Spicer sai em conflito com Trump depois de seis meses como porta-voz da Casa Branca
O
porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, demitiu-se esta sexta-feira,
avança a imprensa internacional. Spicer terá resignado por discordar da
nomeação do novo diretor de comunicação da administração Trump, Anthony
Scaramucci, cujo nome foi hoje conhecido.
Scaramucci,
que vem da área da finança, deverá assumir o cargo em agosto. Além de
Spicer, de 45 anos, a equipa de comunicação da Casa Branca contava
também com Sarah Sanders, de 34 anos, que passa a ocupar a posição de
porta-voz oficial do presidente.
O
cargo de diretor de comunicação estava vago desde que Michael Dubke
resignou, no passado mês de maio. Desde então, era Sean Spicer quem
acumulava as funções de diretor de comunicação e porta-voz na
administração Trump.
Dubke
trabalhou estreitamente com o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, o
rosto público do Governo e alvo frequente de críticas pela sua abrupta
comunicação com os jornalistas acreditados na Casa Branca.
Olhem só para as ótimas audiências televisivas de Spicer
Donald Trump comentou a demissão de Spicer num comunicado e disse estar grato ao porta-voz, que deixa o cargo em agosto.
"Estou
grato pelo trabalho de Sean ao serviço da administração e do povo
americano. Desejo-lhe sucesso enquanto ele segue em frente à procura de
novas oportunidades", dizia o comunicado de Trump, lido por Sarah
Sander. "Olhem só para as suas ótimas audiências televisivas", continuou
o presidente, segundo a Reuters.
Numa
mensagem publicada esta tarde no Twitter, Spicer diz que foi "uma honra e
um privilégio servir Donald Trump e este país maravilhoso".
Spicer, o portador dos "factos alternativos"
Spicer
tornou-se bem conhecido devido às polémicas declarações que fazia
quando tentava justificar as ações do presidente dos EUA. Chegou a
ver-se obrigado a pedir desculpa por ter dito que o uso de gás pelo
regime de Bashar al-Assad, na Síria, era algo tão horrível que nem
"alguém tão desprezível como Hitler" descera tão baixo ao ponto de usar
armas químicas.
E era o portador dos
"factos alternativos", como dizia a conselheira de Trump Kellynne
Conway, referindo que a Casa Branca tinha a versão alternativa dos
acontecimentos, que raramente corresponde com a apresentada pelos
jornalistas.
Logo no dia a seguir à
tomada de posse de Trump, Spicer acusou os 'media' de terem mentido
sobre a fraca adesão pública à cerimónia, e garantiu que esta teve a
maior assistência de uma tomada de posse "de sempre". Em sua defesa iria
surgir outra figura próxima do círculo de Trump, a conselheira e
ex-gestora da campanha presidencial Kellyanne Conway, que afirmou então
que Spicer não forneceu informações falsas, mas sim "factos
alternativos".
Foi também Spicer quem
afirmou perante os jornalistas que Trump sabia muito bem o que estava a
escrever no Twitter quando o presidente publicou o célebre "covfefe" nas
redes sociais. Até hoje, ninguém sabe porque deixou Trump uma palavra a
meio e não terminou o 'tweet', mas Spicer disse: "Penso que o
presidente e um pequeno grupo de pessoas sabem exatamente o
significado".
A postura hostil e
agressiva de Spicer na sala de imprensa da Casa Branca tornou-se uma
imagem de marca do porta-voz e acabou por ser satirizada por uma atriz
de Hollywood, Melissa McCarthy, no Saturday Night Live, programa de humor do horário nobre da televisão americana.
Envolveu-se
numa nova polémica quando foi abordado numa loja em Washington por uma
mulher a propósito das políticas de Trump e reagiu com uma frase que lhe
valeu acusações de racismo: "Que grande país este é, que até lhe
permite estar cá!".
"Encorajo-o a continuar" a usar o Twitter
O
novo diretor de comunicação da administração Trump, Anthony Scaramucci,
disse esta sexta-feira numa conferência de imprensa que Donald Trump
devia continuar a fazer publicações frequentes no Twitter.
"O presidente é um comunicador muito muito eficiente", disse Scaramucci, segundo a CNN.
Para mim, tem sido um uso muito eficaz [do Twitter] para chegar ao
público americano diretamente", continuou, mencionando os milhões de
utilizadores que seguem Trump nas redes sociais.
"Eu encorajo-o a continuar", acrescentou Scaramucci.
Scaramucci
negou existir alguma fricção com Sean Spicer. "Adoraría ter o Sean aqui
mas o Sean decidiu que seria melhor ir-se embora e para mim isso mostra
como é como ser humano e como jogador de equipa", disse Scaramucci.
"Aprecio isso no Sean e adoro-o e não tenho nenhuma fricção com o Sean", continuou.
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