Dhlakama volta a alertar sobre a lentidão, mas apela à calma
Corridos!
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Dança de cadeiras na Frelimo
TEMA DA SEMANA 2 Savana 16-06-2017
Numa altura em que o
Presidente da República,
Filipe Nyusi, encontra-se
em Washington
a participar na cimeira bienal
EUA-África, o líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, voltou a acusar
o Governo de lentidão nas negociações
de paz e de resistência
no abandono do cerco à serra da
Gorongosa e alertou aos “camaradas”
para um tratamento sério
do assunto, para a mudança da
imagem de Moçambique, garantido
que não vai recuar enquanto
não democratizar Moçambique
e que um acordo será alcançado
ainda este ano.
Em entrevista ao SAVANA nesta
quarta-feira, dia em que Nyusi se
reunia com o secretário do Estado
norte-americano, Rex Tillerson,
o líder do maior partido da
oposição reconheceu o mal-estar
dos moçambicanos causado pela
demora nas negociações de paz,
afiançando que está a usar golpes
de mestria para o alcance de
um acordo, face às experiências
amargas do passado, e assegurou
que não vai “acobardar e decepcionar”
na luta pela democracia.
Após considerar lentas as negociações,
abordou o PR Filipe
Nyusi? E como está a andar o
processo agora?
Até agora não há nenhuma mudança.
Tudo é lento, mas a promessa
é que talvez já na próxima
semana as coisas possam avançar
já um pouco com pressa, quer na
descentralização, assim como nos
assuntos militares. Mesmo o assunto
da retirada aqui no cerco da
Gorongosa.
É claro que ainda não esgotamos
o prazo, que foi marcado, até finais
do primeiro semestre, isto é, até
dia 30 deste mês de Junho, todas
as posições militares das forças
governamentais teriam de sair da
serra da Gorongosa. Mas podemos
dizer que há um atraso, porque este
assunto foi tratado em Abril, e a
retirada começaria a partir da primeira
semana de Maio e até aqui
ninguém saiu. Os que tentaram
sair, umas três posições, de Mapanga-panga,
de Siua, assim como
uma posição chamada Mazembe,
não se retiraram para Mapundo ou
onde haviam saído, retiraram-se aí,
para mostrar que saíram, mas estão
a uns 5 ou 10 quilómetros, na
mesma área. O prazo combinado,
de 30 de Junho, ainda não chegou.
Posso crer e acreditar que, se calhar,
até o dia 30 todos sairão mesmo,
mas há morosidade.
A não retirada dos militares poderia
se traduzir numa desobedi-
ência ao comando do PR Nyusi?
É difícil eu responder com precisão
ou taxativamente, mas eu sou
um general. Sou político, líder e
general. Dirigi a luta desde 1977
até hoje. Desde os 23 anos a crescer
nesta revolução, sei o que é um
militar desobedecer ordens. Não é
possível alguém das forças armadas,
governamentais, rejeitar ordens do
Comandante-em-chefe, constitucionalmente,
que é (Filipe) Nyusi.
Portanto, ele sabe das demoras, ele
sabe das lacunas, da falta de coordenação
entre ministérios, porque
isto é um componente misturado,
temos forças da FIR, da Intervenção
Rápida, que pertencem ao
Ministério do Interior, usando o
fardamento das “fademos”, e temos
mesmo as “fademos” que pertencem
ao Ministério da Defesa,
e depois é uma confusão, não há
coordenação entre ministérios, e
ele (Filipe Nyusi) é novo no poder.
( Joaquim) Chissano e (Armando)
Guebuza foram presidentes, não é
fácil, mas eu não quero achar que
ele esteja isento, que haja indisciplina,
ele tem conhecimento, a isto
chamaríamos de uma desorganização
organizada. Mas acabarão
por se retirar, porque não foi uma
conversa particular entre Dhlakama
e Nyusi, em que as pessoas poderiam
condenar-me, dizendo que
Dhlakama é que disse, não, ele, o
próprio Presidente da República,
na presença do grupo de contacto,
disse que se estavam a retirar, portanto,
se não se cumprir, quem fica
manchado? E toda a gente fica a
acreditar que aquilo que ele está a
tratar com Dhlakama não será implementado,
será igual àquilo que
eu fiz com Chissano e Guebuza,
ele é que ficará a dever ao público.
Mas quero ainda acreditar que se
vão retirar porque o prazo combinado
ainda não terminou.
Ocorreram incidentes desde a
declaração da trégua indeterminada?
Bom, não de disparos. Posso dizer
que é um grande sucesso, isso eu
posso falar com todo o orgulho,
porque quando dei a trégua sem
prazo, era de facto suicídio, sem
controlo, sem monitoria, num país
tão grande, com todas as províncias
com as forças armadas do Governo
e da Renamo.
Não tem havido incidentes de disparos
uns contra outros, mas há
um problema da indisciplina por
parte das “fademos”. Usam e violam
a trégua, usam fardamentos,
levam armas, vão às barracas, isto
é, nos mercados informais, bebem
fardados, mas os militares não
podem beber fardados, pedem dinheiro
e, às vezes, arrancam bens.
Isto tem acontecido, na Zambézia,
sobretudo, em Manica. Em Tete
houve um bocadinho de violação,
e os polícias a dizerem que os da
Renamo não podem içar bandeiras,
sobretudo, naquelas bandas de
Tsangano. Mas os deputados da
Renamo têm estado a falar com
o próprio comandante provincial
e são essas coisinhas que acontecem,
porque também porque, para
quem conhece o exército da Frelimo,
são indisciplinados. Não sei se
é problema de formação, por causa
da ética profissional, nunca foram
militares assim e obedecer o regulamento
militar.
Há um crescente mal-estar de
que o líder da Renamo estaria
a ser enganado pelo PR Nyusi
e a Frelimo, porque não estão a
acontecer as principais coisas
que deviam acontecer. Que leitura
faz deste mal-estar?
Há sim, há reclamações! Até porque
essas coisas, esses comentários
começaram quando dei entrevistas
a jornais e falei numa das teleconferências,
dizendo que as coisas
estavam a andar lentamente e, de
facto, as pessoas começaram a comentar.
Eu ainda não posso dizer que o
Presidente Nyusi me tenha enganado,
porque sempre é um
processo, eu reconheço que é um
processo. Não comecei a dialogar
com o Nyusi, já trabalhei com o
ex-Presidente Joaquim Chissano,
assinei um acordo com ele, as coisas
não foram cumpridas, já trabalhei
também com o ex-Presidente,
Armando Guebuza, assinei aquele
acordo de 5 de Setembro de 2014,
o acordo de cessação das hostilidades
militares, também não foi
implementado e, por isso, esse é o
terceiro líder da Frelimo, pode ser
a cultura dos dirigentes da Frelimo.
Mas agora quero acreditar que
a situação pode ser outra, porque
há muita vigilância, mesmo ao
nível de análise, dos quadros mo-
çambicanos, não digo quadros da
Renamo ou da Frelimo, quadros,
técnicos, jornalistas. Estamos a
exigir a descentralização e enquadramento
dos comandos da Renamo
no exército, como forma de
despartidarizar o exército. Não são
coisas do outro mundo, são coisas
visíveis.
A paz, o desenvolvimento, a descentralização,
aproximar o poder
às populações, é um assunto que
interessa a todos. Europeus, americanos
já estão a pressionar para
que haja um entendimento entre o
Governo e a oposição, e a oposição
referida é a Renamo, acredito que
as coisas vão andar.
Duas coisas estão na mesa, a descentralização
e a desmilitariza-
ção. Qual das duas seria prioritá-
ria para a Renamo?
As duas coisas. As duas coisas são
prioritárias e são diferentes em especialização.
É claro que podemos
dar a descentralização como prioritária,
porque tem de ser aprovada
na Assembleia da República,
enquanto que questões militares
têm a ver com a implementação
daquilo que devia ter sido feito no
passado, é um assunto pendente.
Agora, em termos de correr atrás
dos prazos, prioritária é a descentralização,
porque é preciso que,
até finais deste ano, o processo
entre na Assembleia da República,
seja discutido e aprovado, ainda
dentro deste ano ou finais deste
ano, para permitir que o Presidente
da República, constitucionalmente,
anuncie a data das eleições
gerais de 2019, com 18 meses de
antecedência, e 18 meses antes das
eleições de 2019 vai calhar nos
meados de Abril do próximo ano.
Por isso é bom que o tratamento
do assunto da descentralização
seja finalizado ainda antes do fim
deste ano. É esta prioridade que
podemos dar, mas em termos de
peso e de importância, também é
muito importante que o assunto
de enquadramento dos comandos
da Renamo, ao nível da chefia nas
“fademos”, seja tratado com muita
seriedade, que seja terminado este
ano, como forma de garantir que,
doravante, teremos as forças armadas
apartidárias, técnico-profissionais
e não como instrumentos de
opressão do partido Frelimo, como
agora está a acontecer.
Face a este cenário todo, ainda se
pode pensar numa paz num curto
prazo?
Sim. Sim senhor, porque eu estou
a ver as coisas, embora continue
aqui nas matas da Gorongosa, vejo
a compreensão e o crescimento
dos moçambicanos, sobretudo, na
camada intelectual. Os jovens já
conseguem se expressar, já querem
um verdadeiro desenvolvimento,
já querem andar à vontade sem
guerras, condenam os esquadrões
da morte e sequestros, já são pessoas
que estão a crescer, o que não
acontecia há 10 anos. As pessoas
ficavam assim escondidas, agora,
abertamente, há pressão sobre a
Renamo, há pressão sobre o Governo,
sobretudo, o Governo, porque
as pessoas sabem que o Governo
é que provoca, é que ataca
a Renamo. A Renamo está apenas
a autodefender-se para não ser liquidada.
Voltando à sua pergunta se podemos
alcançar um acordo a curto
prazo, sim senhor, porque há interesse,
mesmo do povo moçambicano,
de andar tranquilamente, sem
disparos e sem nada, produzirem
bem, para que haja o desenvolvimento
económico, também há
pressão internacional. Geograficamente,
Moçambique é um ponto
estratégico através dos seus corredores,
mesmo a África do Sul que
é um país muito rico, muitas das
suas exportações passam via porto
de Maputo, Suazilândia, Malawi,
Zimbabwe, Zâmbia, dependem
dos portos da Beira e Nacala-
-porto, esses interesses económicos,
nestes países vizinhos, não são
só as empresas dos zimbabweanos,
de zambianos e de malawinos, até
empresas europeias estão nestes
países vizinhos, e querem que as
suas mercadorias passem tranquilamente
pelos corredores de Mo-
çambique.
E nisto tudo, há pressão para que,
de facto, as partes, quer a Renamo,
quer a Frelimo, saibam que
Moçambique pode recuperar a
sua imagem, política, governação,
justiça, desenvolvimento econó-
mico e paz efectiva. Se levarmos as
coisas seriamente, eu não sou pessimista,
estou a acreditar embora
com experiência amarga do passado
com Chissano e com Guebuza,
vamos experimentar esse Nyusi
para ver como as coisas vão, eu
quero acreditar.
Dhlakama acusa lentidão e avisa que está a negociar com experiência amarga do passado
“Não se decepcionem”
Por André Catueira
“Até agora não há nenhuma mudança” - Afonso Dhlakama
Naíta Ussene
TEMA DA SEMANA Savana 16-06-2017 3
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Quero garantir ao povo de Mo-
çambique uma mensagem da paz.
Nós queremos uma paz efectiva, a
paz verdadeira e não a paz do calar
das armas, como essa da trégua
sem prazo, mas a paz verdadeira
que irá atingir os corações, sobretudo,
dos jovens, olhando o futuro
com desenvolvimento, o futuro
com boa governação, constitui-
ções democráticas a funcionarem a
favor das populações de Moçambique,
e ver de facto o desenvolvimento
equilibrado, para melhorar
a vida das famílias.
Veja que o salário dos funcioná-
rios públicos desvalorizou 50 por
cento, com a inflação, as famílias
que faziam estudar os seus filhos
nas escolas privadas, estão a trocar
porque já não aguentam pagar as
propinas, e nesta situação em Mo-
çambique, tudo está parado. Toda
a produção nacional vai para acomodar
o partido Frelimo, através
da corrupção, das dívidas absurdas,
e tudo isto pode ser resolvido não
com bazucas, não com helicópteros,
nem com canhão, por via do
diálogo, com a alternância governativa
em Moçambique. Eu não
estou emocionado, já sou uma pessoa
com mais de 60, e comecei a
lutar pela democracia aos 23 anos,
já passei por fases difíceis, de escapar
à morte e tudo, porém, nunca
recuei porque no dia em que recuar
serei cobarde, depois de ter dado a
esperança aos moçambicanos sem
temer a morte.
É para tranquilizar os moçambicanos
de que teremos os melhores
dias, teremos um estado de direito,
teremos a economia equilibrada, o
desenvolvimento. Temos mar, temos
boas terras para agricultura,
ouro carvão, essas coisas minerais,
tudo, e mesmo o turismo, por isso
não é um país pobre, se Moçambique
é pobre, foi empobrecido
por causa das políticas sectoriais
do governo da Frelimo. Quero
acreditar que, nos próximos anos,
teremos um estado de direito, e
até europeus virão pedir empréstimos
ao governo moçambicano,
com os empresários ricos em Mo-
çambique. Tenho esta perspectiva,
a minha mensagem é que o povo
não esteja decepcionado, sem esperança,
estamos a trabalhar para
o povo.
Visita de Nyusi aos
Estados Unidos
A Frelimo tem lhe acusado de falta
cultura democrática, pela sempre
recusa dos resultados eleitorais,
mesmo chanceladas por observadores
internacionais. Desta
vez, após estas negociações, vai
aceitar os resultados?
