ESPOLIADOS DO EX-ULTRAMAR PORTUGUÊS
É de todo o interesse que visitem as páginas de Angelo Carvalho Soares em
- https://www.facebook.com/angelo.carvalhooliveirasoares
- http://www.espoliadosultramar.com/index.html
Chamo-vos a atenção para os item's 63, 64 , 66, 67 e 68 deste último link.
E não deixem de passar a outros possíveis interessados.
Um abraço
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
- https://www.facebook.com/angelo.carvalhooliveirasoares
- http://www.espoliadosultramar.com/index.html
Chamo-vos a atenção para os item's 63, 64 , 66, 67 e 68 deste último link.
E não deixem de passar a outros possíveis interessados.
Um abraço
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
09/01/2013
A "Independência de Moçambique" em dois documentários da RTP (video)
Veja aqui:
Independência Já! - Moçambique - Descolonização e Independência
http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/guerracolonial/?id=73&t=0#thumb73
INDEPENDÊNCIA JÁ - Uma História a Pretos e Brancos
http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/guerracolonial/?id=67&t=0#thumb67
Neste 2º vídeo (ao minuto 23) é afirmado que Samora Machel antevia então um período de transição para a independência de, pelo menos, 5 anos. Porque não aconteceu? E porque não é afirmado pelos dirigentes da Frelimo aqui entrevistados?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Independência Já! - Moçambique - Descolonização e Independência
http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/guerracolonial/?id=73&t=0#thumb73
INDEPENDÊNCIA JÁ - Uma História a Pretos e Brancos
http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/guerracolonial/?id=67&t=0#thumb67
Neste 2º vídeo (ao minuto 23) é afirmado que Samora Machel antevia então um período de transição para a independência de, pelo menos, 5 anos. Porque não aconteceu? E porque não é afirmado pelos dirigentes da Frelimo aqui entrevistados?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
16/10/2012
Um passado sempre presente!
Em anexo foto que retrata o célebre 24/20 do actual Presidente Guebuza, na altura Ministro do Interior!
"Não vamos esquecer o tempo que passou"! vociferava e cantava o Presidente Samora nos comícios.
Hoje, parece que o dinheiro perdoa as maldades!
(Recebido por email)Malas com o célebre "VISTO" dos serviços da Migração-SNASP, no aeroporto de Maputo.
"Não vamos esquecer o tempo que passou"! vociferava e cantava o Presidente Samora nos comícios.
Hoje, parece que o dinheiro perdoa as maldades!
(Recebido por email)Malas com o célebre "VISTO" dos serviços da Migração-SNASP, no aeroporto de Maputo.
15/09/2012
O Acordo de Lusaca, por Almeida Santos(excerto)
O acordo a que chegámos, e localmente firmámos, foi o que a situação em Portugal, em Moçambique e na frente militar, por um lado, permitiu e, por outro, exigiu que fosse.
Apesar dos pressupostos, não tanto criados, mas em qualquer caso confirmados e estabelecidos no anterior encontro de Dar-es-Salam, entre Melo Antunes e Samora Machel, não deixámos de tentar convencer os nossos interlocutores da mútua conveniência em legitimar a transferência do poder através de um acto de consulta - eleitoral ou referendária - invocando o facto, à data verdadeiro, de que a Frelimo ganharia sem a menor dúvida essa consulta. A Lei 7/74, em seu lacónico dizer, não a impunha. Mas ainda assim a consentia, ao atribuir ao Presidente da República competência para «praticar os actos e concluir os acordos relativos ao exercício do direito» à autodeterminação. Não precisando que actos nem que acordos, a Lei 7/74 deixou em aberto todo um leque de vias, incluindo, naturalmente, uma consulta popular.
Como já esperávamos, a delegação moçambicana invocou de imediato o precedente do acordo de descolonização da Guiné. Debalde tentámos realçar as diferenças. A Guiné já havia autoproclamado a sua independência e, com mais significado ainda, «essa» independência havia sido reconhecida pela OU A, indirectamente pela ONU e por cerca de cem países à data da assinatura do acordo. Tratava-se, pois, de uma independência já internacionalmente consensualizada.
Apesar dos pressupostos, não tanto criados, mas em qualquer caso confirmados e estabelecidos no anterior encontro de Dar-es-Salam, entre Melo Antunes e Samora Machel, não deixámos de tentar convencer os nossos interlocutores da mútua conveniência em legitimar a transferência do poder através de um acto de consulta - eleitoral ou referendária - invocando o facto, à data verdadeiro, de que a Frelimo ganharia sem a menor dúvida essa consulta. A Lei 7/74, em seu lacónico dizer, não a impunha. Mas ainda assim a consentia, ao atribuir ao Presidente da República competência para «praticar os actos e concluir os acordos relativos ao exercício do direito» à autodeterminação. Não precisando que actos nem que acordos, a Lei 7/74 deixou em aberto todo um leque de vias, incluindo, naturalmente, uma consulta popular.
Como já esperávamos, a delegação moçambicana invocou de imediato o precedente do acordo de descolonização da Guiné. Debalde tentámos realçar as diferenças. A Guiné já havia autoproclamado a sua independência e, com mais significado ainda, «essa» independência havia sido reconhecida pela OU A, indirectamente pela ONU e por cerca de cem países à data da assinatura do acordo. Tratava-se, pois, de uma independência já internacionalmente consensualizada.
12/09/2012
Pegunta directa e pública a Mário Soares, Almeida Santos e a quantos ainda sobrevivos que rubricaram, em nome do Estado Português o Acordo de Cessar-Fogo agora totalmente conhecido
Será que Vossas Excelências mostraram ao General Spínola o Acordo de Cessar-Fogo ou apenas o denominado Acordo de Lusaka?
Estranho que, com tanta obra publicada por tantos políticos e militares, tenha sido em Moçambique que o mesmo viu a luz do dia.
É que, se o mesmo tivesse sido tornado publico na altura, não teríamos a lamentar a morte de muitos moçambicanos ilustres e patriotas como, por exemplo, Uria Simango, que caiu na "armadilha" da "democracia que se avizinhava" e, de boa fé, regressaram a Moçambique.
Sei que não obterei resposta, mas fica a pergunta.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Recorde em http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2012/09/afinal-mo%C3%A7ambique-deixou-de-ser-portugal-em-7-de-setembro-de-1974-o-acordo-da-vergonha.html
Estranho que, com tanta obra publicada por tantos políticos e militares, tenha sido em Moçambique que o mesmo viu a luz do dia.
É que, se o mesmo tivesse sido tornado publico na altura, não teríamos a lamentar a morte de muitos moçambicanos ilustres e patriotas como, por exemplo, Uria Simango, que caiu na "armadilha" da "democracia que se avizinhava" e, de boa fé, regressaram a Moçambique.
Sei que não obterei resposta, mas fica a pergunta.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Recorde em http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2012/09/afinal-mo%C3%A7ambique-deixou-de-ser-portugal-em-7-de-setembro-de-1974-o-acordo-da-vergonha.html
Cartas de Samora Machel a Vasco Gonçalves e a resposta deste em Abril/Maiode 1975
Depois de tornado público o Acordo Militar, melhor se entende o teor da carta que Samora Machel escreveu a Vasco Gonçalves em 18 de Abril de 1975, bem como a resposta deste a 9 de Maio de 1975 e que o MACUA já havia publicado em 2000.
Veja aqui:
- Carta de Samora Machel http://www.macua.org/documentos/documentos28.html
- Carta de Vasco Gonçalves http://www.macua.org/documentos/documentos29.html
Veja http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2012/09/afinal-mo%C3%A7ambique-deixou-de-ser-portugal-em-7-de-setembro-de-1974-o-acordo-da-vergonha.html
Veja aqui:
- Carta de Samora Machel http://www.macua.org/documentos/documentos28.html
- Carta de Vasco Gonçalves http://www.macua.org/documentos/documentos29.html
Veja http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2012/09/afinal-mo%C3%A7ambique-deixou-de-ser-portugal-em-7-de-setembro-de-1974-o-acordo-da-vergonha.html
10/09/2012
AFINAL MOÇAMBIQUE DEIXOU DE SER PORTUGAL EM 7 DE SETEMBRO DE 1974 – O acordo da vergonha
Recordo:
“Passa hoje mais um aniversário sobre a data da assinatura do Acordo(s?) de Lusaka. E recordo, novamente, o que Mariano Matsinha disse em Setembro de 2005:
"Revela Mariano Matsinha
Acordo militar continua no “segredo dos deuses”
O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.
ZAMBEZE - 9/8/2005
Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Alberto Chipande, Óscar Monteiro, Bonifácio Gruveta, Sebastião Mabote, Jacinto Veloso, Mariano Matsinha, Xavier Salila, Joaquim Munhepe, Mateus Malichocho, João Phelembe, Joaquim de Carvalho, José Mosane e Graça Simbine, são os filhos da pátria moçambicana que há 31 anos, num frente a frente na “State House” em Lusaka, na Zambia, confrontaram-se com a delegação portuguesa liderada por Mário Soares para a assinatura do memorando que ficou conhecido nos anais da história por“Acordos de Lusaka”.
Volvidas três décadas da assinatura dos Acordos de Lusaka, um memorando de entendimento que pôs fim à guerra travada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) contra a dominação colonial, o povo moçambicano ainda continua refém desse acordo assinado há 31 anos, em seu nome. Não obstante a data ser comemorada anualmente com pompa e circunstância, os que comandam os destinos da nação moçambicana, nunca lograram sequer pronunciarem de forma clara e ampla sobre as cláusulas deste acordo, até hoje, mergulhado naquilo que se chama de “segredo de Estado”.Estamos a falar do “acordo militar”, ainda não tornado público, mas que no decurso das negociações em Lusaka, constituiu o prato forte.
“Passa hoje mais um aniversário sobre a data da assinatura do Acordo(s?) de Lusaka. E recordo, novamente, o que Mariano Matsinha disse em Setembro de 2005:
"Revela Mariano Matsinha
Acordo militar continua no “segredo dos deuses”
O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.
ZAMBEZE - 9/8/2005
Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Alberto Chipande, Óscar Monteiro, Bonifácio Gruveta, Sebastião Mabote, Jacinto Veloso, Mariano Matsinha, Xavier Salila, Joaquim Munhepe, Mateus Malichocho, João Phelembe, Joaquim de Carvalho, José Mosane e Graça Simbine, são os filhos da pátria moçambicana que há 31 anos, num frente a frente na “State House” em Lusaka, na Zambia, confrontaram-se com a delegação portuguesa liderada por Mário Soares para a assinatura do memorando que ficou conhecido nos anais da história por“Acordos de Lusaka”.
Volvidas três décadas da assinatura dos Acordos de Lusaka, um memorando de entendimento que pôs fim à guerra travada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) contra a dominação colonial, o povo moçambicano ainda continua refém desse acordo assinado há 31 anos, em seu nome. Não obstante a data ser comemorada anualmente com pompa e circunstância, os que comandam os destinos da nação moçambicana, nunca lograram sequer pronunciarem de forma clara e ampla sobre as cláusulas deste acordo, até hoje, mergulhado naquilo que se chama de “segredo de Estado”.Estamos a falar do “acordo militar”, ainda não tornado público, mas que no decurso das negociações em Lusaka, constituiu o prato forte.
07/09/2012
Mariano Matsinha, um dos negociadores moçambicanos do acordo de Luzaka para pôr fim à guerra colonial
O Convidado desta sexta feira (7 de Setembro) recebe Mariano Matsinha, um histórico da Frelimo, que começou na Unami e um dos negociadores com Samora Machel e Joaquim Chissano do acordo de Luzaka, na Zâmbia, de 7 de Setembro de 1974 com os portugueses para pôr fim à guerra colonial de 10 anos. Este antigo general, ex-Ministro de vários governos inclusivé do Governo de Transição de 1975, acaba de publicar um livro de Memórias com o Juíz José Sampaio, intitulado Um homem, mil exemplos: a vida e luta de Mariano Araújo Matsinha.
Ouça aqui
In Radio France International - 07.09.2012
Ouça aqui
In Radio France International - 07.09.2012
07/09/2012 in Acordo Lusaca e reacções - 07.09.1974, História, RADIO - TV | Permalink|Comments (0)ShareThis
06/09/2012
Lusaka 38 anos depois: Negociações secretas possibilitaram acordos
DADA a irredutibilidade do Governo colonial, a Frelimo teve que encetar “negociações secretas” com o movimento das Forças Armadas Portuguesas e o 7 de Setembro foi a apoteose de um processo longo e sinuoso, iniciado em Junho, com vista a proclamação da independência nacional.
Maputo, Sexta-Feira, 7 de Setembro de 2012:: Notícias
Quem o revela é Mariano de Araújo Matsinha, destacado combatente da luta de libertação nacional e integrante da comitiva da então Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que negociou com o Estado português o fim da insurreição geral armada do povo moçambicano contra a ocupação estrangeira e a consequente proclamação da independência nacional.
Trinta e oito anos após a assinatura dos Acordos de Lusaka, Mariano Matsinha descreve o 7 de Setembro de 1974 como data importante para os moçambicanos, explicando que foi através desta que se colocou o ponto final aos dez anos de luta e se abriram as alas para a independência nacional.
Trinta e oito anos após a assinatura dos Acordos de Lusaka, Mariano Matsinha descreve o 7 de Setembro de 1974 como data importante para os moçambicanos, explicando que foi através desta que se colocou o ponto final aos dez anos de luta e se abriram as alas para a independência nacional.
28/08/2012
DESCONOLIZAÇÃO ASSENTOU EM LEI ANÓNIMA
Ministro da Coordenação Interterritorial nos primeiros governos provisórios do 25 pós – 25 de Abril, esteve intimamente ligado, por inerência de funções, ao processo de descolonização. Hoje, Almeida Santos diz Ter muito ambiciosa par Moçambique, destinado a fazer com que os moçambicanos produzam os seus próprios alimentos.
Almeida Santos:
Descolonização assentou em lei anónima
PEDRO RAFAEL DOS SANTOS e ISABEL ONETO
Presidente do Partido Socialista e líder do seu grupo parlamentar, António de Almeida Santos, de 68 anos (nasceu no concelho de Seia, em 15 de Fevereiro de 1926), começou a interessar-se pelos problemas africanos quando ainda jovem estudante de Direito em Coimbra. Membro do Orfeão Académico (foi conhecido guitarrista e intérprete de fados), participou numa digressão às então colónias de São Tomé, Angola e Moçambique e apaixonou-se por África. Já advogado, decidiu fixar-se em Lourenço Marques, ali fazendo uma brilhante carreira, que acumulou com intensa actividade política de oposição ao salazarismo, no prosseguimento de uma luta iniciada na adolescência. « Nós defendíamos os chamados terroristas no Tribunal Militar, o que nos dava algum prestígio junto dos africanos mais conscientes, mas causou-nos alguns dissabores junto da população mais retógrada», recorda hoje, lembrando também que deixou avultados bens materiais em Moçambique, que nunca reclamará, embora soubesse que as suas pretensões seriam atendidas.
Almeida Santos:
Descolonização assentou em lei anónima
PEDRO RAFAEL DOS SANTOS e ISABEL ONETO
Presidente do Partido Socialista e líder do seu grupo parlamentar, António de Almeida Santos, de 68 anos (nasceu no concelho de Seia, em 15 de Fevereiro de 1926), começou a interessar-se pelos problemas africanos quando ainda jovem estudante de Direito em Coimbra. Membro do Orfeão Académico (foi conhecido guitarrista e intérprete de fados), participou numa digressão às então colónias de São Tomé, Angola e Moçambique e apaixonou-se por África. Já advogado, decidiu fixar-se em Lourenço Marques, ali fazendo uma brilhante carreira, que acumulou com intensa actividade política de oposição ao salazarismo, no prosseguimento de uma luta iniciada na adolescência. « Nós defendíamos os chamados terroristas no Tribunal Militar, o que nos dava algum prestígio junto dos africanos mais conscientes, mas causou-nos alguns dissabores junto da população mais retógrada», recorda hoje, lembrando também que deixou avultados bens materiais em Moçambique, que nunca reclamará, embora soubesse que as suas pretensões seriam atendidas.
19/08/2012
Governo gasta "fortuna" com líderes comunitários contestados
O governo moçambicano "gasta uma fortuna" com fardas e subsídios para líderes comunitários que, não constando da hierarquia oficial, representam o Estado nas comunidades e são contestados por impedirem a implantação da oposição nas suas zonas.
"O governo gasta uma fortuna anualmente com os líderes comunitários" admitiu Manuel Rodrigues Alberto, porta-voz do 18º Conselho Coordenador do Ministério da Administração Estatal (MAE), que decorreu esta semana em Gondola, Manica, no centro de Moçambique.
Este ano o governo desembolsou mais de 13,2 milhões de meticais (cerca de 370 mil euros) na aquisição de fardamento para 15 mil novos líderes comunitários e deverá ainda gastar 27 milhões de meticais para pagar subsídios a este grupo, indicou a mesma fonte.
"O governo gasta uma fortuna anualmente com os líderes comunitários" admitiu Manuel Rodrigues Alberto, porta-voz do 18º Conselho Coordenador do Ministério da Administração Estatal (MAE), que decorreu esta semana em Gondola, Manica, no centro de Moçambique.
Este ano o governo desembolsou mais de 13,2 milhões de meticais (cerca de 370 mil euros) na aquisição de fardamento para 15 mil novos líderes comunitários e deverá ainda gastar 27 milhões de meticais para pagar subsídios a este grupo, indicou a mesma fonte.
07/07/2012
OTELO É PAGO (TAMBÉM) PELA FRELIMO
O jornal português "Luso Americano", que se publica nos E.U.A., divulgava no seu número 1908, a seguinte noticia proveniente de Lisboa:
"Segundo recentemente revelou Pinheiro de Azevedo, Otelo Saraiva de Carvalho recebe hoje 150 contos por mês, 80 dos quais pagos pela Frelimo.
Pinheiro de Azevedo fez a revelação durante um jantar num restaurante de Loures, onde durante duas horas atraiu a atenção dos comensais com outras revelações e comentários.
O autor da recente carta aberta a Ramalho Eanes referiu-se também aos seus mais conhecidos críticos, classificando o cap. Sousa e Castro de "Rudolfo Valentino do Cais de Sodré" e Vasco Lourenço de "um falso pegador de toiros". Revelou ainda ter sofrido já três ataques à pistola e dois à bomba.
O que se sabe é que Otelo é natural de Moçambique e que foi um dos negociadores da independência desse território. Sabe-se também que usando da autoridade moral que lhe conferia o facto de ser um dos lideres do M. F.A. "simplificou" as conversações para a independência que decorreram em Lusaca após o 25 da Abril entre representantes da Frelimo e do governo provisório português.
Por ironia, foi Spinola quem o integrou na comitiva — como Otelo um dia disse — para, em nome do M.F.A., "vigiar Mário Soares", então ministro dos Negócios Estrangeiros e condutor dos processos de descolonização."
O RETORNADO – 15.11.1977
"Segundo recentemente revelou Pinheiro de Azevedo, Otelo Saraiva de Carvalho recebe hoje 150 contos por mês, 80 dos quais pagos pela Frelimo.
Pinheiro de Azevedo fez a revelação durante um jantar num restaurante de Loures, onde durante duas horas atraiu a atenção dos comensais com outras revelações e comentários.
O autor da recente carta aberta a Ramalho Eanes referiu-se também aos seus mais conhecidos críticos, classificando o cap. Sousa e Castro de "Rudolfo Valentino do Cais de Sodré" e Vasco Lourenço de "um falso pegador de toiros". Revelou ainda ter sofrido já três ataques à pistola e dois à bomba.
O que se sabe é que Otelo é natural de Moçambique e que foi um dos negociadores da independência desse território. Sabe-se também que usando da autoridade moral que lhe conferia o facto de ser um dos lideres do M. F.A. "simplificou" as conversações para a independência que decorreram em Lusaca após o 25 da Abril entre representantes da Frelimo e do governo provisório português.
Por ironia, foi Spinola quem o integrou na comitiva — como Otelo um dia disse — para, em nome do M.F.A., "vigiar Mário Soares", então ministro dos Negócios Estrangeiros e condutor dos processos de descolonização."
