segunda-feira, 5 de junho de 2017

A INEVITABILIDADE DO BIPARTIDARISMO EM MOÇAMBIQUE


Mais de vinte anos depois da introdução da democracia multipartidária, eis que chegamos de forma decisiva a idade da maturação. Recentemente, um grupo de 40 organizações, decidiu “juntar forças” e endossar Afonso Dhlakama como seu único candidato às próximas eleições gerais. Devo desde já frisar que isto aconteceu sem que ele próprio Dhlakama soubesse do estava a acontecer, muito menos reagiu depois de se aperceber do endorsement. Ou seja, para Dhlakama, foi como se nada tivesse acontecido. Mas a “grande coligação” está ai.
Longe de constituir uma estratégia ganhadora, partilho da ideia do Professor Lourenço do Rosário (entrevista ao jornal domingo, 04-06-2017) segundo a qual, este movimento encerra duas táticas possíveis: primeiro, aliando-se a Renamo, pelo menos garantem a entrada das suas lideranças ao parlamento tal como aconteceu na coligação Renamo-EU em que, praticamente e Renamo saiu-se prejudicada em virtude de terem cedido algumas vagas ao abrigo do acordo de coligação. Segundo, essa “grande coligação” anuncia igualmente o triunfo do bipartidarismo.
O bipartidarismo é uma situação política em que apenas dois partidos dividem o poder, ou constitucionalmente ou de facto, sucedendo-se em vitórias eleitorais em que um deles conquista o governo do país e o outro ocupa o segundo lugar nas preferências de voto, passando a ser a oposição oficial e institucionalizada.
Apesar de o MDM constituir-se a terceira força política e com assento parlamentar, tem sido efectivamente a Renamo, o partido da oposição na República de Moçambique. Atendendo o actual cenário político e militar, não vejo nenhuma posssibilidade do crescimento do MDM ao ponto de viabilizar o pluripartidarismo.
Pluripartidarismo, também conhecido como sistema pluripartidário ou multipartidário, é um sistema político no qual três ou mais partidos políticos podem assumir o controle de um governo, de maneira independente, ou numa coligação.
Portanto, eu vejo as próximas eleições autárquicas e legislativas como a oportunidade de acabar de uma vez só com todos equívocos nacionais, vulgo partidos extraparlamentares. Para já, vamos também acabar com esta perplexidade do termo “partidos extraparlamentares”.
Em bom rigor, não existem partidos extraparlamentares. Existem sim partidos políticos com assento e sem assento parlamentar. O termo “extra-parlamentar” é um arranjo de cortesia que os moçambicanos adotaram para atribuírem algum estatuto aos partidos sem assento no parlamento.
Organizações extraparlamentares são grupos e movimentos políticos que actuam fora do sistema político institucionalizado. Sua estratégia baseia-se na acção política direccta, visando promover transformações políticas, através da participação e do envolvimento das massas, sem a intermediação dos partidos políticos. Originalmente estes movimentos rejeitavam o conceito de representação parlamentar, nos moldes vigentes nos sistemas democráticos, considerando-o ineficaz para resolver os problemas da sociedade. Portanto, não é o caso dos nossos partidos sem assento parlamentar. Esses gostariam de estar no parlamento mas não têm expressão política concreta. Uma tal aliança significa MENOS uma estratégtia ganhadora e MAIS uma tática de integração.
No final das contas, é o processo do bipartidarismo que se vai consolidando.
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14 comentários
Comentários
Imtiaz Vala Sera um Bipartidarismo de um lado um Partido Politico Grande e de outro lado um Partido Politico Pequeno( internamente estão tantos pequenos coligados ou unidos) ou Bipartidarismo de dois Partidos Políticos tradicionais continuarem a dominarem a Politica e os outros permanecerem na periferia sem determinação na Politica com vem acontecendo!
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Jonas Joaquim Para mim ainda nao ee um dado adquirido que os extra parlamentares passam a coligarem se a Renamo porque o kota Dhlaka ainda nao disse se aceita ou nao lembre-se Egidio Vaz que num passado recente aquando da Renamo-UE o Dhlaka havia dito que abandonava a ideia de dar boleia aos pequenos partidos que ate chamou de oportunistas seria bom esperar se o velho vai ao nao anuir.
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Ed Mazive ma coisa é coligar-se com alguém, a outra, bem diferente, é endossar ou aceitar endosso de alguém!
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Brazao Catopola Não creio que esteja o país a caminhar para o bipartidarismo. Aliás, essa estratégia já foi usada faz tempo por esse mesmo grupo e disse apoiar a FRELIMO. No mais, creio que o MDM tem muito a dizer. Dados de uma pesquisa mostraram existir uma certa camada "jovem" com uma rejeição clara para factores históricos como elemento a ter e Em conta nas votações. Por essa via eles excluem a FRELIMO e a RENAMO de opções políticas.
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Ed Mazive analisa bem o que disse: certa camada jovem rejeita factores históricos como elemento de decisao e por essa via excluem frelimo e renamo. se rejeitam factores históricos nao deveriam excluir esses dois partidos justamente pelos factores históricos. Estariam, isso sim, a colocá-los em pé de igualidade com os outrod partidos e escolher com critério, a melhor opcao de governacao!