Bom, isto toda a gente sabe, nunca
tivemos eleições democráticas neste
país. É o mesmo que acontece
em Angola, ou aqui no país vizinho,
no Zimbabwe, e nos outros
países africanos, posso lhe dizer,
com toda a clareza, que nunca tivemos
eleições livres e transparentes.
Desde que iniciamos com as elei-
ções em 1994, a Frelimo nunca
ganhou, nem Chissano, nem
Guebuza, nem ele Nyusi, isto não
é dito por mim como Dhlakama,
porque não sou o dono do país,
eu sou um dos líderes políticos, é
dito pelo povo moçambicano. Os
próprios interessados em ver dirigentes
democraticamente eleitos
nunca tiveram dirigentes eleitos
democraticamente. Falta da democracia
por parte da Frelimo.
Isto revela-se com as próprias instituições.
Veja como é possível que
o Conselho Constitucional, num
processo cheio de fraude, que nem
uma criança de três anos vê que é
fraude, por uma questão partidá-
ria, porque tudo é Frelimo, Comité
Central, valida as eleições.
Nyusi diz aquilo que também o
Guebuza disse, e aquilo que o
Chissano sempre disse, os três
nunca ganharam as eleições, o que
nós pretendemos agora é que haja
Moçambique, e Moçambique tem
de mudar, não podemos continuar
a chamar “sua excelência”, pessoas
que perdem, mas usam a força,
militares, polícias, subornos. A luta
que a Renamo iniciou em 1977,
pela democracia multipartidária,
até hoje o povo está a exigir.
Agora, quando me pergunta o que
vai acontecer, nas eleições autárquicas,
e nas eleições presidenciais
de 2019, não sei, mas como líder
político, não posso ficar com as
mãos cruzadas, porque a Frelimo
rouba votos e tudo, é o problema
africano, não é só Moçambique,
muitos países africanos não sabem
o que é cultura democrática,
acham que ser chamado presidente
a roubar voto é assim. África não
pode continuar nas mãos de ditadores.
Ninguém reconheu as eleições,
em termos éticos, em Moçambique.
Os europeus, os americanos,
como os outros, não têm culpa. O
que interessa aos estrangeiros é um
terreno livre, desde que consigam
as concessões, tudo fazer e tirar os
lucros, não estão preocupados com
ditadores africanos.
Se de facto houvesse em Moçambique
uma norma própria, segundo
a qual aquele que rouba voto
não pode governar, Chissano não
teria governado dois mandatos,
Guebuza não teria governado dois
mandatos, nem este Filipe teria,
porque ninguém ganha as eleições.
Mas como a comunidade internacional
não está interessada em
olhar para o sofrimento dos africanos,
há interesses económicos,
eu sei muito bem, cada país quer
priorizar o desenvolvimento de
cada país, pronto.
Agora cabe a Dhlakama, com os
moçambicanos, lutar pela paz e democracia,
para fazermos com que
as eleições, as próximas eleições,
tragam alternância governativa,
constituições fortes, a trabalhar a
favor das populações, não aquilo
que está a acontecer em Moçambique,
em que os tribunais e outros
sectores é tudo Frelimo, algo tem
que mudar no país.
O PR Filipe Nyusi encontrou-se
quarta-feira, 14, com o secretário
de Estado norte-americano, Rex
Tillerson. Isto se enquadra também
no processo das negociações
de paz?
Eu acho que a visita dele e o encontro
pode ser para tratar de outros
assuntos, de interesse também
do país, que não posso especificar,
mas eu conheço a situação. É que
os americanos sempre disseram
que, havendo boa vontade das partes,
Governo e a Renamo, de demonstrar
o fim do conflito militar
e criar condições para a paz efectiva,
estariam disponíveis para ajudar
o processo, e isto o embaixador
americano tem afirmado. É por
isso, para o seu conhecimento, que
os americanos no grupo de contacto,
que tem como responsabilidade
observar o processo, puxam para
os dois lados, e América está no
segundo lugar como adjunto, e a
Suécia está com a presidência do
grupo de contacto, e estão também
os europeus, neste âmbito. Portanto,
ele como Presidente da Repú-
blica a visitar os Estados Unidos,
é possível também que se encontre
com chefes importantes e falar da
paz e se calhar falar também dos
interesses económicos. Sabe que os
americanos consideram Moçambique.
Há a questão de petróleo e
gás de Palma, na bacia do Rovuma,
e estão também interessados,
mas que eles querem garantias por
parte de Moçambique, que haja
coisas sérias. Que o Governo acorde
com a oposição, Renamo, para
que de facto haja condições para
eles iniciarem com as actividades
ou exploração, dos combustíveis
em Rovuma e, por isso, acho que
pode haver duas coisas ao mesmo
tempo, relações diplomáticas entre
Estados Unidos e Moçambique e
os interesses económicos.
Já que tocou no gás do Rovuma,
gostou de saber que a Eni vai começar
a explorar o gás?
Eu ouvi na semana passada coisas
que ainda não tem, digamos, muita
confirmação, porque não são só
americanos que exigem condições
da paz, e muitas outras empresas
estrangeiras, não só que estão
ligadas à questão de gás, mesmo
para agricultura, para construção,
todos pensam que a condição chave
de incentivar os nacionais e estrangeiros
a investirem com tranquilidade
é o fim do conflito, um
acordo que ponha fim ao conflito
político-militar.
TEMA DA SEMANA 4 Savana 16-06-2017
Com o aproximar da data
do XI Congresso da Frelimo,
um evento a realizar-
-se no próximo mês de
Setembro, na Matola, começa a
desenhar-se o futuro xadrez político
de Filipe Nyusi nos órgãos decisórios
do partido.
As conferências provinciais que a
semana finda elegeram os primeiros
secretários provinciais, os comités
provinciais, juntamente com os delegados
ao Congresso de Setembro,
mostraram-se determinante no desenho
daquilo que será um Comité
Central (CC) com a cara de Nyusi.
Com o resultado das eleições das
conferências províncias foram já
preenchidos 133 lugares no novo
Comité Central que serão homologados
durante o Congresso. Assim,
ficam por completar os restantes 47
para perfazerem os 180 membros
que compõem aquele órgão decisó-
rio no intervalo entre os Congressos.
Espera-se por isso uma disputa
muita renhida nas posições remanescentes
tomando em considera-
ção que é desta vez que Filipe Nyusi,
presidente do partido, poderá ter a
máquina partidária sob seu controlo,
fazendo eleger os seus próprios apaniguados.
A expectativa é enorme porque
poderá ser também desta que, em
função do novo desenho do CC, se
pode aguardar pela dança de cadeiras
nos principais cargos governamentais,
tal como procedeu o seu
antecessor depois do Congresso de
Muxara, nos arredores da cidade de
Pemba, na província nortenha de
Cabo Delgado, em 2010. A actual
composição governamental é um
compromisso com a anterior liderança
de Armando Guebuza.
O tombo dos intocáveis
Neste processo foi notável a queda
de algumas figuras que sobressaí-
ram durante o reinado de Armando
Guebuza.
Ao nível da cidade de Maputo, o
actual edil David Simango perdeu
a corrida pelo Comité Central, um
indicador de que a sua popularidade
nas bases já teve melhores dias.
Na queda, Simango foi acompanhado
por Iolanda Cintura, governadora
da cidade de Maputo. Cintura,
que é familiar da esposa de Guebuza,
havia entrado para o CC no
Congresso de Muxara. Embora se
atribuam as quedas, sobretudo como
resultado de “lutas palacianas” pelo
protagonismo na capital, no velho
dilema Estado versus obediência
partidária, o voto secreto também
propulsiona o populismo, acabando
por penalizar os dirigentes que
tentam dar um acento moderno à
cidade e têm de atacar o informalismo
que ganhou grande espaço nos
assentamentos urbanos, incluindo
na capital.
As bases da cidade de Maputo apostaram
no regresso de figuras conhecidas
na ala chissaniana como é o
caso de Castigo Langa e também do
“camaleónico” Teodoro Waty, que
caiu em desgraça em Muxara ao sair
da Comissão Política. Em Muxara,
Waty também não conseguiu segurar
um lugar efectivo no Comité
Central e passou para suplente. A
desgraça de Waty foi motivada pelo
oportunismo de se tentar fazer eleger
para o Comité Central antes
da chegada ao Congresso, quando
havia “orientações” presidenciais
para que os membros da direcção
do partido fossem escrutinados
eleitoralmente pelo Congresso. Os
militantes que não simpatizam com
Waty consideram que a sua eleição
“foi o preço a pagar pelo afastamento
de David Simango” visto como
um estorvo à liderança partidária de
Francisco Mabjaia.
Na província de Maputo, o “dinossauro”
Casimiro Huate foi colocado
fora da corrida. Na mesma
situação estão Maria Jonas, antiga
governadora da Província de Maputo,
Arnaldo Bimbe, Inspector do
Ministério da Cultura, com passagens
desastrosas pela área governamental.
Não conseguiu o passe
também Suzete Dança, uma jovem
administradora da Namaacha. Ela
havia entrado em 2012 em Muxara
na quota reservada à juventude,
ao mesmo tempo que jovens como
António Niquice, o actual secretário
para a Mobilização e Propaganda
(visto por muitos como o de facto
Secretário-Geral do partido) e Osvaldo
Petersburgo, o vice ministro
do Trabalho, Emprego e Segurança
Social, agora ligado ao círculo restrito
da confiança de Nyusi.
Cara nova será a do edil da Matola,
Calisto Cossa, uma das estrelas
da gestão municipal e dos círculos
da comunicação social, cuja eleição
para o CC pode abrir caminho a renovação
do seu mandato como edil.
Um verdadeiro furacão atingiu a
província de Sofala, cuja conferência
provincial teve lugar na cidade da
Beira. É um terreno sempre difícil
- a Frelimo é ali um partido minoritário
- o que justifica muitos golpes
baixos nas lutas intestinas para
se ascender a cargos partidários. A
voluntariosa Governadora de Sofala,
Helena Taipo, foi chumbada do
Comité Central. Ao que apurámos,
Taipo, apesar do seu mediatismo e
da sua presença permanente nas televisões,
tem relações tensas com o
partido a nível provincial, sobretudo,
com o primeiro secretário reeleito,
Paulo Majacunene. Observadores
em Sofala fazem notar que um dos
pecados de Taipo foi o de desmantelar
as redes clientelistas de alguns
camaradas com epicentro na Unidade
de Gestão Executora de Aquisi-
ções (UGEA) em Sofala.
“Isto irritou os camaradas que comiam
nas obras, aliado a isso, junta-
-se o caso dos tractores (dez tratores
retirados de Nhamantada para Bá-
rue) que envolviam o camarada Nelinho,
um influente cá em Sofala”,
frisou um frelimista que participou
conferência. Taipo, desde 2006, no
Congresso de Quelimane, tenta sem
sucesso atingir o Comité Central.
Aquando da escolha do primeiro
governo Nyusi, ela foi seleccionada
in-extremis para governadora de
Sofala, um “presente envenenado”,
dado tratar-se de um indefectível
bastião da oposição. Na campanha
eleitoral em Nampula esteve em
permanente atrito com Filipe Paunde,
visto como um dos “submarinos”
com enorme influência nas políticas
partidárias de Sofala.
Na companhia da Governadora de
Sofala está o vice ministro da Justi-
ça, Assuntos Constitucionais e Religiosos,
Joaquim Veríssimo, um vice-
-ministro tido, dentro do ministério,
como incompetente e seguidista,
que, entre outros episódios, ficou
mal na fotografia pela fora atabalhoada
como conduziu o inquérito
dos refugiados moçambicanos em
Kapise, no Malawi. Em Sofala regressam
ao Comité Central dois
controleiros tradicionais do partido
nesta zona, os empresários Louren-
ço Bulha e Ganha Ah Kon.
Na “capital do norte”, Nampula,
o antigo primeiro secretário provincial,
Zacarias Ivala e Abel Safrão
não conseguiram manter-se
no Comité Central, enquanto que
o ambicioso empresário e edil de
Nacala Porto, Rui Shong Sau, uma
vez mais, viu gorada a intenção de
entrar no mais importante órgão
partidário no intervalo entre os congressos.
Em Tete, quem não renova o cargo
no CC é Manuel Vasconcelos,
vice-presidente da Comissão dos
Assuntos Constitucionais, Direitos
Humanos e de Legalidade da Assembleia
da República.
Foi renovação e continuidade
Como era de esperar, o porta-voz
da Frelimo, António Niquice, faz
um balaço positivo das conferências
provinciais e assinalou que se cumpriu
o objectivo central plasmado
nos estatutos partidários que vincam
o princípio de 40% renovação
e 60% continuidade.
Assinalou que ficou provada uma
vez mais a génese democrática da
Frelimo e que aquelas conferências
foram uma antecâmera do Congresso.
Dos 11 primeiros secretários,
10 mantiveram os cargos, sendo
que destaque vai para a eleição de
Avelino Muchine, na Província de
Maputo, que suplantou Telmina Pereira,
uma antiga governadora. Ana
Chapo continua a chefe do partido
em Manica, a única mulher no naipe
de responsáveis provinciais. Com
o exercício partidário do passado
fim-de-semana foram eleitos 119
membros, para integrarem o Comité
Central que se deverão juntar aos
11 primeiros secretários provinciais,
também saídos nos escrutínios do
fim-de-semana passado, por inerência
de funções.
A este número juntam-se, ainda
por inerência de funções, os três
secretários gerais das Organizações
Sociais do partido, (OJM, OMM e
ACLLIN) perfazendo 133 membros
já com assento no Comité
Central.
Os restantes 47 postos para completar
os 180 membros, que compõe o
CC da Frelimo, serão disputados a
nível do Congresso.
“Há uma lista dos órgãos centrais
que será estratificada em vários
modelos, desde jovens, mulheres,
agentes económicos, antigos combatentes,
entre outros. Esta quota
remanescente será eleita durante o
congresso através dos órgãos centrais”,
disse.
