05/2017 11h41) há 6 diasCloves Oliveira
(24/05/2017 09h19) há 6 diasCloves Oliveira
(24/05/2017 09h18) há 6 dias