sexta-feira, 21 de abril de 2017

DGS quer crianças não vacinadas 21 dias longe da escola

DOENÇAS


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Crianças que não sejam vacinadas depois do contacto com doentes com sarampo devem ficar sem ir à escola durante 21 dias, recomenda a Direção Geral da Saúde.
Escolas públicas não podem recusar matrícula a crianças não vacinadas, mas privados podem fazê-lo
PAULO NOVAIS/LUSA
A Direção Geral da Saúde (DGS) aconselha que as crianças que contactaram com doentes com sarampo em fase de contágio e que não sejam vacinadas fiquem sem ir à escola durante 21 dias após o contacto.
Os delegados de saúde verificam a existência de contacto com um doente em fase de contágio e sugerem, quando indicada, a vacinação. Nestes casos, e perante a recusa da vacinação de qualquer membro da comunidade escolar, em situação de pós-exposição, aconselha-se a não frequência da instituição durante 21 dias após o contacto”, lê-se na norma de orientação publicada esta quarta-feira à tarde.
A DGS recorda que a vacina contra o sarampo “está disponível nas unidades de saúde, gratuitamente”, e que a primeira dose deve ser administrada aos 12 meses e a segunda aos 5 anos.
Nos últimos dias, uma das dúvidas de muitos pais com filhos com menos de 12 meses é se devem vaciná-los também, mas a DGS até ao momento ainda não emitiu nenhuma recomendação nesse sentido. Diz apenas que “a vacinação antes destas idades” já “está prevista no Programa Nacional de Vacinação para situações excecionais, sendo apenas administrada mediante prescrição médica e respetiva fundamentação, em particular para pessoas que estiveram em contacto com doentes”.
Não sendo obrigatório administrar as vacinas às crianças, nenhuma escola pública pode recusar a matrícula de um aluno sem o boletim em dia, podendo apenas “recomendar” a sua toma.
No que toca às escolas privadas, a associação que representa o setor emitiu uma circular em que frisa que a não obrigatoriedade do Programa Nacional de Vacinação “não é impeditiva que a Direção do estabelecimento de ensino imponha como condição (no regulamento interno ou em informação avulsa publicitada), dentro da sua autonomia pedagógica, no que concerne a matrícula/renovação de matrícula, que seja feita prova do cumprimento do Programa Nacional de Vacinação”.
A cobertura vacinal contra o sarampo é muito elevada em Portugal: 98% para a primeira dose e 95% para a segunda dose. E é por este motivo — imunidade de grupo — que, de acordo com as autoridades de saúde, “a probabilidade de propagação do vírus é muito reduzida, incluindo em meio escolar”, pois o “o vírus não encontra “terreno” para circular e provocar doença”.

Dos 21 casos de sarampo, 12 não estavam vacinados

Esta quarta-feira, a DGS atualizou os números relativos ao surto do sarampo. Dos 21 casos de sarampo confirmados até às 16h00 desta quarta-feira, 12 não apresentam registo de vacinação. Ao todo, desde o início do ano, foram notificados 46 casos de sarampo, dos quais 21 acusaram positivo e 10 deram negativo. Há ainda 15 em investigação.
Em termos geográficos, 13 dos casos estão localizados em Lisboa e Vale do Tejo, sete no Algarve e um na região Norte. A maioria (13) dos casos são adultos com mais de 20 anos, quatro são crianças com menos de um ano e três têm entre um e quatro anos.
Dos 21 casos confirmados, nove são profissionais de saúde e desses dois não tinha também registo de vacinação.
Entre os 21 casos estava a jovem de 17 anos que morreu esta madrugada no Hospital D. Estefânia, “na sequência de uma situação clínica infecciosa com pneumonia bilateral – sarampo”. Esta jovem também não estava vacinada com a VASPR. As complicações decorrentes do sarampo e que conduzem à morte ocorrem em um a cada 100 casos.
Tanto a Direção Geral de Saúde, através de comunicados e pela voz do seu diretor geral, como o ministro da Saúde têm insistido na importância da vacinação contra o sarampo, que dá uma imunidade de 95%. Pessoas que tenham sido vacinadas ou que tenham tido sarampo na infância ou adolescência (sobretudo pessoas com mais de 40 anos e que não foram abrangidas pelo plano de vacinação no início da década de 70) podem ser infetadas novamente — o que aconteceu no presente surto — mas a doença manifesta-se de forma mais leve.
Também esta quarta-feira, a Direção-Geral da Saúde criou um endereço de email para onde os pais podem enviar questões — infosarampo@dgs.pt. Além disso, a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) assegura respostas concretas às questões colocadas pelo telefone.

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