segunda-feira, 8 de maio de 2017

Empresas municipais de transporte de passageiros têm excesso de mão-de-obra


Excesso de mão-de-obra é apontado como um dos factores que agrava a insustentabilidade da ETM e EMTPM
Tal como a maior parte das suas frotas de autocarros, as empresas municipais de transporte público de Maputo e Matola têm muitos trabalhadores “parados”.
A operar desde 2014, como resultado da extinção e divisão da empresa Transportes Públicos de Maputo em duas, a Empresa Municipal de Transportes da Matola (ETM) é disso exemplo. Quando iniciou as actividades, recebeu 75 autocarros, 71 dos quais avariados e apenas quatro operacionais. Os quatro autocarros tinham um efectivo de 274 trabalhadores (motoristas, cobrados, engenheiros e pessoal administrativo) para os operacionalizar e gerir, ou seja, muita gente para poucos meios.
Em três anos, teve que diminuir quase metade dos trabalhadores. “Em resultado do redimensionamento da mão-de-obra, dos mais de 200 trabalhadores que tínhamos inicialmente, passámos para cerca de 120”, explica João Castanheira, Presidente do Conselho de Administração da empresa responsável pelo transporte público no município da Matola.
No caso de Maputo, em 2015, um autocarro estava para 15 trabalhadores, ou seja, tinha 53 autocarros para 819 colaboradores, um facto confirmado pelo relatório e contas da empresa daquele ano, segundo o qual o facto está associado à exiguidade financeira da empresa, falta de sobressalentes e de equipamentos para a recuperação, bem como incapacidade de reposição de autocarros imobilizados.
Esta sexta-feira, na visita efectuada pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, à companhia, a PCA da EMTPM disse que, devido ao corte dos subsídios, a empresa também está a redimensionar a força de trabalho. “Estamos a despedir alguns trabalhadores, com destaque para os que já atingiram a idade de reforma, incluindo aqueles já tiveram questões disciplinares”, referiu Iolanda Wane.
O excesso de mão-de-obra é apontado como um dos factores que agrava a insustentabilidade das empresas de transporte público.
Autocarros que não tinham pneus e baterias voltam às ruas
Dezanove autocarros da EMTPM que estavam parados por falta de baterias e pneus voltam a circular, a partir de hoje, segundo garantia dada pela empresa, no fim da visita do ministro dos Transportes e Comunicações. Carlos Mesquita foi à empresa responsável pelo transporte público na capital, três semanas depois da visita do Presidente da República, para apurar o grau de cumprimento das recomendações deixados por Filipe Nyusi, uma das quais tinha justamente a ver com a recuperação de autocarros “aproveitáveis”.
Nos últimos dias, a empresa recebeu apoio técnico dos Caminhos de Ferro de Moçambique e do Porto de Maputo. Identificou 30 autocarros que só precisavam de pneus e baterias para circularem. Em parceria com o Fundo de Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações, as empresas garantiram 180 pneus e 60 baterias para a recuperação dos 19 autocarros.
No fim do encontro com o Conselho de administração da EMTPM, já no início da noite, Mesquita foi ao parque onde estavam os autocarros que aguardavam as peças, mas não ficou satisfeito por saber que, em plena hora de ponta, havia autocarros parados à espera de ser abastecidos.
No total, a Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo tem mais de 100 autocarros avariados e apenas 42 em circulação.

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