O ARGUMENTO DA IGNORÂNCIA
Existe na mente humana uma sedução que os psicólogos bem conhecem. Dália Matsinhe, anda cá. Chama-se argumento da ignorância. Argumento da ignorância ocorre quando alguém tenta argumentar que algo é verdadeiro porque se não provou ser falso, ou argumentar que algo é falso por não se ter provado ser verdade. A falácia ocorre quando a falta de conhecimento de que uma posição é verdadeira leva à conclusão de que a posição oposta é verdadeira. O argumento da ignorância parece ser mais sedutor quando usado para apoiar o que os americanos chamam "wishful thinking" (pensamento voluntarioso?). Pessoas que querem acreditar em projeção astral, por exemplo, são susceptíveis de pensar que a falta de provas do contrário das suas crenças é de algum modo relevante para as suportar.
O astrofísico americano Neil deGrasse Tyson chama atenção às pessoas para não usarem o argumento da ignorância, ou seja, falar muito sobre o que não sabe, interpretar factos por analogia, baseando-se naquilo que ele apelida por EXPERIÊNCIA DA IGNORÂNCIA. Por exemplo, se alguém na sua vida tiver sempre ouvido falar de objectos voadores não-identificados, OVNI, facilmente pode confundir um avião há milhas de distância por um ovni, com recurso a sua experiência da ignorância. deGrasse aconselha-nos a PARAR DE FALAR ATÉ ONDE SOUBERMOS.
Este é o meu último post sobre os dois anos e meio do mandato do Presidente Nyusi. Muitos académicos, a maioria dos quais ANALFABETOS FUNCIONAIS, recorrem ao discurso inaugural para fazer a análise (analise?) da metade do mandato do governo de Nyusi. Eu julgo que é propositado este método. Na verdade, o discurso do Presidente Nyusi ficou materializado no Pano Quinquenal do Governo e desdobrado em planos económicos e sociais anuais. Alguém lê esses documentos? E que tal as respectivas avaliações? É na minha opinião, lá onde devemos olhar. São documentos oficiais, legais sobre os quais o legislador e o cidadão deitam mão para escrutinarem seu cumprimento.
Um dia, alguém disse o seguinte: se quiseres esconder algo de um preto, esconde-o no livro (não vai ler porque não gosta; porque é preguiçoso). Esse branco era muito racista. Mas posso parafraseá-lo e colocar assim: se queres esconder algo de preguiçosos coloque-o por escrito.
É ESPANTOSA a forma como analfabetos funcionais e outros malfeitores cuidam de analisar (analisar?) um meio-mandato apenas confrontando dois discursos. O inaugural e o ponto de situação (que nem é balanço) feito no dia 15 de Julho? ESPANTOSO. Não lêem documentos, não acompanham os noticiários, não possuem pensamento próprio, é tudo produto do preconceito. OU DEVEREI EU ACREDITAR QUE A CAMPANHA ELEITORAL ESTÁ AO RUBRO!? Watch out! Como alguém consegue abrir a boca e deixar todo ar sair, para dizer algo que não conhece?
Devemos saber/aprender de falar até onde conhecemos as coisas. Mas…pensando bem, têm razão os que se socorrem ao argumento de ignorância. Eles querem saber e querem preencher o vazio de informação que os assola. Há que repensar a forma como as entidades do estado comunicam com os cidadãos.
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