O RETORNADO – 15.11.1977
04/06/2012
Processo de Nachingwea (2ª Parte)
Como a PGR defendeu autores do crime de Nachingwea
Torna-se oportuno referir que o Estado moçambicano não nega que o então ministro da Administração Interna, Armando Guebuza (NR: hoje presidente da República e presidente do partido Frelimo), foi quem deu ordens para se prender a Primeira Vítima, José Eugénio Zitha.
O Estado moçambicano não nega que a Primeira Vítima se encontrava a determinada altura sob sua custódia. Na presente Queixa, a Primeira Vítima não desapareceu ao acaso. – decisão da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
Nos argumentos articulados perante a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, face à queixa apresentada contra o Estado moçambicano pela advogada de duas das vítimas do Processo de Nachingwea, a Procuradoria-Geral da República (PGR) não contestou nenhuma das violações da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos alegadas na queixa. Recorde-se, que em relação à Primeira Vítima (José Eugénio Zitha), a advogada Liesbeth Zegveld alegara que o Estado moçambicano havia violado os Artigos 2, 4, 5, 6 e 7(1) (d) da Carta. Relativamente à Segunda Vítima (Pacelli Zitha), na Queixa alegava-se violação do Artigo 5.
Torna-se oportuno referir que o Estado moçambicano não nega que o então ministro da Administração Interna, Armando Guebuza (NR: hoje presidente da República e presidente do partido Frelimo), foi quem deu ordens para se prender a Primeira Vítima, José Eugénio Zitha.
O Estado moçambicano não nega que a Primeira Vítima se encontrava a determinada altura sob sua custódia. Na presente Queixa, a Primeira Vítima não desapareceu ao acaso. – decisão da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
Nos argumentos articulados perante a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, face à queixa apresentada contra o Estado moçambicano pela advogada de duas das vítimas do Processo de Nachingwea, a Procuradoria-Geral da República (PGR) não contestou nenhuma das violações da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos alegadas na queixa. Recorde-se, que em relação à Primeira Vítima (José Eugénio Zitha), a advogada Liesbeth Zegveld alegara que o Estado moçambicano havia violado os Artigos 2, 4, 5, 6 e 7(1) (d) da Carta. Relativamente à Segunda Vítima (Pacelli Zitha), na Queixa alegava-se violação do Artigo 5.
27/05/2012
Processo de Nachingwea (1ª Parte)
Armando Guebuza é o principal acusado
Comissão Africana de Direitos Humanos divulga decisão sobre queixa contra Estado moçambicano
O actual presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, no Governo de Transição, na qualidade de ministro da Administração Interna intimou José Eugénio Zitha a comparecer a uma reunião de Grupos Dinamizadores, órgãos tutelados pela FRELIMO. Soldados da FRELIMO, armados e fazendo-se transportar em viatura militar, foram à residência de José Eugénio Zitha, na Matola, sem o amparo de qualquer mandado judicial, e levaram-no ao local da reunião. Aqui seria “humilhado e acusado de traição”.
Guebuza ordenou depois a prisão e detenção no antigo quartel-general das tropas coloniais em Boane. “A família, incluindo o filho, Pacelli Zitha, não foi posta ao corrente do sucedido”.
Comissão Africana de Direitos Humanos divulga decisão sobre queixa contra Estado moçambicano
O actual presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza, no Governo de Transição, na qualidade de ministro da Administração Interna intimou José Eugénio Zitha a comparecer a uma reunião de Grupos Dinamizadores, órgãos tutelados pela FRELIMO. Soldados da FRELIMO, armados e fazendo-se transportar em viatura militar, foram à residência de José Eugénio Zitha, na Matola, sem o amparo de qualquer mandado judicial, e levaram-no ao local da reunião. Aqui seria “humilhado e acusado de traição”.
Guebuza ordenou depois a prisão e detenção no antigo quartel-general das tropas coloniais em Boane. “A família, incluindo o filho, Pacelli Zitha, não foi posta ao corrente do sucedido”.
26/03/2012
Jorge Jardim - 1977
JORGE JARDIM: “Os moçambicanos vivem sob tirania implacável” Paris (do nosso enviado especial Carlos Loureiro)
"O PAÍS-Lisboa)" — Consta que vai publicar um livro na Grã-Bretanha, em inglês. Qual o tema e porque reservou a edição para esse País e não para Portugal?
Jorge Jardim — Tenho, efectivamente, concluído um livro a editar em Londres e que se encontra na laboriosa fase da tradução. A data do lançamento, que pode ainda tardar semanas, dependerá de alguns acertos finais. Dizem aliás, que sou demasiado exigente com os tradutores e isso tanto mais se agrava quanto melhor domino a língua para que se transponha o texto. Dessa preocupação resultou que ainda não foram editadas as versões inglesa e francesa de "Moçambique-Terra Queimada" que estavam previstas para o início desta Primavera. O próximo livro, que penso editar em Portugal dentro de alguns meses, abordará aspectos da política externa portuguesa anteriores a 1974 e situados em torno da posição de Moçambique. As características tão diversificadas dos territórios fronteiriços (Tanzânia, Malawi, Zâmbia, Rodésia, Swazilândia e República da África do Sul) e as pressões de interesse que incidiam sobre a região, impunham actuação equilibrada e muito realística. Conforme os casos, e as oportunidades, oscilava-se entre a convivência e a hostilidade e as relações iam da colaboração ao enfrentamento. Nesse quadro fui chamado a ter, por vezes, intervenção directa e parece de interesse revelar aquilo que sei e posso comprovar com documentos e testemunhos. Existem factos, até agora inéditos, que podem lançar luz sobre uma política coerente que foi definida e, em grande parte conduzida, sob o governo do dr. Salazar.
05/02/2012
Como o presidente Kenneth Kaunda da Zambia despachou Coremo para o seu fim
Por Jaime Khamba
Kaunda deu ordens para matar os moçambicanos do Coremo (Comité Revolucionario de Moçambique), quando se soube que conversaçoes entre os Portuguese e os nacionalistas africanas (Frelimo) iriam tomar lugar em Lusaka, Zambia. Era o que Antonio de Spinola queria. Ele foi derrubado e Costa Gomes com o seu agente soviético, prime ministro Vasco Gonçalves, tomaram o poder e concederam a opurtunidade unicamente a Frelimo.
Kaunda deu ordens para matar os moçambicanos do Coremo (Comité Revolucionario de Moçambique), quando se soube que conversaçoes entre os Portuguese e os nacionalistas africanas (Frelimo) iriam tomar lugar em Lusaka, Zambia. Era o que Antonio de Spinola queria. Ele foi derrubado e Costa Gomes com o seu agente soviético, prime ministro Vasco Gonçalves, tomaram o poder e concederam a opurtunidade unicamente a Frelimo.
Foi entao que Kaunda deu ordens a soldados zambianos para prender os moçambicanos do Coremo e entrega-los a Frelimo. Os soldados zambianos mataram aqueles que fugiam. Encontraram assim a morte Bernardo Forte de Murraça, Joaquim Alberto Newawa de Quelimane, Joaquim Thonje de Inhangoma, David Bonga de Tete, Pedro Goche de Magagade, Pedro Moyana de Gogoio, distrito de Buzi.
Outros que desapareceram foram Sebastiao Sigauke, que era representante em Burundi do Congresso Nacional Africano de Moçambique, Manco, que foi fundado na Rodésia do Norte, agora Zambia, nos anos de 1960. Este movimento era liderado por Pedro Dungumamba Balamanja, Jeque Ntunduma, Mateus Salomao Kambezo, Raul Magasho, Pedro Simbi, Ruzand e Alex Malunga de Zumbo. Somente dois Malungas ainda vivem: um é musico no Zimbabwe e o outro esta aqui nos Estdos Unidos da América e vive reformado em New Mexico."
Veja também:
NOTA:
Não serão também estes "heróis moçambicanos"?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
02/12/2011
Sobre os bens deixados no ex-Ultramar
Como é sabido, em Moçambique não existia qualquer tipo de Segurança Social em benefício e protecção dos trabalhadores da actividade privada, excluídas algumas companhias estrangeiras que tinham seguros para os empregados. Esta situação, que se estendia a todas as Provindas Ultramarinas, forçava esses trabalhadores a fazerem economias durante toda a vida de trabalho: era o andar comprado com empréstimo a X anos, acções de Companhias locais, depósitos a prazo, heranças de anteriores gerações etc. etc.
Com a "descolonização" tais bens não foram defendidos e, 37 anos decorridos, os espoliados, ou os respectivos herdeiros, continuam a desesperar de tanto esperar. Com base em uma amostra de 5363 processos de reclamação de bens deixados em Moçambique, foram apuradas, por pessoa, as seguintes quantias totais: menos de 499 contos, 30,8% das reclamações; de 500 a 999 contos, 23,5%; de 1000 a 2999 contos, 23r 1%; acima de 3000 contos e distribuídos por 6 escalões, registados 17,5%das reclamação.
CONCLUSÃO QUE DEFENDEMOS:
- 82,4% dos BENS espoliados são as economias de trabalhadores que procuravam assegurar uma velhice com segurança. Esta estatística, em pormenor, poderá ser analisada no item 63, do site www.espoliadosultramar.com
Ficamos aguardando os seus comentários.
Ângelo Carvalho Oliveira Soares
NOTA:
Os bens deixados no ex-Ultramar, são, como quaisquer outros, herança para os descendentes dos titulares.
Com a "descolonização" tais bens não foram defendidos e, 37 anos decorridos, os espoliados, ou os respectivos herdeiros, continuam a desesperar de tanto esperar. Com base em uma amostra de 5363 processos de reclamação de bens deixados em Moçambique, foram apuradas, por pessoa, as seguintes quantias totais: menos de 499 contos, 30,8% das reclamações; de 500 a 999 contos, 23,5%; de 1000 a 2999 contos, 23r 1%; acima de 3000 contos e distribuídos por 6 escalões, registados 17,5%das reclamação.
CONCLUSÃO QUE DEFENDEMOS:
- 82,4% dos BENS espoliados são as economias de trabalhadores que procuravam assegurar uma velhice com segurança. Esta estatística, em pormenor, poderá ser analisada no item 63, do site www.espoliadosultramar.com
Ficamos aguardando os seus comentários.
Ângelo Carvalho Oliveira Soares
NOTA:
Os bens deixados no ex-Ultramar, são, como quaisquer outros, herança para os descendentes dos titulares.
19/09/2011
Passam 37 anos da posse do Governo de Transição
ASSINALA-se hoje a passagem do 37º aniversário da tomada de posse do Governo de Transição.
Maputo, Terça-Feira, 20 de Setembro de 2011:: Notícias
Resultante da assinatura do Acordo de Lusaka, entre a então Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o Estado português, visando o fim da luta armada, o Governo de Transição era constituído por um Primeiro-Ministro a quem competia coordenar a acção executiva, nove ministros repartidos pelas pastas da Administração Interna; Justiça; Coordenação Económica; Informação; Educação e Cultura; Comunicações e Transportes; Saúde e Assuntos Sociais; Trabalho; Obras Públicas e Habitação. Integravam ainda o Governo, secretários e subsecretários propostos pelo Primeiro-Ministro.
A FRELIMO designou como Primeiro-Ministro, Joaquim Alberto Chissano, enquanto a parte portuguesa tinha como seu representante Vctor Crespo, Alto-Comissário para Moçambique.
A FRELIMO designou como Primeiro-Ministro, Joaquim Alberto Chissano, enquanto a parte portuguesa tinha como seu representante Vctor Crespo, Alto-Comissário para Moçambique.
07/09/2011
AFINAL OS “ACORDOS DE LUSAKA” FORAM UMA IMPOSTURA POLÍTICA?
Por Viriato Caetano Dias
“Nenhuma mentira pode viver para sempre.
A verdade, mesmo esmagada, volta a nascer.”
Carlos Cruz, escritor português
“A mentira pode correr um ano. A verdade apanha-a num dia”. Assim reza o rifão popular africano.
Sou por natureza um ser insatisfeito. Um homem, diga-se de passagem, atormentado pela dúvida. Foi assim que, cedo decidi trilhar os caminhos do meu coração e optei por fazer o curso de História, instigado pelo facto desta ciência ser a única no ninho das ciências sociais e humanas que têm como hipótese de trabalho o pessimismo, querendo perspectivar o futuro. Posso estar equivocado, é claro, mas fico com a impressão de que há dissimulação política, talvez propositada e intencional, ante o propalado “Acordos de Lusaka” entre o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), movimento nacionalista que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional, com o objectivo de conquistar a independência de Moçambique. Que fique claro logo à partida que a FRELIMO - FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE, perverteu-se com o advento da Frelimo como partido político e não só, tal veio a suceder-se à luz do seu IIIº congresso, realizado em 1977. Lá falaremos adiante.
Permitam-me que debite da minha alma um testemunho, talvez pouco comum no início de uma reflexão pelo seu tom pessoal e directo, mas que me é necessário e mesmo imperativo dar: O meu processo de formação em História teve início na Universidade Pedagógica (UP), em Nampula e Maputo, respectivamente. A UP que é uma instituição pública de ensino superior concebida, exclusivamente, para a formação de professores mas, actualmente, tem vindo a acomodar os interesses do “Sistema”. Há muito que a UP abdicou dos seus princípios básicos de orientação profissional – vocacionados na formação de professores – servindo, desta feita, de bóia de salvação para os aventureiros e excluídos das outras universidades, públicas e privadas, conferindo a estes, muitas das vezes, os graus de licenciado e mestres. Dai a razão da febre constante da falta de professores um pouco por todo o país e não só, as dificuldades que o sector da educação enfrenta, quando o assunto é a qualidade de ensino no país.
“Nenhuma mentira pode viver para sempre.
A verdade, mesmo esmagada, volta a nascer.”
Carlos Cruz, escritor português
“A mentira pode correr um ano. A verdade apanha-a num dia”. Assim reza o rifão popular africano.
Sou por natureza um ser insatisfeito. Um homem, diga-se de passagem, atormentado pela dúvida. Foi assim que, cedo decidi trilhar os caminhos do meu coração e optei por fazer o curso de História, instigado pelo facto desta ciência ser a única no ninho das ciências sociais e humanas que têm como hipótese de trabalho o pessimismo, querendo perspectivar o futuro. Posso estar equivocado, é claro, mas fico com a impressão de que há dissimulação política, talvez propositada e intencional, ante o propalado “Acordos de Lusaka” entre o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), movimento nacionalista que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional, com o objectivo de conquistar a independência de Moçambique. Que fique claro logo à partida que a FRELIMO - FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE, perverteu-se com o advento da Frelimo como partido político e não só, tal veio a suceder-se à luz do seu IIIº congresso, realizado em 1977. Lá falaremos adiante.
Permitam-me que debite da minha alma um testemunho, talvez pouco comum no início de uma reflexão pelo seu tom pessoal e directo, mas que me é necessário e mesmo imperativo dar: O meu processo de formação em História teve início na Universidade Pedagógica (UP), em Nampula e Maputo, respectivamente. A UP que é uma instituição pública de ensino superior concebida, exclusivamente, para a formação de professores mas, actualmente, tem vindo a acomodar os interesses do “Sistema”. Há muito que a UP abdicou dos seus princípios básicos de orientação profissional – vocacionados na formação de professores – servindo, desta feita, de bóia de salvação para os aventureiros e excluídos das outras universidades, públicas e privadas, conferindo a estes, muitas das vezes, os graus de licenciado e mestres. Dai a razão da febre constante da falta de professores um pouco por todo o país e não só, as dificuldades que o sector da educação enfrenta, quando o assunto é a qualidade de ensino no país.
06/09/2011
LIVRO DE OURO DO MUNDO PORTUGUÊS - moçambique(1970) - (completo)
Documento histórico que recorda parte do que a FRELIMO encontrou em Moçambique e não soube ou quis aproveitar.
Foi um Moçambique pujante de crescimento que a FRELIMO, repito, não soube ou quis aproveitar.
“Destruir” era a palavra de ordem a partir de 7 de Setembro de 1974.
Outra “fazer o homem novo”. Onde está afinal esse” homem novo” pelo qual tantos moçambicanos foram mortos e assassinados?
Feridas ainda não saradas, de um Moçambique ainda adiado.
Baixe aqui o livro(pode demorar um pouco):
Download Livroouromoc
Foi um Moçambique pujante de crescimento que a FRELIMO, repito, não soube ou quis aproveitar.
“Destruir” era a palavra de ordem a partir de 7 de Setembro de 1974.
Outra “fazer o homem novo”. Onde está afinal esse” homem novo” pelo qual tantos moçambicanos foram mortos e assassinados?
Feridas ainda não saradas, de um Moçambique ainda adiado.
Baixe aqui o livro(pode demorar um pouco):
Download Livroouromoc
37 anos do Acordo de Lusaka: Reviver homenageando Samora
PASSAM hoje 37 anos depois da assinatura do Acordo de Lusaka, entre Portugal e a Frelimo. O pacto pôs termo a dez longos anos de luta armada pela conquista da independência de Moçambique.
Maputo, Quarta-Feira, 7 de Setembro de 2011:: Notícias
Este ano a passagem do 7 de Setembro tem a particularidade de coincidir com as celebrações dedicadas a Samora Machel figura que, em representação da então Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), rubricou com o Estado Português o referido acordo.
Importa lembrar que de 5 a 7 de Setembro de 1974 decorreram em Lusaka, capital da Zâmbia, conversações tendentes a preparar o processo de descolonização e fixação da independência em 25 de Junho de 1975. Durante este período a então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, era palco de diversas manifestações de apoio ao movimento nacionalista. Mas também haviam sectores, sobretudo militares portugueses, que se agrupavam em movimento denominado Moçambique Livre, hostis às conversações e, consequentemente, à proclamação da independência. É assim que inicia um confronto entre as duas partes que se saldou na morte de centenas de pessoas, destruição de importantes infra-estruturas económicas e sociais, assalto à então Rádio Clube de Moçambique, hoje Rádio Moçambique, libertação de presos nas cadeias, num balanço que se resumiu em simplesmente trágico. Enquanto isso, em Lusaka, as delegações da FRELIMO e de Portugal mantinham as conversações e assinavam o acordo. Em causa estava afinal, o entendimento para o fim das hostilidades e a inevitável proclamação da independência nacional a 25 de Junho de 1975. É por isso que o 7 de Setembro foi proclamado Dia da Vitória.
Importa lembrar que de 5 a 7 de Setembro de 1974 decorreram em Lusaka, capital da Zâmbia, conversações tendentes a preparar o processo de descolonização e fixação da independência em 25 de Junho de 1975. Durante este período a então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, era palco de diversas manifestações de apoio ao movimento nacionalista. Mas também haviam sectores, sobretudo militares portugueses, que se agrupavam em movimento denominado Moçambique Livre, hostis às conversações e, consequentemente, à proclamação da independência. É assim que inicia um confronto entre as duas partes que se saldou na morte de centenas de pessoas, destruição de importantes infra-estruturas económicas e sociais, assalto à então Rádio Clube de Moçambique, hoje Rádio Moçambique, libertação de presos nas cadeias, num balanço que se resumiu em simplesmente trágico. Enquanto isso, em Lusaka, as delegações da FRELIMO e de Portugal mantinham as conversações e assinavam o acordo. Em causa estava afinal, o entendimento para o fim das hostilidades e a inevitável proclamação da independência nacional a 25 de Junho de 1975. É por isso que o 7 de Setembro foi proclamado Dia da Vitória.
07/09/2010
Com assinatura dos Acordos de Lusaka: Independência era irreversível - afirmam combatentes da luta de libertação nacional, a-propósito do 7 de Setembro, ontem comemorado no país
O PAÍS comemorou ontem o 7 de Setembro, Dia da Vitória sobre o colonialismo português, depois de dez longos anos de guerra. Foi precisamente a 7 de Setembro do ano de 1974 que, em Lusaka, a capital zambiana, o Governo português e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) rubricaram os acordos visando o cessar-fogo e criar condições para a independência nacional, que seria proclamada nove meses mais tarde, a 25 de Junho de 1975.
Esses acordos ficaram conhecidos como Acordos de Lusaka. Na Praça dos Heróis, em Maputo, alguns combatentes da luta de libertação nacional, dentre os quais o antigo Chefe do Estado, Joaquim Chissano, falaram a jornalistas sobre a efeméride, tendo destacado que apesar dos tumultos ocorridos naquele dia na então cidade de Lourenço Marques (Maputo), protagonizados por movimentos que eram contrários, a independência de Moçambique era irreversível.