Continuando, apontou que haverá
vários processos eleitorais a começar
pela eleição do Presidente do Partido,
seguindo o Comité Central e,
finalmente, a Comissão Política.
Obedecendo o princípio estatutário
de 40% renovação e 60 continuidade,
11 membros da CP deverão continuar,
enquanto sete caras deverão
ceder espaço para entrada de igual
número de membros. “A Votação da
CP começa com a eleição dos membros
para continuidade e depois a
lista da renovação na qual deve se
analisar a questão do género”.
Questionado se os membros do
actual Comité Central, que não
conseguiram se reeleger nas conferências
provinciais, têm ou não uma
oportunidade de integrarem aquele
órgão durante o congresso, Niquice
foi peremptório: “não existe essa
possibilidade”.
Sublinhou que a directiva eleitoral
do partido reza que os processos
são consequentes. “Se alguém candidatar-se
para um órgão inferior e
não for eleito, automaticamente não
é elegível no processo subsequente.
Os que ficaram não têm como ser
resgatados para um outro órgão
imediatamente superior”.
O porta-voz da Frelimo comunicou
que, até ao momento, já foram eleitos
1770 delegados para Congresso
de um universo de três mil que se
esperam, sendo que caberá à Comissão
Política eleger os restantes.
Quanto a outras iniciativas, Niquice
avançou que se seguem reuniões
preparatórias, formação e capacita-
ção dos delegados para dinamizarem
as bases sem, com isso, deixar
de lado a apresentação dos novos órgãos
eleitos ao nível das províncias.
Este processo vai até à realização da
reunião ordinária do CC nas vésperas
do Congresso para aprovação
dos diversos instrumentos.
Círculos leais a Nyusi ouvidos pelo
SAVANA consideram que o balan-
ço eleitoral acaba por ser positivo
e que os “guebuzistas sofreram um
rude golpe” nas suas aspirações no
Congresso.
Salientando que o presidente preferiu
não se envolver directamente nos
processos eleitorais, avançam que a
próxima batalha será o controlo pela
Comissão Política. As nossas fontes
questionadas sobre a eventualidade
de um outro candidato para as elei-
ções de 2019 responderam que “é a
primeira vez que nos bastidores andam
a levantar essas questões, quando
no passado os “candidatos do sul”
sempre renovaram”.
Fora das lides partidárias, mais que
as lutas intestinas e os golpes baixos,
considera-se que se Nyusi alcançar
um acordo com Afonso Dhlakama
até Setembro, “terá o Congresso a
seus pés” e “acabam-se os debates
personalizados e carregados de regionalismo”.
Xadrez de Nyusi ganha forma
- Furação Beira faz cair Taipo e Veríssimo
(P0DSXWRÀFDPGHIRUD'DYLG6LPDQJRH,RODQGD&LQWXUD
- O controverso Teodoro Waty regressa como membro efectivo do CC, após cair em desgraça no congresso de Muxara
Entre lágrimas e o lamber das feridas
3RU$UJXQDOGR1KDPSRVVDH5DXO6HQGD
Teodoro Waty Calisto Cossa David Simango Helena Taípo Joaquim Veríssimo Rui Chong Sau Iolanda Cintura Maria Jonas
TEMA DA SEMANA Savana 16-06-2017 5
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6 Savana 16-06-2017 SOCIEDADE
AAlta Comissária do
Reino Unido em Mo-
çambique, Joanna
Kuenssberg, juntou-se,
esta quarta-feira, às diversas vozes
que clamam pela divulgação
dos resultados da auditoria às
dívidas ocultas pela Procuradoria
Geral da República, bem como
saber dos passos subsequentes
que serão tomados pelas autoridades
moçambicanas.
O dia estava reservado para a celebração
dos 91 anos, da Rainha
Isabel II e da parceria entre Mo-
çambique e Reino Unido que já
dura há 42 anos. Mas assuntos
como paz, auditoria da Kroll e
ajuda a Moçambique não passaram
despercebidos apesar de
muitas reservas na sua comunicação.
Primeiramente, a Alta Comissá-
ria saudou a coragem do presidente
da República, Filipe Nyusi,
e do líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, pelas tréguas sem prazo.
“Sem paz e sem estabilidade,
não se constrói prosperidade.
Orgulhamo-nos por podermos
contribuir para o diálogo de paz
em Moçambique através do novo
mecanismo para o qual fui indicada
a fazer parte, na qualidade
de representante do Reino Unido”,
disse, sem entrar em muitos
detalhes.
Em Março do presente ano, o
presidente da República criou um
grupo de contacto, composto por
sete países dentre os quais está
a representante do Reino Unido
em Moçambique. O grupo
de contacto tem missão de criar
condições logísticas para materialização
das negociações entre o
Governo e a Renamo.
Se, por um lado, congratula o
rumo das negociações, por outro,
revelou sua preocupação face à
demora na divulgação dos resultados
da auditoria pela Procuradoria-Geral
da República (PGR).
Depois de louvar os esforços
empreendidos para garantir que
a auditoria às dívidas ocultas fosse
efectuada e concluída, disse
aguardar com muita expectativa
a divulgação dos resultados, bem
como os passos subsequentes por
parte das autoridades nacionais.
Recordou que, em 2014, o Reino
Unido abandonou o mecanismo
de apoio directo ao Orçamento
do Estado por outras modalidades
focalizadas em programas
sectoriais, como o alívio à pobreza
entre outros, por entender que a
sua contribuição é sujeita a controlo
e escrutínio a todos os níveis
para garantir a valorização do imposto
do contribuinte. Sublinhou
que a modalidade de apoio aos
programas nos diferentes sectores
deverá continuar de modo a contribuir
para minimizar a pobreza
e promover o desenvolvimento
de um país mais próspero e mais
seguro.
Intervindo na ocasião, em representação
do governo moçambicano,
Cidália Chaúque, ministra
do Género, Criança e Acção Social,
considerou o Reino Unido
como um parceiro estratégico
na implementação de programas
que visam reforçar as habilidades
particularmente das mulheres e
da rapariga, contribuindo para
o processo da sua afirmação na
sociedade, sobretudo a nível político,
educacional, económico e
social.
Alta Comissária do Reino Unido
“Aguardamos com muita expectativa os
resultados da auditoria”
Por Argunaldo Nhampossa
Joanna Kuenssberg
Sasol Petroleum Temane Limitada (hereafter referred to as Sasol) operates facilities in Mozambique, including the Temane
Central Processing Facility (CPF) and various production wells and gas flow lines in the Pande area. In order to maintain the
supply of raw gas to the CPF and meet its long term gas sales agreements, Sasol is planning to install additional wells in the
Pande field.
The Project seeks the services of a mechanical, piping and pipeline civils Contractor. The Contractor will be required to:
▪ Fabricate pipe spools, bends and valve stations;
▪ Field install 10 kilometres of coated underground 10 inch gas flow lines (pipe materials will be free issued);
▪ X-ray inspection and other non-destructive testing of welds;
▪ Apply field joint coating at welds;
▪ Hydro-test, cleaning plus drying and certify the constructed flow lines;
▪ Dimensional inspection (pigging) of the line.
The Contractor will need to mobilise qualified personnel, at a remote location, for the duration of the works. The mechanical, pipeline
and cathodic protection design will be provided by the Employer. The Contractor shall be responsible for the management of own
sub-contractors and service providers, if required.
Sasol hereby invites eligible Contractors to indicate their interest in providing the work described above. Interested eligible
Contractors should supply information proving that they have the required qualification and relevant experience to perform such
work in Mozambique. Respondents are advised to keep their response brief (i.e. a maximum of 10 pages will be accepted), to the
point and only provide the essential information. Essential documentation and information required include:
1. Company Shareholding and registration in terms of Mozambican legislation and other Shareholding held outside the borders
of Mozambique;
2. Financial status of company to be provided;
3. Technical capability:
▪ Provide track record of work done;
▪ Qualification and experience of personnel;
▪ List of projects done in the last two years with similar scope;
▪ Capable of working to Sasol specifications and quality standards.
4. Proven safety track record and accredited safety system must be in place;
5. Contractor must be well established and have an accredited quality management system. Certification to ISO 9001 and ISO
3834 are required;
6. Cover Letter with contact details (e-mail address, name and phone number) of person responsible for Tenders.
All interested and eligible Contractors must submit their company profile documentation, with inclusion off all essential
documentation (in English) as stated, to the following address:
Email Address: PPAInfillWells@sasol.com
Description of Project: PPA Pande Infill Wells Project
Closing Date: 23 June 2017
Closing time: 12:00
The information required above serves as an expression of interest only and shall in no way be construed as a commitment from
Sasol to award a contract or issue an RFQ (Request for Quotation) to any party or parties as a result of the participation of a party or
parties in this process. Sasol is under no obligation to only consider the respondents to this Expression of Interest. Responses by
Sasol will only be made to short listed prospective Contractors where Sasol may request further information and also arrange for
auditing of information that has been provided.
A Sasol Petroleum Temane Limitada (designada a seguir por Sasol) opera instalações em Moçambique, incluindo a Unidade Central
de Processamento (CPF) de Temane e vários poços de produção e linhas de fluxo de gás na área de Pande. Para manter o
fornecimento de gás bruto à CPF e cumprir os seus contratos de vendas de gás a longo prazo, a Sasol planeia instalar poços
adicionais no campo de Pande.
O Projecto procura os serviços de um Empreiteiro mecânico, de tubulação e de construção civil do gasoduto. Será exigido que o Empreiteiro:
▪ Fabrique carretéis de tubulação, curvaturas de tubos e estações de válvulas;
▪ Instale no campo 10 quilómetros de linhas de fluxo de gás revestidas subterrâneas com 10 polegadas (os materiais da tubulação
serão emitidos gratuitamente);
▪ Inspecção por raios-X e outros ensaios não-destrutivos dos cordões de soldadura;
▪ Aplique o revestimento conjunto no campo nas soldaduras;
▪ Teste didráulico, limpeza mais secagem e certificar as linhas de fluxo construídas;
▪ Inspecção dimensional (pigagem) da linha.
O Empreiteiro necessitará de mobilizar pessoal qualificado, numa localização remota, durante todo o período de duração das obras. O
projecto mecânico, de tubulação e de protecção catódica será fornecido pelo Dono da Obra. O Empreiteiro será responsável pela gestão de
seus próprios subempreiteiros e prestadores de serviços, se necessário.
A Sasol convida por este meio Empreiteiros elegíveis para indicarem o seu interesse em realizar o trabalho acima descrito. Empreiteiros
elegíveis interessados devem fornecer informações que demonstrem que eles tenham a qualificação exigida e relevante experiência para
realizar tal trabalho em Moçambique. Os respondentes são aconselhados manter a sua resposta breve (isto é, um máximo de 10 páginas
serão aceiteis), ao ponto e apenas fornecer as informações essenciais. As documentações e informações essenciais exigidas incluem:
1. Participação e registo da empresa nos termos da legislação Moçambicana e outra Participação detida fora das fronteiras de
Moçambique;
2. Deve ser fornecida a situação financeira da empresa;
3. Capacidade técnica:
▪ Forneça um historial do trabalho realizado;
▪ Qualificações e experiência do pessoal;
▪ Lista de projectos executados nos últimos dois anos com âmbito similar;
▪ Capacidade para trabalhar de acordo com as especificações e padrões
de qualidade da Sasol.
4. Historial de segurança comprovado e sistema de segurança acreditado deve estar em vigor;
5. O Empreiteiro deve estar bem estabelecido e possuir um sistema de gestão de qualidade acreditado. São exigidas Certificação para
ISO 9001 e ISO 3834;
6. Carta de apresentação com detalhes de contacto (endereço de e-mail, nome e número de telefone) da pessoa responsável por
Concursos.
Todos os Empreiteiros interessados e elegíveis devem submeter a documentação do perfil da sua empresa, com inclusão de toda
documentação essencial (em Inglês) como especificado, para o seguinte endereço:
Endereço de Email: PPAInfillWells@sasol.com
Descrição do Projecto: Projecto PPA de Poços de Edificação de Pande
Data de Encerramento: 23 de Junho de 2017
Hora de Encerramento: 12:00 horas
As informações acima exigidas servem apenas como uma manifestação de interesse e não podem de nenhuma maneira ser interpretadas
como um compromisso da Sasol para adjudicar um contrato ou emitir uma Solicitação de Cotação (RFQ) a qualquer parte ou partes em
consequência da participação de uma parte ou partes neste processo. A Sasol não tem nenhuma obrigação de somente considerar os
respondentes à presente Manifestação de Interesse.
Respostas pela Sasol apenas serão feitas à potenciais Empreiteiros pré-seleccionados on de a Sasol pode solicitor informações adicionais e
também providenciar para auditar as informações que tenham sido fornecidas.
Pedido de Manifestação de Interesse para:
A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MECÂNICOS, DE TUBULAÇÃO E DE CONSTRUÇÃO CIVIL DO GASODUTO
Request for Expression of Interest for:
THE PROVISION OF MECHANICAL, PIPING AND PIPELINE CIVILS SERVICES
Sasol Petroleum Temane Limitada (Pty) Ltd
Reg. (2000/013669/07) (Designada a seguir por Sasol) (Hereafter Sasol)
PROJECTO PPA DE EDIFICAÇÃO E POÇOS DE DELINEAÇÃO DE PANDE
(Instalações de Superfície) (Designado a seguir por o Projecto)
PPA PANDE INFILL AND DELINEATION WELLS PROJECT
(Surface Facilities) (Hereafter the Project)
SOCIEDADE Savana 16-06-2017 7
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8 Savana 16-06-2017 PUBLICIDADE SOCIEDADE
Savana 16-06-2017
9
PUBLICIDADE SOCIEDADE
10 Savana 16-06-2017 SOCIEDADE
Prosseguiu, esta quarta-feira,
o julgamento do ex-ministro
da Justiça, Assuntos Constitucionais
e Religiosos, Abduremane
Lino de Almeida, acusado de
pagar, indevidamente, despesas de três
pessoas sem vínculo com aquele Ministério,
num valor de cerca de 1.200
mil meticais, com recurso ao Cofre dos
Registos e Notariados.