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Brazao Catopola Bem visto nessa perspectiva. Mas esses jovens não apoiam nem a frelimo nem a RENAMO por rejeitarem a forma ou as consequências da história desses dois. Então surge uma terceira alternativa, não pela via histórica. O que está em causa não é o apoio ao MDM mas a rejeição aos dois anteriores.
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Ed Mazive tudo bem, apenas olhei para a coerência da sua ideia
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37 min
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Egidio Vaz São no geral boas conjecturas. O que está enviesado porém é na minha opinião, acharem que por rejeitarem os dois partidos tradicionais os jovens vão pegar na terceira força, neste caso, o MDM. Puro engano, pelo menos não é isso que a ciência defende. Estudos recentes indica que o partidariasmo está esgotado e agora os jovens buscam solução não-partidárias. O desapontamento popular nas democracias com a chamada “velha política” fez surgir movimentos que negam portar etiquetas ideológicas, recusando-se a se identificarem com um ponto do espectro político. Foi assim o Podemos da Espanha, o MoVimento 5 Stelle (M5S) na Itália, a Rede Sustentabilidade e o NOVO no Brasil. Também nesse ambiente de desalento partidário, uma reação populista ganhou impulso, como é o caso do movimento Tea Party e a candidatura de Trump nos EUA, a eleição de Rodrigo Duterte do Partido Democrático Filipino-Poder ao Povo (PDP-Laban) nesse país asiático. Portanto, o que estou a defender aqui é que cabe aos partidos tradicionais reinventarem-se para ajustarem as expectativas e o modus operandi de forma a cativar esta nova vaga de votantes. A minha conclusão é que tanto a Frelimo, Renamo ou MDM, estão todos enfrentando mesmos desafio, cada um na sua magnitude. A velha política está esgotada.
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Brazao Catopola Estas a concordar comigo usando outra rota. O que eu disse é que o MDM tinha algo a dizer e voltei a reiterar agora sobre a terceira via exactamente porque o viés anterior história esgotou ou está em esgotamento, sobretudo agora com a mudança do lugar do poder e da geração que vem adquirindo o poder. Agora, é preciso notar que na questão da Espanha e Itália que surgiram partidos cuja base foram as redes sociais é completamente diferente do cenário de Moçambique. O acesso e a formação do político via redes sociais em Moçambique ainda é incipiente. No caso do Trump e mais precisamente no caso da Chanceler alemã que perdeu eleições municipais tem um elemento importante a ter em conta. Enquanto Trump se focou no discurso nacionalista e intra americano o que trouxe a velha noção de AMERICA, Merkel perdeu os municípios pela abertura das suas fronteiras aos emigrantes ou seja os vencedores têm em comum o factor nacionalista acoplado ao patriotismo no discurso dos seus oponentes. Estes aspectos não se levantam por hora no nosso contexto que é maioritariamente de votação regido pelos fatores históricos e acesso a riqueza, uma espécie e escolha racional do votante. Ademais o fator de rejeicao de muitos desses jovens e mesmo a forma como foi sendo construida o patritismo e nacionalismo quer pela frelimo quer pela renamo. Portanto, assemelhar o nosso contexto ao desses países seria uma precipitação tremenda a meu ver.
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18 minEditado
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Fernando Sande brazao concordo, mesmo cm amurane bombardeando o tecto d M.D.M.claramente mostra q ta a serviço d alguem, hj as pessoas veê as coisas diferentes isto porque?ja viram q a renamo e frelimo sao aliados,e se dlakhama hj duspara tem medo do mdm incluindo frelimo, pra acarinhar a renamo dá lhe o segundo lugar 2017 foi o fim d cuchacanema dos dois, o mdm é a unica alternativa pra o moz
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Jonas Joaquim Claramente que o MDM sempre tera seus eleitores assim como PIMO, PDD e outros sempre .tiveram. O certo ee que MDM com o avolumar da visível e inegável crise interna,arrisca-se a ser um partido menos expressivo nos próximos pleitos eleitorais com o provável casamento entre os extra parlamentares e a Renamo
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Benjamim Muaprato Se assim acontecesse, Mocambique sairia a ganhar. Nao se ve a importancia nem a relavancia destes partidos ditos extraparlamentares. Nas Eleicoes presidencias e legislativas deviam concorrer apenas 2 maiores partidos, como acontece nos EUA. Existe municipios para os outros partidos de menor expressao concorrerem, como por exemplo o MDM que se aproveitou do desaparecimnto sol para brilhar.
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Mateus Mateus Jr. Será que existe estes partidos ou se circunscrevem apenas aos seus 40 líderes??
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Yaqub Sibindy O FIM DA DESONESTIDADE INTELECTUAL:

