Especialista em Geologia reagem à entrevista por mim concedida ao Jornal "notícias" com críticas descabidas e também imprecisas
Quiçá o meu azar é gostar de estar sempre actualizado do que alguns "especialistas". Mas o que não gosto mesmo é pôr em causa diplomas de quem quer que seja.
O modo emocional de agir dos especialistas que dirigiram uma "carta de esclarecimento" ao "notícias", até insinuando que este órgão de comunicação social com créditos bem firmados em Moçambique agiu irresponsavelmente na busca de esclarecimentos sobre sismos, visou pôr em causa as minhas credenciais académicas e demonstra que os mesmos (autores da carta) não pretendiam corrigir nenhuma imprecisão na referida entrevista. De facto, o que eles estão a protestar é o facto de não terem sido eles a ser entrevistados pelo "notícias", sobre o assunto em questão. Só estou a ver ciúmes na reacção dos meus colegas, mais nada! Não vejo esforço nenhum para repor uma verdade que tenha falsificado por pertensa ignorância.
Tendo dito isto (acima), estou a preparar uma resposta circunstancial sobre a entrevista que eu concedi ao "notícias", mostrando que as imprecisões referidas na carta dos especialistas decorreram de falhas de transcrição da entrevista, às quais eu não reagi pedindo correcções. Este é que o erro que eu cometi e o assumo. Eu deveria ter pedido ao "notícias" para corrigir as imprecisões na transcrição da entrevista, que na hora foi gravada. Aliás, é preciso indicar que a jornalista-repórter Anabela Massingue, que conduziu a entrevista, enviou-me o texto da primeira parte da entrevista, para verificação da informação transcrita. Ocorreu, porém, que eu não consegui fazer tempo para ler o texto dela e proceder às correcções que se impunham fazer, antes da sua publicação. Isto pode ser criticado justamente. Mas o texto da segunda parte da mesma entrevista foi por mim revisto e corrigido...
Conhecendo-me (como me conhecem!), os meus colegas poderiam ter falado comigo, o entrevistado, para obter melhor esclarecimento e possível discussão do conteúdo da entrevista, antes de correr a fazer "cartas de esclarecimento" que não esclarecem nada ao público leitor leigo em matéria de geofísica. Isto demonstra simplesmente que a verdadeira intenção dos subscritores da tal "carta de esclarecimento" (vede imagem) não era esclarecer nada, mas protestar contra o facto de terem sido eles a ser entrevistados.
E, já agora, é bom que se diga aqui que nenhum dos subscritores da dita "carta de esclarecimento" é especialista em sismos. Logo, também eles não estão tão credenciados assim para falar 'autoritativamente' sobre sismos. Do eu tenho conhecimento, Moçambique ainda não formou sismólogos (ou sismologistas). Portanto, tanto os autores da tal "carta de esclarecimento" quanto eu, todos estudamos sismologia como disciplina curricular nos bancos da universidade e aí se acabou. Aqui pode ser que algum evento se tenha passado eu desatento, e haja já alguns sismólogos moçambicanos, formados recentemente. Vou ressalvar a minha afirmação, se tal for o caso. Mas por ora não sei da existência de nenhum sismólogo moçambicano.
Sobre o conteúdo da entrevista, por característica própria eu não falo sobre assuntos dos quais não me sinto competente. Não sou aventureiro desqualificado, que é que os meus colegas pretendem fazer crer. Desafio qualquer um deles (e os conheço relativamente bem!) a confrontar o seu conhecimento especializado sobre sismologia com o meu, até mesmo em praça pública! Eu aceitei dar a entrevista ao "notícias" porque tenho competência científica para falar sobre sismos ao nível do detalhe que era requerido para o propósito de informar o público sobre o fenómeno. Não era imprescindível que se falasse com geólogos sobre sismos. Até um geógrafo bem treinado poderia dar aquela entrevista. Entrevistar um físico do meio ambiente sobre sismos foi até apropriado para simplificar o nível de detalhe da informação que se pretendia obter para o consumo público. Tanto detalhe poderia confundir as pessoas. Os geólogos têm muitas dificuldades de buscar exemplos para explicar o que se passa no interior da Terra, porque não se especializam nas leis da Física. A Geofísica nasceu para colmatar essa lacuna de formação dos geólogos. Podem não gostar, mas é facto: os geofísicos são mais físicos do que geólogos!
Sobre o exemplo de "nuvem de fumo" por mim dado na entrevista, em respostas à uma pergunta da entrevistadora, e que os autores da "carta de esclarecimento" dizem ser «despropositado», de facto é bem apropriado. Com efeito, magma é um fluído pastoso ou muito viscoso, qual mel ou manteiga de amendoim. No interior da Terra, este material (magma) forma "colunas" (poupo aqui as causas!) que sobem do manto em direcção à crusta, do mesmo modo que se vê "colunas" de fumo subindo da superfície para as alturas da atmosfera terrestre. Magma e fumo pertencem à classe de substâncias genericamente chamadas fluídos, com a diferença de que têm diferentes coeficientes de viscosidade, sendo maior o coeficiente de viscosidade da magma. "Despropositado" mesmo é um especialista em geologia não saber disto!
A direcção do jornal "notícias" e os leitores deste matutino podem estar seguros da minha idoneidade, contra a qual os meus colegas atentam. Se me tivessem pedido uma entrevista para falar sobre a ocorrência de recursos minerais, hidrocarbonetos, sedimentologia, ou sobre formações geológicas e suas propriedades específicas, aí eu poderia bem ter referido a repórter para falar com um dos meus colegas subscritores da "carta de esclarecimento" hoje publicada no "notícias". E tenho feito isso!
Enfim, não tenho tanta lacuna de conhecimento científico sobre sismologia quanto os meus colegas tentaram fazer crer na sua "carta de esclarecimento". De facto, despropositado é que tentaram fazer com via mesma carta: desacreditar o "notícias" e a mim, por ciúmes. Isso é que deve ser combater!
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