Entretanto, de uma sessão reservada
para audição das testemunhas de defesa
(três), tornou-se numa sessão “contraditória”,
na medida em que a defesa
queria prescindir de algumas, assim
como substituir outras, mas o Tribunal
manteve a agenda inicial, considerando
que são fundamentais para o esclarecimento
do caso.
O facto é que o juiz da causa, João Guilherme,
anunciou, no fim da primeira
sessão, que nesta semana seriam ouvidas
as testemunhas de defesa, a Ministra
da Presidência para os Assuntos
da Casa Civil, o Secretário-geral do
Conselho Islâmico de Moçambique e
o Director-geral da Agência de Viagem
contratada para a expedição à Meca.
Porém, dos três, apenas o Director-geral
da Agência de Viagem compareceu
ao Tribunal, sendo que a Ministra da
Presidência para os Assuntos da Casa
Civil encontra-se nos Estados Unidos
da América a acompanhar a visita do
Presidente da República (PR) àquele
país.
Por sua vez, o Secretário-geral do Conselho
Islâmico de Moçambique, Abdul
Carimo Sau, não compareceu ao Tribunal
e, segundo o réu, a ausência deve-
-se ao facto deste argumentar que não
pode ser ouvido no Tribunal Distrital
de KaMpfumo, mas sim no Tribunal
Supremo, uma vez que é Presidente da
Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Como solução, a defesa pretendia prescindir
de Adelaide Amurane como testemunha,
assim como solicitou a substituição
do Sheik Abdul Carimo Sau
por Sheik Aminudine Mohamed, que
também não compareceu.
A defesa queria ainda, na próxima sessão,
substituir Aminudine Mohamed
por um outro membro do Conselho
Islâmico, de nome Juma, mas o Ministério
Público não concordou, alegando
que este não foi ouvido em sede da instrução
preparatória.
Apesar do juiz ter aceitado ouvir outra
testemunha, na sessão do próximo dia
23 de Junho, o facto é que o Tribunal
solicitou também a audição de Abdul
Carimo e Adelaide Amurane por considerá-los
peças-chave para o esclarecimento
do caso.
A insistência, segundo João Guilherme,
deve-se ao facto de, por exemplo,
o depoimento de Abdul Carimo Sau,
em sede da instrução preparatória, ser
oposto ao do réu.
Segundo Guilherme, Abdul Carimo
Sau disse que o Conselho Islâmico é
que convidou o ex-Ministro para a peregrinação
à Meca, tendo respondido
tarde ao convite (duas semanas depois),
alegando que aguardava a opinião de
Filipe Nyusi.
Porém, no Tribunal, Abduremane afirmou
que viajou à Meca em nome do
PR e que pediu assessoria àquela organização
religiosa, em resposta ao seu
convite, que chegou após receber esta
missão.
Por isso, o juiz da causa diz que o Tribunal
irá analisar a legislação para perceber
se há ou não condições para que
Abdul Carimo Sau seja ouvido naquela
instância. Acrescentou ainda que não é
solicitado na qualidade de Presidente
da CNE, mas de Secretário-geral do
Conselho Islâmico.
Quanto a Amurane, o juiz não justificou
a insistência. Mas, durante o julgamento,
o réu afirmou que remeteu os
esclarecimentos do ponto 22 do Relatório
de Auditoria, efectuado ao seu ex-
-Ministério, à Ministra da Presidência
para os Assuntos da Casa Civil.
Recorde-se que, no referido ponto, o
Ministério da Economia e Finanças
notifica o ex-ministro da Justiça a repor
o valor, visto que “não havia nenhuma
autorização competente” para que o réu
viajasse à Meca.
“Nunca viajei com um
Ministro”, Valige Tauabo
O Director-geral da Agência de Viagens
contratada para organizar a expedição
à Meca, Valige Tauabo, confirmou
que a sua instituição é especializada
nessa matéria, desenvolvendo a actividade
desde 1991.
Tauabo contou, ao Tribunal, como foi o
processo: “o primeiro contacto foi através
dos funcionários do Ministério, que
queriam se informar dos pacotes que
estavam à venda para a peregrinação. O
segundo foi quando o Ministro trazia
o passaporte físico diplomático para
acelerarmos o processo. Não podíamos
usar a cópia porque o processo já estava
fechado e a Embaixada encontrava-se
em Lusaka, na Zâmbia”, disse aquela
testemunha.
Explica ainda que não sabe em que
circunstâncias foi escolhido o pacote
da viagem, mas garantiu que orientou
os seus colaboradores a não indicarem
alguns pacotes por não serem compatí-
veis à personalidade em causa.
Questionado, pela defesa, se após a peregrinação
houve algum encontro de
destaque, aquela testemunha respondeu
que os peregrinos foram recebidos pelo
PR, no seu local de trabalho. Sublinhou
que, anualmente, o Governo tem acompanhado,
atentamente, a peregrinação
à Meca, proporcionando também boas
condições para o efeito.
A uma pergunta do Ministério Público,
se alguma vez organizou uma expedi-
ção à Meca, envolvendo um Ministro
da Justiça, Tauabo disse que “nunca
viajei com um ministro”, esclarecendo
ainda que o antigo Ministro da Justiça,
José Abudo, viajou à Meca, mas “não na
qualidade de Ministro”.
Discrepância nos números
Antes de ouvir Valige Tauabo, o Tribunal
solicitou, mais uma vez, o Director
Nacional de Administração e Finanças,
naquele Ministério, para esclarecer o
uso das Receitas Consignadas.
Nelson Sitoe explicou que o decreto que
cria o Cofre dos Registos e Notariados
não prevê, no elenco das despesas, a retirada
de fundos para financiar o deficit
de Tesouraria do Ministério, mas que é
uma prática institucional corrente.
A defesa aproveitou o momento para
questionar aquele “financeiro” sobre
a “discrepância nos valores”. O facto
é que a Inspecção-Geral de Finanças
pede o reembolso de mais de 1.700 mil
meticais, porém, a acusação aponta um
valor aproximado a 1.200 mil meticais.
Entretanto, o juiz da causa tratou de
esclarecer que tem sido normal a acusa-
ção ser imprecisa nos números, porém,
estes podem ser confirmados nos autos.
Os autos referem que, só de passagens,
o Ministério desembolsou mais de
1.600 mil meticais (900 mil para os três
acompanhantes e 700 mil para o ex-ministro),
valor superior ao da acusação.
Defesa pede substituição de algumas testemunhas
Abduremane encurralado!
Por Abílio Maolela
Abduremane Lino de Almeida
Savana 16-06-2017 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE
PROMOVENDO A INCLUSÃO FINANCEIRA E A
VALORIZAÇÃO DO METICAL
1980 - 2017
12 Savana 16-06-2017 SOCIEDADE SOCIEDADE
Numa altura em que o país
entra para uma das mais
decisivas fases de todo
o enredo à volta das dí-
vidas ocultas, com dúvidas a pairarem
sobre a actuação da justiça
moçambicana, o representante
residente do Fundo Monetário
Internacional (FMI) entende que
Moçambique pode aproveitar algumas
lições da Lava Jato, a maior
investigação de corrupção e de lavagem
de dinheiro na história do
Brasil.
Ari Aisen fez estes pronunciamentos,
esta quarta-feira, em
Maputo, quando interpelado pelo
SAVANA à margem do Seminá-
rio de Reflexão sobre os “Desafios
no Combate à Corrupção em Mo-
çambique”, organizado pela U4-
-Anti-corruption Resource Centre,
com facilitação da Embaixada
da Suíça e com apoio de diversos
parceiros.
“Casos realmente importantes
como a Lava Jato, no Brasil, são
uma oportunidade para Moçambique
aproveitar algumas lições
num episódio tão complexo como
esse”, disse Aisen, para quem a
maior investigação de corrupção
e de lavagem de dinheiro que o
Brasil já teve pode ajudar o país na
busca pela boa governação e por
uma boa administração financeira
de fundos públicos, na gestão de
recursos e nas dívidas.
“Precisamos de escutar essas experiências
e implementar algumas
das ideias neste caso da Lava Jato
na Petrobras”, respondeu ao nosso
Jornal.
Ari Aisen não entrou ao detalhe
sobre o assunto do momento, mas
suas declarações surgem numa
altura em que Moçambique está
envolto ao maior escândalo financeiro
na sua história, nomeadamente,
o caso das dívidas ocultas avaliadas
em mais de USD 2 mil milhões de
Meticais.
Depois de uma auditoria imposta
pela comunidade internacional a
contra-gosto de alguns sectores do
Estado e da Frelimo, neste momento,
aguarda-se pela divulgação do sumário
executivo dos resultados que
deverão determinar os passos subsequentes.
Depois de ter exigido a divulgação
do sumário executivo do relatório, o
mais breve possível, agora o FMI está
com um tom mais polite.
Confrontado com a demora na divulgação
dos resultados do relatório,
O representante da organização disse
que é preciso aguardar com serenidade
e tranquilidade.
“O processo de consulta leva tempo
que precisa de ser dado para que a
Procuradoria se sinta satisfeita com
a qualidade do relatório”, reagiu, esta
semana, Ari Aisen, que reconhece, no
entanto, a ansiedade do público pela
divulgação do documento que deverá
determinar o futuro do país.
Lava Jato só terá valido a
pena se tiver deixado um
legado
Entrevistamos o representante residente
do FMI, à saída da sessão subordinada
ao “caso Petrobras” como
exemplo dos riscos de corrupção na
cadeia de valores da indústria extractiva.
A Petrobras é a maior empresa estatal
do Brasil que está no centro daquela
que é a maior investigação de corrup-
ção e lavagem de dinheiro na história
do país.
Tudo começou em 2014, quando a
inteligência financeira brasileira começou
a suspeitar de transacções milionárias
num posto de gasolina que
tinha movimentações muito acima
do volume do seu negócio, que se resumia
a bombas de fornecimento de
combustível, café e uma lavandaria,
incluindo a lavagem de automóveis
a jacto, nome que deu origem à designação
da operação.
Trata-se de uma investigação que
iniciou em Março daquele ano e
continua em curso, tendo já conhecido
mais de 30 fases de desdobramentos,
com mais de 200 pessoas já
presas, desde deputados, senadores
até ministros.
O que no início era uma simples
suspeita de lavagem de dinheiro,
acabou mostrando grande corrup-
ção envolvendo gestores da Petrobras,
políticos e grandes companhias
brasileiras, num sofisticado esquema
que lesou a firma estatal de óleo e
gás em USD 22.6 mil milhões.
Depois de partilhar os meandros do
caso, Luiz Navarro, da Comissão de
Ética Pública da presidência brasileira,
disse que a operação Lava Jato
só terá valido a pena se tiver deixado
um legado de combate à impunidade.
“Se as empresas passarem a assumir
o combate à corrupção, então, terá
valido a pena”, disse.
Navarro, que contou que, tamanho
que foi o dano, hoje há pessoas com
vergonha de dizer que trabalham
na Petrobras, a ética institucional,
a transparência, o compliance e o
mérito como critério para indicação
dos dirigentes devem ser os valores
supremos na gestão corporativa.
Na abertura do Seminário de Reflexão
sobre os “Desafios no Combate
à Corrupção em Moçambique”, o
Governo fez-se representar pelo ministro
da Justiça, Assuntos Constitucionais
e Religiosos, Isac Chande,
que reconheceu que a corrupção é
um flagelo que deve ser combatido.
Sarcástico, mas severo,
Adriano Nuvunga, o director
do Centro de Integridade
Pública (CIP),
voltou a desferir, semana passada,
duros golpes contra o sector da justiça
em Moçambique. Desta vez
com uma particularidade: fê-lo em
própria casa dos fazedores da justiça.
Decorria o Seminário sobre Ética e
Boa Governação, na Procuradoria-
-geral da República (PGR), quando
o docente de Ciência Política
afirmou que a justiça moçambicana
tem vindo a acarinhar casos de corrupção
que lesam o Estado.
Orador sobre Conflito de Interesses
na Adjudicação de Empreitadas de
Obras Públicas e Fornecimento de
Bens e Serviços no Estado, Adriano
Nuvunga fez notar que os conflitos
de interesses, na administração pú-
blica, verificam-se desde o reinado
do presidente Joaquim Chissano,
mas ressalvou que foi na governação
de Armando Guebuza que se consolidaram.
Citou o polémico negócio de migração
digital, avaliado em USD
300 milhões, que foi adjudicado, em
2014, sem concurso público, à Startimes,
empresa onde a família Guebuza
detém interesses económicos,
através da Focus 21, como apenas
um exemplo.
E como o festival continua, Adriano
Nuvunga vê no ministro Carlos
Mesquita, dos Transportes e Comunicações,
o rosto mais emblemático
de conflito de interesses na actual
era de Filipe Nyusi.
É preciso apenas recuar para o ano
passado para se encontrar um dos
casos de manifesto conflito de interesses
envolvendo Carlos Mesquita.
Foi em 2016 que o ministro concessionou
os Portos da Beira, Quelimane
e Nacala a uma das suas empresas,
a Cornelder. Mas este ano, o governante
voltou a atacar: a “Transportes
Carlos Mesquita”, uma das suas
empresas, foi adjudicada, por ajuste
directo, um negócio do Instituto de
Gestão de Calamidades Naturais
(INGC) para prestação de serviços
de transporte e carga.
São casos de alta finança que, para
o director do CIP, apresentam dois
padrões: beneficiam os detentores
do poder público e um sistema estruturado
que, mais tarde, retorna os
benefícios a esses mesmos detentores
do poder público.