Maputo, Quarta-Feira, 8 de Setembro de 2010:: Notícias
06/09/2010
O QUE AINDA SE ESCONDE DO “ACORDO DE LUSAKA” (2)
-Nada havendo a acrescentar, repito:
Mariano Matsinhe afirma em 9 de Agosto de 2005:
“O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.”
......
A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinhe, fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na "State House".
......
"Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do "Acordo Militar", e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chaves pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público", explicou o veterano da Frelimo.
......
"Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do "Acordo Militar", e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chaves pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público", explicou o veterano da Frelimo.
Diz o General Souza Menezes em “Memórias da Revolução; Portugal 1974-1975” de Manuel Amaro Bernardo*:
“Havia um anexo secreto ao Acordo, que estipulava a maneira como se faria a movimentação das nossas tropas, de modo a fazê-las regressar a Portugal. Então, o Sebastião Mabote dizia que nós não nos podíamos vir embora. Afirmava-lhe que eles tinham assinado o acordo naquelas condições... (...) “
Não me parece que se refiram ao mesmo documento ou que fosse só isso. Se fosse apenas um acordo, tipo operacional para a retirada das nossas tropas, qual a razão de hoje ainda ser secreto? Não é a isso que Mariano Matsinhe se refere, penso eu.
As frases de Sebastião Mabote " que nós não nos podíamos vir embora" e que "eles tinham assinado o acordo naquelas condições" reforça a minha ideia de que tal documento não era apenas operacional. Ia mais longe, só que o 7 de Setembro em Lourenço Marques deitou tudo a perder.
E, por iniciativa ou interferência de quem? Resta também esclarecer este ponto. O 7 de Setembro não foi tão de geração espontânea, como alguns querem fazer crer.
Por tudo o que tenho lido, conversado e estudado, inclino-me a que, no tal acordo, tropas portuguesas continuariam em Moçambique, em regime de cooperação com a FRELIMO, pois esta sabia não ter força suficiente contra uma qualquer insurreição armada interna (o que veio a acontecer) ou uma invasão externa a favor de um qualquer grupo político moçambicano.
De outra forma não vejo razão para o mesmo não ser ainda conhecido na íntegra.
Agradece-se a quem dê uma contribuição. Para a História de Portugal, como também para a de Moçambique.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
*Leia a entrevista acima citada aqui
Download T Gen S Menezes 1ª parte Mem Rev Acordos de Lusaka assinados há 36 anos
A 7 DE SETEMBRO de 1974 a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o Governo colonial português sentaram-se à mesa de negociações na capital zambiana, Lusaka, para a assinatura de um memorando de entendimento visando pôr termo a dez anos de guerra. São os chamados Acordos de Lusaka. Passam justamente hoje 36 anos. A data é comemorada como Dia da Vitória e dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional.
Os Acordos de Lusaka visavam a independência total e completa de Moçambique, que ocorreria nove meses mais tarde, ou seja, a 25 de Junho de 1975, data associada à fundação da Frente de Libertação de Moçambique, em 1962.
O falecido Presidente Samora Machel, primeiro estadista de Moçambique independente, chegou a Lusaka proveniente de Dar-Es-Salam, Tanzania, chefiando uma delegação de 22 elementos, para o reatamento das conversações já iniciadas nos dias seis e sete de Junho de 1974 com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, na altura Mário Soares.
Maputo, Terça-Feira, 7 de Setembro de 2010:: Notícias
O falecido Presidente Samora Machel, primeiro estadista de Moçambique independente, chegou a Lusaka proveniente de Dar-Es-Salam, Tanzania, chefiando uma delegação de 22 elementos, para o reatamento das conversações já iniciadas nos dias seis e sete de Junho de 1974 com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, na altura Mário Soares.
SÓ NÃO HÁ MANIFESTAÇÕES NAS DITADURAS
Passados quase trinta e seis anos da assinatura do misterioso “Acordo de Lusaka”, os direitos consagrados do povo moçambicano continuam a ser, infelizmente, hipotecados em prol de interesses obscuros de uma minoria elitista e empresarial dos auto-proclamados “libertadores da pátria”. E, para mais, tal como cantou o falecido músico beirense ‘Taz’ “à caça mandam o cão, mas é o gato quem come a carne. E como agradecimento recebe um pontapé no traseiro!”
A escassos dias do país celebrar o 36° aniversário do misterioso “Acordo de Lusaka” (que se assinala amanhã) que pôs fim à guerra travada pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) contra a dominação colonial portuguesa, acarrentando consigo o sonho de um Moçambique verdadeiramente democrático, eis que as populações das cidades de Maputo, Matola e Chimoio, respectivamente, sairam à rua para denunciar a “febre hemorrágica” da carestia de vida no país.
22/03/2010
O QUE AINDA SE ESCONDE DO “ACORDO DE LUSAKA”
Mariano Matsinhe afirma em 9 de Agosto de 1975:
“O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.”
......
A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinhe, fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na "State House".
......
"Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do "Acordo Militar", e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chaves pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público", explicou o veterano da Frelimo.
......
"Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do "Acordo Militar", e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chaves pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público", explicou o veterano da Frelimo.
Diz o General Souza Menezes em “Memórias da Revolução; Portugal 1974-1975” de Manuel Amaro Bernardo*:
“Havia um anexo secreto ao Acordo, que estipulava a maneira como se faria a movimentação das nossas tropas, de modo a fazê-las regressar a Portugal. Então, o Sebastião Mabote dizia que nós não nos podíamos vir embora. Afirmava-lhe que eles tinham assinado o acordo naquelas condições... (...) “
Não me parece que se refiram ao mesmo documento ou que fosse só isso. Se fosse apenas um acordo, tipo operacional para a retirada das nossas tropas, qual a razão de hoje ainda ser secreto? Não é a isso que Mariano Matsinhe se refere, penso eu.
As frases de Sebastião Mabote " que nós não nos podíamos vir embora" e que "eles tinham assinado o acordo naquelas condições" reforça a minha ideia de que tal documento não era apenas operacional. Ia mais longe, só que o 7 de Setembro em Lourenço Marques deitou tudo a perder.
E, por iniciativa ou interferência de quem? Resta também esclarecer este ponto. O 7 de Setembro não foi tão de geração espontânea, como alguns querem fazer crer.
Por tudo o que tenho lido, conversado e estudado, inclino-me a que, no tal acordo, tropas portuguesas continuariam em Moçambique, em regime de cooperação com a FRELIMO, pois esta sabia não ter força suficiente contra uma qualquer insurreição armada interna (o que veio a acontecer) ou uma invasão externa a favor de um qualquer grupo político moçambicano.
De outra forma não vejo razão para o mesmo não ser ainda conhecido na íntegra.
Agradece-se a quem dê uma contribuição. Para a História de Portugal, como também para a de Moçambique.
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
*Leia a entrevista acima citada aqui
Download T Gen S Menezes 1ª parte Mem Rev
22/03/2010 in Acordo Lusaca e reacções - 07.09.1974, História, Portugal | Permalink|Comments (5)ShareThis
21/09/2009
NAUFRÁGIO de António Martins Pires-de-Carvalho já nas livrarias(2)
Serve o presente para vos informar e solicitar presença e possível cobertura informativa, para a apresentação do livro "Naufrágio", da autoria de António Martins Pires-de-Carvalho(Eng.º), uma obra póstuma, agora editado pelo seu filho, António José Pires-de-Carvalho (Dr.).
O lançamento vai ter lugar no próximo dia 5 de Outubro de 2009, em duas sessões a ter lugar nos seguintes locais e horas:
1.ª sessão - FNAC Porto - Loja de Santa Catarina - pelas 17:30 horas
2.ª - " - FNAC Gaia - Loja do Gaia Shopping - pelas 21:45 horas
Resumo da obra:
« - "NAUFRÁGIO", é uma obra que pode ser considerada como mais uma "pedrada no charco". Nela, através do peso dos trinta e cinco anos que nos separam da Descolonização, transformou a política em História e vem apresentar, não um lavar de roupa suja mostrando as nódoas das barbaridades praticadas mas sim, as causas que permitiram que essas mesmas barbaridades tivessem lugar.
E nessa árdua tarefa destapando responsáveis, cobre uns de Glória outros de crepes andrajosos, numa tentativa de trazer a lume os factos para que o Tribunal da História venha, em benefício da verdade e das gerações vindouras, fazer justiça.»
O lançamento vai ter lugar no próximo dia 5 de Outubro de 2009, em duas sessões a ter lugar nos seguintes locais e horas:
1.ª sessão - FNAC Porto - Loja de Santa Catarina - pelas 17:30 horas
2.ª - " - FNAC Gaia - Loja do Gaia Shopping - pelas 21:45 horas
Resumo da obra:
« - "NAUFRÁGIO", é uma obra que pode ser considerada como mais uma "pedrada no charco". Nela, através do peso dos trinta e cinco anos que nos separam da Descolonização, transformou a política em História e vem apresentar, não um lavar de roupa suja mostrando as nódoas das barbaridades praticadas mas sim, as causas que permitiram que essas mesmas barbaridades tivessem lugar.
E nessa árdua tarefa destapando responsáveis, cobre uns de Glória outros de crepes andrajosos, numa tentativa de trazer a lume os factos para que o Tribunal da História venha, em benefício da verdade e das gerações vindouras, fazer justiça.»
09/09/2009
Afinal Os “Acordos De Lusaka” Foram Uma Impostura Política?
Correspondênci@ Electrónic@
- “Nenhuma mentira pode viver para sempre.
A verdade, mesmo esmagada, volta a nascer.”
Carlos Cruz, escritor português
“A mentira pode correr um ano. A verdade apanha-a num dia”. Assim reza o rifão popular africano.
Sou por natureza um ser insatisfeito. Um homem, diga-se de passagem, atormentado pela dúvida. Foi assim que, cedo decidi trilhar os caminhos do meu coração e optei por fazer o curso de História, instigado pelo facto desta ciência ser a única, no ninho das ciências sociais e humanas, que têm como hipótese de trabalho o pessimismo, querendo perspectivar o futuro. Posso estar equivocado, é claro, mas fico com a impressão de que há dissimulação politica, talvez propositada e intencional, ante o propalado “Acordos de Lusaka” entre o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), movimento nacionalista que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional, com o objectivo de conquistar a independência de Moçambique. Que fique claro logo à partida que a FRELIMO - FRENTE DE LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE, perverteu-se com o advento da Frelimo como partido político e não só, tal veio a suceder-se à luz do seu IIIº congresso, realizado em 1977. Lá falaremos adiante.
Permitam-me que debite da minha alma um testemunho, talvez pouco comum no início de uma reflexão pelo seu tom pessoal e directo, mas que me é necessário e mesmo imperativo dar: O meu processo de formação em História teve início na Universidade Pedagógica (UP), em Nampula e Maputo, respectivamente. A UP que é uma instituição pública de ensino superior concebida, exclusivamente, para a formação de professores mas, actualmente, tem vindo a acomodar os interesses do “Sistema”. Há muito que a UP abdicou dos seus princípios básicos de orientação profissional – vocacionados na formação de professores – servindo, desta feita, de bóia de salvação para os aventureiros e excluídos das outras universidades, públicas e privadas, conferindo a estes, muitas das vezes, os graus de licenciado e mestres. Dai a razão da febre constante da falta de professores um pouco por todo o país e não só, as dificuldades que o sector da educação enfrenta, quando o assunto é a qualidade de ensino no país. Haja honestidade, também há, na UP, profissionais que conheci e conheço que têm sido autênticos “bombeiros” para salvar a glória e honra da casa. Escuso-me aqui de citar os nomes. Um bom profissional não se esconde, simplesmente porque não se improvisa nem se forja, conhece-se. Sabem eles quem são, os que sempre pautaram com zelo e dedicação à sua missão profissional. A esses profissionais deixo ficar, nesta reflexão, a minha singela mas grata homenagem de um aluno eternamente reconhecido, quer pelos ensinamentos adquiridos, quer também pelos erros evitados. Obrigado.
08/09/2009
NAUFRÁGIO de António Martins Pires-de-Carvalho já nas livrarias
Como anunciado, foi ontem feito o lançamento da obra "NAUFRÁGIO" de António Martins Pires-de-Carvalho.Da obra transcrevemos as introduções e a "Homenagem ao Autor":
Prefácio Republicano
por Professor Adriano Moreira
(Professor Catedrático e antigo Ministro do Governo de Salazar)
Ninguém escolhe o povo onde lhe acontece nascer, a liberdade de o abandonar é hoje uma garantia jurídica, mas também por isso é um acto de amor decidir ficar.
Este livro é testemunho de uma decisão ainda mais profunda, mais interior, mais como que indizível, a decisão de assumir a maneira de estar no mundo do povo em que se decidiu ficar, aceitando o activo e passivo de uma história longa, e, no caso português, tendo por notável contribuição para a história universal o início consciente e responsável da mundialização, e as emergências em que se destacam o Brasil na área da política, a língua inscrita no património imaterial da humanidade.
A língua que não é neutra, que transporta valores participados pelas soberanias que a adoptaram e hoje se agrupam na CPLP, pelas comunidades que foram integradas em diferentes soberanias como aconteceu com o Estado da índia (Goa), e que outras soberanias, como a da China, declaram assumir como instrumento da sua política a desenvolver em relação às áreas onde o português é a língua do povo.
Hoje assumimos essa doação reconhecendo que, por ser tão largamente partilhada, a língua não é nossa, também é nossa, tal como os valores que transporta não são nossos, também são nossos.
Frelimo transforma 7 de Setembro em lançamento da campanha eleitoral
Usando meios do Estado
Milhares de t-shirts, capulanas e bonés, com mensagens de apoio ao candidato da Frelimo, Armando Guebuza, foram produzidos e distribuídos pelos membros da Frelimo que se fizeram à praça dos heróis, na cidade de Maputo, nas cerimónias centrais da celebração do dia da vitória.
Ao nível do distrito municipal número 1, da cidade de Maputo, a festa de arromba do “lançamento ilícito” da campanha da Frelimo teve lugar na Escola Secundária da Polana, onde foram usadas instalações e viaturas da mesma escola – do Estado – para a campanha do partido no poder.
Moçambique assinalou esta segunda-feira, a passagem dos 35 anos da Assinatura dos Acordos de Lusaka, efeméride que marcou o reconhecimento formal pela parte da administração colonial portuguesa, do direito à independência ao povo moçambicano. Tal como vem acontecendo em outras datas festivas nacionais, a celebração dos 35 anos dos Acordos de Lusaka foi transformada em autêntica festa do partido no poder, a Frelimo. E agora que estamos a escassos dias do início oficial da campanha eleitoral para as eleições gerais e das assembleias provinciais, a Frelimo aproveitou a data para ilicitamente lançar a campanha eleitoral, com o agravante de ter usado meios — móveis e imóveis – do Estado.
O discurso oficial proferido nas cerimónias centrais, pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Mulémbwè, em representação do chefe do Estado que estava ausente do País, foi essencialmente de propaganda do partido Frelimo, do qual ele é membro da comissão política.
Longe de se falar da data, e enaltecer o papel da chamada «Geração do 7 de Setembro», o discurso oficial andou à volta dos feitos da Frelimo como partido, e também das realizações do seu líder, que é também presidente da República e a 28 de Outubro concorre para tentar a sua própria sucessão.
07/09/2009
7 de Setembro de 1974 - Acordo(s?) de Lusaka
Passa hoje mais um aniversário sobre a data da assinatura do Acordo(s?) de Lusaka. E recordo, novamente, o que Mariano Matsinha disse em Setembro de 2005:
"Revela Mariano Matsinha
Acordo militar continua no “segredo dos deuses”
O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.
ZAMBEZE - 9/8/2005
Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Alberto Chipande, Óscar Monteiro, Bonifácio Gruveta, Sebastião Mabote, Jacinto Veloso, Mariano Matsinha, Xavier Salila, Joaquim Munhepe, Mateus Malichocho, João Phelembe, Joaquim de Carvalho, José Mosane e Graça Simbine, são os filhos da pátria moçambicana que há 31 anos, num frente a frente na “State House” em Lusaka, na Zambia, confrontaram-se com a delegação portuguesa liderada por Mário Soares para a assinatura do memorando que ficou conhecido nos anais da história por “Acordos de Lusaka”.
Volvidas três décadas da assinatura dos Acordos de Lusaka, um memorando de entendimento que pôs fim à guerra travada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) contra a dominação colonial, o povo moçambicano ainda continua refém desse acordo assinado há 31 anos, em seu nome. Não obstante a data ser comemorada anualmente com pompa e circunstância, os que comandam os destinos da nação moçambicana, nunca lograram sequer pronunciarem de forma clara e ampla sobre as cláusulas deste acordo, até hoje, mergulhado naquilo que se chama de “segredo de Estado”. Estamos a falar do “acordo militar”, ainda não tornado público, mas que no decurso das negociações em Lusaka, constituiu o prato forte.
De acordo com o veterano da Frelimo Mariano Matsinha, um dos que constituiu a delegação moçambicana em Lusaka, “o Acordo de Lusaka é de domínio público, contrariamente ao Acordo Militar que se encontra nas mãos do governo do dia, e, sem ainda data para a sua publicação, de acordo com as parcas informações que diz ter.
A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinha, é fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na “State House”.
“Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do “Acordo Militar”, e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chaves pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público”, explicou o veterano da Frelimo.
A uma pergunta do ZAMBEZE sobre o cumprimento ou não das cláusulas dos Acordos de Lusaka, Matsinha garantiu que tudo até aqui corre (u) de feição e não há nada ainda por cumprir, tendo acrescentado que tudo quanto está plasmado no acordo de Lusaka, excepto o Acordo Militar é do domínio público e não sofreu alterações e nem omissões.
Hoje, passados 31 anos da assinatura dos “Acordos de Lusaka”, Mariano Matsinha, ora reformado da vida política activa, faz um balanço positivo sobre os mesmos acordos, sobretudo ao período em que o governo de transição tomou os destinos da nação moçambicana.
“Faço balanço positivo do governo de transição, pela coragem e determinação. É de louvar a coragem dos nossos homens que depois do cessar-fogo tiveram coragem de cair no quartel-general dos portugueses. É óbvio que os portugueses já não tinham muitas alternativas, porque o grosso já não queria continuar com a guerra. Mas nesse período, assistiu-se a distúrbios e sabotagens por parte dos portugueses e nós agimos com muita paciência, refere o veterano da Frelimo.
Recuado no tempo, como que a fazer o rescaldo dos acontecimentos, o nosso interlocutor referiu que a assinatura dos Acordos de Lusaka foi o culminar de um processo que iniciou com o golpe de Estado em Portugal, a 25 de Abril de 1974.
Foi assim no dizer de Matsinha que dois meses antes da assinatura dos Acordos de Lusaka, em Junho de 1974, as delegações moçambicana e portuguesa, chefiadas por Samora Machel e Mário Soares, respectivamente se encontraram pela primeira vez em Lusaka, mas sem no entanto se atingir os seus objectivos.
O interlocutor explica da seguinte forma: “A Frelimo ia com um poder máximo para negociar tudo, enquanto os portugueses apenas pretendiam assinar o acordo sobre o cessar-fogo, deixando tudoem suspenso. Estas foram algumas das dificuldades que tivemos em Junho, dai termos em conjunto elaborado um documento no qual informamos a Portugal que tínhamos negociado mas que ainda não se tinha chegado a um acordo definitivo. Eles por exemplo não sabiam qual era o destino a dar às colónias. A delegação Portuguesa de Junho não tinha poder. O poder político e militar estava nas mãos das forças armadas daí que mais tarde a Frelimo teve que encetar negociações secretas com o movimento militar, na Bélgica, Argélia, Tanzânia, entre outros países. Em linhas gerais, nós educamos os portugueses que era preciso resolver o problema das colónias. Enfrentamos outros percalços porque o general António Spinola continuava amarrado a ideias de federalismo porque tinha esperança que as suas ideias iam vingar.
