segunda-feira, 24 de abril de 2017

Nyusi promete anúncio de consensos em breve


Estágio das negociações para o fim das hostilidades militares entre o Governo e a Renamo será conhecido dentro de dias
O Presidente da República, Filipe Nyusi, terminou, último sábado, a visita de três dias à província de Maputo, onde escalou quatro distritos. No balanço da visita, o Chefe de Estado falou, mais uma vez, sobre o estágio das negociações para o fim das hostilidades militares com a Renamo. Nyusi anunciou que, dentro de dias, as partes vão anunciar consensos nos pontos que estão na mesa de negociação, entre as equipas do Governo e da Renamo. “Dentro de dias, vamos ter uma resposta diferente daquela que temos actualmente (trégua). Não significa necessariamente o desfecho, porque esse processo é longo e, no modelo que estamos a desenhar, para que seja na profundidade, naturalmente vai levar algum tempo. Mas, mesmo assim, nós queremos encurtar o tempo, para que o sossego absoluto volte para os moçambicanos”, explicou Nyusi.
Nos diversos comícios que orientou na província de Maputo, o Presidente da República foi encorajado pela população a continuar a empenhar-se com vista a encontrar soluções para a paz.
No comício que orientou na praia de Macaneta, no início da visita a esta província, Filipe Nyusi teria dito que “eu e o presidente da Renamo não queremos intermediários informais, esses que querem procurar respostas sobre uma coisa que eles querem saber. Se quiserem ajudar o processo, dêem a cara e participem no processo; não perturbem o que está a acontecer. Porque, se inventarmos histórias a pensarmos que estamos a ajudar, estamos a pressionar, e não se sabe o que as pessoas estão a combinar. E isso é perigoso, porque cria desconfiança de novo e nós já estamos a sair desse ambiente de desconfianças entre moçambicanos”, disse, sem especificar de quem estava a falar e quem são as pessoas que procuram interferir nas conversações entre o Governo e a Renamo.
PR inaugura novo terminal rodoviário em Ressano Garcia
No sábado, o Presidente da República inaugurou o Terminal Internacional Rodoviário de Ressano Garcia, construído numa área de 37 hectares, orçado em 500 milhões de meticais. Trata-se de uma infra-estrutura que visa facilitar o comércio internacional, através da aceleração dos procedimentos de desembaraço aduaneiro.
Com o novo terminal, o tempo de espera pelos camiões de mercadoria reduz entre quatro e cinco horas, e passam (os camionistas) a ter à sua disposição um espaço maior e cómodo para o estacionamento, com capacidade para 180 camiões de cada vez.
No seu discurso, Nyusi anunciou que o Governo pretende expandir infra-estruturas similares em todos os postos fronteiriços de entrada, saída e trânsito de mercadorias, incluindo fronteiras marítimas, apesar de tal colocar ao país o desafio de melhorar a sua competitividade a nível da região.
As fronteiras de Machipanda e Ponta de Ouro são as próximas a ter terminais rodoviários internacionais, dada a sua importância no acesso aos países vizinhos e na circulação de mercadorias.  A presidente da Autoridade Tributária, Amélia Nakhare, disse que o Governo pretende expandir serviços semelhantes em todo o país, mas, primeiro, há que negociar as taxas cobradas pela empresa concessionária do sistema de inspecção não intrusiva de mercadorias, no processo de fiscalização. É que, segundo Nakhare, as taxas são apontadas pelos empresários como estando a encarecer o custo de importações e exportações, tornando a actividade económica onerosa no país. Pelo que, logo que haver entendimento, vai seguir-se a instalação de “scanners” em todos os postos fronteiriços.
Balanço da visita à província de Maputo
No final da visita à província de Maputo, Filipe Nyusi fez uma apreciação positiva da mesma e diz ter percebido que, apesar das dificuldades financeiras, o governo provincial tem estado a fazer um esforço adicional para garantir o cumprimento do Plano Económico e Social. Ficou, igualmente, satisfeito por constatar que a população está a acatar as suas recomendações de aumentar a produção agrícola e pecuária, como sendo a principal fórmula de que o país dispõe para mitigar a crise económica em que está mergulhado.
O Presidente da República diz ter notado que os camponeses estão a produzir mais do que um hectare, tal como recomendou, para cada uma das famílias. Também, sente que há um esforço por parte das empresas avícolas de aproveitar o banimento de importação de frango brasileiro para aumentar as suas produções e suprir o défice nacional na produção de frango.
No último comício que orientou na localidade Eduardo Mondlane, em Mahubo, distrito de Boane, Filipe Nyusi apelou aos moçambicanos a fazerem poupança e a consumir produtos nacionais, tendo citado o exemplo da cerveja e sumos produzidos no nosso país.
Aos automobilistas, apelou a não usarem as suas viaturas desnecessariamente, de modo a reduzirem o consumo de combustível e, assim, aliviar a factura que o Governo paga na importação de produtos petrolíferos. Nyusi aconselhou ainda ao uso racional de telefones celulares, energia eléctrica e água.
No final, Filipe Nyusi disse que vai continuar a visitar as províncias, assim como os diferentes ministérios, para monitorar o seu desempenho e garantir o cumprimento dos planos previamente definidos pelo Governo.
Esta segunda-feira, Filipe Nyusi faz uma visita de Estado de três dias à República do Botswana, a convite do seu homólogo tswana, Seretse Khama Ian Khama, com o objectivo de reforçar a cooperação com aquele país. Lembre-se que esta visita é contestada pela bancada parlamentar da Renamo, que questiona os ganhos e os custos financeiros da deslocação, numa altura em que o país enfrenta uma crise.
No Botswana, Nyusi vai manter conversações com o presidente Seretse Khama, proceder à abertura do Fórum empresarial Moçambique-Botswana, manter encontro com a comunidade moçambicana residente naquele país e visitar empreendimentos de interesse económico e social.

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