Explicou que servidores públicos
há que criam empresas com nomes
de familiares e até com nomes abusivos,
como “Xihivele”, que definiu
como “alambique de roubalheira”,
para lesar o Estado.
São empresas que, mesmo se tiverem
sido constituídas uma semana
antes, ganham concursos e, depois,
subcontratam outras empresas para
executar as obras.
E, nos cálculos do CIP, que tem vindo
a avaliar os custos da corrupção
no país, esses esquemas encarecem
em mais de 45% as empreitadas pú-
blicas e reduzem para a metade o
seu tempo de vida.
Deu exemplo de edifícios construídos
na era colonial, mas que
continuam intactos, quando infra-
-estruturas mais recentes não resistem
aos simples fenómenos naturais,
como aconteceu, ano passado,
com o muro da piscina olímpica do
Zimpeto que, cinco anos depois da
sua inauguração, em 2011, desabou,
matando o seleccionador nacional
de Natação, Frederico dos Santos,
e ferindo oito pessoas, para além de
avultados danos materiais.
Ainda de acordo com a pesquisa do
CIP, mais de 90% do procurment é
lesivo ao Estado e enferma de con-
flito de interesses.
Nuvunga diz que a apetência de
empresários de sucesso em se tornarem
ministros, um cargo cuja
remuneração está muito abaixo dos
rendimentos que têm no mundo
empresarial, é sintomático de que há
benefícios que se tiram à calada da
noite, altura em que esses dirigentes
estão no sector privado a tirar receitas
do mesmo Estado que servem
durante o dia.
“O caso do ministro Mesquita é
uma agressão a todos nós como cidadãos”,
rematou o director do CIP
que, recentemente, exortou o presidente
Filipe Nyusi a demitir o actual
ministro dos Transportes e Comunicações.
Por outro lado, o orador precisou
que um dos elos mais fracos e permissivos
para a prática de casos de
conflito de interesse são as figuras
dos Secretários Permanentes que,
em Moçambique, deixaram de ser
permanentes, pois cada ministro coloca
o homem de sua confiança.
Adriano Nuvunga aproveitou as
instalações da PGR, uma das peças-
-chave da administração da justiça,
para afirmar que, perante tantos casos
de conflito de interesses e corrupção,
a justiça moçambicana tem
sido carinhosa.
“A Procuradoria e os Tribunais acarinham
a corrupção”, disse, numa
sala abarrotada pelos fazedores da
justiça.
Presente no seminário subordinado
ao lema “Pela Moralização da
Função Pública”, o presidente da
Associação Moçambicana de Juízes
(AMJ), Carlos Mondlane, não gostou
de ouvir os recados de Adriano
Nuvunga.
Como tal, Mondlane procurou ilibar
os Tribunais, afirmando que
esses apenas recebem e julgam os
casos.
Em reposta, Nuvunga repetiu que
os Tribunais acarinham a corrupção
porque há muitos casos que receberam
e que terminaram em “banho-
-maria”.
Indicou que, se os Tribunais tivessem
mostrado ser guardiões, muitos
casos de corrupção que têm vindo a
acontecer, provavelmente, não estariam
a acontecer.
Contra uma corrente que defende
a sensibilização contra a corrupção,
Nuvunga disse que a administra-
ção da justiça não se deve distrair
em sensibilizações, mas sim actuar
sobre os actuais servidores públicos
que se envolvem nesses casos.
Para Nuvunga, a sensibilização deve
ser reservada para a educação, igrejas
e a sociedade, em geral, e não à
administração da justiça.
Dirigentes são os primeiros
– Sinai Nhatitima
Por sua vez, o antigo Procurador-
-geral da República, Sinai Nhatitima,
que falou sobre o Papel da Ética
na Boa Governação, precisou que,
apesar do esforço no combate à corrupção,
como a aprovação do pacote
anti-corrupção, ainda existe um distanciamento
entre o preconizado na
Lei e a prática diária.
“A Lei tem sido clara e fornece muito
instrumento para que o servidor
público desempenhe melhor as suas
funções de servir os cidadãos, mas
ainda há distância com o dia-a-dia e
isto constitui preocupação”, lamentou
Nhatitima.
Entende que a mudança de comportamento
por parte dos servidores
públicos tem sido lenta e não
faz sentido a justificação de falta de
leis. Para ele, é tudo uma questão de
vontade daqueles que manipulam a
Lei.
Lamenta que, desde o executivo,
passando pelo legislativo até ao judiciário,
muitos dirigentes, que deviam
ser o exemplo, são os primeiros
a violar a Lei e a Ética, envolvendo-
-se em situações de conflito de interesses.
“Todos os dias há dirigentes que são
citados como estando envolvidos
em situações que não deviam estar”,
destacou, ressalvando que, ao serem
os primeiros a violar a Lei, certamente,
que não estão a passar exemplo
aos seus subordinados.
Para Nhatitima, é preciso repensar
o modelo de funcionamento do Estado
para avaliar se serve ou não aos
interesses da Nação, pois não basta
apenas ter instituições.
E um dos aspectos a rever é a Lei
de Probidade Pública para conferir
poderes à Comissão Central de
Ética Pública (CCEP). É que nas
actuais condições, a CCEP só pode
emitir pareceres de censura e as ac-
ções subsequentes cabem aos órgãos
subsequentes.
E Nhatitima reconhece o poder da
censura na persuasão, mas diz que
não resolve o problema.
Adriano Nuvunga volta a disparar contra o sector
Justiça moçambicana acarinha corrupção
Por Armando Nhantumbo
Segundo representante do FMI no país
Moçambique pode tirar lições da Lava Jato
Adriano Nuvunga
Savana 16-06-2017 13 SOCIEDADE SOCIEDADE
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A
Companhia de Assistência
Marítima (CAM), parcialmente
detida pelo general
Alberto Chipande, está à
procura de uma empresa parceira
para as suas operações ao longo dos
2.470 quilómetros da costa moçambicana.
A CAM, que detém uma licença
passada pelo Instituto Nacional da
Marinha (INAMAR) para actividades
de cabotagem e de reboque
marítimo, divulgou esta semana que
está à procura de parceiros que possam
participar no financiamento do
objecto da actividade da companhia
e com “know how”, para operar, gerir
e desenvolver actividades de navega-
ção.
De acordo com o portal de notícias
sobre Moçambique Zitamar, a CAM
não é a única firma moçambicana do
sector marítimo a anunciar que está
à procura de parceiros.
A empresa pública Transmarítima
anunciou em Agosto do ano passado
que está disponível para parcerias
com o arcaboiço do que a CAM procura,
mas até à data não divulgou os
resultados da operação.
A cabotagem, que é transporte marí-
timo interno realizado por entidade
estrangeira, foi muito frequente em
Moçambique durante a era colonial,
mas entrou em desuso pouco depois
da independência.
Em declarações à Zitamar, o presidente
da CAM, Patrício Palolite,
afirmou que a companhia espera iniciar
as suas operações em breve, mas
Empresa de Chipande procura parceiro para
navegação marítima
não precisou quando é que tal iria
acontecer.
“Esta (início das operações) é uma
das questões que serão discutidas
entre a CAM e o parceiro estraté-
gico, porque, praticamente, nada foi
ainda feito em relação à cabotagem,
a não a ser a criação da empresa”,
adiantou Palolite.
A fonte indicou esperar que a futura
“joint venture” entre a sua companhia
e o parceiro estratégico possa
expandir no futuro as suas operações
para o estrangeiro, depois de uma
aposta inicial nas águas nacionais.
A CAM está registada em Moçambique
e é detida em 100% por accionistas
moçambicanos. Patrício Palolite
declinou fornecer detalhes sobre
os accionistas da empresa.
Contudo, um artigo publicado pela
Africa Intelligence, uma entidade
de análise sobre assuntos africanos
baseada na Inglaterra, referiu que a
CAM foi criada em junho de 2016
pelo general Alberto Chipande, fi-
gura muito próxima do actual chefe
de Estado moçambicano, Filipe
Nyusi.
Uma base de dados do CIP refere
que a CAM é detida pela C2P Lda.,
com 30% das acções, que por sua
vez é detida por Alberto Chipande,
Patrício Palolite e Fernando Paulo
Teixeira.
Os outros accionistas da CAM são
uma entidade designada Arca e Filhos,
com 28%, Tena Consultores
(Fernando Carlos Bambo e Tomaz
Carlos Bambo), 24%, e, por fim,
Berkut, com 18%. A CAM está registada
no BR nº 73, III Série de 20
de Junho de 2016 - pág. 4301. Com
o capital social de cinco milhões
de meticais, a CAM tem como objecto
social a prestação de serviços
de assistência a embarcações nos
portos providenciando serviços de
rebocadores, pilotagem, amarração,
lanchas, mergulho profissional, verificação
e inspecção subaquática,
transporte marítimo, soldaduras subaquáticas,
estiva, serviços auxiliares
de estiva, agenciamentos de navios e
navegação, abastecimentos a navios
e embarcações, aluguer de lanchas,
embarcações e serviços complementares.
O
analista da Standard & Poor’s que segue
Moçambique disse, nesta quarta-feira, que
a instabilidade política no Qatar pode ter
um efeito positivo no país porque mostra a
necessidade de diversificar as fontes de produção de
gás.
“Do ponto de vista da análise do crédito de Moçambique,
a situação no Qatar é positiva porque é como
um ‘cartão amarelo’ para o Qatar e motiva os compradores
de gás a olharem para opções de diversifica-
ção, especialmente a Índia, que está a crescer muito
depressa e tem muita procura e pouca oferta”, disse
Ravi Bhathia.
Em declarações à Lusa, o analista desta agência de
notação financeira disse também que a assinatura da
Decisão Final de Investimento por parte da italiana
ENI “vai ajudar na perspectiva do ‘rating’ porque
comprova um cenário em que Moçambique terá um
significativo fluxo de verbas a entrar”.
Uma questão diferente, disse, é saber se o Governo
vai conseguir capitalizar o megaprojecto da ENI
devido à inexperiência na negociação de grandes
contratos internacionais e à falta de capacidade institucional.
“O projecto da ENI é uma boa notícia, mas o país está
numa fase de crescimento baixo, com a inflação alta
e o metical agora a valorizar-se, mas a fase de crescimento
rápido abrandou, e isso pode até ser positivo
porque o crescimento estava sobreaquecido e, sendo
muito pobre, com capacidade institucional limitada
e um PIB baixo, e vindo de um quadro ideológico
socialista, teve dificuldades em lidar com transacções
comerciais difíceis e complicadas”, considerou.
“Moçambique não lidou bem com esta fase exuberante
de crescimento e interesse internacional” motivado,
primeiro pelo carvão, e depois pelo gás, concluiu
o analista da S&P.
No dia 05 de Junho, a Arábia Saudita, seguida dos
Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egipto, anunciou
o corte de relações com o Qatar, acusando o país
vizinho de “apoiar o terrorismo” e de manter relações
próximas com o Irão.
O corte de relações diplomáticas foi complementado
com o encerramento de fronteiras e fortes restrições
ao tráfego aéreo, e para já todas as partes recusam
qualquer intervenção militar.
O Qatar é o maior produtor mundial de gás natural
e será, na próxima década, um dos principais concorrentes
de Moçambique na produção desta matéria-
-prima se os projectos em curso ou previstos para o
país forem em frente.
Instabilidade no Qatar pode ser
positiva para Moçambique - S&P
14 Savana 16-06-2017 Savana 16 -06-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Esse facto, segundo Buchili, mostra
que o negócio de recursos florestais e
faunísticos no nosso país comparticipa
na lavagem do dinheiro do crime.
Conta a PGR que o Ministério Pú-
blico está a trabalhar com alguns
bancos nacionais e internacionais, a
fim de seguir a rota do dinheiro obtido
de forma ilícita e foi possível veNúmero
de processos em instrução criminal no centro da discórdia
“Operação Tronco” divide PGR e MITADER
mudar este cenário”, disse Buchili.
No entender da PGR, o sucesso na
luta contra a delapidação dos recursos
florestais passa pela coordenação
institucional. Todas as acções que são
desenvolvidas pela AQUA e pela Direcção
Nacional das Florestas, prosseguiu,
devem ser compartilhadas
com outros órgãos de Estado, como
é o caso da PGR, para também fazer
a sua parte.
Segundo Beatriz Buchili, as autoridades
florestais recolhem a informação
e não partilham com outros
intervenientes, o que mina o combate
aos crimes florestais.
De acordo com a PGR, a sua instituição
está a concentrar as suas actividades,
em parte, na luta contra a
delapidação dos recursos florestais, a
fim de neutralizar e responsabilizar
os possíveis infractores.
Porém, para que as actividades da
PGR alcancem sucesso, é preciso
que as entidades especializadas, em
termos de conhecimento técnico-
-científico e com instrumentos de
fiscalização no terreno, colaborem.
Olívia Amosse, directora-geral da
AQUA, disse, durante a visita da
PGR à sua instituição e à Direcção
Nacional de Florestas, na passada
sexta-feira, que o sector florestal esteve
completamente a saque, mas que
medidas cirúrgicas estão a ser tomadas
pelo Governo com vista a combater
o mal.
Os resultados, considerou, são encoprocessos
resultantes da fiscalização
de rotina.
Porém, confrontada com os números
de casos submetidos à sua instituição,
Beatriz Buchili discordou completamente
dos mesmos, referindo que
não tem conhecimento da entrada
dessa demanda processual na sua
instituição, sobretudo, no capítulo
referente à “Operação Tronco”.
“O número de processos que temos
em mão é diferente do vosso. Não me
recordo de ter recebido essa demanda
processual. Vou inteirar-me junto
ao meu gabinete, mas esses números
são elevados”, duvidou.