Ainda sobre os acordos, nós já tínhamos comunicado aos nossos camaradas sobre a data e a hora da entrada em vigor do cessar- fogo e nessa altura os nossos homens já estavam nos quartéis portugueses, e enviamos Alberto Chipande para o quartel general Português em Nampula e depois para Lourenço Marques para restabelecer o processo de paz e evacuar as tropas portuguesas”, explicou.
O nosso interlocutor acrescentou que depois das manifestações havidas depois do 7 de Setembro de 1974, houve uma pressão em Portugal para se parar porque caso os reaccionários portugueses continuassem com os desmandos a guerra iria continuar.
A rematar, Matsinha que manteve dois dedinhos de conversa com a equipa de reportagem disse sentir-se lisonjeado por ter feito parte da delegação das negociações que culminaram com a assinatura dos Acordos de Lusaka e explica porquê: “Moçambique hoje tem um grande prestígio a nível mundial, contrariamente ao tempo colonial em que eram vistos como deslocados de guerra. Por outro lado, sinto-me prestigiado por ter vivido e sentido o peso do período colonial (o racismo, a humilhação, entre várias dificuldades) dai ter uma experiência especial”, salientou.
Celso Ricardo"
NOTA:
Quando é que os Povos Português e Moçambicano terão direito a conhecer este acordo paralelo?
Saiba mais em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/acordo_lusaca_e_reaces_07091974/
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
NOTA2:
"Revela Mariano Matsinha
Acordo militar continua no “segredo dos deuses”
O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.
ZAMBEZE - 9/8/2005
Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Alberto Chipande, Óscar Monteiro, Bonifácio Gruveta, Sebastião Mabote, Jacinto Veloso, Mariano Matsinha, Xavier Salila, Joaquim Munhepe, Mateus Malichocho, João Phelembe, Joaquim de Carvalho, José Mosane e Graça Simbine, são os filhos da pátria moçambicana que há 31 anos, num frente a frente na “State House” em Lusaka, na Zambia, confrontaram-se com a delegação portuguesa liderada por Mário Soares para a assinatura do memorando que ficou conhecido nos anais da história por “Acordos de Lusaka”.
Volvidas três décadas da assinatura dos Acordos de Lusaka, um memorando de entendimento que pôs fim à guerra travada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) contra a dominação colonial, o povo moçambicano ainda continua refém desse acordo assinado há 31 anos, em seu nome. Não obstante a data ser comemorada anualmente com pompa e circunstância, os que comandam os destinos da nação moçambicana, nunca lograram sequer pronunciarem de forma clara e ampla sobre as cláusulas deste acordo, até hoje, mergulhado naquilo que se chama de “segredo de Estado”. Estamos a falar do “acordo militar”, ainda não tornado público, mas que no decurso das negociações em Lusaka, constituiu o prato forte.
De acordo com o veterano da Frelimo Mariano Matsinha, um dos que constituiu a delegação moçambicana em Lusaka, “o Acordo de Lusaka é de domínio público, contrariamente ao Acordo Militar que se encontra nas mãos do governo do dia, e, sem ainda data para a sua publicação, de acordo com as parcas informações que diz ter.
A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinha, é fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na “State House”.
“Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do “Acordo Militar”, e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chaves pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público”, explicou o veterano da Frelimo.
A uma pergunta do ZAMBEZE sobre o cumprimento ou não das cláusulas dos Acordos de Lusaka, Matsinha garantiu que tudo até aqui corre (u) de feição e não há nada ainda por cumprir, tendo acrescentado que tudo quanto está plasmado no acordo de Lusaka, excepto o Acordo Militar é do domínio público e não sofreu alterações e nem omissões.
Hoje, passados 31 anos da assinatura dos “Acordos de Lusaka”, Mariano Matsinha, ora reformado da vida política activa, faz um balanço positivo sobre os mesmos acordos, sobretudo ao período em que o governo de transição tomou os destinos da nação moçambicana.
“Faço balanço positivo do governo de transição, pela coragem e determinação. É de louvar a coragem dos nossos homens que depois do cessar-fogo tiveram coragem de cair no quartel-general dos portugueses. É óbvio que os portugueses já não tinham muitas alternativas, porque o grosso já não queria continuar com a guerra. Mas nesse período, assistiu-se a distúrbios e sabotagens por parte dos portugueses e nós agimos com muita paciência, refere o veterano da Frelimo.
Recuado no tempo, como que a fazer o rescaldo dos acontecimentos, o nosso interlocutor referiu que a assinatura dos Acordos de Lusaka foi o culminar de um processo que iniciou com o golpe de Estado em Portugal, a 25 de Abril de 1974.
Foi assim no dizer de Matsinha que dois meses antes da assinatura dos Acordos de Lusaka, em Junho de 1974, as delegações moçambicana e portuguesa, chefiadas por Samora Machel e Mário Soares, respectivamente se encontraram pela primeira vez em Lusaka, mas sem no entanto se atingir os seus objectivos.
O interlocutor explica da seguinte forma: “A Frelimo ia com um poder máximo para negociar tudo, enquanto os portugueses apenas pretendiam assinar o acordo sobre o cessar-fogo, deixando tudo
Ainda sobre os acordos, nós já tínhamos comunicado aos nossos camaradas sobre a data e a hora da entrada em vigor do cessar- fogo e nessa altura os nossos homens já estavam nos quartéis portugueses, e enviamos Alberto Chipande para o quartel general Português em Nampula e depois para Lourenço Marques para restabelecer o processo de paz e evacuar as tropas portuguesas”, explicou.
O nosso interlocutor acrescentou que depois das manifestações havidas depois do 7 de Setembro de 1974, houve uma pressão em Portugal para se parar porque caso os reaccionários portugueses continuassem com os desmandos a guerra iria continuar.
A rematar, Matsinha que manteve dois dedinhos de conversa com a equipa de reportagem disse sentir-se lisonjeado por ter feito parte da delegação das negociações que culminaram com a assinatura dos Acordos de Lusaka e explica porquê: “Moçambique hoje tem um grande prestígio a nível mundial, contrariamente ao tempo colonial em que eram vistos como deslocados de guerra. Por outro lado, sinto-me prestigiado por ter vivido e sentido o peso do período colonial (o racismo, a humilhação, entre várias dificuldades) dai ter uma experiência especial”, salientou.
Celso Ricardo"
NOTA:
Quando é que os Povos Português e Moçambicano terão direito a conhecer este acordo paralelo?
Saiba mais em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/acordo_lusaca_e_reaces_07091974/
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
NOTA2:
Drs. Mário Soares e Almeida Santos: Porque esperam? Tantos livros, tanta conversa e nada?! Porquê?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
04/09/2009
MENSAGEM DO PARTIDO FRELIMO POR OCASIÃO DO 7 DE SETEMBRO, DIA DA VITÓRIA
Celebramos a 7 de Setembro, o dia da Assinatura do acordo de Lusaka, o Dia da Vitória.
Com efeito, foi a 7 de Setembro de 1974 que se assinou o acordo de Lusaka, que pós fim à Luta de Libertação Nacional, desencadeada pela geração dos jovens do 25 de Setembro liderados pelo Presidente Eduardo Chivambo Mondlane, Fundador e Primeiro
Presidente da FRELIMO.
Na longa era da dominação colonial, foi a FRELIMO, que encarnando e concretizando os ideiais de liberdade e independência, elevou a Luta secular do nosso povo a uma fase qualitativamente superior, organizou e conduziu o povo à conquista da sua dignidade nacional, espizinhada pela brutalidade da opressão colonial.
Coerente com os seus princípios, a FRELIMO exorta o Povo Moçambicano a continuar a defender a unidade nacional, instrumento que permitiu o sucesso da Luta de Libertação Nacional.
30/08/2009
NAUFRÁGIO de António Martins Pires-de-Carvalho
Esta obra, através do peso dos trinta e cinco anos que nos separam da Descolonização, transformou a política em História e vem apresentar, não um lavar de roupa suja mostrando as nódoas das barbaridades praticadas mas sim, as causas que permitiram que essas mesmas barbaridades tivessem tido lugar.
E nessa árdua tarefa destapando responsáveis, cobre uns de Glória outros de crepes andrajosos, numa tentativa de trazer a lume os factos para que o Tribunal da História venha, em benefício da verdade e das gerações vindouras, fazer justiça.
***
Na capa algumas frase que indicam o motivo da obra
Na contracapa a Sinopse com frase fulcrais do próprio texto
Na Badana da Capa uma fotografia do Pai do co-autor.
- A obra terá lançamento no próximo dia 7 de Setembro, na FNAC Colombo, em Lisboa, pelas 19H00.
26/04/2009
Dr. Carlos Adrião Rodrigues - Entrevista de 1974
Ouça aqui uma entrevista concedida ao programa "Em Limite" da Emissora Nacional, perto do final de 1974, pelo Dr. Carlos Adrião Rodrigues, advogado que foi em Lourenço Marques e relativa à situação então vivida em Moçambique, com a duração de cerca de 40 minutos.
Veja aqui http://www.macua1.org/blog/adriaorodriguesentrevista.html
Retirado de http://lanternaacesa2.blogspot.com/
Veja aqui http://www.macua1.org/blog/adriaorodriguesentrevista.html
Retirado de http://lanternaacesa2.blogspot.com/
07/09/2008
7 de Setembro de 1974 - Acordo(s?) de Lusaka
Passa hoje mais um aniversário sobre a data da assinatura do Acordo(s?) de Lusaka. E recordo o que Mariano Matsinha disse em Setembro de 2005:
"Revela Mariano Matsinha
Acordo militar continua no “segredo dos deuses”
O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.
ZAMBEZE - 9/8/2005
Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Alberto Chipande, Óscar Monteiro, Bonifácio Gruveta, Sebastião Mabote, Jacinto Veloso, Mariano Matsinha, Xavier Salila, Joaquim Munhepe, Mateus Malichocho, João Phelembe, Joaquim de Carvalho, José Mosane e Graça Simbine, são os filhos da pátria moçambicana que há 31 anos, num frente a frente na “State House” em Lusaka, na Zambia, confrontaram-se com a delegação portuguesa liderada por Mário Soares para a assinatura do memorando que ficou conhecido nos anais da história por “Acordos de Lusaka”.
Volvidas três décadas da assinatura dos Acordos de Lusaka, um memorando de entendimento que pôs fim à guerra travada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) contra a dominação colonial, o povo moçambicano ainda continua refém desse acordo assinado há 31 anos, em seu nome. Não obstante a data ser comemorada anualmente com pompa e circunstância, os que comandam os destinos da nação moçambicana, nunca lograram sequer pronunciarem de forma clara e ampla sobre as cláusulas deste acordo, até hoje, mergulhado naquilo que se chama de “segredo de Estado”. Estamos a falar do “acordo militar”, ainda não tornado público, mas que no decurso das negociações em Lusaka, constituiu o prato forte.
De acordo com o veterano da Frelimo Mariano Matsinha, um dos que constituiu a delegação moçambicana em Lusaka, “o Acordo de Lusaka é de domínio público, contrariamente ao Acordo Militar que se encontra nas mãos do governo do dia, e, sem ainda data para a sua publicação, de acordo com as parcas informações que diz ter.
A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinha, é fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na “State House”.
“Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do “Acordo Militar”, e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chave pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público”, explicou o veterano da Frelimo.
A uma pergunta do ZAMBEZE sobre o cumprimento ou não das cláusulas dos Acordos de Lusaka, Matsinha garantiu que tudo até aqui corre (u) de feição e não há nada ainda por cumprir, tendo acrescentado que tudo quanto está plasmado no acordo de Lusaka, excepto o Acordo Militar é do domínio público e não sofreu alterações e nem omissões.
Hoje, passados 31 anos da assinatura dos “Acordos de Lusaka”, Mariano Matsinha, ora reformado da vida política activa, faz um balanço positivo sobre os mesmos acordos, sobretudo ao período em que o governo de transição tomou os destinos da nação moçambicana.
“Faço balanço positivo do governo de transição, pela coragem e determinação. É de louvar a coragem dos nossos homens que depois do cessar-fogo tiveram coragem de cair no quartel-general dos portugueses. É óbvio que os portugueses já não tinham muitas alternativas, porque o grosso já não queria continuar com a guerra. Mas nesse período, assistiu-se a distúrbios e sabotagens por parte dos portugueses e nós agimos com muita paciência, refere o veterano da Frelimo.
Recuado no tempo, como que a fazer o rescaldo dos acontecimentos, o nosso interlocutor referiu que a assinatura dos Acordos de Lusaka foi o culminar de um processo que iniciou com o golpe de Estado em Portugal, a 25 de Abril de 1974.
Foi assim no dizer de Matsinha que dois meses antes da assinatura dos Acordos de Lusaka, em Junho de 1974, as delegações moçambicana e portuguesa, chefiadas por Samora Machel e Mário Soares, respectivamente se encontraram pela primeira vez em Lusaka, mas sem no entanto se atingir os seus objectivos.
O interlocutor explica da seguinte forma: “A Frelimo ia com um poder máximo para negociar tudo, enquanto os portugueses apenas pretendiam assinar o acordo sobre o cessar-fogo, deixando tudo em suspenso. Estas foram algumas das dificuldades que tivemos em Junho, dai termos em conjunto elaborado um documento no qual informamos a Portugal que tínhamos negociado mas que ainda não se tinha chegado a um acordo definitivo. Eles por exemplo não sabiam qual era o destino a dar às colónias. A delegação Portuguesa de Junho não tinha poder. O poder político e militar estava nas mãos das forças armadas daí que mais tarde a Frelimo teve que encetar negociações secretas com o movimento militar, na Bélgica, Argélia, Tanzânia, entre outros países. Em linhas gerais, nós educamos os portugueses que era preciso resolver o problema das colónias. Enfrentamos outros percalços porque o general António Spinola continuava amarrado a ideias de federalismo porque tinha esperança que as suas ideias iam vingar.
Ainda sobre os acordos, nós já tínhamos comunicado aos nossos camaradas sobre a data e a hora da entrada em vigor do cessar- fogo e nessa altura os nossos homens já estavam nos quartéis portugueses, e enviamos Alberto Chipande para o quartel general Português em Nampula e depois para Lourenço Marques para restabelecer o processo de paz e evacuar as tropas portuguesas”, explicou.
O nosso interlocutor acrescentou que depois das manifestações havidas depois do 7 de Setembro de 1974, houve uma pressão em Portugal para se parar porque caso os reaccionários portugueses continuassem com os desmandos a guerra iria continuar.
A rematar, Matsinha que manteve dois dedinhos de conversa com a equipa de reportagem disse sentir-se lisonjeado por ter feito parte da delegação das negociações que culminaram com a assinatura dos Acordos de Lusaka e explica porquê: “Moçambique hoje tem um grande prestígio a nível mundial, contrariamente ao tempo colonial em que eram vistos como deslocados de guerra. Por outro lado, sinto-me prestigiado por ter vivido e sentido o peso do período colonial (o racismo, a humilhação, entre várias dificuldades) dai ter uma experiência especial”, salientou.
Celso Ricardo"
NOTA:
Quando é que os Povos Português e Moçambicano terão direito a conhecer este acordo paralelo?
Saiba mais em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/acordo_lusaca_e_reaces_07091974/
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
"Revela Mariano Matsinha
Acordo militar continua no “segredo dos deuses”
O Acordo de Lusaka ainda não é do domínio público, sobretudo a parte militar que continua secreta. Ela existe, está guardada a sete chaves pelo Governo da Frelimo, de acordo com o veterano Mariano Matsinha, um dos seus negociadores.
ZAMBEZE - 9/8/2005
Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Alberto Chipande, Óscar Monteiro, Bonifácio Gruveta, Sebastião Mabote, Jacinto Veloso, Mariano Matsinha, Xavier Salila, Joaquim Munhepe, Mateus Malichocho, João Phelembe, Joaquim de Carvalho, José Mosane e Graça Simbine, são os filhos da pátria moçambicana que há 31 anos, num frente a frente na “State House” em Lusaka, na Zambia, confrontaram-se com a delegação portuguesa liderada por Mário Soares para a assinatura do memorando que ficou conhecido nos anais da história por “Acordos de Lusaka”.
Volvidas três décadas da assinatura dos Acordos de Lusaka, um memorando de entendimento que pôs fim à guerra travada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) contra a dominação colonial, o povo moçambicano ainda continua refém desse acordo assinado há 31 anos, em seu nome. Não obstante a data ser comemorada anualmente com pompa e circunstância, os que comandam os destinos da nação moçambicana, nunca lograram sequer pronunciarem de forma clara e ampla sobre as cláusulas deste acordo, até hoje, mergulhado naquilo que se chama de “segredo de Estado”. Estamos a falar do “acordo militar”, ainda não tornado público, mas que no decurso das negociações em Lusaka, constituiu o prato forte.
De acordo com o veterano da Frelimo Mariano Matsinha, um dos que constituiu a delegação moçambicana em Lusaka, “o Acordo de Lusaka é de domínio público, contrariamente ao Acordo Militar que se encontra nas mãos do governo do dia, e, sem ainda data para a sua publicação, de acordo com as parcas informações que diz ter.
A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinha, é fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na “State House”.
“Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do “Acordo Militar”, e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam.
O documento está guardado a sete chave pelo governo. Não conheço o seu prazo, mas acredito que a breve trecho será tornado público”, explicou o veterano da Frelimo.
A uma pergunta do ZAMBEZE sobre o cumprimento ou não das cláusulas dos Acordos de Lusaka, Matsinha garantiu que tudo até aqui corre (u) de feição e não há nada ainda por cumprir, tendo acrescentado que tudo quanto está plasmado no acordo de Lusaka, excepto o Acordo Militar é do domínio público e não sofreu alterações e nem omissões.
Hoje, passados 31 anos da assinatura dos “Acordos de Lusaka”, Mariano Matsinha, ora reformado da vida política activa, faz um balanço positivo sobre os mesmos acordos, sobretudo ao período em que o governo de transição tomou os destinos da nação moçambicana.
“Faço balanço positivo do governo de transição, pela coragem e determinação. É de louvar a coragem dos nossos homens que depois do cessar-fogo tiveram coragem de cair no quartel-general dos portugueses. É óbvio que os portugueses já não tinham muitas alternativas, porque o grosso já não queria continuar com a guerra. Mas nesse período, assistiu-se a distúrbios e sabotagens por parte dos portugueses e nós agimos com muita paciência, refere o veterano da Frelimo.
Recuado no tempo, como que a fazer o rescaldo dos acontecimentos, o nosso interlocutor referiu que a assinatura dos Acordos de Lusaka foi o culminar de um processo que iniciou com o golpe de Estado em Portugal, a 25 de Abril de 1974.
Foi assim no dizer de Matsinha que dois meses antes da assinatura dos Acordos de Lusaka, em Junho de 1974, as delegações moçambicana e portuguesa, chefiadas por Samora Machel e Mário Soares, respectivamente se encontraram pela primeira vez em Lusaka, mas sem no entanto se atingir os seus objectivos.
O interlocutor explica da seguinte forma: “A Frelimo ia com um poder máximo para negociar tudo, enquanto os portugueses apenas pretendiam assinar o acordo sobre o cessar-fogo, deixando tudo em suspenso. Estas foram algumas das dificuldades que tivemos em Junho, dai termos em conjunto elaborado um documento no qual informamos a Portugal que tínhamos negociado mas que ainda não se tinha chegado a um acordo definitivo. Eles por exemplo não sabiam qual era o destino a dar às colónias. A delegação Portuguesa de Junho não tinha poder. O poder político e militar estava nas mãos das forças armadas daí que mais tarde a Frelimo teve que encetar negociações secretas com o movimento militar, na Bélgica, Argélia, Tanzânia, entre outros países. Em linhas gerais, nós educamos os portugueses que era preciso resolver o problema das colónias. Enfrentamos outros percalços porque o general António Spinola continuava amarrado a ideias de federalismo porque tinha esperança que as suas ideias iam vingar.
Ainda sobre os acordos, nós já tínhamos comunicado aos nossos camaradas sobre a data e a hora da entrada em vigor do cessar- fogo e nessa altura os nossos homens já estavam nos quartéis portugueses, e enviamos Alberto Chipande para o quartel general Português em Nampula e depois para Lourenço Marques para restabelecer o processo de paz e evacuar as tropas portuguesas”, explicou.
