segunda-feira, 8 de maio de 2017

Borges Coelho defende maior acesso aos livros no país


Autor de “O Olho de Hertzog” defende que é preciso levar os livros à juventude

O escritor João Paulo Borges Coelho defendeu, semana passada, que é preciso facilitar o acesso aos livros no país, num encontro realizado em Maputo, por ocasião do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP.
“Em Moçambique, por exemplo, um estudante pobre precisa de seis meses para comprar um livro. Isso é uma vergonha. É necessário que se adoptem medidas para facilitar o acesso aos livros”, frisou o escritor.
Para o autor, é preciso levar os livros à juventude, evitando a uma certa elitização da literatura.
Borges Coelho lançou o apelo durante uma conversa com o romancista e investigador literário Helder Macedo, promovida pelo Centro Cultural Português e pela Fundação Calouste Gulbenkian, que preside actualmente à Comissão Temática da Língua Portuguesa em Portugal.
Além de ser necessário facilitar o acesso aos livros, os dois autores apontaram mais batalhas por travar.
Helder Macedo apontou o facto de a maior parte dos moçambicanos não terem o português como a primeira língua como um desafio para os escritores do país na actualidade.
“Eu presumo que um dos maiores desafios para Moçambique a nível da literatura é o facto de (a língua portuguesa) não ser falada pela maior parte da população”, referiu o autor de ‘Partes de África’.
Por outro lado, defendeu que a literatura nos países africanos de língua portuguesa tem o desafio de redefinir a sua posição, considerando que a narrativa da “transição revolucionária” está esgotada.
“A mim interessa-me bastante ver agora o que se segue. Aquela fase de transição revolucionária já passou, passaram-se 40 anos”, declarou, acrescentando que o grande ideal da consolidação das identidades nacionais já acabou.
“Há, na verdade, várias literaturas que usam a mesma língua. É fundamental ver os desenvolvimentos específicos”, observou, acrescentando que ainda há muito espaço para as novas gerações na literatura de língua portuguesa.
Borges Coelho considerou importante a “agitação” literária que a lusofonia está a viver e apontou que “o grande desafio é o da publicação”, referiu o autor de “O olho De Hertzog”.
A conversa entre os dois autores juntou várias personalidades no Centro Cultural Português, em Maputo, entre académicos e escritores, com destaque para nomes como Mia Couto e Brazão Mazula.
João Paulo Borges Coelho recebeu o Prémio José Craveirinha em 2006 com “As Visitas do Dr. Valdez” e o Prémio Leya em 2009 com “O Olho de Hertzog”.

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