Agastados com a morte do “chapeiro” no “T3”

 Agastados com a morte do “chapeiro” no “T3”

População tenta incendiar esquadra e fere gravemente um Polícia

A família do “chapeiro” morto pela Polícia queixa-se de “assistência insignificante” por parte da Polícia e exige que o Ministério do Interior assuma a responsabilidade de cuidar dos filhos e da família do malogrado, uma vez que Alfredo Tivane era o único membro que sustentava a família

Maputo (Canalmoz) - O bairro T3 ficou parado na sexta-feira em memória de Alfredo Tivane,o “chapeiro” morto a tiro, na última terça-feira, por um membro da Polícia afecto na 7ª esquadra deste bairro. No dia do funeral de Alfredo Tivane, no bairro T3, todas as actividades, serviços e mercado municipal, nos arredores do local onde o jovem foi baleado, estiveram encerrados.

A 7ª Esquadra do bairro T3 voltou a ser atacada na sexta-feira pela população, devido ao facto de um agente da Polícia ter alvejado mortalmente o “chapeiro” Alfredo Tivane, por este não ter obedecido à ordem da Polícia.

Desta vez, a população tentou incendiar a esquadra em jeito de repúdio à atitude da Polícia que baleou mortalmente o jovem “chapeiro”. A população, furiosa, espancou gravemente um agente da Polícia que na altura os tentava dispersar os manifestantes que se amotinaram na esquadra.

O agente ferido, segundo informações fornecidas ao Canalmoz por uma fonte próxima ao Comando da Província de Maputo, ainda se encontra a receber cuidados intensivos num dos hospitais da cidade de Maputo, devido à gravidade da agressão.

Como tudo aconteceu

Tudo começou, quando depois do funeral de Alfredo Tivane, no cemitério de Lhanguene, a população, antes de fazer-se à casa do malogrado para a cerimónia de oração, foi directamente amotinar-se defronte à esquadra para exigir a cabeça do policial assassino. No local, onde participaram muitas pessoas do bairro T3 e arredores, a população começou a arremessar pedras e explosivos de fabrico caseiro feitos de garrafas contendo gasolina (“Coktail Molotov”). O ataque da população era intenso e o Comando da PRM, a nível da província de Maputo, viu-se obrigado a reforçar o efectivo policial naquela esquadra, tendo a Polícia disparado para o ar para dispersar os manifestantes. Nenhum dos manifestantes ficou ferido, apenas um agente da PRM ficou gravemente ferido por ter sido espancado pela população.

O confronto durou pouco mais de quatro horas, tendo iniciado por volta das 14 horas. A PRM disparou vários tiros, mas a população indignada não desistia e continuava a arremessar pedras.

Família do malogrado queixa-se de falta de assistência

A família do malogrado queixa-se de falta de assistência por parte da Polícia. Falando ao Canalmoz, no domingo último, Afonso Tivane, pai do malogrado, disse que o Comando Provincial de Maputo tem estado a recusar-se a responsabilizar-se pelo assassinato do seu filho, justificando que o agente que atirou é um estagiário inexperiente.

Havendo centenas, senão milhares de agentes “inexperientes”, o risco continua a ser grande para todos, daqui em diante.

Segundo Afonso Tivane, só depois de muita insistência, a PRM desembolsou nove (9) mil meticais para a realização do funeral e compra de roupa de luto, mas este valor, segundo a família do malogrado, é irrisório para responder às necessidades do funeral.

“O Comando Provincial de Maputo da PRM, através do seu director da logística, só apareceu apenas um dia aqui em casa para deixar algum dinheiro, mas recusou-se a falar sobre a morte do meu filho”.

A família do “chapeiro” morto pela Polícia está ser assistida pela Liga dos Direitos Humanos (LDH) e exige que o Ministério do Interior assuma a responsabilidade de cuidar dos filhos e da família (pai e mãe) do malogrado, uma vez que este, Alfredo Tivane, ora finado, era o único membro que sustentava a família. (António Frades)