O nosso interlocutor acrescentou que depois das manifestações havidas depois do 7 de Setembro de 1974, houve uma pressão em Portugal para se parar porque caso os reaccionários portugueses continuassem com os desmandos a guerra iria continuar.
A rematar, Matsinha que manteve dois dedinhos de conversa com a equipa de reportagem disse sentir-se lisonjeado por ter feito parte da delegação das negociações que culminaram com a assinatura dos Acordos de Lusaka e explica porquê: “Moçambique hoje tem um grande prestígio a nível mundial, contrariamente ao tempo colonial em que eram vistos como deslocados de guerra. Por outro lado, sinto-me prestigiado por ter vivido e sentido o peso do período colonial (o racismo, a humilhação, entre várias dificuldades) dai ter uma experiência especial”, salientou.
Celso Ricardo"
NOTA:
Quando é que os Povos Português e Moçambicano terão direito a conhecer este acordo paralelo?
Saiba mais em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/acordo_lusaca_e_reaces_07091974/
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
19/06/2008
Em 01Set74 – Tropas da Frelimo tomaram conta de NANGADE
Sabendo-se que os Acordos de Lusaca foram em 7 de Setembro de 1974, por que motivo “Tropas da Frelimo tomaram conta de NANGADE” em 1 de Setembro de 1974?
Este assunto nunca vi debatido e daí ter escrito o texto abaixo, que caso concorde, solicito divulgue no seu site.
Para além do caso já muito divulgado de Omar, verificando alguns documentos e depoimentos anteriores constatei o seguinte sobre o BCaç 5013:
Segundo extracto da História do Batalhão
“II - ACTIVIDADES NT RMM, NO PERÍODO DE:
01 SETEMBRO 1974 A 30 SETEMBRO DE1974
Em 01Set74 – Tropas da Frelimo tomaram conta de NANGADE.”
Como todos sabemos só em 7 de Setembro de 1974, foram assinados os famosos Acordos de Lusaca, digo Acordos porque foram assinados dois acordos, um político amplamente divulgado e outro militar ao que parece secreto, pois ainda não é conhecido.
O aprisionamento da Companhia de Omar deu-se em 1 de Agosto de 1974. Desta Companhia estava ausente o seu comandante. Porquê?
Antes de 1 de Agosto já tinha sido emitida a mensagem 71 65/P da 5a Repartição, divulgada pela mensagem 2008/OI/74 do Comando Sector B, à Companhia de Omar, que se transcreve parcialmente: “... Devem todos os comandos tentar criar condições locais passíveis de conduzir ao cessar fogo na sua ZA. Para o efeito lançarão campanha de panfletos, cartas deixadas no mato, e acima de tudo servir-se como intermediários, bem como todos os meios achados convenientes. Só deve ser prometido respeito e confiança mútuos e desejo para a paz. Todos os militares serão esclarecidos destes acontecimentos e finalidades, tendo em vista evitar quaisquer incidentes ou atitudes inconvenientes e todos os resultados alcançados serão comunicados a este Comando...”
Em 15 de Agosto de 1974, decorriam negociações entre Portugal e a Frelimo, onde foi apresentada a famosa “cassete” que dizem alguns ter feito chorar Spínola.
O aquartelamento de Nangade que foi entregue à Frelimo em 1 de Setembro de 1974, era um dos mais importantes de Cabo Delgado, situado junto ao Lago Nangade e perto do Rio Rovuma e base da famosa operação “Fronteira”. Nestas instalações estavam, pelo menos, o Comando e a CSS do BCaç 5013 e a sua 2ªCCaç, portanto mais de 300 militares.
E a questão é esta quem ordenou ao BCaç 5013 a entrega de NANGADE à Frelimo, antes dos Acordos de Lusaca?
Quem era o seu comandante?
Talvez alguém possa esclarecer esta situação que à luz dos documentos conhecidos me parece justificada.
Vítor Baião
Este assunto nunca vi debatido e daí ter escrito o texto abaixo, que caso concorde, solicito divulgue no seu site.
Para além do caso já muito divulgado de Omar, verificando alguns documentos e depoimentos anteriores constatei o seguinte sobre o BCaç 5013:
Segundo extracto da História do Batalhão
“II - ACTIVIDADES NT RMM, NO PERÍODO DE:
01 SETEMBRO 1974 A 30 SETEMBRO DE1974
Em 01Set74 – Tropas da Frelimo tomaram conta de NANGADE.”
Como todos sabemos só em 7 de Setembro de 1974, foram assinados os famosos Acordos de Lusaca, digo Acordos porque foram assinados dois acordos, um político amplamente divulgado e outro militar ao que parece secreto, pois ainda não é conhecido.
O aprisionamento da Companhia de Omar deu-se em 1 de Agosto de 1974. Desta Companhia estava ausente o seu comandante. Porquê?
Antes de 1 de Agosto já tinha sido emitida a mensagem 71 65/P da 5a Repartição, divulgada pela mensagem 2008/OI/74 do Comando Sector B, à Companhia de Omar, que se transcreve parcialmente: “... Devem todos os comandos tentar criar condições locais passíveis de conduzir ao cessar fogo na sua ZA. Para o efeito lançarão campanha de panfletos, cartas deixadas no mato, e acima de tudo servir-se como intermediários, bem como todos os meios achados convenientes. Só deve ser prometido respeito e confiança mútuos e desejo para a paz. Todos os militares serão esclarecidos destes acontecimentos e finalidades, tendo em vista evitar quaisquer incidentes ou atitudes inconvenientes e todos os resultados alcançados serão comunicados a este Comando...”
Em 15 de Agosto de 1974, decorriam negociações entre Portugal e a Frelimo, onde foi apresentada a famosa “cassete” que dizem alguns ter feito chorar Spínola.
O aquartelamento de Nangade que foi entregue à Frelimo em 1 de Setembro de 1974, era um dos mais importantes de Cabo Delgado, situado junto ao Lago Nangade e perto do Rio Rovuma e base da famosa operação “Fronteira”. Nestas instalações estavam, pelo menos, o Comando e a CSS do BCaç 5013 e a sua 2ªCCaç, portanto mais de 300 militares.
E a questão é esta quem ordenou ao BCaç 5013 a entrega de NANGADE à Frelimo, antes dos Acordos de Lusaca?
Quem era o seu comandante?
Talvez alguém possa esclarecer esta situação que à luz dos documentos conhecidos me parece justificada.
Vítor Baião
13/06/2007
Espoliados do ex-Ultramar Português na TVRECORD(Portugal)
A TVRECORD (na rede cabo) dedica o seu programa DEBATE PÚBLICO da próxima sexta-feira, dia 15 pelas 18H45, à problemática dos espoliados do ex-Ultramar Português. O programa será em directo e conta com a participação dos telespectadores via telefone e a presença em estúdio do Presidente da Associação dos Espoliados de Moçambique, Dr. Vasco Rodrigues, bem como de mais personalidades ligadas a esta problemática, por resolver, pelo Governo de Portugal, há mais de 30 anos. Sites relacionados:
AEMO - ASSOCIAÇÃO DOS ESPOLIADOS DE MOÇAMBIQUE
http://www.aemo.org
A IMPRENSA E OS ESPOLIADOS DO ULTRAMAR
http://www.espoliadosultramar.com/
AEMO - ASSOCIAÇÃO DOS ESPOLIADOS DE MOÇAMBIQUE
http://www.aemo.org
A IMPRENSA E OS ESPOLIADOS DO ULTRAMAR
http://www.espoliadosultramar.com/
13/06/2007 in Acordo Lusaca e reacções - 07.09.1974, História, Portugal, RADIO - TV | Permalink|Comments (0)ShareThis
09/09/2006
Praça dos Heróis às moscas
Datas históricas atiradas para o plano secundário
Por Jaime Ubisse
Já lá vão os tempos em que a Praça dos Heróis rebentava pelas costuras para as comemorações das datas históricas do País.
Esta quinta-feira, nas comemorações do 07 de Setembro, dia da vitória, o Governo moçambicano manifestou preocupação perante a indiferença que a sociedade tem vindo a demonstrar na comemoração das principais datas históricas do País.
As cerimónias centrais alusivas à efeméride tiveram lugar na Praça dos Heróis, em Maputo, um evento que contou com a presença do Chefe de Estado Armando Guebuza.
Porém, a cerimónia foi marcada pela fraca participação de populares, notando-se apenas a presença de membros da OMM, liga feminina do partido FRELIMO, membros do Governo, corpo diplomático e familiares de alguns antigos combatentes.
Este cenário contrasta com as enchentes e o júbilo que nos anos a seguir à Independência caracterizava a celebração das datas históricas do País.
Algumas pessoas ouvidas pelo nosso semanário apontaram que a indiferença deve-se à pouca divulgação das cerimónias, degradação de valores morais e falta de tempo.
A chuva que se fez sentir na ocasião não foi apontada como estando na origem da fraca aderência do público.
Ernesto José, 10 anos, estudante da Escola Secundária Estrela Vermelha, quando questionado sobre que informações tinha do 7 de Setembro, disse, sem rodeios, que apenas sabia que se tratava do dia dos Acordos de Lusaka, ignorando, entretanto, todos os acontecimentos que justificam a sua importância.
"Recordo-me de já ter tido informações dessa data na escola. Mas confesso que não sei o que é que exactamente isso siginifica", disse.
O nosso jornal ouviu ainda outro cidadão da considerada velha geração.
Trata-se de Custódio Pinto, comandante geral da Polícia da República de Moçambique. O Major General foi categórico ao apontar o sistema de educação como a principal culpada pela indiferença da juventude para com os momentos históricos do País.
"Há falhas no sistema de ensino. As matérias são abordadas de forma superficial. Há que encontrar outras vias, como a introdução da disciplina patriótica, até ao nível básico ou reforçar os conteúdos dos programas sobre História de Moçambique", sentenciou.
Convidado a pronunciuar-se sobre a situação, o ministro da Educação e Cultura, Aires Aly, classificou de grave a falta de valorização da história do País, por parte da maioria da juventude.
Guerra civil culpada
Entretanto, justificou que o fenómeno deve-se à guerra civil que, durante 16 anos, desorganizou a população e prejudicando a formação integral da sociedade. "Estamos cientes desta situação. Daí que, no programa do Governo, colocamos como grande prioridade a formação patriótica e a elevação da auto-estima. É também verdade que precisamos de melhorar as formas de transmissão desses valores. A nossa história é recente, o que pode contribuir para o enriquecimento da história dado estarem ainda vivos alguns dos seus protagonistas", realçou, acrescentando que os encarregados de educação são também responsáveis pela formação moral e cívica das crianças".
Contudo, antigos combatentes da luta de libertação nacional estiveram, esta quinta-feira, numa festa de confraternização, no distrito da Manhiça, pela passagem do 32º aniversário da assinatura dos Acordos de Lusaka.
SAVANA - 08.09.2006
Por Jaime Ubisse
Já lá vão os tempos em que a Praça dos Heróis rebentava pelas costuras para as comemorações das datas históricas do País.
Esta quinta-feira, nas comemorações do 07 de Setembro, dia da vitória, o Governo moçambicano manifestou preocupação perante a indiferença que a sociedade tem vindo a demonstrar na comemoração das principais datas históricas do País.
As cerimónias centrais alusivas à efeméride tiveram lugar na Praça dos Heróis, em Maputo, um evento que contou com a presença do Chefe de Estado Armando Guebuza.
Porém, a cerimónia foi marcada pela fraca participação de populares, notando-se apenas a presença de membros da OMM, liga feminina do partido FRELIMO, membros do Governo, corpo diplomático e familiares de alguns antigos combatentes.
Este cenário contrasta com as enchentes e o júbilo que nos anos a seguir à Independência caracterizava a celebração das datas históricas do País.
Algumas pessoas ouvidas pelo nosso semanário apontaram que a indiferença deve-se à pouca divulgação das cerimónias, degradação de valores morais e falta de tempo.
A chuva que se fez sentir na ocasião não foi apontada como estando na origem da fraca aderência do público.
Ernesto José, 10 anos, estudante da Escola Secundária Estrela Vermelha, quando questionado sobre que informações tinha do 7 de Setembro, disse, sem rodeios, que apenas sabia que se tratava do dia dos Acordos de Lusaka, ignorando, entretanto, todos os acontecimentos que justificam a sua importância.
"Recordo-me de já ter tido informações dessa data na escola. Mas confesso que não sei o que é que exactamente isso siginifica", disse.
O nosso jornal ouviu ainda outro cidadão da considerada velha geração.
Trata-se de Custódio Pinto, comandante geral da Polícia da República de Moçambique. O Major General foi categórico ao apontar o sistema de educação como a principal culpada pela indiferença da juventude para com os momentos históricos do País.
"Há falhas no sistema de ensino. As matérias são abordadas de forma superficial. Há que encontrar outras vias, como a introdução da disciplina patriótica, até ao nível básico ou reforçar os conteúdos dos programas sobre História de Moçambique", sentenciou.
Convidado a pronunciuar-se sobre a situação, o ministro da Educação e Cultura, Aires Aly, classificou de grave a falta de valorização da história do País, por parte da maioria da juventude.
Guerra civil culpada
Entretanto, justificou que o fenómeno deve-se à guerra civil que, durante 16 anos, desorganizou a população e prejudicando a formação integral da sociedade. "Estamos cientes desta situação. Daí que, no programa do Governo, colocamos como grande prioridade a formação patriótica e a elevação da auto-estima. É também verdade que precisamos de melhorar as formas de transmissão desses valores. A nossa história é recente, o que pode contribuir para o enriquecimento da história dado estarem ainda vivos alguns dos seus protagonistas", realçou, acrescentando que os encarregados de educação são também responsáveis pela formação moral e cívica das crianças".
Contudo, antigos combatentes da luta de libertação nacional estiveram, esta quinta-feira, numa festa de confraternização, no distrito da Manhiça, pela passagem do 32º aniversário da assinatura dos Acordos de Lusaka.
SAVANA - 08.09.2006
08/09/2006
Senhor Presidente: quando é que Cahora Bassa será nossa?
“Vamos aguentar!” - Armando Guebuza
Senhor presidente: 32 anos depois da assinatura dos Acordos de Lusaka a barragem de Cahora Bassa ainda não “é nossa”.
Quando é que ela será “nossa”? Esta foi a pergunta que «Canal de Moçambique» fez, ontem, na «Praça dos Heróis» da Luta pela Independência Nacional ao presidente da República Armando Guebuza.
– “Vamos chegar!”
Quando? Tem data? - insistiu o «Canal de Moçambique.
– “Vamos aguentar!.”
Até quando? – voltou a insistir o «Canal de Moçambique.
– “...muito obrigado!”, disse Armando Guebuza e foi-se…
Leia em:
Download presidente_vamos_aguentar.doc
Senhor presidente: 32 anos depois da assinatura dos Acordos de Lusaka a barragem de Cahora Bassa ainda não “é nossa”.
Quando é que ela será “nossa”? Esta foi a pergunta que «Canal de Moçambique» fez, ontem, na «Praça dos Heróis» da Luta pela Independência Nacional ao presidente da República Armando Guebuza.
– “Vamos chegar!”
Quando? Tem data? - insistiu o «Canal de Moçambique.
– “Vamos aguentar!.”
Até quando? – voltou a insistir o «Canal de Moçambique.
– “...muito obrigado!”, disse Armando Guebuza e foi-se…
Leia em:
Download presidente_vamos_aguentar.doc
07/09/2006
EFEMÉRIDE-7 DE SETEMBRO : Acordos de Lusaka foram há 32 anos
PASSAM hoje 32 anos depois da assinatura dos Acordos de Lusaka. Acordos assinados pelo Governo português e pela FRELIMO, visando a independência total e completa de Moçambique que ocorreria nove meses mais tarde, ou seja, a 25 de Junho de 1975 - data associada à fundação da Frente de Libertação de Moçambique, em 1962.
Maputo, Quinta-Feira, 7 de Setembro de 2006:: Notícias
Não foi, porém, um acordo de todo pacífico. Enquanto em Lusaka, pelo punho do então Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares, e da Coordenação Intertorritorial, Almeida Santos, se firmava praticamente fechado o acordo pelo qual Moçambique e o seu povo passariam à administração directa da FRELIMO, ali representada por Samora Machel, internamente se registava uma explosão, na verdadeira acepção do termo, que culminou com a morte de centenas de pessoas e destruições avaliadas em milhões de contos. Tudo protagonizado por uma minoria colonial para travar a independência do país. É que, enquanto na Zâmbia decorriam as negociações para a assinatura dos Acordos de Lusaka, na então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, decorria em simultâneo, um comício permanente promovido por simpatizantes da FRELIMO e organizações favoráveis à independência, para apoiar as posições da Frente de Libertação de Moçambique.
Leia em:
Download 7_setembro_noticias.doc
Maputo, Quinta-Feira, 7 de Setembro de 2006:: Notícias
Não foi, porém, um acordo de todo pacífico. Enquanto em Lusaka, pelo punho do então Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares, e da Coordenação Intertorritorial, Almeida Santos, se firmava praticamente fechado o acordo pelo qual Moçambique e o seu povo passariam à administração directa da FRELIMO, ali representada por Samora Machel, internamente se registava uma explosão, na verdadeira acepção do termo, que culminou com a morte de centenas de pessoas e destruições avaliadas em milhões de contos. Tudo protagonizado por uma minoria colonial para travar a independência do país. É que, enquanto na Zâmbia decorriam as negociações para a assinatura dos Acordos de Lusaka, na então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, decorria em simultâneo, um comício permanente promovido por simpatizantes da FRELIMO e organizações favoráveis à independência, para apoiar as posições da Frente de Libertação de Moçambique.
Leia em:
Download 7_setembro_noticias.doc
07/09/2006 in Acordo Lusaca e reacções - 07.09.1974, História, Portugal | Permalink|Comments (1)ShareThis
06/09/2006
7 DE SETEMBRO: DIA DA VITÓRIA
Komala!
Vasco Fenita
(COMO CONHECÍ JOANA SIMIÃO)
Reunidas em Lusaka, capital da Zâmbia, de 5 a 7 de Setembro de 1974, as delegações da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e do Estado Português, estabeleceram consensualmente a independência de Moçambique para o dia 25 de Junho de 1975, consumada a transferência progressiva dos poderes de que Portugal era detentor sobre o território moçambicano, na sequência de um período de transição.
Oficialmente, o calar definitivo das armas moçambicanas e coloniais ocorreu a zero hora do dia 8 de Setembro de 1974. Volvidos, portanto, dez anos de lutas sangrentas impostas pela relutância do regime colonialfascista que, por coincidência, viria a ser derrubado pela Revolução do “Cravo”, a 25 de Abril do referido ano.
Leia em:
Download 7_de_setembro_dia_vitoria.doc
05/09/2006
Acordo de Lusaka visto de Lisboa
Da obra de L.Pereira Gil "PROCESSO DE UMA REVOLUÇÃO" (3 volumes), editada em 1978, extraio do II Volume, os capítulos referentes a este conturbado período do ano de 1974, não só para Moçambique como para Portugal. Foi nessa altura que se definiu o Moçambique que ainda hoje é.
Download moambiqueosdesesperados1.doc
NOTA:
- Título da minha responsabilidade
- Não deixe de ver:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/acordo_lusaca_e_reaces_07091974/index.html
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
05/09/2006 in Acordo Lusaca e reacções - 07.09.1974, História, Portugal | Permalink|Comments (1)ShareThis
31/08/2006
Antigos combatentes falam da importância do 7 de Setembro aos jovens
PALESTRAS orientadas por antigos combatentes da luta de libertação nacional de Moçambique, vão ter lugar em diferentes estabelecimentos do ensino secundário e unidades militares, actividades que se enquadram num vasto programa de comemorações do Dia da Vitória, que se assinala no próximo dia 7 de Setembro.
Maputo, Quinta-Feira, 31 de Agosto de 2006:: Notícias
Segundo informações passadas ao nosso jornal, pelo director Nacional dos Recursos Humanos e porta-voz no Ministério dos Antigos Combatentes, Zacarias Cornélio Sumaili, os palestrantes vão abordar assuntos sobre várias etapas da luta de libertação nacional, incluindo o significado da data. Explicou que se pretende com estas palestra transmitir a história do país à nova geração, que na sua maioria não conhece o significado histórico do 7 de Setembro e de outras datas, facto que poderá concorrer para a deturpação da gesta libertadora do país.
