Rafael procurou recuperar a sua verdadeira identidade convencido de que o crime que cometera já estava esquecido no passado.
Rafael,
um fugitivo à justiça espanhola acusado de homicídio, há 19 anos, foi
detido esta semana em Nova Iorque. Confiante de que o crime que cometera
já estava esquecido no passado, o fugitivo havia já iniciado as
formalidades necessárias para a recuperação da sua verdadeira
identidade, tendo solicitado uma cópia da sua certidão de nascimento no
consulado e até criado um perfil na rede social Facebook.
O
fugitivo refez a sua vida em Nova Iorque, com recurso a documentação
falsificada. Era um emigrante, sem papéis, que sobrevivia a fazer todo o
tipo de trabalhos desde cozinheiro até limpa cristais. Esta semana
Rafael foi deportado num avião até ao aeroporto de Prat, em Barcelona.
Se tal tivesse sucedido quatro meses mais tarde, escaparia ao crime de
homicídio que iria prescrever.
Rafael
era acusado do homicídio da ex-namorada, Nídia, uma colombiana de 30
anos. Tinham passado quase oito meses desde que a família denunciou o
desaparecimento da rapariga, no verão de 1997, quando o corpo foi
descoberto dentro de uma vala numa paragem em Viladecans, Barcelona.
A
família da jovem recorda que Rafael a tinha ido buscar nessa tarde,
Nídia disse que voltava num instante, saiu com os chinelos calçados e já
não voltou mais. Não se soube mais nada sobre o seu paradeiro até, oito
meses depois, o seu corpo ter sido encontrado por um transeunte.
Rafael,
com 23 anos na altura, apanhou um avião com destino a Nova Iorque um
dia depois de ter cometido o assassinato e foi ter com o irmão. Em
Barcelona deixou a mãe com quem não manteve contacto ao longo dos 19
anos. Ao chegar aos Estados Unidos, o fugitivo mudou de nome
aproveitando o facto de o seu apelido ser também um nome próprio,
eliminando qualquer pista.
O caso do
homicídio de Nádia foi reativado o ano passado, pela Policia da
Catalunha, por estar prestes a prescrever. Em declarações ao El País, um
dos investigadores do caso explicou como chegaram até Rafael:
"Reiniciamos os procedimentos desde o inicio e viemos a determinar pelas
redes sociais que ele estava a viver a Nova Iorque". Com a colaboração
do FBI, foi possível conseguir uma foto recente do homem que
supostamente era Rafael.
Depois de
vários meses de investigação foi possível obter uma morada, mas sem
sucesso visto que o homem já não residia no local. O fugitivo foi
encontrado após o Departamento de Imigração de Nova Iorque ter detido
Rafael, em Madison Square, por não ter os papéis de emigração em dia,
após quase 20 anos.
Esta semana Rafael
regressou a Barcelona para responder pelo crime cometido no verão de
1997, quando foi buscar a sua ex-namorada porque "lhe queria dizer uma
coisa".
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