A
CASA adaptada à condição física do 2º Vice-Presidente da Assembleia da
República (AR), Younusse Amad, localizada num dos bairros nobres da
capital do país, é lhe entregue esta semana, segundo garantiu ao
Notícias o secretariado-geral do Parlamento.
A
moradia está ajustada ao estado físico do 2º Vice-Presidente da
Assembleia da República, de tetraplégico, ou seja totalmente incapaz de
se locomover por si próprio, desde o exterior ao interior, incluindo
rampas, casa de banho, mobília, também ajustada à sua condição, e cama
especial que pode ser movida com ajuda de rodas.
Não
nos foi possível apurar o custo da casa e do respectivo mobiliário, mas
o secretariado-geral do Parlamento disse à nossa reportagem ter-se
tratado duma infra-estrutura que foi erguida com fundos do Estado. A
construção da moradia ajustada à condição de tetraplégico do 2º
Vice-Presidente do órgão legislativo foi em resposta a uma orientação
dada ao secretariado-geral pela Presidente da Assembleia da República,
Verónica Macamo, logo que o Parlamento viu-se confrontado com a situação
de Younusse Amad, no início da presente legislatura, em 2015.
Segundo
soubemos, desde logo foi criada uma comissão que integrava, para além
da Assembleia da República, quadros dos ministérios da Economia e
Finanças e das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, que foi
encarregue de procurar uma casa no mercado para hospedar o 2º
Vice-Presidente, nas condições em que se encontra e à altura da sua
função.
Neste
processo, foi encontrada uma casa, no antigo mercado do peixe, cujo
preço estava acima de um milhão de dólares e que não estava ajustada à
condição física do 2- Vice-Presidente. De acordo com o
secretariado-geral da Assembleia da República, o Governo teria se
mostrado indisponível em pagar este valor, tendo recomendado a
construção duma moradia abaixo do montante.
A
casa que esta semana será entregue ao 2º Vice-Presidente da AR devia
ter sido já construída o ano passado, mas razões burocráticas que se
prende com o lançamento de concurso público e apuramento do empreiteiro
levaram a que só fosse possível este ano. Segundo o secretariado-geral
do Parlamento, Younusse Amad estava ao corrente de todo o processo, de
tal maneira que foi convidado a inspeccionar a moradia durante a fase da
sua edificação e ajudar na selecção do mobiliário.
O
2º Vice-Presidente teria prescindido da casa, alegando que se localiza
distante do centro da cidade, sendo que lhe devia ser disponibilizado um
transporte, para além da viatura protocolar de que se serve nas suas
deslocações em missão de serviço. Aliás, Younusse Amad tem uma viatura
que lhe foi disponibilizada para residência, para além de ter já
recebido dinheiro correspondente a um carro de alienação a que tem
direito como todos os outros deputados, a seu pedido.
Fonte
do secretariado-geral da AR disse mesmo que se o 2º Vice-Presidente não
tivesse colocado entraves, já estaria, por estas alturas, na residência
protocolar que esta semana vai ser entregue, pois não há nenhuma
intenção velada de o discriminar em razão da sua condição física ou
proveniência político-partidária.
Despesas de hotel constrangem AR
Há
dois e meio que o 2º Vice-Presidente da AR vive num hotel na capital do
país, com todas as despesas pagas pelo Estado, como é sua obrigação. O
pagamento inclui despesas de alimentação, alojamento, lavagem de roupa e
subsídio ao seu filho que o assiste pessoalmente, por opção de Younusse
Amad.
O
secretariado-geral da Assembleia da República refere que o 2º
Vice-Presidente está alojado num quarto condigno, à altura do seu cargo,
não havendo qualquer intenção ou acção premeditada de tirar proveito da
situação por parte de quem quer que seja. Pelo contrário, indica o
secretariado-geral, a Assembleia da República sente-se “muito
constrangida” com o facto de Younusse Amad estar alojado num hotel, pois
os custos são elevados, considerando a situação económico-financeira
que o país vive.
Segundo
a fonte, o 2º Vice-Presidente terá formulado, em cartas, 23 pedidos que
deviam ser satisfeitos pelo órgão legislativo, um dos quais o de que
fosse instalado um aparato de segurança na casa da sua mãe na cidade da
Beira.
“Os
pedidos foram satisfeitos nas condições legalmente possíveis e
financeiras existentes e muitas vezes até à sacrifício do orçamento da
própria Assembleia da República”, disse.
Trata-se
de assunto que merece ser apreciado em sede da Comissão Permanente da
Assembleia da República, dada a gravidade das acusações feitas pelo 2-
Vice-Presidente do órgão legislativo, imputadas à Presidente do próprio
Parlamento, na qualidade de responsável número um da Casa do Povo.
Numa
publicação da semana passada, um determinado órgão de informação, a
quem Younusse recorreu para despoletar a alegada discriminação de que é
vítima na Assembleia da República, insinua que Verónica Macamo mora na
sua casa na cidade da Matola, estando o Estado a pagar as despesas
decorrentes da instalação na sua própria residência, quando a Presidente
do Parlamento já se mudou, desde finais do ano passado, para a casa
protocolar na cidade de Maputo, depois de ter sido reabilitada.
Na
mesma publicação, Younusse Amad é citado a alegar falta de privacidade e
segurança no hotel onde está instalado. Sobre a matéria, o
secretariado-geral da Assembleia da República esclareceu que o 2- Vice-
Presidente da Assembleia da República é transportado, em serviço, de
viatura protocolar (Mercedes Benz), que inclui o Ajudante de Campo,
vulgo segurança.
A
colocação de um segurança no hotel que ele próprio preferiu seria, para
a fonte do secretariado-geral do Parlamento, uma questão improcedente,
uma vez que não é o mesmo que numa residência privada, para além de que
poderia criar algum mal-estar, não somente aos restantes hóspedes, como
para a própria gerência.
Younusse Amad já não quer falar
Contrariando
o que havia garantido semana passada ao Notícias, o 2º Vice-Presidente
da Assembleia da República recusou-se a falar sobre o assunto. Com
efeito, ontem, através da sua secretária, Younusse Amad mandou o
seguinte recado, em SMS:
“Liga
para ele diz que eu pretendia dar uma entrevista do balanço de 2 anos
do meu mandato e não para rebater algum trabalho já feito e publicado no
jornal como foi o caso da entrevista ao secretário-geral. Não posso dar
essa entrevista porque seria uma espécie de contraditório. Eu não quero
lavar a roupa da casa ou seja Assembleia da República em praça pública.
AR merece respeito”.
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