TERRORISMO
TERRORISMO
Steve Jones,
Steve Jones é um sem-abrigo que costuma vaguear nas imediações da Arena de Manchester em busca das moedas de quem passa. Foi ele quem ajudou muitas vítimas. Uma mulher morreu-lhe nos braços.
Steve Jones é um sem-abrigo de 33 anos que costuma vaguear nas imediações da Arena de Manchester em busca das moedas que as muitas pessoas que lá vão sempre lhe dão. Esta segunda-feira era um desses dias. Foi para lá à noite à espera de ficar com dinheiro para comer. Acabou a ajudar muitas vítimas e uma mulher morreu-lhe nos braços.
Minutos depois do atentado bombista que provocou a morte de pelo menos 22 pessoas, Steve viu as pessoas a fugir. Começou por ajudar uma menina que tinha ferido as pernas e não sabia dos pais. Tratou de a levar a um dos locais de merchandising do concerto de Ariana Grande, que tinha terminado há pouco.
“Estava toda a gente feliz a sair do concerto, de repente ouvi uma explosão e segundos depois um clarão. Em seguida fumaça e muitos gritos. Caí no chão, mas o meu primeiro instinto foi levantar-me e ajudar”, conta Steve Jones à PressAssociation.
O homem de 33 anos ajudou também uma mulher de 60 anos com graves feridas na cabeça e nas pernas. Acabou por lhe morrer nos braços. “Ainda não consegui parar de chorar”, confessa o sem-abrigo. “Não consigo ultrapassar os gritos e o cheiro… Eu não gosto de dizer isto, mas cheirava a carne queimada”, conta.
Steve Jones, que dorme nas ruas de Manchester há mais de um ano, confessa-se horrorizado. “O mais chocante é que isto era um concerto dirigido para crianças”, diz.
Uma campanha de angariação de fundos foi entretanto iniciada. Michael Johns tomou a iniciativa e afirma que “uma pessoa que reage tão heroicamente numa situação destas, não pode estar nas ruas”. Ainda não entrou em contacto com Steve, mas está a tentar localizá-lo através de jornalistas.
“Esperamos que esta campanha ajude de alguma maneira o Steve a sair das ruas e, ao mesmo tempo, mostre gratidão pelas suas ações”, refere. Michael diz que se não o conseguirem encontrar, todas as doações serão devolvidas.
O ataque na Arena de Manchester provocou 22 mortos e 59 feridos.
Sem-abrigo herói de Manchester já tem onde morar
Assim que a história de Steve Jones se tornou conhecida, o milionário David Sullivan disse que queria ajudá-lo. Agora que o encontrou vai dar-lhe seis meses de casa. E algum dinheiro, para recomeçar.
Foi poucas horas depois do atentado de Manchester que David Sullivan, um dos donos do West Ham, clube de futebol do leste de Londres, disse que queria ajudar o homem, sem-abrigo, que se tinha notabilizado por ter socorrido uma série de vítimas à saída do concerto de Ariana Grande.
“Parece que ele precisa de alguma ajuda, portanto estamos desesperadamente à procura dele para podermos dar-lhe seis meses de alojamento gratuito e algum dinheiro, para o ajudar a refazer a vida”, explicou o milionário, de 68 anos, aos microfones da BBC Radio 5 Live.
A partir de então, foi lançada uma campanha nacional, alimentada a tweets publicados pelo filho de David Sullivan (David Sullivan Jr), para encontrar Steve Jones e poder dar-lhe a boa notícia.
Finalmente encontrado, através do passa-palavra das redes sociais, Steve Jones, que admitiu ter cumprido penas de prisão e ter sido consumidor de drogas, já conheceu os seus benfeitores, que além de meio ano de alojamento gratuito vão também ajudá-lo com algum dinheiro, para que possa endireitar a vida.
Quando foi entrevistado pela ITV News, sobre a ajuda que prestou a quem naqueles momentos fatídicos precisou dela, Steve explicou que não tinha feito nada de mais: “Lá por ser sem-abrigo, não significa que não tenho coração e que não sou humano”.
Agora, voltou a afirmar que não é um herói: “Fiquei com lágrimas nos olhos quando li alguns dos comentários das pessoas. Mas eu não sou nenhum herói, não me classifico como um herói mas como um cidadão normal que fez o mesmo que qualquer outro cidadão teria feito”.
Ao dono do West Ham, Steve agradeceu. Ao resto das pessoas que contribuíram com dinheiro através de uma campanha de crowdfunding criada para si, também: “As doações não eram necessárias, para mim bastavam as palavras simpáticas e o reconhecimento, a sério. Ou verem-me na rua e levarem-me a beber um café, para mim estaria bom assim”.