Exilado na Rússia, o americano que denunciou as práticas ilícitas dos espiões da NSA emocionou-se ao ver entusiasmo da plateia, que instou à resistência face aos ataques dos governos à privacidade dos cidadãos.
Edward Snowden foi aplaudido de pé nesta terça-feira nas Conferências do Estoril, depois de ter defendido que não são os terroristas que ameaçam os direitos fundamentais dos cidadãos. “Os terroristas sempre existiram e não nos odeiam por sermos livres. São incapazes de destruir os nossos direitos. Os direitos perdem-se quando os políticos tomam decisões em cima do joelho para sobreviverem mais um mandato”, declarou, numa intervenção por videoconferência, a partir da Rússia. O analista de sistemas de 33 anos foi declarado inimigo público pelos EUA depois de ter revelado os abusos cometidos pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla norte-americana) ao nível da vigilância dos cidadãos.
“Não podemos ficar à espera de um político que nos salve. Somos nós, enquanto sociedade, que temos de resolver os problemas. É preciso metermos mãos à obra, agirmos e mudarmos o mundo. Passo a passo”, disse Snowden, que se emocionou quando as centenas de pessoas presentes no centro de congressos do Estoril o aplaudiram.
Numa intervenção centrada no direito à privacidade, o analista de sistemas explicou como os governos “constroem monopólios para ter acesso aos detalhes mais íntimos da nossa vida privada” – como ele próprio fez, quando trabalhava para agência de espionagem norte-americana NSA.
"A lei não nos defende, nós é que defendemos a lei. E, quando a lei trabalha contra nós, cada um de nós tem a incumbência de a deitar abaixo. Não lutámos em revoluções nos nossos países pelo acesso a políticas secretas ou regulamentação, lutámos para estabelecer direitos universais e esses direitos estão ameaçados", avisou. "Os direitos perdem-se com leis cobardes, que são aprovadas em momentos de pânico." E porque a verdadeira democracia passa também por os cidadãos estarem bem informados, Edward Snowden deixou mais um apelo: “Devemos resistir por todos os meios possíveis para garantir a liberdade de imprensa.”
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