A preocupação da PGR com a disparidade
de dados estatísticos das
entidades de controlo e fiscalização
florestal e os números em seu poder
não se limita apenas ao nível de casos
merecedores da acção penal.
Dados da AQUA indicam que, de
2015 a 2017, foram fiscalizados cerca
de 1.119 empreendimentos, o que
permitiu a descoberta de várias irregularidades,
que culminaram com a
aplicação de 2.338 multas. Deste nú-
mero, foram pagos apenas 30%.
Confrontada com estes números, a
Procuradoria-Geral da República
optou por um desabafo: “é de lamentar
que entre o número de inspecções
feitas por V. excias e o número de
processos que recebemos para averiguações
de índole criminal, haja uma
enorme disparidade. Sentimos que
alguma coisa está a falhar. Há que
Onúmero de processos-
-crime instaurados contra
operadores florestais,
neutralizados em situação
de exploração ilegal de recursos florestais,
está a dividir a Procuradoria-
-Geral da República (PGR) e as
entidades governamentais responsá-
veis pelo controlo e fiscalização dos
recursos florestais.
A Agência Nacional de Controlo
de Qualidade Ambiental (AQUA),
uma instituição sob tutela do Ministério
da Terra, Ambiente e Desenvolvimento
Rural (MITADER),
diz que, no quadro da penalização
de entidades suspeitas de delapidar
os recursos florestais, foram instaurados
e entregues à PGR, para procedimento
criminal, um total de 89
processos, dos quais 45 relacionados
com a “Operação Tronco”.
A “Operação Tronco” é uma ofensiva
desencadeada pelo Governo, através
do Ministério da Terra, Ambiente
e Desenvolvimento Rural (MITADER),
em Março passado, visando
a neutralização de operadores florestais
em situação ilegal.
No âmbito da operação, terão sido
remetidos ao Ministério Público
sete processos ligados à apreensão
de 1.200 contentores de madeira no
Porto de Nacala, província de Nampula,
quando estavam prestes a embarcar
para China, em Dezembro
passado. Foram também abertos 34
Por Raul Senda
rajadores, na medida em que a situação
está, paulatinamente, a normalizar-se.
Sublinhou que no sector florestal
abundam transgressões relacionadas
ao corte de toros de diâmetro inferior
ao previsto na lei, tentativa de exploração
de madeira sem a devida autorização,
tentativa de exportação de
produtos florestais com dimensões
acima do estabelecido na legislação,
para além de transporte de produtos
florestais sem a devida autorização.
Segundo Amosse, tendo em conta
a anarquia que reinava na área florestal,
o Governo decidiu tomar um
conjunto de acções com vista a restruturar
o sector, onde se destaca a
interdição da autorização de novos
pedidos de áreas de exploração florestal,
interdição de exploração de
madeira em toros e vigas, harmonização
e uniformização dos modelos
de licenciamento florestal e introdu-
ção de dispositivos de segurança, iní-
cio da revisão da legislação florestal,
bem como a suspensão de exploração
florestal por 90 dias para operadores
sem unidades de processamento operacionais.
Sobre os números de processos questionados
pela PGR, Olívia Amosse
disse que vai procurar se inteirar dos
factos junto às províncias onde foram
detectadas as infracções e, em caso de
falhas, prosseguir-se-á com a respectiva
correcção.
A directora da AQUA reconheceu
que trabalhar com a PGR, no capítulo
concernente a crimes ambientais,
tem sido um desafio enorme para a
sua instituição.
“Durante muito tempo trabalhamos
sem a PGR, a relação com esta instituição
tornou-se mais frequente nos
últimos dois a três anos. Nessa colaboração
sentimos que há muita coisa
por aprender, sobretudo na vertente
de tramitação processual. Acreditamos
que com esta parceria muita
coisa vai melhorar”, explicou.
Adelapidação dos recursos
florestais não se limita
apenas ao abate, explora-
ção e exportação indiscriminada
de madeira, mas também
dos recursos faunísticos.
Esta situação é muito mais frequente
nas regiões fronteiriças.
Segundo Bartolomeu Soto, director
da Administração Nacional das
Áreas de Conservação (ANAC), o
cenário que se vive no sector faunístico
é desolador.
De acordo com o dirigente, o país
está a perder recursos financeiros e
a biodiversidade a favor do crime
organizado com ramificações intercontinentais.
Soto referiu que as espécies mais
preferidas pelos furtivos são: rinocerontes,
elefantes, leões e macacos.
China, Vietnam, Tailândia, Malásia,
Indonésia e Índia são os principais
destinos dos produtos da fauna retirados
de Moçambique.
O director da ANAC referiu que
as principais incidências da caça de
rinoceronte para a extracção de cornos
verificam-se na região do Kruger
National Park, na vizinha África
do Sul, mas têm maior impacto no
nosso país, na medida em que parte
das pessoas envolvidas neste crime
saem de Moçambique.
Soto disse que, em 2016, 102 mo-
çambicanos foram mortos pela polícia
sul-africana quando tentavam
caçar rinocerontes.
Nesta incursão de furtivos, as autoridades
sul-africanas registaram o
abate de 662 animais, enquanto em
Moçambique foram mortos apenas
cinco animais.
O número reduzido de rinocerontes
abatidos em Moçambique resulta do
facto de esta espécie escassear.
Para além de rinocerontes, o elefante
é outra espécie que mais atrai os
furtivos.
Olívia Amosse lamentou
o facto de os infractores
não pagarem as multas
que lhes são aplicadas.
A directora da AQUA referiu que,
de 2015 a 2017, foram aplicadas
2.338 multas, mas apenas foram
pagas 1.123.
Explicou que, numa situação em
que o infractor não paga dentro do
prazo legalmente estabelecido, que
é de 15 dias, a sua instituição canaliza
o processo ao juiz das execu-
ções fiscais para efeitos de cobrança
coerciva, tal como defende o Decreto
12/2002 de 6 de Junho da Lei
10/99 de 7 de Julho.
Porém, esta situação deixou perplexa
a PGR que referiu que sob ponto
de vista legal, a única entidade
responsável pela cobrança coerciva
de multas no país é o Tribunal da
Polícia e que em caso de inexistência,
deve-se recorrer ao tribunal
comum.
“Não é legal canalizar processos de
multas ao juiz de execuções fiscais. A
cobrança coerciva de multas é da competência
do tribunal da polícia ou tribunal
comum. Devem verificar muito
bem a legislação”, elucidou a magistrada.
Buchili reconheceu que no sector florestal
há muita legislação avulsa,
facto que origina divergências entre
a mesma.
A magistrada apelou à equipa do
MITADER no sentido de uniformizar
e harmonizar a legislação
para que se evite incidentes de interpretação.
de recursos usam intermediários que
aliciam as comunidades de baixa renda
nas zonas rurais e estas arriscam as
suas vidas, entram nas zonas de protecção
especial para abater animais
ou devastar florestas em seu redor e
recebem quantias irrisórias que nem
minimizam a sua situação social.
Alguns sectores da justiça
não cooperam
Beatriz Buchili falou da tramitação
processual no quadro dos crimes
ambientais e disse que este é um elemento
fundamental para a investiga-
ção e condenação dos infractores.
Para a magistrada, o pessoal ligado à
fiscalização florestal instaura processos
de forma errada, o que faz com
que, quando chega ao magistrado do
Ministério Público ou Judicial para
efeitos de análise, os infractores são
libertos por insuficiência de elementos
incriminatórios.
Segundo Buchili, é comum ouvir
que um camião transportando madeira
em situação ilegal foi apreendido.
Contudo, quando se chega ao
julgamento não se apresenta os instrumentos
de prova de crime, mormente:
a viatura ou armas em caso de
caça furtiva.
Sublinhou que todos os elementos
de prova não podem desaparecer do
processo, porém, a realidade mostra o
contrário e aí o juiz nada pode fazer
se não ilibar o arguido.
“Apelamos aos colegas que, sempre
que fazem uma apreensão, devem
manter todos os elementos de prova,
como é o produto apreendido, a
localização dos infractores, em caso
de liberdade condicional, os instrumentos
usados para o cometimento
de infracção (viaturas e armas) entre
outros elementos até ao desfecho do
processo que se verifica depois da decisão
judicial”, elucidou.
Perante esses factos, Emília Fumo
retorquiu referindo que as entidades
florestais nada podem fazer perante
ordens judiciais.
De acordo com Fumo, sempre que
os fiscais florestais apreendem um
produto florestal a ser explorado de
forma ilegal, retêm também os instrumentos
do crime.
Contudo, dias depois, vêm ordens
judiciais a mandar libertar os bens
apreendidos, incluindo a viatura que
transporta o produto.
“Digníssima, esta semana, os nossos
colegas em Changara, província
de Tete, apreenderam um camião
transportando de forma ilegal uma
espécie de madeira cuja exportação
é proibida por lei. A viatura e a madeira
foram retidas no nosso posto
de controlo e o processo conduzido
à procuradoria local para efeitos de
tramitação penal e do nosso lado
aplicamos as devidas multas. Porém,
o tribunal local ordenou a libertação
da viatura. As pessoas ainda não pagaram
a multa e a viatura era a nossa
garantia. A história reza que sempre
que os infractores conseguem recuperar
seus bens não pagam multas.
Assim teremos de libertar a viatura”,
porque não podemos desobedecer
ordens do tribunal”, queixou.
Outra situação que preocupa a inspectora
do MITADER são os procedimentos
usados pela justiça para
libertar os infractores.
Quase todas as pessoas que são flagradas
a praticar crimes ambientais
são restituídas à liberdade sob termo
de identidade e residência e depois
$XWRULGDGHVJRYHUQDPHQWDLVUHVSRQViYHLVSHORFRQWURORHÀVFDOL]DomRÁRUHVWDOGL]HPTXHHQYLDUDPj3*5XPWRWDOGHSURFHVVRVSDUDDLQVWUXomRFULPLQDOFRQWUDRSHUDGRUHVÁRUHVWDLVLOHJDLVPDV%HDWUL]%XFKLOLGL]TXHQmRWHPFRQKHFLPHQWRGHVVHVSURFHVVRV
HDFUHVFHQWDTXHKiHPSUHVDVPDGHLUHLUDVHQYROYLGDVQDODYDJHPGHGLQKHLUR
Interpretação descoordenada da legislação
desaparecem.
A inspectora-geral do MITADER
queixou-se também do papel da Polícia
de Protecção de Recursos Naturais,
assinalando que muitos dos seus
membros não conhecem as suas reais
competências.
“Sentimos que a missão da Polícia de
Protecção dos Recursos Florestais é
conhecida ao nível do topo, na base,
os agentes não têm noção do seu papel
e isso atrapalha as actividades dos
nossos fiscais”, declarou.
Há necessidade, disse, de se explicar
aos agentes da polícia sobre a sua real
missão no terreno.
Beatriz Buchili reconheceu que há
uso abusivo do instituto de termo
de liberdade e residência para soltar
infractores.
Para a magistrada, não se explica que,
por exemplo, um cidadão estrangeiro,
sem residência fixa no país, beneficie
deste direito, sabendo-se que a sua
localização pode ser difícil.
Sobre este capítulo, Buchili criticou
também os seus pares, referindo que
não nota nenhum esforço do Ministério
Público com vista a limitar
o uso excessivo do instituto de liberdade
do termo de identidade e
residência da parte dos magistrados
judiciais, na medida em que os procuradores
podem recorrer da decisão,
mas que não se lembra duma situa-
ção em que houve esse recurso.
Conta Soto que esta situação tinha
maior ocorrência na região norte de
Moçambique, mais concretamente nas
regiões da Reserva do Niassa.
Contudo, nos últimos anos, também se
verificava na Reserva Especial de Maputo,
estando a espécie a desaparecer.
Soto contou que, em 1970, o país tinha
cerca de 50 mil elefantes e hoje conta
com menos de 10 mil.
Em 2017, foram abatidos, no território
nacional, 33 elefantes.
Sem meios para contornar o mal, referiu
que a sua instituição está a fazer o que
pode e que, em alguns casos, há sucessos.
Bartolomeu Soto narrou que, em 2016,
no quadro do controlo do comércio
transfronteiriço ilegal de recursos faunísticos,
foram detidas 25 pessoas.
Desse número, 10 são moçambicanos,
quatros chineses e 11 vietnamitas, que
depois pagaram caução e fugiram do
país. Foram ainda apreendidas 42 quilogramas
de cornos de rinoceronte e
1.374.4 quilogramas de marfim.
Bartolomeu Soto também se queixou à
Procuradora-Geral da República, da falta
de meios para combater o crime
bem como do abuso do instituto da
liberdade sob termo de identidade e
residência, para soltar criminosos. A
título de exemplo, referiu que todos
os cidadãos estrangeiros detidos em
conexão com a caça furtiva foram
soltos e fugiram do país.
Por isso, continuou, torna-se difícil
descobrir a génese do tráfico e localizar
os verdadeiros mandantes.
Segundo o director da ANAC, a
instituição conta com apenas 368
fiscais, dos mais de mil necessários.
Deste grupo, cerca de 41% é composto
por funcionários inaptos.
Esta situação faz com que cada fiscal
controle uma área de 315 quilómetros
quadrados, muitas vezes
sem meios de locomoção, contra o
padrão internacional, que é de 50
quilómetros quadrados por fiscal.
De recordar que 25% do território
nacional, o equivalente a 95 mil quilómetros
quadrados, é constituído
por áreas de conservação.
Mais de 100 moçambicanos mortos na RAS
%UDQTXHDPHQWRGHFDSLWDLV
Beatriz Buchili referiu que a questão
de contrabando de recursos florestais
e faunísticos deve ser vista com tamanha
cooperação e preparação técnica,
na medida em que é praticada
por redes com ramificações internacionais
e que movimentam consigo
elevadas somas monetárias.