Para as comemorações do presente ano não foi escolhido nenhum lema, mas sabe-se que as palestras terão como tema o papel da juventude na luta pelas conquistas da independência nacional.
Foram seleccionados para orientar estas palestras, dentre outros combatentes, Alberto Chipande, Gilion Michila, Amós Mahanjane, Salvador Sawangone, Alexo Kindi, Carlos Silya, António Hama Thai, Tobias Dai, Raul Guezimane, Aurélio Bucuane, Rafael Rohomoja, Carlos Lwanga, Xadreque Paulino e António Mulatinho. Foi a 7 de Setembro de 1974, na cidade zambiana de Lusaka, que representantes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e do Governo colonial português se sentaram à mesma mesa, para decidir pôr fim a dez anos de luta armada.
A luta de libertação foi liderada por Eduardo Mondlane e com a sua morte, em 1969, a missão ficou com Samora Machel, que conduziu a batalha até à independência alcançada em 1975. A data comemorada como Dia da Vitória é igualmente considerada como Dia dos Antigos Combatentes da luta de libertação nacional.
Veja:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/09/acordo_militar_.html
Maputo, Quinta-Feira, 31 de Agosto de 2006:: Notícias
Segundo informações passadas ao nosso jornal, pelo director Nacional dos Recursos Humanos e porta-voz no Ministério dos Antigos Combatentes, Zacarias Cornélio Sumaili, os palestrantes vão abordar assuntos sobre várias etapas da luta de libertação nacional, incluindo o significado da data. Explicou que se pretende com estas palestra transmitir a história do país à nova geração, que na sua maioria não conhece o significado histórico do 7 de Setembro e de outras datas, facto que poderá concorrer para a deturpação da gesta libertadora do país.
Para as comemorações do presente ano não foi escolhido nenhum lema, mas sabe-se que as palestras terão como tema o papel da juventude na luta pelas conquistas da independência nacional.
Foram seleccionados para orientar estas palestras, dentre outros combatentes, Alberto Chipande, Gilion Michila, Amós Mahanjane, Salvador Sawangone, Alexo Kindi, Carlos Silya, António Hama Thai, Tobias Dai, Raul Guezimane, Aurélio Bucuane, Rafael Rohomoja, Carlos Lwanga, Xadreque Paulino e António Mulatinho. Foi a 7 de Setembro de 1974, na cidade zambiana de Lusaka, que representantes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e do Governo colonial português se sentaram à mesma mesa, para decidir pôr fim a dez anos de luta armada.
A luta de libertação foi liderada por Eduardo Mondlane e com a sua morte, em 1969, a missão ficou com Samora Machel, que conduziu a batalha até à independência alcançada em 1975. A data comemorada como Dia da Vitória é igualmente considerada como Dia dos Antigos Combatentes da luta de libertação nacional.
Veja:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/09/acordo_militar_.html
11/12/2005
Acordo militar continua no “segredo dos deuses”(2)
Pois é! Cahora Bassa está entregue. Bem ou mal isso não vem agora ao caso.
Não fora o anúncio por Mariano Matsinha da existência de um "acordo militar" paralelo ao Acordo de Lusaca, talvez as negociações sobre aquele empreendimento ainda prosseguissem...
Recordo:
"O Acordo de Lusaka é de domínio público, contrariamente ao Acordo Militar que se encontra nas mãos do governo do dia, e, sem ainda data para a sua publicação, de acordo com as parcas informações que diz ter.
A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinha, fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na “State House.
“Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do “Acordo Militar”, e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam."
Quando o Presidente Guebuza reafirma a premência da resolução deste contencioso, qual a melhor forma de a pressionar?
Anunciar a existência de algo desconhecido e só não publicado a pedido da parte portuguesa: Mário Soares, Almeida Santos, Melo Antunes e mais uns tantos "patriotas".
É pena que a nossa geração, a que viveu o 25 de Abril e a descolonização não venham a conhecer este documento.
Recorde em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/10/acordo_militar_.html
Fernando Gil
Não fora o anúncio por Mariano Matsinha da existência de um "acordo militar" paralelo ao Acordo de Lusaca, talvez as negociações sobre aquele empreendimento ainda prosseguissem...
Recordo:
"O Acordo de Lusaka é de domínio público, contrariamente ao Acordo Militar que se encontra nas mãos do governo do dia, e, sem ainda data para a sua publicação, de acordo com as parcas informações que diz ter.
A não publicação do referido documento até à data, é de acordo com palavras de Mariano Matsinha, fruto de compromissos assumidos entre as duas delegações que estiveram reunidas na “State House.
“Realmente trata-se de um documento importante para se compreender o processo em si, dos Acordos de Lusaka, mas o importante naquela altura era o reconhecimento por parte de Portugal que nós tínhamos direito à independência. Infelizmente não participei na discussão do “Acordo Militar”, e nem sei quais são as cláusulas plasmadas, mas acredito que os portugueses tinham as suas razões em pedir para que não fosse publicado, face à situação em que se encontravam."
Quando o Presidente Guebuza reafirma a premência da resolução deste contencioso, qual a melhor forma de a pressionar?
Anunciar a existência de algo desconhecido e só não publicado a pedido da parte portuguesa: Mário Soares, Almeida Santos, Melo Antunes e mais uns tantos "patriotas".
É pena que a nossa geração, a que viveu o 25 de Abril e a descolonização não venham a conhecer este documento.
Recorde em:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2005/10/acordo_militar_.html
Fernando Gil
11/12/2005 in Acordo Lusaca e reacções - 07.09.1974, História, Portugal | Permalink|Comments (0)ShareThis
19/10/2005
Acordo militar continua no “segredo dos deuses”
10/10/2005
Radio Moçambique Livre
Emissão, do então proclamado "Movimento Moçambique Livre", no dia 8 de Setembro de 1974, nas instalações do Rádio Clube de Moçambique.
Ouça em
07/09/2005
7 de Setembro - feriado, Dia da Vitória
Foi a 7 de Setembro de 1974 que se assinaram os Acordos de Lusaka, que consagraram a independência de Moçambique.
Reunidas em Lusaka de 5 a 7 de Setembro de 1974, as delegações da Frente de Libertação de Moçambique e do Estado Português, com vista ao estabelecimento do acordo conducente a Independência de Moçambique, acordaram nos seguintes pontos.
1. O Estado Português, tendo reconhecido o direito do Povo de Moçambique a Independência, aceita por acordo com a Frente de Libertação de Moçambique a transferência progressiva dos poderes que detém sobre o território nos termos a seguir enunciados.
2. A Independência completa de Moçambique será solenemente proclamada em 25 de Junho de 1975, dia do aniversário da fundação da Frente de Libertação de Moçambique.
IMENSIS - 06.09.2005
Reunidas em Lusaka de 5 a 7 de Setembro de 1974, as delegações da Frente de Libertação de Moçambique e do Estado Português, com vista ao estabelecimento do acordo conducente a Independência de Moçambique, acordaram nos seguintes pontos.
1. O Estado Português, tendo reconhecido o direito do Povo de Moçambique a Independência, aceita por acordo com a Frente de Libertação de Moçambique a transferência progressiva dos poderes que detém sobre o território nos termos a seguir enunciados.
2. A Independência completa de Moçambique será solenemente proclamada em 25 de Junho de 1975, dia do aniversário da fundação da Frente de Libertação de Moçambique.
IMENSIS - 06.09.2005
Foi há 31 anos...
Reveja:
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2004/09/moambique_7_de_.html
Nota: Foto cortesia de AVM
07/09/2005 in Acordo Lusaca e reacções - 07.09.1974, História, Portugal | Permalink|Comments (0)ShareThis
08/09/2004
7 Setembro 1974 – como tudo começou
CORREIO DA MANHÃ (Maputo) - 08.09.2004
TRIBUNA
Coluna de João CRAVEIRINHA
email: craveirinhajoao@mail. pt
… 1- Quem são os Dragões da Morte de Moçambique? Somos uma organização clandestina de todas as raças e credos, naturais de Moçambique (…) e temos o fim de pôr termo às guerrilhas (…) e pôr termo às conversações com a FRELIMO, nem que tenhamos que começar a fazer TERRORISMO URBANO, para fazer calar os inconscientes que dão vivas à FRELIMO…(in Boletim Informativo nº1 dos Dragões da Morte de 13 Agosto 1974, Lourenço Marques).
Introdução:
O bem sucedido golpe militar do 25 de Abril de 1974, em Portugal, surpreenderia tudo e todos em
Moçambique quer a portugueses quer a moçambicanos ainda não conscientes dos ventos de mudança em África. Muita gente daria uma reviravolta de 360º pretensamente se assumindo como frelimista. Desse período, Abril a Setembro, em Moçambique ainda ocupado pela administração portuguesa, surgiriam em frenesim várias facções de grupos políticos perfilando-se para uma (utópica) PARTILHA do PODER com a FRELIMO, único interlocutor privilegiado no Diálogo com PORTUGAL pós 25 de Abril 1974. Antigos fundadores da FRELIMO e dissidentes, como o reverendo Uria Simango, Paulo Gomane e outros regressam a Moçambique instalando-se na Beira e Lourenço Marques.
Em meados de Maio para Julho 1974 o Dr. Almeida Santos chega de Lisboa em nome do Governo português. Nessa altura teria prevenido o seu amigo António Vaz (antigo director da PIDE /DGS até 1972) para sair de Moçambique o mais depressa possível visto a iminência de eventual prisão. O amigo comum, o Engº Morgado, daria o recado a António Vaz na Companhia de Cimentos onde era director, possibilitando assim a sua fuga via África do Sul depois de contacto com a polícia boer sul-africana. Em 1968/69 o
inspector goês Casimiro Monteiro (da PIDE) teria preparado a morte do Dr. Eduardo Mondlane.
Por essa altura Antº Vaz era director da PIDE/DGS, na “Vila Algarve”, em Lourenço Marques.
A Rebelião branca
Segundo ainda relatos, ao fim da tarde de sexta-feira, 6 de Setembro 1974, na baixa da cidade de Lourenço Marques, avenida da República hoje 25 de Setembro, circularia uma carrinha levantando bem alto a bandeira da FRELIMO em contra – partida arrastando toda esfarrapada a bandeira portuguesa pelo alcatrão da estrada. Transeuntes brancos ao assistirem esta cena revoltam-se perseguindo a carrinha destruindo esta e seus ocupantes rasgando em tiras a bandeira da FRELIMO erguendo triunfalmente num pau a bandeira portuguesa. De pronto a palavra de ordem circula como um rastilho e a comunidade europeia concentra-se na baixa buzinando os automóveis em caravana cantando o Hino de Portugal e espalhando-se por toda a Lourenço Marques. Contra a corrente, três carros com estudantes universitários brancos, sobretudo, surgem do nada na baixa, em provocação, exibindo cartazes com a foto de Samora Machel. Acusados de traidores, de imediato seriam perseguidos pela turba exaltada refugiando – se no jornal Notícias e Tribuna na rua Joaquim Lapa. As viaturas dos estudantes seriam destruídas e apedrejados os vidros e portas das instalações do edifício dos jornais onde se refugiaram e arremessadas granadas de
mão para a entrada. Como um rastilho a onda de “fervor” patriótico português anti – independência
e anti pretos terroristas da Frelimo cresce por toda a cidade branca. Entre outros, os alvos são
a Associação Académica, o RCM – Rádio Clube hoje RM. A caravana de automóveis em protesto dirige-se à Ponta Vermelha no Governo-geral onde quase uma centena de viaturas encontra-se bloqueada por jipes da Polícia de Choque da PSP chefiada pelo coronel Cunha Tavares. Reina enorme agitação na cidade e subúrbios. Ninguém consegue dormir. Sábado à tarde, 7 de Setembro, a bandeira da Frelimo hasteada na RCM é retirada e substituída pela bandeira portuguesa. A Rádio é tomada pelos revoltosos brancos. Aos microfones da RCM, Gomes dos Santos do grupo colonial FICO apela à adesão dos “BONS CHEFES
NEGROS”. Os DRAGÕES da MORTE dos irmãos Mesquitelas da Matola (filhos do deputado português Dr. Gonçalo Mesquitela) organizam a resistência armada anti – FRELIMO.
MAFALALA
Durante o período das conversações em Zâmbia, multiplicavam-se os comícios no Estádio Salazar (Machava). Sábado, 7 de Setembro em “Lussaca” a FRELIMO e PORTUGAL chegam a um Acordo para uma Transição de Moçambique à Independência a 25 de Junho de 1975. O bairro da Mafalala surge toda decorada com bandeiras da FRELIMO. Os boatos circulam de que há guerrilheiros da FRELIMO no bairro. Crê-se que os Dragões da Morte organizam os ataques aos subúrbios. Na MAFALALA a residência de Nuno Caliano da Silva é transformada em Quartel-General ou “Base Galo (amanheceu) ”. A família Caliano dirige todo o processo de acolhimento de “refugiados” vindos da cidade branca da elite da Polana. A maioria,
brancos da esquerda gorda, chega aterrorizada à casa dos Calianos. Teresa, a esposa de Nuno Caliano, seria uma verdadeira e incansável Mãe Coragem.
Perseguido, o poeta José Craveirinha, responsável de uma célula clandestina da FRELIMO, refugia-se em casa da cunhada no interior da Mafalala com sua esposa Maria. Seu filho mais velho, Stélio Newton (a terminar o serviço militar português), apresenta-se ao seu destacamento de Engenharia militar como voluntário enviado para defender o Aeroporto de Mavalane. Suspeita-se da chegada de mercenários madeirenses vindos da África do Sul em apoio aos Dragões da Morte.
O filho mais novo do poeta, Zeca Craveirinha, é um dos vigilantes (desarmados) da Mafalala. O efeito psicológico prevalece e as cantinas da Mafalala poupadas. Reina alguma harmonia multiracial graças à organização cívica do bairro. Todavia alguns Dragões da Morte (ex-Comandos e GEP’s etc.), patrulhariam em particular a Mafalala “procurando turras ou terroristas” da FRELIMO entrando pela rua da Guiné. Isaías Tembe, o único com uma G3 (que não sabia manejá-la), é ferido e capturado pelos Dragões da Morte na Mafalala.
Em Lourenço Marques colonos portugueses e naturais (brancos) mais extremistas entram aos tiros pelos subúrbios atingindo muito cidadão negro e mestiço desprevenido. Centenas de feridos e mortos.
… “Galo… Galo Amanheceu”… – A partir de 10 de Setembro a situação altera-se com a palavra de ordem pró-FRELIMO lançada pelo ex-comando colonial, o mestiço Aurélio Lebon, a partir dos microfones da Rádio Clube de Moçambique recuperada. Mais tarde a população negra retalia em fúria colhendo vítimas brancas inocentes (e não só).
TRIBUNA
Coluna de João CRAVEIRINHA
email: craveirinhajoao@mail. pt
… 1- Quem são os Dragões da Morte de Moçambique? Somos uma organização clandestina de todas as raças e credos, naturais de Moçambique (…) e temos o fim de pôr termo às guerrilhas (…) e pôr termo às conversações com a FRELIMO, nem que tenhamos que começar a fazer TERRORISMO URBANO, para fazer calar os inconscientes que dão vivas à FRELIMO…(in Boletim Informativo nº1 dos Dragões da Morte de 13 Agosto 1974, Lourenço Marques).
Introdução:
O bem sucedido golpe militar do 25 de Abril de 1974, em Portugal, surpreenderia tudo e todos em
Moçambique quer a portugueses quer a moçambicanos ainda não conscientes dos ventos de mudança em África. Muita gente daria uma reviravolta de 360º pretensamente se assumindo como frelimista. Desse período, Abril a Setembro, em Moçambique ainda ocupado pela administração portuguesa, surgiriam em frenesim várias facções de grupos políticos perfilando-se para uma (utópica) PARTILHA do PODER com a FRELIMO, único interlocutor privilegiado no Diálogo com PORTUGAL pós 25 de Abril 1974. Antigos fundadores da FRELIMO e dissidentes, como o reverendo Uria Simango, Paulo Gomane e outros regressam a Moçambique instalando-se na Beira e Lourenço Marques.
Em meados de Maio para Julho 1974 o Dr. Almeida Santos chega de Lisboa em nome do Governo português. Nessa altura teria prevenido o seu amigo António Vaz (antigo director da PIDE /DGS até 1972) para sair de Moçambique o mais depressa possível visto a iminência de eventual prisão. O amigo comum, o Engº Morgado, daria o recado a António Vaz na Companhia de Cimentos onde era director, possibilitando assim a sua fuga via África do Sul depois de contacto com a polícia boer sul-africana. Em 1968/69 o
inspector goês Casimiro Monteiro (da PIDE) teria preparado a morte do Dr. Eduardo Mondlane.
Por essa altura Antº Vaz era director da PIDE/DGS, na “Vila Algarve”, em Lourenço Marques.
A Rebelião branca
Segundo ainda relatos, ao fim da tarde de sexta-feira, 6 de Setembro 1974, na baixa da cidade de Lourenço Marques, avenida da República hoje 25 de Setembro, circularia uma carrinha levantando bem alto a bandeira da FRELIMO em contra – partida arrastando toda esfarrapada a bandeira portuguesa pelo alcatrão da estrada. Transeuntes brancos ao assistirem esta cena revoltam-se perseguindo a carrinha destruindo esta e seus ocupantes rasgando em tiras a bandeira da FRELIMO erguendo triunfalmente num pau a bandeira portuguesa. De pronto a palavra de ordem circula como um rastilho e a comunidade europeia concentra-se na baixa buzinando os automóveis em caravana cantando o Hino de Portugal e espalhando-se por toda a Lourenço Marques. Contra a corrente, três carros com estudantes universitários brancos, sobretudo, surgem do nada na baixa, em provocação, exibindo cartazes com a foto de Samora Machel. Acusados de traidores, de imediato seriam perseguidos pela turba exaltada refugiando – se no jornal Notícias e Tribuna na rua Joaquim Lapa. As viaturas dos estudantes seriam destruídas e apedrejados os vidros e portas das instalações do edifício dos jornais onde se refugiaram e arremessadas granadas de
mão para a entrada. Como um rastilho a onda de “fervor” patriótico português anti – independência
e anti pretos terroristas da Frelimo cresce por toda a cidade branca. Entre outros, os alvos são
a Associação Académica, o RCM – Rádio Clube hoje RM. A caravana de automóveis em protesto dirige-se à Ponta Vermelha no Governo-geral onde quase uma centena de viaturas encontra-se bloqueada por jipes da Polícia de Choque da PSP chefiada pelo coronel Cunha Tavares. Reina enorme agitação na cidade e subúrbios. Ninguém consegue dormir. Sábado à tarde, 7 de Setembro, a bandeira da Frelimo hasteada na RCM é retirada e substituída pela bandeira portuguesa. A Rádio é tomada pelos revoltosos brancos. Aos microfones da RCM, Gomes dos Santos do grupo colonial FICO apela à adesão dos “BONS CHEFES
NEGROS”. Os DRAGÕES da MORTE dos irmãos Mesquitelas da Matola (filhos do deputado português Dr. Gonçalo Mesquitela) organizam a resistência armada anti – FRELIMO.
MAFALALA
Durante o período das conversações em Zâmbia, multiplicavam-se os comícios no Estádio Salazar (Machava). Sábado, 7 de Setembro em “Lussaca” a FRELIMO e PORTUGAL chegam a um Acordo para uma Transição de Moçambique à Independência a 25 de Junho de 1975. O bairro da Mafalala surge toda decorada com bandeiras da FRELIMO. Os boatos circulam de que há guerrilheiros da FRELIMO no bairro. Crê-se que os Dragões da Morte organizam os ataques aos subúrbios. Na MAFALALA a residência de Nuno Caliano da Silva é transformada em Quartel-General ou “Base Galo (amanheceu) ”. A família Caliano dirige todo o processo de acolhimento de “refugiados” vindos da cidade branca da elite da Polana. A maioria,
brancos da esquerda gorda, chega aterrorizada à casa dos Calianos. Teresa, a esposa de Nuno Caliano, seria uma verdadeira e incansável Mãe Coragem.