Egidio Vaz, inaugura uma nova era em que os intelectuais passam a assumir o seu papel natural de servirem se de Lanterna da Sociedade, com vista à despertar o brilhar da luz da consciência de Cidadania na República 
de Moçambique! 

Não existe sabor nato de uma Democracia de um Estado de Direito e Democrático, com uma classe de intelectuais que é lambebotas e beija - mão do partido no poder! 

A classe intelectual, numa sociedade que se pretende ser democrática, constitui se um verdadeiro Advogado do Povo contra a Tirania e jogadas maquiavélicas dos partidos políticos!
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2 hEditado
Rui Jose de Carvalho Mano Yaqub Sibindy anda zangado. Que se passa, de costas voltadas com a classe intelectual e acadêmica.
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Jonas Joaquim Nao sou politico mas uma coisa ee certa. Nao se faz nao faz politica sem nenhuma base de apoio ou seja sem contar com o povo eleitor. Se o PIMO nao consegue meter um unico elemento seu numa autarquia para nao falar de Municipio espera ser chamado partido politico ou outra coisa?
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Yussuf Adam Amurane no MDM deu uma cisao... 40 extras na Renamo pode ser uma tentativa de minar a Renamo por dentro. Sera possivel ou sao conjecturas de um velho historiador testando teorias da conspiracao..
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Afonso Antonio Zivane Não concordo com a ideia de que a nossa democracia ruma para um Bipartidarismo inévitável por duas simples razões: primeiro porque a Renamo sem coligação já conseguei ser o segundo partido mais votado e segundo, qual é o valor acrescido que a Renamo tira se coligando aos pequenos? Se recordem que cota Dhlaka disse certa vez que não pretende dar boleia aos pequenos.
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Bernardo J. Nopiha O que eu percebi os 40 partidos vão concorrer unilateralmente nas eleições legislativas e nas presidenciais vão apoiar o tio Dhlakama. Por outras vamos ter 3 concorrentes, os manos Nyussi e Deviz e o tio Dhlakama.
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Constantino Joao Ao invés de ser um valor acrescentado a Renamo, será um fardo a suportar. Esse grupo nunca conseguiu eleger um deputado sequer.
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