A PGR diz que, nas investigações
do Ministério Público sobre o branqueamento
de capitais, é notável o
envolvimento de empresas de exploração
madeireira nesta tipologia de
crimes.
rificar que algumas firmas ligadas ao
negócio de madeira estão nestes esquemas.
Porém, não apontou nomes.
A movimentação de elevadas somas
monetárias no contrabando de recursos
florestais e faunísticos foi também
reconhecida por Emília Fumo,
inspectora-geral do MITADER.
Segundo Fumo, o mais preocupante
é que quem se beneficia desses ganhos
é uma minoria, enquanto a esmagadora
maioria dos intervenientes
no processo continua num estado de
pobreza extrema.
Sublinhou que os barões de tráfico
Olívia Amosse
Beatriz Buchili, Procuradora-Geral da República
Bartolomeu Soto
16 Savana 16-06-2017 SOCIEDADE
A Eni East Africa S.p.A. (EEA) convida à todas as empresas
interessadas e experientes a submeterem a sua Manifestação
de Interesse para Prestação de Serviços de Perfuração
em Alto Mar Por Meio de Uma Sonda a serem executados
na República de Moçambique com as seguintes caracteristicas:
3RVLFLRQDPHQWR'LQkPLFRGD6RQGDGH3HUIXUDomR0DULtima,
equipada para ambientes H2S
'LVSRQLELOLGDGH4
JXDV&ODVVLÀFDGDV IW
3URIXQGLGDGH IW
%23VWDFN PLQSVL
&DSDFLGDGHGR'HUULFNOEV
As empresas interessadas neste convite podem apresentar
a sua Manifestação de Interesse para participar do processo
de concurso para a Prestação de Serviços de Perfuração em
Alto Mar Por Meio de Uma Sonda, procedendo com o registro
no nosso website indicado abaixo e submetendo a seguinte
documentação:
&ySLDGLJLWDOL]DGDHFHUWLÀFDGDGRUHJLVWRFRPHUFLDOGR
nome da entidade jurídica e da pessoa de contacto para a
UHFHSomRGHTXDOLÀFDo}HVHLQIRUPDo}HVFRPHUFLDLV
%DODQoRVÀQDQFHLURV~OWLPRVWUrVDQRV5HODWyULR$QXDOTXHSURYHDFDSDFLGDGHÀQDQFHLUDPtQLPDSDUDDUHDOL-
]DomRGRWUDEDOKR
(VWUXWXUDGD(PSUHVD*UXSRFRPDOLVWDGRVSULQFLSDLV
DFFLRQLVWDVHGRVEHQHÀFLiULRVÀQDLV FDVR DHPSUHVDQmR
HVWHMDFRWDGDQDEROVDGHYDORUHV
(YLGrQFLDGR6LVWHPDGH*HVWmRGH4XDOLGDGHHPFRQIRUPLGDGHFRPRSDGUmR,62
(YLGrQFLDGR6LVWHPDGH*HVWmGH6D~GHH6HJXUDQoDHP
FRQIRUPLGDGHRSDGUmR,62
As empresas interessadas podem submeter a sua Manifestação
de Interesse através do registo da empresa no nosso
VLWH$SOLFDo}HVORFDLV
KWWSVHSURFXUHPHQWHQLLWLQWBHQJ6XSSOLHUV4XDOLÀ-
FDWLRQ0R]DPELTXH$SSOLFDWLRQ 3DUDDVFDQGLGDWXUDVHP,QJOrV
KWWSVHSURFXUHPHQWHQLLWLQWBLWD)RUQLWRUL4XDOLÀFD
$XWRFDQGLGDWXUD0R]DPELFR 3DUDDVFDQGLGDWXUDV
HP3RUWXJXrV,WDOLDQR
IMPORTANTE: $ VXEPLVVmR GHYHUi ID]HU UHIHUrQFLD DR
FyGLJRGH3URGXWR6HUYLoRDEDL[RLQGLFDGR
SS05BA01 OFFSHORE RIGS – FLOATERS
'HQWURGDSiJLQDGDFDQGLGDWXUDQDVHFomR´2EMHFWRIWKH
DSSOLFDWLRQµDiUHD´2ULJLQRILQYLWDWLRQµGHYHVHUFRPSOHtada
do seguinte modo:
“Drilling Operations Offshore By Drillship” objecto a ser
entregue e em conformidade com os documentos acima
PHQFLRQDGRV
'HQRWDUTXHDVHPSUHVDVTXHSRVVXDPXPDFDUWDGHTXDOLÀFDomRYiOLGDGD(QL6S$HTXHMiVHDXWRFDQGLGDWDUDP
QR SDVVDGR SDUD DPHVPD DFWLYLGDGH VH DSOLFiYHO D GRFXPHQWDomRVROLFLWDGDGHYHUiVHUHQYLDGDSDUDRVHJXLQWH
endereço de email: HHDSURFXUHPHQW#HQLFRP
Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e ao cumprimento
com toda a documentação acima indicada, as
HPSUHVDVLQWHUHVVDGDVSRGHUmRUHFHEHUGD(QL(DVW$IULFD
R3DFRWHGH4XDOLÀFDomR
$(QL(DVW$IULFD 6S$ IDUiXPD DYDOLDomRGDGRFXPHQtação
acima solicitada e, caso o resultado da avaliação seja
VDWLVIDWyULRLUiLQFOXLURFDQGLGDWRQDVXD/LVWDGH)RUQHcedores
com vista a considerar a empresa em futuros processos
de concurso relacionados com as actividades em
TXHVWmR
$SHQDVDVHPSUHVDVFRQVyUFLRVRX-9TXDOLÀFDGRVTXHWHQKDP
GHPRQVWUDGR FDSDFLGDGH H H[SHULrQFLD UHFHQWH GR
fornecimento do serviço acima exigido serão considerados
SDUDSRWHQFLDLVSURSRVWDVQRkPELWRGRVHUYLoRDFLPDGHVFULWR
A solicitação de informação e documentação tem como obMHFWLYRLQLFLDUXPD´DYDOLDomRSDUDTXDOLÀFDomRµHGDUXPD
oportunidade às empresas seleccionadas de fornecer detaOKHVGDVXDHVWUXWXUDOHJDOJHVWmRH[SHULrQFLDUHFXUVRVH
VXDFDSDFLGDGHJOREDOSDUDH[HFXWDURVHUYLoR
(VWH0DQLIHVWDomRGH,QWHUHVVHQmRGHYHUiVHUFRQVLGHUDGD
um convite para concurso e portanto, não representa nem
FRQVWLWXL QHQKXPD SURPHVVD REULJDomR RX FRPSURPLVVRGHTXDOTXHUWLSRSRUSDUWHGD(QL(DVW$IULFD6S$HP
celebrar contratos ou acordos com qualquer empresa que
SDUWLFLSHGDSUHVHQWH
&RQVHTXHQWHPHQWHWRGRVRVGDGRVHLQIRUPDo}HVIRUQHFLdos
pela empresa não deverão ser considerados como um
FRPSURPLVVRSRUSDUWHGD(QL(DVW$IULFDHPFHOHEUDUXP
FRQWUDWRRXDFRUGRFRPDHPSUHVDQHPGHYHUiSRVVLELOLWDUTXHDHPSUHVDUHLYLQGLTXHTXDOTXHULQGHPLQL]DomRSRU
SDUWHGD(QL(DVW$IULFD6S$
7RGRVRVGDGRVHLQIRUPDo}HVIRUQHFLGRVQRkPELWRGHVWD
Manifestação de Interesse serão tratados como estritamenWH
FRQÀGHQFLDLV H QmR VHUmR GLYXOJDGRV RX FRPXQLFDGRV
iSHVVRDVRXHPSUHVDVQmRDXWRUL]DGDVFRPH[FHSomRGD
(QL(DVW$IULFD6S$
2SUD]RSDUDDVXEPLVVmRDWUDYpVGRQRVVRZHEVLWHWHUPLQDi30
de Junho de 2017
4XDLVTXHU FXVWRVLQFRUULGRV SHODV HPSUHVDVLQWHUHVVDGDV
na preparação da Manifestação de Interesse serão da total
responsabilidade das empresas, as quais não terão direito
DTXDOTXHUUHHPEROVRSRUSDUWHGD(QL(DVW$IULFD6S$
5HVVDOWDVHTXHGHDFRUGRFRPR&yGLJRGH&RPpUFLR0RoDPELFDQR
'HFUHWRGHGHGH]HPEURGHDV
HPSUHVDVHVWUDQJHLUDVTXHSUHWHQGDPUHDOL]DUDFWLYLGDGHV
em Moçambique por mais de um ano devem registrar uma
HPSUHVDRXXPDUHSUHVHQWDomRHQWLGDGHOHJDOQRSDtV
PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PERFURAÇÃO EM ALTO MAR POR MEIO DE UMA SONDA
PARA ENI EAST AFRICA S.p.A. NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
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Savana 16-06-2017 17 PUBLICIDADE SOCIEDADE
(QL(DVW$IULFD6S$LQYLWHVLQWHUHVWHGFRPSDQLHVWRVXEPLW
H[SUHVVLRQVRILQWHUHVW IRU WKHSURYLVLRQRID'5,//6+,3 WR
VXSSRUW(QL(DVW$IULFDGHYHORSPHQWFDPSDLJQLQ0R]DPELTXHKDYLQJWKHIROORZLQJFKDUDFWHULVWLFV
'\QDPLF3RVLWLRQLQJ8QLWUHTXLUHGWREHÀW HTXLSSHGIRU
H2S Service
$YDLODELOLW\4
5DWHG:DWHU'HSWK IW
'ULOOLQJ'HSWK IW
%23VWDFN PLQSVL
'HUULFN&DSDFLW\OEV
&RPSDQLHV LQWHUHVWHG LQ WKLV LQYLWDWLRQ PD\ VXEPLW WKHLU
([SUHVVLRQ RI ,QWHUHVW WRSDUWLFLSDWHLQ D WHQGHUSURFHVV IRU
RIIVKRUHGULOOLQJRSHUDWLRQV WKURXJKGULOOVKLSE\UHJLVWHULQJ
RQWKHZHEVLWHLQGLFDWHGEHORZDQGVXEPLWWLQJWKHIROORZLQJ
required documentation:
6FDQQHG FHUWLÀHG FRS\ RI WKH WUDGH UHJLVWHU OHJDO HQWLW\
QDPHDQGFRQWDFWSHUVRQIRUUHFHLYLQJTXDOLÀFDWLRQDQGFRPPHUFLDOLQIRUPDWLRQ
/DWHVW EDODQFH VKHHW$QQXDO 5HSRUW RI WKH FRPSDQ\ UHJLVWHUHGLQ0R]DPELTXHDQGWKHODWHVWFRQVROLGDWHGEDODQFH
VKHHW$QQXDO5HSRUW RI WKH FRPSDQ\ JURXS LI DSSOLFDEOH
SURYLQJPLQLPXPÀQDQFLDOFDSDFLW\IRUWKHUHDOL]DWLRQRIWKH
VFRSHRIZRUN
&RPSDQ\DQG*URXS6WUXFWXUHZLWKWKHOLVWRIPDMRU6KDUHKROGHUVDQGXOWLPDWHEHQHÀFLDULHV
LIQRWOLVWHGLQWKHVWRFN
H[FKDQJH
4XDOLW\0DQDJHPHQW6\VWHPFHUWLÀFDWLRQVDQGRUFHUWLÀ-
FDWHVSURYLQJWKH&RPSDQ\FRPSOLDQFHZLWKQDWLRQDORULQWHUQDWLRQDO4XDOLW\6WDQGDUGV
HJ,62
+HDOWK 6DIHW\0DQDJHPHQW6\VWHPFHUWLÀFDWLRQDQGRU
GRFXPHQWV SURYLQJ WKH FRPSDQ\ FRPSOLDQFHZLWKLQWHUQDWLRQDOVWDQGDUGV
,62
7KHUHJLVWUDWLRQZHEVLWH0R]DPELTXH$SSOLFDWLRQLVDYDLODEOHWRWKHIROORZLQJ85/
KWWSVHSURFXUHPHQWHQLLWLQWBHQJ6XSSOLHUV4XDOLÀ-
FDWLRQ0R]DPELTXH$SSOLFDWLRQ IRU DSSOLFDWLRQLQ (QJOLVK
KWWSVHSURFXUHPHQWHQLLWLQWBLWD)RUQLWRUL4XDOLÀFD
$XWRFDQGLGDWXUD0R]DPELFR IRU DSSOLFDWLRQ LQ 3RUWXJXHVH,WDOLDQ
7KHVXEPLVVLRQPXVWUHIHUWRWKHIROORZLQJFRPPRGLW\FRGH
66%$ 2))6+25(5,*6)/2$7(56
:LWKLQWKHZHEVLWHDSSOLFDWLRQXQGHUWKHVHFWLRQ´2EMHFWRI
WKH$SSOLFDWLRQµWKHDUHD´2ULJLQRILQYLWDWLRQµVKDOOEHFRPpleted
as follows: “OFFSHORE RIGS”
3OHDVH QRWH WKDW FRPSDQLHV LQ SRVVHVV RI D YDOLG TXDOLÀFDWLRQOHWWHUIURP(QL*URXSDQGZKLFKDOUHDG\VHOIDSSOLHGRU
DSSOLHGLQWKHSDVWIRUWKHVDPHVHUYLFHRUVLPLODUDFWLYLWLHV
FRQÀUPDWLRQRILQWHUHVWDQGLIDSSOLFDEOHWKHUHTXLUHGGRFXPHQWDWLRQFDQEHVHQWWRWKHIROORZLQJHPDLODGGUHVV
HHDSURFXUHPHQW#HQLFRP
6XEMHFW WR WKH VXEPLVVLRQ DQG FRPSOLDQFH RI DOO WKH DERYH
GRFXPHQWDWLRQ FRPSDQLHV LQWHUHVWHG LQ WKLV ([SUHVVLRQ RI
,QWHUHVWPD\UHFHLYHIURPWKHDERYHHPDLODGGUHVVWKH4XDOL-
ÀFDWLRQ3DFNDJH
(QL(DVW$IULFDZLOOHYDOXDWHWKHDERYHUHTXHVWHGGRFXPHQWDWLRQDQGLIVDWLVÀHGDVDUHVXOWRILWVFDUHIXOHYDOXDWLRQZLOO
LQFOXGH WKHDSSOLFDQWLQLWV9HQGRU/LVW IRUFRQVLGHUDWLRQLQ
IXWXUHWHQGHUSURFHVVHVUHJDUGLQJWKHVXEMHFWDFWLYLWLHV
2QO\TXDOLÀHGFRPSDQLHVRUFRQVRUWLDRU -9 WKDWKDYHSURYHQFDSDELOLW\DQGUHFHQWH[SHULHQFHRIVXSSO\LQJWKHDERYH
required services will be considered for potential tenders for
WKHVFRSHRIVHUYLFHGHVFULEHGDERYH
7KHSXUSRVHRIWKHLQIRUPDWLRQDQGGRFXPHQWVUHTXHVWLVWR
VWDUWD´TXDOLÀFDWLRQDVVHVVPHQWµDQGWRJLYHDQRSSRUWXQLW\WRWKHVHOHFWHGFRPSDQLHVWRSURYLGHGHWDLOVRIWKHLUOHJDO
structure, management, experience, resources and overall caSDELOLW\WRSHUIRUPWKHVHUYLFH
(QL (DVW$IULFDZLOO HYDOXDWH WKDW HDFK RI WKH ÀQDO VHOHFWHG
FRPSDQLHV KDYH WKH UHVRXUFHVPDQDJHPHQW DQG DOO WKH FDSDELOLW\WRDFWDVDVLQJOHOHJDOHQWLW\
FRPSDQ\LQRUGHUWR
DFKLHYH WKH UHTXLUHG WDUJHWV RI TXDOLW\+6( VWDQGDUGV DQG
SURJUDPPH
$OO UHVSRQVHV DUH WR EH VXSSRUWHG E\ VXFK QDUUDWLYH RUJDQLVDWLRQFKDUWVUHVRXUFHFKDUWVDQGRWKHULQIRUPDWLRQZKLFK
WKHFRPSDQ\FRQVLGHUVQHFHVVDU\WRVXEVWDQWLDWHWKHLQGLYLGXDOUHVSRQVHVDQGSURYLGH(QL(DVW$IULFDZLWKWKHUHTXLUHG
FRQÀGHQFHLQWKHFRPSDQ\·VFDSDELOLWLHVDQGH[SHULHQFHV
7KLVHQTXLU\VKDOOQRWEHFRQVLGHUHGDQLQYLWDWLRQWRELGDQG
WKHUHIRUH LW GRHV QRW UHSUHVHQW RU FRQVWLWXWH DQ\ SURPLVH
REOLJDWLRQRUFRPPLWPHQWRIDQ\NLQGRQWKHSDUWRI(QL(DVW
$IULFDWRHQWHULQWRDQ\DJUHHPHQWRUDUUDQJHPHQWZLWK\RX
RUZLWKDQ\FRPSDQ\SDUWLFLSDWLQJLQWKLVSUHHQTXLU\
&RQVHTXHQWO\ DOO GDWD DQG LQIRUPDWLRQ SURYLGHG E\ HDFK
FRPSDQ\ VKDOO QRW EH FRQVLGHUHG DV D FRPPLWPHQW RQ WKH