Perseguido, o poeta José Craveirinha, responsável de uma célula clandestina da FRELIMO, refugia-se em casa da cunhada no interior da Mafalala com sua esposa Maria. Seu filho mais velho, Stélio Newton (a terminar o serviço militar português), apresenta-se ao seu destacamento de Engenharia militar como voluntário enviado para defender o Aeroporto de Mavalane. Suspeita-se da chegada de mercenários madeirenses vindos da África do Sul em apoio aos Dragões da Morte.
O filho mais novo do poeta, Zeca Craveirinha, é um dos vigilantes (desarmados) da Mafalala. O efeito psicológico prevalece e as cantinas da Mafalala poupadas. Reina alguma harmonia multiracial graças à organização cívica do bairro. Todavia alguns Dragões da Morte (ex-Comandos e GEP’s etc.), patrulhariam em particular a Mafalala “procurando turras ou terroristas” da FRELIMO entrando pela rua da Guiné. Isaías Tembe, o único com uma G3 (que não sabia manejá-la), é ferido e capturado pelos Dragões da Morte na Mafalala.
Em Lourenço Marques colonos portugueses e naturais (brancos) mais extremistas entram aos tiros pelos subúrbios atingindo muito cidadão negro e mestiço desprevenido. Centenas de feridos e mortos.
… “Galo… Galo Amanheceu”… – A partir de 10 de Setembro a situação altera-se com a palavra de ordem pró-FRELIMO lançada pelo ex-comando colonial, o mestiço Aurélio Lebon, a partir dos microfones da Rádio Clube de Moçambique recuperada. Mais tarde a população negra retalia em fúria colhendo vítimas brancas inocentes (e não só).
05/09/2004
MOÇAMBIQUE - 7 DE SETEMBRO DE 1974
Moçambique/07 Set: A Base do Galo que resistiu na Mafalala
Luís Andrade de Sá (Texto) e Amândio Vilanculo (Fotos), da Agência Lusa
Maputo, 05 Set (Lusa) - Trinta anos depois, a Base do Galo nada diz aos
jovens que levantam halteres numa casa da Mafalala, o bairro onde nasceu
Eusébio e viveram o poeta José Craveirinha e a atleta moçambicana Maria de
Lurdes Mutola.
Nessa casa modesta, na zona que divide a "cidade do caniço" da "cidade do
cimento", simpatizantes da FRELIMO montaram o quartel-general da resistência
ao Movimento Moçambique Livre, a revolta branca contra a independência
lançada a 07 de Setembro de 1974, quando foi acordada a descolonização de
Moçambique.
"Numa primeira reunião juntámos 60 jovens, depois passámos para 100 e
decidimos que a partir daí a base ficava ali como centro de coordenação de
todos os bairros, passando a haver reuniões de quatro em quatro horas para
que nada descambasse", recorda Aurélio Lebon, então um jovem acabado de
cumprir o serviço militar nos +comandos+ portugueses.
No dia 08 de Setembro, o discurso da Rádio Moçambique Livre, ocupada pelos
revoltosos brancos, endurece e nos arredores de Lourenço Marques dão-se os
primeiros confrontos de que resulta um número elevado de vítimas.
"No Infulene (arredores da Matola), os fuzileiros dispararam
indiscriminadamente e a partir daí avançámos para as barricadas nos
subúrbios, controlando a saída dos moradores e a entrada de estranhos",
relata Pedro Bule, administrador de uma seguradora, na época responsável
pela segurança naquele bairro.
A resistência ao 07 de Setembro foi montada à margem da FRELIMO, cuja
direcção negociava a independência com Portugal em Lusaka, por nacionalistas
moçambicanos da capital da colónia.
"Até então, ninguém tinha ideia do que era a fortíssima inserção da FRELIMO
na população nem do desejo, da ganância, mesmo, das pessoas pela
independência", acrescenta Bule.
No dia 09 de Setembro, a Base do Galo determina uma "greve geral silenciosa"
que, diz Aurélio Lebon, foi cumprida pela maioria da população negra e a
revolta branca começa a perder força, procurando então os comandos militares
portugueses uma solução para pôr termo aos confrontos nos subúrbios e à
ocupação do Rádio Clube de Moçambique.
Lebon afirma ter sido contactado pelo comando militar e integra uma
delegação da Base do Galo, que inclui Amaral Matos, Alberto Chissano e
Orlando Machel que, no quartel-general português prepara a recuperação da
estação, aproveitando a sua experiência como antigo +comando+.
"Fui para o Rádio Clube sem segurança, acompanhado pelos comandantes da
Polícia Militar e da PSP, um ajudante de campo e um condutor e consigo
entrar no edifício. Os revoltosos estavam interessados na minha presença
como alguém ligado à FRELIMO para travar a população que marchava sobre a
cidade", lembra.
Aos microfones, Aurélio Lebon lança a senha "Galo.
Galo. Amanheceu", que indicava que a estação fora reocupada, e acrescenta
vivas à FRELIMO, a Samora Machel, a Portugal e a António Spínola.
"O problema é que eles quando ouviram os vivas à FRELIMO já nem escutaram o
resto e começaram a gritar que tinham sido traídos, pelo que eu e o
comandante da PSP tivemos que sair rapidamente, saltando um muro e apanhando
boleia de um casal em direcção ao comando", diz o antigo presidente da
Federação Moçambicana de Atletismo.
Aurélio Lebon voltará novamente à estação, desta vez fardado - "haviam tido
o cuidado de disfarçar um negro com uma farda e com os galões de alferes do
Exército português", escreve o jornalista Ricardo Saavedra, apoiante da
revolta, no seu livro "Aqui Moçambique Livre".
Nessa altura, já a estação estava cercada por duas companhias de
pára-quedistas e militares de engenharia, e Lebon, já conhecido como
"camarada Galo", volta a ler a senha, "para acalmar a população, travar a
violência e informar", e ali fica durante horas até ser rendido por
locutores do serviço que entretanto regressaram à estação.
Durante as horas que permanece no Rádio Clube, a Base do Galo é alvo de um
ataque, a que resiste, e a senha e contra-senha são mudadas.
"Quando lá cheguei, ainda fardado, um dos nossos apontou-me uma arma e eu
disse: "Galo. Amanheceu", que eram os códigos que conhecia. Tive um grande
trabalho para o convencer que eu era o camarada Galo", ri-se Lebon.
Sem ele saber, o novo código tinha sido mudado, aproveitando um grande êxito
que na época enchia os cinemas de Lourenço Marques: "Laranja?", perguntava
quem montava a barricada, esperando que a resposta fosse "Mecânica!".
Lusa/fim
05-09-2004 13:44:00 GMT .
Moçambique/07 Set: Quatro Dias que incendiaram Lourenço Marques
Luís Andrade de Sá (Texto) e Amândio Vilanculo (Fotos), da Agência Lusa
Maputo, 05 Set (Lusa) - Há 30 anos, Lourenço Marques, actual Maputo, foi
palco de graves motins raciais que causaram centenas de vítimas e destruição
avaliada em três milhões de contos, numa derradeira tentativa dos colonos
portugueses para evitar a independência do país.
A faísca que ateou a revolta branca de 07 de Setembro de 1974 é geralmente
atribuída ao arrastar pelo chão de um bandeira portuguesa no centro da
cidade que deu origem a 92 horas de confrontos.
Segundo alguns dos que viveram os acontecimentos, a provocação foi apenas um
pretexto para uma acção que estava a ser preparada por grupos de radicais
brancos nas vésperas da assinatura dos acordos de Lusaka entre Portugal e a
FRELIMO que, no mesmo dia 07 de Setembro de 1974, fixaram a data de
independência do país para 25 de Setembro de 1975.
"O 07 de Setembro foi uma tentativa organizada e não espontânea, tanto mais
que no dia 02 de Setembro os principais líderes da revolta reuniram-se no
Hotel Avenida para planear a operação", defende José Luís Cabaço, militante
da FRELIMO desde 1967 e que dias depois dos acontecimentos foi nomeado para
o governo provisório que antecedeu a independência.
Desde o dia 05 de Setembro que a capital da colónia estava parada, em
manifestações de apoio às posições que a FRELIMO iria defender em Lusaka
junto da delegação portuguesa, que integrava Mário Soares, então ministro
dos Negócios Estrangeiros.
No estádio da Machava, milhares de pessoas acompanhavam, com os meios
limitados da época, o desenrolar das negociações num comício permanente
organizado por sectores ligados à FRELIMO e apoiado por organizações de
esquerda da comunidade branca como a Associação Académica de Moçambique e os
Democratas Moçambicanos.
No dia 06 de Setembro, Jorge Jardim, o poderoso empresário da Beira que as
autoridades portuguesas procuravam desde Junho, é impedido de entrar na
Suazilândia e as notícias que chegam de Lusaka confirmam o entendimento das
duas partes para uma independência conduzida pela FRELIMO.
Na sequência da provocação à bandeira nacional, uma multidão de portugueses
apedreja as instalações dos jornais Notícias e Tribuna, vandaliza o edifício
do Rádio Clube de Moçambique e as sedes das organizações que tinham apoiado
o comício da Machava.
"Havia cordões de polícia à volta e uma multidão que insultava qualquer
pessoa que saísse do jornal", recorda José Capão, empresário livreiro, na
altura jornalista da secção internacional do Notícias.
O Movimento Moçambique Livre, como passa a ser designado, assalta a
Penitenciária, libertando todos os presos, incluindo os agentes da PIDE ali
detidos, toma conta dos Correios e do Aeroporto Gago Coutinho mas é no Rádio
Clube que se estabelece a direcção da revolta, protegida por uma enorme
multidão.
"Aqui Rádio Livre de Moçambique, fala-vos um grupo de portugueses de
Moçambique que acaba de tomar conta das instalações do Rádio Clube apelando
ao sentido de união de todo o povo moçambicano para que em bloco único faça
prevalecer a sua vontade e decida com a sua presença e voz o seu destino",
assinala o primeiro comunicado, lido às 18:40 do dia 07 de Setembro pelo
"locutor Manuel", Gomes dos Santos, presidente da FICO, uma associação
política radical da comunidade portuguesa.
Com ele estão Hugo Velez Grilo, antigo dirigente do PCP, e o comandante
Daniel Roxo, que criou, em 1971, uma força de "comandos" negros para acções
contra a FRELIMO e, segundo a onda de boatos que invade a cidade, há
milhares de homens de um grupo conhecido como Dragões da Morte prontos para
apoiar a revolta.
"Era tudo mentira, havia alguns jovens que tinham feito a tropa nos
+comandos+ mas não havia essa força especial de que falavam", defende José
Luís Cabaço. Aos microfones da Rádio Livre de Moçambique, apoiada na rua por
milhares de portugueses, apela-se à colaboração de antigos combatentes e
garante-se que Jorge Jardim está com a insurreição mas o empresário não se
envolve.
"As condições em que o Movimento Moçambique Livre tinha sido desencadeado
davam toda a vantagem ao inimigo", escreverá Jorge Jardim no livro
"Moçambique Terra Queimada".
Da Associação de Portugueses de Joanesburgo chega a promessa dos seus
membros atravessarem "a fronteira para ir em socorro", o que nunca
acontecerá.
Acusados de "minoria de reaccionários" pelo Governo de Lisboa, os radicais
brancos dão por finda a sua acção no dia 10 e cerca de 8.000 portugueses
fogem para a África do Sul.
Na revolta morreram centenas de pessoas - "cerca de 100 brancos e 300
negros", segundo Cabaço, ou 1.500, de acordo com o jornalista Ricardo de
Saavedra, que aderiu ao Movimento - e foram destruídas casas, lojas e
fábricas por toda a cidade.
A resposta da população da "cidade do caniço" aos acontecimentos da "cidade
do cimento" não chega a produzir- se - "grupos de negros em que participam
milhares de pessoas são dissolvidos quando se dirigiam à cidade procurando
vingança", informa o jornal Notícias, já a situação está controlada por
forças mistas do Exército português e da FRELIMO.
"O 07 de Setembro estragou tudo, instalou a desconfiança e tornou a FRELIMO
mais agressiva", defende o ex-jornalista Amaral Gomes que dá como exemplo do
que "devia ter sido a regra" o facto da polícia portuguesa só ter abandonado
o novo país em 1977, depois de dois anos de formação aos agentes nacionais.
Lusa/fim
05-09-2004 13:43:00 GMT
Moçambique/07 Set: Acordo de independência assinado há 30 anos
Maputo, 05 Set (Lusa) - Há 30 anos, Portugal e a FRELIMO assinaram em
Lusaka, capital da Zâmbia, o acordo que conduziu à independência de
Moçambique e que provocou uma das mais graves revoltas de brancos nas
antigas colónias portuguesas em África.
Entre os dias 05 e 07 de Setembro de 1974, representantes das duas partes
estiveram reunidos em Lusaka, na terceira ronda que preparou o processo de
descolonização de Moçambique, concluindo um acordo que fixou a independência
para 25 de Setembro de 1975, uma data associada ao início da luta armada
pela FRELIMO, em 1962.
Enquanto decorriam as negociações, um comício permanente em Lourenço Marques
(actual Maputo) convocado por simpatizantes da FRELIMO e organizações de
portugueses favoráveis à independência, apoiava as posições do movimento
liderado por Samora Machel, que se tornaria no primeiro Presidente do país,
mas a maioria da comunidade branca da capital da colónia saiu à rua para
contestar o acordo.
Durante vários dias, os revoltosos ocuparam a estação do Rádio Clube de
Moçambique, o aeroporto e os correios, atacaram jornais e associações
favoráveis à independência, destruíram um paiol militar e libertaram dezenas
de agentes da ex-PIDE/DGS, detidos na cidade após o 25 de Abril.
A rebelião e a reacção da população negra causaram um número indeterminado
de mortos, que diversas fontes estimam entre os 400 e os 1.500, sobretudo,
em Lourenço Marques, a única cidade a aderir em força aos protestos dos
colonos.
Apanhadas de surpresa pelos acontecimentos, as delegações de Portugal e da
FRELIMO mantiveram-se fiéis ao acordo, considerando-o irreversível,
contribuindo para o fim da revolta branca em Lourenço Marques.
Em Lusaka, as duas partes acordaram na constituição de um alto comissariado,
de um governo de transição e de uma comissão militar mista, preparatórios da
independência de Moçambique.
Portugal nomeou Vítor Crespo, militar do Movimento das Forças Armadas (MFA),
para alto-comissário, e Joaquim Chissano, actual Presidente de Moçambique,
foi indicado pela FRELIMO para presidir ao governo provisório, constituído
por nove ministros e um número não fixado de secretários e
secretários-adjuntos.
Segundo o acordo, à FRELIMO cabia indicar seis ministros do novo governo e
os restantes seriam nomeados pelo alto-comissário português.
As duas partes acordaram igualmente na criação de uma comissão militar
mista, constituída por um número idêntico de militares portugueses e da
FRELIMO, com o objectivo de assegurar o cumprimento do cessar-fogo, iniciado
às 00:00 do dia 08 de Setembro.
Em Lusaka, a FRELIMO comprometeu-se com uma política "de não discriminação
racial", segundo a qual "a qualidade de moçambicano não é definida pela cor
da pele mas pela identificação voluntária com as aspirações da Nação
moçambicana".
Preparando a criação de um futuro banco central, Portugal assumiu a
transferência do Departamento de Moçambique do Banco Nacional Ultramarino
para a nova instituição, num processo fiscalizado por uma comissão conjunta.
Por Portugal participaram nas negociações os ministros sem pasta, Melo
Antunes, dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares, e da Coordenação
Interterritorial, Almeida Santos, e os militares Vítor Crespo, Almeida e
Costa, Nuno Lousada e Casanova Ferreira.
A FRELIMO, cuja direcção se encontrava na capital tanzaniana, Dar-Es-Salam,
enviou uma numerosa delegação a Lusaka, que incluía o seu presidente, Samora
Machel, e Joaquim Chissano, Alberto Chipande, Jacinto Veloso, Óscar
Monteiro, Mariano Matsinhe, Bonifácio Gouveia, Armando Guebuza e Sebastião
Mabote, entre outros.
Devido aos acontecimentos em Lourenço Marques, o texto do acordo de Lusaka
só foi divulgado dias depois em Moçambique, aos microfones do Rádio Clube,
depois de ali ter sido anunciado "Galo. Galo. Amanheceu", a senha que
indicava a sua recuperação ao movimento radical branco.
LAS.
Lusa/fim
05-09-2004 13:44:00 GMT .
Moçambique/07 Set: A tarde no Rádio Clube "que lixou uma vida"
Luís Andrade de Sá (Texto) e Amândio Vilanculo (Fotos), da Agência Lusa
Maputo, 05 Set (Lusa) - O balanço não é o melhor para quem passou "apenas
umas horas" na Rádio Moçambique Livre, ocupada por um grupo de portugueses
de Lourenço Marques em protesto contra a assinatura do acordo de Lusaka
entre Portugal e a FRELIMO.
"Estive lá uma tarde, subi à varanda e lixei uma vida. Fiquei com a cabeça a
prémio e perdi a casa, os carros, o barco, a +boutique+, as contas
bancárias", recorda Rui Quadros sobre o dia 09 de Setembro de 1974.
Nesse dia, entrou "pela única vez e por poucas horas" no Rádio Clube de
Moçambique, ocupado dois dias antes e rebaptizado Rádio Moçambique Livre, a
partir do qual um grupo de colonos brancos incitou a população a
manifestar-se contra o acordo de independência fixado para 25 de Setembro de
1975.
"Tive que fugir para a África do Sul, disseram uma série de mentiras a meu
respeito e entrei na onda dos que se foram embora", logo nos dias seguintes
aos acontecimentos, diz o caçador e ex-campeão de tiro de Moçambique, onde
regressou em 2000.
O nome de Rui Quadros surge nas notícias da época entre os que participaram
na tomada do Rádio Clube de Moçambique, na altura uma das mais potentes
estações do sul de África, e que durante cerca de 96 horas tentaram inverter
o rumo da História.
Durante a ocupação destacou-se a voz do "locutor Manuel", o nome de guerra
de Gomes dos Santos, presidente de uma associação política de portugueses
com o sugestivo nome FICO.
Foi dele que partiram os apelos à adesão ao Movimento Moçambique Livre de
populares e personalidades, alguns com êxito, como nos casos de Uria
Simango, fundador da FRELIMO e expulso do partido em 1970, e de Joana
Simeão, que se deslocaram ao edifício e proclamaram o apoio à contestação.
"Foi lá toda a gente, menos a FRELIMO", diz Rui Quadros, desvalorizando a
ausência de Jorge Jardim, que não se envolveu apesar do seu apoio ter sido
dado como garantido pela Rádio Moçambique Livre.
"Ele tinha outro projecto", resume, sobre a posição do empresário da Beira,
na altura fora de Moçambique fugido às autoridades portuguesas.
Ao lado de Gomes da Silva estavam Gonçalo Mesquitela, conhecido dirigente em
Moçambique da Acção Nacional Popular, o partido único do regime de Marcelo
Caetano derrubado em 25 de Abril de 1974, e o médico Vellez Grilo, que foi
secretário nacional do Partido Comunista Português nos anos 30 e que,
depois, rumou à colónia do Índico onde foi chefe de repartição da Câmara
Municipal de Lourenço Marques.
A direcção da revolta era ainda constituída por elementos ligados a grupos
de ex-combatentes, à Organização Provincial de Voluntários e a associações
políticas da comunidade portuguesa que se opunham a uma independência
"entregue à FRELIMO".
A segurança das instalações, que estava rodeada por milhares de pessoas, na
maioria brancas, em apoio à acção do Movimento Moçambique Livre, cabia a
Daniel Roxo, que, durante a guerra, tinha organizado comandos especiais de
soldados negros para combater a FRELIMO e que morreu no início dos anos 80
durante uma incursão militar sul- africana a Angola.
Durante os quatro dias que dura a ocupação, a Rádio Moçambique Livre emitiu
os mais lancinantes apelos à mobilização "dos portugueses de Moçambique" e à
generalização da revolta, a que as outras cidades da colónia não aderem,
intercalados com música de todo o tipo, incluindo as canções revolucionárias
Grândola, Vila Morena, Avante Camarada e hinos da FRELIMO.
No dia 10 de Setembro, um jovem com 25 anos, acabado de ser desmobilizado
dos +comandos+, entra no edifício da Rádio e aos microfones proclama: "Galo.
