Siga aqui a entrevista de Sócrates
21h08 -Há um tempo para tudo na vida. este é o tempo para tomar a palavra. Pretendo tomar a palavra, que é um direito e no meu caso, considero até,um dever. Devo dar minha visão sobre o passado recente e a atualidade do país.
21h10 -Não tenho nenhum plano para regressar à vida ativa do país. Saí em 2011, afastei-me e remeti-me a um silêncio que, penso, podia contribuir para a política ser seguida sem qualquer restringimento
21h11 - Nem candidato a Belém, nem candidato a coisa nenhuma. Só quero afirmar o meu dever de cidadão e apresentar a minha versão dos factos
21h14 - Fico muito perplexo quando vejo o comportamento de políticos, que acham normal os comentários de ex-líderes do PSD,e assim que um ex-líder do PS aceita fazer um comentário também... aqui d'el rei. Não aceito essa cultura democrática.
21h16 -A narrativa apresentada ao país, e sem oposição, a narrativa da direita não está de acordo com os factos históricos. Fui alvo de críticas e de responsabilidades que me querem imputar...
21h17- O PS procurou concentrar-se nas respostas a dar e compreendo essa atitude
21h19-A direita sempre fez da disputa política uma disputa pessoal. Usar o insulto e o ataque pessoal é o que há de pior na política [a propósito da acusação que lhe foi feita de "falta de vergonha"]
21h21-A questão da responsabilidade está inerente à governação. Só não comete erros quem não se candidata à ação. Aceito as responsabilidades que tenho, mas não as que os maeus adversários me querem atribuir. Não aceito a responsabilidade de ter deixado o país às mãos da troika
21h23-A crise financeira e económica internacional já existia. O primeiro embuste foi dizer o contrário.
21h25- Tinhamos um déficit educativo muito forte. No energético também e por isso passei a vida a dizer que tínhamos de apostar nas energias renováveis
21h27-A ideia de que os estados provocaram a crise por causa do seu endividamento não resiste à análise dos factos
21h28-Assumo as responsabilidades de comandar uma governação que pretendeu enfrentar essa crise.
21h29-Não foi o anterior Governo que obrigou ao pedido de ajuda, mas a crise politica e o chumbo do PEC 4".
21h32-Não é verdade que não tenha procurado envolver o PSD no PEC 4. Nós apresenta-mo-lo publicamente e depois disponibilizei-me, durante duas longas semanas, para o discutir.
21h35-Havia muita gente que podia não acreditar no PEC 4. Mas a quem interessava garantir o seu apoio? O apoio do BCE e da Comissão Europeia estava garantido.
21h36-O senhor Presidente acusou-me de deslealdade. Acho extraordinário o seu comportamento. Faz-me uma crítica por escrito um ano depois de eu estar afastado, o que diz muito... Não reconheço nenhuma autoridade moral para me acusar de deslealdade. Recordo dois episódios: a conspiração organizada contra o Governo, baseada na acusação de que o Governo estaria a espiar a casa Civil do Presidente da República... e da qual o Presidente nunca se demarcou. E há um segundo momento, na tomada de posse em que é feito um discurso salientando as dificuldades do país, mas esquecendo qualquer referência à realidade de crise internacional
21h41-O Presidente sempre usou dois pesos e duas medidas, em relação ao Governo anterior e ao atual.
21h42 - A execução orçamental de 2011 estava a correr bem.
21h44 - O Presidente teve conhecimento do PEC 4 ao mesmo tempo que todos os portugueses. As linhas gerais foram apresentadas, mas nesse dia não houve nenhuma aprovação.Se o Presidente queria intervir, teve todo o tempo para o fazer. Mas ele não quis. Ele fez tudo para haver uma crise política, que de certa forma foi provocada pelo seu discurso.
21h46 - O senhor Presidente esteve na origem desta solução política, por isso como pode agora fazer alguma coisa? Ele está vinculado com ela.
21h48 - Sempre me opus ao pedido de ajuda internacional.
21h50 - Olhando para trás digo que, lamentavelmente, muitas das instituições políticas baixaram os braços. A oposição achava que não havia problema nenhum em pedir ajuda externa.
21h54 - É sabido que não gostei da declaração do ministro das Finanças. Mas no almoço com Mário Soares já tinha decidido que tinha de ser feito o pedido de ajuda externa.
21h56 - O que ganhou o país com a crise política?
20h01 -Um grupo de apoiantes esperava também José Sócrates
19h47 - À porta da RTP, onde José Sócrates chegou cerca das 19h, um manifestante protesta contra o antigo primeiro-ministro
