Moçambique tem recursos para todos - Palavras do Padre Vicente Berenguer
Por Edwin Hounnou
O Padre Vicente Berenguer Llopis, da Congregação Padres de Burgos, de nacionalidade espanhola, chegou a Moçambique no ano de 1967. Trabalhou em Moatize e Cidade de Tete e Changara, uma zona isolada, tórrida e com poucos recursos mas com gente dedicada ao trabalho.
Padre Vicente evangelizou, ensinou a sua gente a amar a Deus e ao próximo. Ensinou que o povo tem o direito à liberdade e ao progresso. Ensinou a inconformar-se com a situação e a lutar pela sua emancipação. O amor a Deus pressupõe amarras e lutar pela liberdade e independência. Muitos jovens atravessaram a fronteira ao encontro dos que lutavam pela liberdade e independência através das mãos do Padre Vicente e isso criou-lhe dissabores de tamanhos variados com as autoridades coloniais.
Em 1975, chegou a independência e o Padre Vicente continuou com o seu trabalho de consciencialização. Todos, incluindo ele próprio, estavam entusiasmados com os ventos da independência porque o povo passaria a ter mais escolas, mais centros de saúde e com melhor habitação. Não tardou a ser acusado de ensinar o povo o que não convinha aos novos governantes. Teve problemas e ia sendo "corrido" e a caminho da deportação, Sérgio Vieira foi tirá-lo do avião. São coisas da revolução de confundir amigos com inimigos. Ficou em Maputo, como funcionário da Educação sem deixar a sua tarefa de missionário. O Padre Vicente já com 80 anos, amigo dos pobres, excluídos e dos oprimidos, vai descansar depois de 50 anos de trabalho ininterrupto em Moçambique e com a gente humilde. Construiu a Escola Secundária do Bairro Ferroviário das Mahotas e um importante Centro onde as mulheres aprendem a costura e culinária. Em Ressano Garcia deixa uma imponente Escola Secundária, um condomínio para os professores com todas as condições para os docentes se sentirem bem.
Porém, o Padre Vicente diz que os frutos da independência ainda não chegaram ao povo porque os novos governantes se esqueceram dos objectivos da luta. Eles não aprenderam a redistribuir os benefícios da independência. A riqueza ficou acumulada nas mãos das mesmas famílias, no mesmo grupo e o povo caiu numa das piores desgraças de sempre -pobreza abjecta e repugnante. Se nada for revertido, Moçambique vai cair numa catástrofe histórica sem precedente.
O país tem tudo para ser um paraíso para todos e não num vale de lágrimas onde uns poucos têm tudo e a maioria está desprovida do essencial para levar uma vida com alguma dignidade, disse o prelado em conversa amena. O Padre Vicente vai para sua terra natal e leva o povo de Moçambique, para quem trabalhou durante 50 anos, no coração. Está amargurado por o povo não ter alcançado os objectivos da luta pela independência. O povo não lutou para substituir um explorador por outro nem um opressor por outro, mas para alcançar a justiça, a liberdade, igualdade e o progresso. Passados 40 anos da independência, esses objectivos estão a ficar cada vez distantes e isso entristece profundamente o sacerdote.
Os Padres de Burgos vieram para Moçambique na década de 60 e até 1974 quase todos já haviam sido expulsos do país pela polícia política (PIDE) por discordarem da forma como o regime de Salazar /Caetano geria os destinos do nosso país e operavam nas províncias de Sofala, Manica e Tete. Os Padres de Burgos eram, na sua maioria, um importante grupo de oposição ao regime colonial.
Por Edwin Hounnou
O Padre Vicente Berenguer Llopis, da Congregação Padres de Burgos, de nacionalidade espanhola, chegou a Moçambique no ano de 1967. Trabalhou em Moatize e Cidade de Tete e Changara, uma zona isolada, tórrida e com poucos recursos mas com gente dedicada ao trabalho.
Padre Vicente evangelizou, ensinou a sua gente a amar a Deus e ao próximo. Ensinou que o povo tem o direito à liberdade e ao progresso. Ensinou a inconformar-se com a situação e a lutar pela sua emancipação. O amor a Deus pressupõe amarras e lutar pela liberdade e independência. Muitos jovens atravessaram a fronteira ao encontro dos que lutavam pela liberdade e independência através das mãos do Padre Vicente e isso criou-lhe dissabores de tamanhos variados com as autoridades coloniais.
Em 1975, chegou a independência e o Padre Vicente continuou com o seu trabalho de consciencialização. Todos, incluindo ele próprio, estavam entusiasmados com os ventos da independência porque o povo passaria a ter mais escolas, mais centros de saúde e com melhor habitação. Não tardou a ser acusado de ensinar o povo o que não convinha aos novos governantes. Teve problemas e ia sendo "corrido" e a caminho da deportação, Sérgio Vieira foi tirá-lo do avião. São coisas da revolução de confundir amigos com inimigos. Ficou em Maputo, como funcionário da Educação sem deixar a sua tarefa de missionário. O Padre Vicente já com 80 anos, amigo dos pobres, excluídos e dos oprimidos, vai descansar depois de 50 anos de trabalho ininterrupto em Moçambique e com a gente humilde. Construiu a Escola Secundária do Bairro Ferroviário das Mahotas e um importante Centro onde as mulheres aprendem a costura e culinária. Em Ressano Garcia deixa uma imponente Escola Secundária, um condomínio para os professores com todas as condições para os docentes se sentirem bem.
Porém, o Padre Vicente diz que os frutos da independência ainda não chegaram ao povo porque os novos governantes se esqueceram dos objectivos da luta. Eles não aprenderam a redistribuir os benefícios da independência. A riqueza ficou acumulada nas mãos das mesmas famílias, no mesmo grupo e o povo caiu numa das piores desgraças de sempre -pobreza abjecta e repugnante. Se nada for revertido, Moçambique vai cair numa catástrofe histórica sem precedente.
O país tem tudo para ser um paraíso para todos e não num vale de lágrimas onde uns poucos têm tudo e a maioria está desprovida do essencial para levar uma vida com alguma dignidade, disse o prelado em conversa amena. O Padre Vicente vai para sua terra natal e leva o povo de Moçambique, para quem trabalhou durante 50 anos, no coração. Está amargurado por o povo não ter alcançado os objectivos da luta pela independência. O povo não lutou para substituir um explorador por outro nem um opressor por outro, mas para alcançar a justiça, a liberdade, igualdade e o progresso. Passados 40 anos da independência, esses objectivos estão a ficar cada vez distantes e isso entristece profundamente o sacerdote.
Os Padres de Burgos vieram para Moçambique na década de 60 e até 1974 quase todos já haviam sido expulsos do país pela polícia política (PIDE) por discordarem da forma como o regime de Salazar /Caetano geria os destinos do nosso país e operavam nas províncias de Sofala, Manica e Tete. Os Padres de Burgos eram, na sua maioria, um importante grupo de oposição ao regime colonial.
6 comentários
Comentários
Maria Cristina Gomes Fernando Veloso, será possível conseguir um contacto do Pe. Vicente?
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Pedro De Castilho Não era este que tinha perto de Ressano Garcia uma escola onde tinha crianças aprenderem agricultura?
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Pedro De Castilho Padre dos pobres..Casa do Gaiato?
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Adao Da Fonseca Ele hoje despediu se em lágrimas da população de Ressano García
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