Galo.
Amanheceu", a senha destinada aos habitantes negros dos bairros periféricos,
prontos a marchar sobre Lourenço Marques, que indicava que a estação tinha
voltado à normalidade e terminara a revolta branca.
"Durante anos, tentou dar-se um cunho organizativo ao 07 de Setembro que não
o teve. Nenhum dos dirigentes mais representativos do antigo regime esteve
ligado a esses acontecimentos", defende Amaral Gomes, ex-jornalista, sobre a
forma atabalhoada como a revolta cresceu e acabou.
No dia 14 de Setembro, o novo alto-comissário, Vítor Crespo, anunciava que a
situação estava "sob controlo".
Lusa/fim
Nota: As fotos da época foram colocadas pelo responsável do blog e não são as da Agência Lusa, que não foram recebidas.
Luís Andrade de Sá (Texto) e Amândio Vilanculo (Fotos), da Agência Lusa
Maputo, 05 Set (Lusa) - Trinta anos depois, a Base do Galo nada diz aos
jovens que levantam halteres numa casa da Mafalala, o bairro onde nasceu
Eusébio e viveram o poeta José Craveirinha e a atleta moçambicana Maria de
Lurdes Mutola.
Nessa casa modesta, na zona que divide a "cidade do caniço" da "cidade do
cimento", simpatizantes da FRELIMO montaram o quartel-general da resistência
ao Movimento Moçambique Livre, a revolta branca contra a independência
lançada a 07 de Setembro de 1974, quando foi acordada a descolonização de
Moçambique.
"Numa primeira reunião juntámos 60 jovens, depois passámos para 100 e
decidimos que a partir daí a base ficava ali como centro de coordenação de
todos os bairros, passando a haver reuniões de quatro em quatro horas para
que nada descambasse", recorda Aurélio Lebon, então um jovem acabado de
cumprir o serviço militar nos +comandos+ portugueses.
No dia 08 de Setembro, o discurso da Rádio Moçambique Livre, ocupada pelos
revoltosos brancos, endurece e nos arredores de Lourenço Marques dão-se os
primeiros confrontos de que resulta um número elevado de vítimas.
"No Infulene (arredores da Matola), os fuzileiros dispararam
indiscriminadamente e a partir daí avançámos para as barricadas nos
subúrbios, controlando a saída dos moradores e a entrada de estranhos",
relata Pedro Bule, administrador de uma seguradora, na época responsável
pela segurança naquele bairro.
A resistência ao 07 de Setembro foi montada à margem da FRELIMO, cuja
direcção negociava a independência com Portugal em Lusaka, por nacionalistas
moçambicanos da capital da colónia.
"Até então, ninguém tinha ideia do que era a fortíssima inserção da FRELIMO
na população nem do desejo, da ganância, mesmo, das pessoas pela
independência", acrescenta Bule.
No dia 09 de Setembro, a Base do Galo determina uma "greve geral silenciosa"
que, diz Aurélio Lebon, foi cumprida pela maioria da população negra e a
revolta branca começa a perder força, procurando então os comandos militares
portugueses uma solução para pôr termo aos confrontos nos subúrbios e à
ocupação do Rádio Clube de Moçambique.
Lebon afirma ter sido contactado pelo comando militar e integra uma
delegação da Base do Galo, que inclui Amaral Matos, Alberto Chissano e
Orlando Machel que, no quartel-general português prepara a recuperação da
estação, aproveitando a sua experiência como antigo +comando+.
"Fui para o Rádio Clube sem segurança, acompanhado pelos comandantes da
Polícia Militar e da PSP, um ajudante de campo e um condutor e consigo
entrar no edifício. Os revoltosos estavam interessados na minha presença
como alguém ligado à FRELIMO para travar a população que marchava sobre a
cidade", lembra.
Aos microfones, Aurélio Lebon lança a senha "Galo.
Galo. Amanheceu", que indicava que a estação fora reocupada, e acrescenta
vivas à FRELIMO, a Samora Machel, a Portugal e a António Spínola.
"O problema é que eles quando ouviram os vivas à FRELIMO já nem escutaram o
resto e começaram a gritar que tinham sido traídos, pelo que eu e o
comandante da PSP tivemos que sair rapidamente, saltando um muro e apanhando
boleia de um casal em direcção ao comando", diz o antigo presidente da
Federação Moçambicana de Atletismo.
Aurélio Lebon voltará novamente à estação, desta vez fardado - "haviam tido
o cuidado de disfarçar um negro com uma farda e com os galões de alferes do
Exército português", escreve o jornalista Ricardo Saavedra, apoiante da
revolta, no seu livro "Aqui Moçambique Livre".
Nessa altura, já a estação estava cercada por duas companhias de
pára-quedistas e militares de engenharia, e Lebon, já conhecido como
"camarada Galo", volta a ler a senha, "para acalmar a população, travar a
violência e informar", e ali fica durante horas até ser rendido por
locutores do serviço que entretanto regressaram à estação.
Durante as horas que permanece no Rádio Clube, a Base do Galo é alvo de um
ataque, a que resiste, e a senha e contra-senha são mudadas.
"Quando lá cheguei, ainda fardado, um dos nossos apontou-me uma arma e eu
disse: "Galo. Amanheceu", que eram os códigos que conhecia. Tive um grande
trabalho para o convencer que eu era o camarada Galo", ri-se Lebon.
Sem ele saber, o novo código tinha sido mudado, aproveitando um grande êxito
que na época enchia os cinemas de Lourenço Marques: "Laranja?", perguntava
quem montava a barricada, esperando que a resposta fosse "Mecânica!".
Lusa/fim
05-09-2004 13:44:00 GMT .
Moçambique/07 Set: Quatro Dias que incendiaram Lourenço Marques
Luís Andrade de Sá (Texto) e Amândio Vilanculo (Fotos), da Agência Lusa
Maputo, 05 Set (Lusa) - Há 30 anos, Lourenço Marques, actual Maputo, foi
palco de graves motins raciais que causaram centenas de vítimas e destruição
avaliada em três milhões de contos, numa derradeira tentativa dos colonos
portugueses para evitar a independência do país.
A faísca que ateou a revolta branca de 07 de Setembro de 1974 é geralmente
atribuída ao arrastar pelo chão de um bandeira portuguesa no centro da
cidade que deu origem a 92 horas de confrontos.
Segundo alguns dos que viveram os acontecimentos, a provocação foi apenas um
pretexto para uma acção que estava a ser preparada por grupos de radicais
brancos nas vésperas da assinatura dos acordos de Lusaka entre Portugal e a
FRELIMO que, no mesmo dia 07 de Setembro de 1974, fixaram a data de
independência do país para 25 de Setembro de 1975.
"O 07 de Setembro foi uma tentativa organizada e não espontânea, tanto mais
que no dia 02 de Setembro os principais líderes da revolta reuniram-se no
Hotel Avenida para planear a operação", defende José Luís Cabaço, militante
da FRELIMO desde 1967 e que dias depois dos acontecimentos foi nomeado para
o governo provisório que antecedeu a independência.
Desde o dia 05 de Setembro que a capital da colónia estava parada, em
manifestações de apoio às posições que a FRELIMO iria defender em Lusaka
junto da delegação portuguesa, que integrava Mário Soares, então ministro
dos Negócios Estrangeiros.
No estádio da Machava, milhares de pessoas acompanhavam, com os meios
limitados da época, o desenrolar das negociações num comício permanente
organizado por sectores ligados à FRELIMO e apoiado por organizações de
esquerda da comunidade branca como a Associação Académica de Moçambique e os
Democratas Moçambicanos.
No dia 06 de Setembro, Jorge Jardim, o poderoso empresário da Beira que as
autoridades portuguesas procuravam desde Junho, é impedido de entrar na
Suazilândia e as notícias que chegam de Lusaka confirmam o entendimento das
duas partes para uma independência conduzida pela FRELIMO.
Na sequência da provocação à bandeira nacional, uma multidão de portugueses
apedreja as instalações dos jornais Notícias e Tribuna, vandaliza o edifício
do Rádio Clube de Moçambique e as sedes das organizações que tinham apoiado
o comício da Machava.
"Havia cordões de polícia à volta e uma multidão que insultava qualquer
pessoa que saísse do jornal", recorda José Capão, empresário livreiro, na
altura jornalista da secção internacional do Notícias.
O Movimento Moçambique Livre, como passa a ser designado, assalta a
Penitenciária, libertando todos os presos, incluindo os agentes da PIDE ali
detidos, toma conta dos Correios e do Aeroporto Gago Coutinho mas é no Rádio
Clube que se estabelece a direcção da revolta, protegida por uma enorme
multidão.
"Aqui Rádio Livre de Moçambique, fala-vos um grupo de portugueses de
Moçambique que acaba de tomar conta das instalações do Rádio Clube apelando
ao sentido de união de todo o povo moçambicano para que em bloco único faça
prevalecer a sua vontade e decida com a sua presença e voz o seu destino",
assinala o primeiro comunicado, lido às 18:40 do dia 07 de Setembro pelo
"locutor Manuel", Gomes dos Santos, presidente da FICO, uma associação
política radical da comunidade portuguesa.
Com ele estão Hugo Velez Grilo, antigo dirigente do PCP, e o comandante
Daniel Roxo, que criou, em 1971, uma força de "comandos" negros para acções
contra a FRELIMO e, segundo a onda de boatos que invade a cidade, há
milhares de homens de um grupo conhecido como Dragões da Morte prontos para
apoiar a revolta.
"Era tudo mentira, havia alguns jovens que tinham feito a tropa nos
+comandos+ mas não havia essa força especial de que falavam", defende José
Luís Cabaço. Aos microfones da Rádio Livre de Moçambique, apoiada na rua por
milhares de portugueses, apela-se à colaboração de antigos combatentes e
garante-se que Jorge Jardim está com a insurreição mas o empresário não se
envolve.
"As condições em que o Movimento Moçambique Livre tinha sido desencadeado
davam toda a vantagem ao inimigo", escreverá Jorge Jardim no livro
"Moçambique Terra Queimada".
Da Associação de Portugueses de Joanesburgo chega a promessa dos seus
membros atravessarem "a fronteira para ir em socorro", o que nunca
acontecerá.
Acusados de "minoria de reaccionários" pelo Governo de Lisboa, os radicais
brancos dão por finda a sua acção no dia 10 e cerca de 8.000 portugueses
fogem para a África do Sul.
Na revolta morreram centenas de pessoas - "cerca de 100 brancos e 300
negros", segundo Cabaço, ou 1.500, de acordo com o jornalista Ricardo de
Saavedra, que aderiu ao Movimento - e foram destruídas casas, lojas e
fábricas por toda a cidade.
A resposta da população da "cidade do caniço" aos acontecimentos da "cidade
do cimento" não chega a produzir- se - "grupos de negros em que participam
milhares de pessoas são dissolvidos quando se dirigiam à cidade procurando
vingança", informa o jornal Notícias, já a situação está controlada por
forças mistas do Exército português e da FRELIMO.
"O 07 de Setembro estragou tudo, instalou a desconfiança e tornou a FRELIMO
mais agressiva", defende o ex-jornalista Amaral Gomes que dá como exemplo do
que "devia ter sido a regra" o facto da polícia portuguesa só ter abandonado
o novo país em 1977, depois de dois anos de formação aos agentes nacionais.
Lusa/fim
05-09-2004 13:43:00 GMT
Moçambique/07 Set: Acordo de independência assinado há 30 anos
Maputo, 05 Set (Lusa) - Há 30 anos, Portugal e a FRELIMO assinaram em
Lusaka, capital da Zâmbia, o acordo que conduziu à independência de
Moçambique e que provocou uma das mais graves revoltas de brancos nas
antigas colónias portuguesas em África.
Entre os dias 05 e 07 de Setembro de 1974, representantes das duas partes
estiveram reunidos em Lusaka, na terceira ronda que preparou o processo de
descolonização de Moçambique, concluindo um acordo que fixou a independência
para 25 de Setembro de 1975, uma data associada ao início da luta armada
pela FRELIMO, em 1962.
Enquanto decorriam as negociações, um comício permanente em Lourenço Marques
(actual Maputo) convocado por simpatizantes da FRELIMO e organizações de
portugueses favoráveis à independência, apoiava as posições do movimento
liderado por Samora Machel, que se tornaria no primeiro Presidente do país,
mas a maioria da comunidade branca da capital da colónia saiu à rua para
contestar o acordo.
Durante vários dias, os revoltosos ocuparam a estação do Rádio Clube de
Moçambique, o aeroporto e os correios, atacaram jornais e associações
favoráveis à independência, destruíram um paiol militar e libertaram dezenas
de agentes da ex-PIDE/DGS, detidos na cidade após o 25 de Abril.
A rebelião e a reacção da população negra causaram um número indeterminado
de mortos, que diversas fontes estimam entre os 400 e os 1.500, sobretudo,
em Lourenço Marques, a única cidade a aderir em força aos protestos dos
colonos.
Apanhadas de surpresa pelos acontecimentos, as delegações de Portugal e da
FRELIMO mantiveram-se fiéis ao acordo, considerando-o irreversível,
contribuindo para o fim da revolta branca em Lourenço Marques.
Em Lusaka, as duas partes acordaram na constituição de um alto comissariado,
de um governo de transição e de uma comissão militar mista, preparatórios da
independência de Moçambique.
Portugal nomeou Vítor Crespo, militar do Movimento das Forças Armadas (MFA),
para alto-comissário, e Joaquim Chissano, actual Presidente de Moçambique,
foi indicado pela FRELIMO para presidir ao governo provisório, constituído
por nove ministros e um número não fixado de secretários e
secretários-adjuntos.
Segundo o acordo, à FRELIMO cabia indicar seis ministros do novo governo e
os restantes seriam nomeados pelo alto-comissário português.
As duas partes acordaram igualmente na criação de uma comissão militar
mista, constituída por um número idêntico de militares portugueses e da
FRELIMO, com o objectivo de assegurar o cumprimento do cessar-fogo, iniciado
às 00:00 do dia 08 de Setembro.
Em Lusaka, a FRELIMO comprometeu-se com uma política "de não discriminação
racial", segundo a qual "a qualidade de moçambicano não é definida pela cor
da pele mas pela identificação voluntária com as aspirações da Nação
moçambicana".
Preparando a criação de um futuro banco central, Portugal assumiu a
transferência do Departamento de Moçambique do Banco Nacional Ultramarino
para a nova instituição, num processo fiscalizado por uma comissão conjunta.
Por Portugal participaram nas negociações os ministros sem pasta, Melo
Antunes, dos Negócios Estrangeiros, Mário Soares, e da Coordenação
Interterritorial, Almeida Santos, e os militares Vítor Crespo, Almeida e
Costa, Nuno Lousada e Casanova Ferreira.
A FRELIMO, cuja direcção se encontrava na capital tanzaniana, Dar-Es-Salam,
enviou uma numerosa delegação a Lusaka, que incluía o seu presidente, Samora
Machel, e Joaquim Chissano, Alberto Chipande, Jacinto Veloso, Óscar
Monteiro, Mariano Matsinhe, Bonifácio Gouveia, Armando Guebuza e Sebastião
Mabote, entre outros.
Devido aos acontecimentos em Lourenço Marques, o texto do acordo de Lusaka
só foi divulgado dias depois em Moçambique, aos microfones do Rádio Clube,
depois de ali ter sido anunciado "Galo. Galo. Amanheceu", a senha que
indicava a sua recuperação ao movimento radical branco.
LAS.
Lusa/fim
05-09-2004 13:44:00 GMT .
Moçambique/07 Set: A tarde no Rádio Clube "que lixou uma vida"
Luís Andrade de Sá (Texto) e Amândio Vilanculo (Fotos), da Agência Lusa
Maputo, 05 Set (Lusa) - O balanço não é o melhor para quem passou "apenas
umas horas" na Rádio Moçambique Livre, ocupada por um grupo de portugueses
de Lourenço Marques em protesto contra a assinatura do acordo de Lusaka
entre Portugal e a FRELIMO.
"Estive lá uma tarde, subi à varanda e lixei uma vida. Fiquei com a cabeça a
prémio e perdi a casa, os carros, o barco, a +boutique+, as contas
bancárias", recorda Rui Quadros sobre o dia 09 de Setembro de 1974.
Nesse dia, entrou "pela única vez e por poucas horas" no Rádio Clube de
Moçambique, ocupado dois dias antes e rebaptizado Rádio Moçambique Livre, a
partir do qual um grupo de colonos brancos incitou a população a
manifestar-se contra o acordo de independência fixado para 25 de Setembro de
1975.
"Tive que fugir para a África do Sul, disseram uma série de mentiras a meu
respeito e entrei na onda dos que se foram embora", logo nos dias seguintes
aos acontecimentos, diz o caçador e ex-campeão de tiro de Moçambique, onde
regressou em 2000.
O nome de Rui Quadros surge nas notícias da época entre os que participaram
na tomada do Rádio Clube de Moçambique, na altura uma das mais potentes
estações do sul de África, e que durante cerca de 96 horas tentaram inverter
o rumo da História.
Durante a ocupação destacou-se a voz do "locutor Manuel", o nome de guerra
de Gomes dos Santos, presidente de uma associação política de portugueses
com o sugestivo nome FICO.
Foi dele que partiram os apelos à adesão ao Movimento Moçambique Livre de
populares e personalidades, alguns com êxito, como nos casos de Uria
Simango, fundador da FRELIMO e expulso do partido em 1970, e de Joana
Simeão, que se deslocaram ao edifício e proclamaram o apoio à contestação.
"Foi lá toda a gente, menos a FRELIMO", diz Rui Quadros, desvalorizando a
ausência de Jorge Jardim, que não se envolveu apesar do seu apoio ter sido
dado como garantido pela Rádio Moçambique Livre.
"Ele tinha outro projecto", resume, sobre a posição do empresário da Beira,
na altura fora de Moçambique fugido às autoridades portuguesas.
Ao lado de Gomes da Silva estavam Gonçalo Mesquitela, conhecido dirigente em
Moçambique da Acção Nacional Popular, o partido único do regime de Marcelo
Caetano derrubado em 25 de Abril de 1974, e o médico Vellez Grilo, que foi
secretário nacional do Partido Comunista Português nos anos 30 e que,
depois, rumou à colónia do Índico onde foi chefe de repartição da Câmara
Municipal de Lourenço Marques.
A direcção da revolta era ainda constituída por elementos ligados a grupos
de ex-combatentes, à Organização Provincial de Voluntários e a associações
políticas da comunidade portuguesa que se opunham a uma independência
"entregue à FRELIMO".
A segurança das instalações, que estava rodeada por milhares de pessoas, na
maioria brancas, em apoio à acção do Movimento Moçambique Livre, cabia a
Daniel Roxo, que, durante a guerra, tinha organizado comandos especiais de
soldados negros para combater a FRELIMO e que morreu no início dos anos 80
durante uma incursão militar sul- africana a Angola.
Durante os quatro dias que dura a ocupação, a Rádio Moçambique Livre emitiu
os mais lancinantes apelos à mobilização "dos portugueses de Moçambique" e à
generalização da revolta, a que as outras cidades da colónia não aderem,
intercalados com música de todo o tipo, incluindo as canções revolucionárias
Grândola, Vila Morena, Avante Camarada e hinos da FRELIMO.
No dia 10 de Setembro, um jovem com 25 anos, acabado de ser desmobilizado
dos +comandos+, entra no edifício da Rádio e aos microfones proclama: "Galo.
Galo.
Amanheceu", a senha destinada aos habitantes negros dos bairros periféricos,
prontos a marchar sobre Lourenço Marques, que indicava que a estação tinha
voltado à normalidade e terminara a revolta branca.
"Durante anos, tentou dar-se um cunho organizativo ao 07 de Setembro que não
o teve. Nenhum dos dirigentes mais representativos do antigo regime esteve
ligado a esses acontecimentos", defende Amaral Gomes, ex-jornalista, sobre a
forma atabalhoada como a revolta cresceu e acabou.
No dia 14 de Setembro, o novo alto-comissário, Vítor Crespo, anunciava que a
situação estava "sob controlo".
Lusa/fim
Nota: As fotos da época foram colocadas pelo responsável do blog e não são as da Agência Lusa, que não foram recebidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário