O COMBATE DE MACEQUECE(Vol. I e II), por João de Azevedo Coutinho(1935)

 

I

Os sucessos do Chire ocorridos em fins de 1889 e nos princípios de 1890 e em que pela força das circuns­tâncias tomei uma parte activa, primeiro às ordens de Serpa Pinto e depois como Governador Militar do Chire e comandante da coluna operando na região, provocaram o «Ultimatum» da Inglatera, em 11 de janeiro de 1890.

A alma da Nação foi rudemente atingida por esse acto injusto e violento, passando-se então em Portugal momentos de fremente e apaixonada exaltação.

Junto do Governo da Grã-Bretanha, havia sido por parte dos homens das minas da África do Sul, de aven­tureiros e principalmente por parte dos missionários--mercantes escosseses, de Blantyre e do Niassa, apre­sentado um protesto que foi a determinante de tal vio­lência, contra justificados actos nossos, praticados no exercício da nossa soberania, já antiga e bem demons­trada.

Negociado o tratado de Agosto de 1890 que não foi assinado, e que provocou novas manifestações de indi­gnação em Portugal, o sequente «Modus Vivendi» con­duziu a acontecimentos ponderosos no Mutassa, em Manica e Macequece, os quais, embora fôssemos nós os ofen­didos, levantaram celeuma em Inglaterra, e sobretudo nos meios mineiros, políticos, missionários e interessados ou dirigentes da British South Africa C.°.

Não faltaram diatribes na imprensa nem ameaças, al­vitrando os exaltados que fosse uma esquadra à Beira tirar desforra e castigar os insultos...

Ali foi realmente a esquadra, mas, em nenhuma ocasião, houve referência sequer aos casos ocorridos, e os oficiais da marinha real inglesa, com aquela cortezia que caracteriza os oficiais britânicos, marcaram, pelas deferências havidas para com as autoridades portuguesas, uma posição que só lhes atraiu consideração e simpatia, extensiva de resto aos cônsules britânicos da Província, pela sua atitude leal e digna.

O governo inglês devia, certamente, reconhecer no seu foro íntimo a nossa correcção e a nossa justiça e vira-se, certamente, constrangido pelas reclamações de ambiciosos que tudo sacrificavam à sua cobiça e ao pró­prio interesse.

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Conheça aqui um pouco da história da África Austral e de como portugueses e naturais da colónia defenderam a soberania de Portugal, construindo e consolidando aquilo que é o Moçambique de hoje, em especial, contra a ambição inglesa de alargar as suas colónias até ao Índico.

- O COMBATE DE MACEQUECE - Vol. I http://www.malhanga.com/flipbook/macequece1/

- O COMBATE DE MACEQUECE - Vol. II http://www.malhanga.com/flipbook/macequece2