SDUWRI(QL(DVW$IULFDWRHQWHULQWRDQ\DJUHHPHQWRUDUUDQJHPHQWQRUVKDOO
WKH\HQWLWOH WKHFRPSDQ\ WRFODLPDQ\LQGHPQLW\IURP(QL(DVW$IULFD
$OOGDWDDQGLQIRUPDWLRQSURYLGHGSXUVXDQWWRWKLVHQTXLU\
ZLOOEHWUHDWHGDVVWULFWO\FRQÀGHQWLDODQGZLOOQRWEHGLVFORVHGRUFRPPXQLFDWHG
WRQRQDXWKRUL]HGSHUVRQVRUFRPSDQLHVH[FHSW(QL(DVW$IULFD
7KHGHDGOLQHIRUUHFHLSWRI([SUHVVLRQRI,QWHUHVWE\WKHHPDLO
DGGUHVVLQGLFDWHGDERYHLVVHWDWWK-XQHRI
$Q\FRVWLQFXUUHGE\LQWHUHVWHGFRPSDQLHVLQSUHSDULQJWKH
([SUHVVLRQRI,QWHUHVWVKDOOEHIXOO\ERUQE\FRPSDQLHVZKR
VKDOOKDYHQRUHFRXUVHWR(QL(DVW$IULFDLQWKLVUHVSHFW
,WLVÀQDOO\KLJKOLJKWHGWKDWLQDFFRUGDQFHZLWKWKH0R]DPELFDQ
&RPPHUFLDO &RGH 'HFUHH RI 'HFHPEHU WK
IRUHLJQFRPSDQLHVZKLFKLQWHQGWRSHUIRUPDFWLYLWLHV
LQ0R]DPELTXH IRUPRUH WKDQ RQH \HDU VKDOOLQFRUSRUDWH D
FRPSDQ\RUDOHJDOUHSUHVHQWDWLRQHQWLW\LQWKHFRXQWU\
EXPRESSION OF INTEREST
FOR DRILLING OPERATIONS OFFSHORE BY DRILLSHIP
18 Savana 16-06-2017 OPINIÃO
Registado sob número 007/RRA/DNI/93
NUIT: 400109001
Propriedade da
Maputo-República de Moçambique
KOk NAM
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e Naita Ussene
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Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo
Nhampossa, Armando Nhantumbo e
Abílio Maolela
)RWRJUDÀD
Naita Ussene (editor)
e Ilec Vilanculos
Colaboradores Permanentes:
Fernando Manuel, Fernando Lima,
António Cabrita, Carlos Serra,
Ivone Soares, Luis Guevane, João
Mosca, Paulo Mubalo (Desporto).
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Aunício Silva (Nampula)
Eugénio Arão (Inhambane)
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Maquetização:
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Hermenegildo Timana.
Revisão
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Publicidade
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savana@mediacoop.co.mz
Redacção
admc@mediacoop.co.mz
Administração
www.savana.co.mz
EDITORIAL Cartoon
E
m muitos países, as pessoas
acusadas de crimes são
mantidas em detenção, antes
do julgamento. A lei permite
esta detenção, geralmente para
garantir a presença do arguido no
julgamento. O projecto de pesquisa
conduzido pela Africa Criminal
Justice Reform da Universidade de
Western Cape, em colaboração com
o Centro de Direitos Humanos da
UEM, procurou compreender e
quantificar a forma como a decisão
de deter um arguido afecta os seus
direitos sócio-económicos e dos
seus familiares. Os locais de reclusão,
seleccionados para o estudo,
estão situados nos principais centros
urbanos do Quênia (Nairobi),
Moçambique (Maputo) e Zâmbia
(Lusaka). O projecto descobriu que,
embora existam semelhanças significativas
entre os três centros urbanos,
também há tendências particulares,
no impacto sócio-económico
em cada país.
Com enfoque na cidade de Maputo,
o estudo mostrou que a maioria das
famílias é altamente dependente do
rendimento e do apoio não monetá-
rio, anteriormente gerado pelos preventivos.
Entre os homens, mais de
dois terços contribuíam para o total
do rendimento familiar, enquanto
entre as mulheres mais de 40%. O
encarceramento contínuo do preventivo,
na maioria dos casos, reduz
na metade o rendimento da família
e coloca uma adicional pressão económica
e social na família, incluindo
o custo e o ónus de visita. A maioria
dos preventivos tinha filhos e três
quartos disseram que os seus filhos
tiveram de se mudar e morar com
outro parente ou com vizinhos, devido
à prisão.
A Zâmbia e o Quénia assinaram
o Pacto Internacional dos Direitos
Económicos, Sociais e Culturais
(ICESCR), com o qual os Estados
se comprometem a proteger e promover
os direitos sócio-económicos,
e os três Estados assinaram a Carta
Africana dos Direitos dos Homens
e dos Povos, que protege o direito
ao trabalho, à protecção da família
e os direitos à alimentação, à água e
ao saneamento. O dever de respeitar
esses direitos sociais e económicos
implica a obrigação de não interferir
injustificadamente com os recursos
dos indivíduos; a liberdade de trabalhar;
nem a liberdade de tomar as
medidas necessárias e usar recursos
para satisfazer as suas necessidades.
Por conseguinte, existe um dever no
estado de garantir que a prisão preventiva
ocorra apenas quando absolutamente
necessária para respeitar
os direitos sócio-económicos.
Cerca de 72% dos preventivos estavam
ganhando dinheiro no momento
da sua detenção. As mulheres,
através do trabalho doméstico
(29%), venda de roupas e móveis
(23%) e emprego formal (23%).
Entre os homens, as actividades de
renda mais comuns eram constru-
ção (22%), emprego como guarda
(19%), vendedores ambulantes
(11%) e motorista (7%).
Mais de dois terços dos agregados
relataram uma perda do rendimento
como resultado da prisão, sendo um
terço obrigado a pedir emprestado
dinheiro para compensar a perda,
enquanto 10% teve de vender um
bem.
A maioria dos preventivos tinha
filhos (92% entre mulheres e 82%
entre homens). Três quartos (75%)
dos preventivos tinham familiares a
cargo além dos seus próprios filhos e
três quartos das crianças foram afectadas
pela prisão. O tipo de cuidados
prestados a crianças não ficou mais
disponível e algumas crianças tiveram
de se mudar de casa ou parar de
ir à escola.
Cerca de 85% das pessoas em prisão
preventiva foram visitadas regularmente,
com grandes valores gastos
pelos visitantes em apoiar o preventivo.
Para a maioria (81%), essa foi a
primeira vez em prisão preventiva.
Cerca de 37% dos preventivos eram
ou ficaram doentes durante o perí-
odo num estabelecimento penitenciário.
Pouco mais da metade (54%)
disseram que receberam assistência
jurídica. Cerca de 41% (76% dos
que recebem assistência) disseram
que isso ocorreu com o Instituto
do Patrocínio e Assistência Jurídica.
No entanto, a assistência não foi
avaliada como muito positiva.
As ofensas das quais as mulheres
entrevistadas foram acusadas foram
principalmente relacionadas à
fraude ou furto (juntos 46%). Havia
também uma série de ofensas possivelmente
relacionadas a crianças,
incluindo o abandono do bebê, negligência
no cuidado com as crian-
ças e abdução. Os homens preventivos
entrevistados foram acusados
de roubo (47%), homicídio (8%) e
furto (11%).
Apenas 20% dos homens preventivos
entrevistados tinha registado
um valor de caução (inacessível) de
MT 10 000 (US $ 319) até MT 260
000 (US $ 8240), com uma mediana
de MT 120 000 (US $ 3800). O
valor mais baixo representa mais de
três meses de salário mínimo.
Vidros fumados
A prisão preventiva tem impactos sócio-económicos
Por Tina Lorizzo
E
m sistemas democráticos, onde o primado da lei regula
as relações entre os cidadãos e o Estado, não basta
evocar o bem-estar social comum e a harmonia para
que uma autoridade se outorgue ao direito de decidir
como bem o entender, sobre o que é permitido ou é proibido
de fazer. Nem que tal acto seja ostensivamente para proteger
a própria sociedade.
Nesses sistemas as proibições são impostas por lei, e tudo o
que não for proibido se presume que seja permitido.
É assim que a PRM não pode vir a público, e de ânimo leve
se encontrar no direito de aplicar multas a automobilistas
que circulam com viaturas com vidros fumados, usando
como motivo simplesmente o facto de que existem criminosos
que usam viaturas com essas características para cometer
crimes. É preciso que a lei diga expressamente que na República
de Moçambique é proibido conduzir viaturas com
vidros fumados.
Automobilistas estão a ser prejudicados com a aplicação de
multas que são ilegais, simplesmente porque no seu melhor
juízo, os agentes da Polícia de Trânsito entendem que estão
a circular com viaturas de vidros fumados, o que na sua óptica
configura em alteração das características do veículo em
causa.
O facto é que as características de uma determinada viatura
estão inscritas no livrete da mesma, e não há nenhum campo
neste documento onde é preciso especificar a cor dos vidros.
É importante também sublinhar que com a excepção de casos
em que os vidros são claramente alterados de tal forma que
não se consegue ver o interior da viatura, em muitos casos
trata-se de uma película que se coloca no vidro como forma
de proteger os ocupantes da viatura da penetração violenta
da luz solar. Mas isto nunca pode ser construído como uma
alteração substancial das características da viatura. Não é isso
o que se pretende aludir com o número 1 do artigo 118 do
Código de Estrada, que diz taxativamente que “considera-se
transformação de veículo qualquer alteração das suas características
constitutivas ou funcionais”.
Outra verdade é que muitas destas viaturas foram importadas
nas condições em que se encontram, tendo no seu processo
de importação sido sujeitas a um minucioso trabalho
de inspecção. Só nestas condições é que depois foram emitidos
os respectivos livretes, documentos perfeitamente legais
ao abrigo da legislação em vigor. Ademais, estas viaturas
são sujeitas a uma inspecção anual mandatária que visa, para
além de testar o seu estado mecânico, verificar se as suas características
físicas se conformam com o que está detalhado
no livrete.
A PRM tem o papel de obrigar os cidadãos a respeitar e
cumprir as leis aprovadas pelo órgão legislativo do Estado ou
outros dispositivos legais relevantes. Mas não tem a prerrogativa
de produzir as suas próprias leis, para as fazer aplicar
sempre que isso bem lhe apetecer. Se não, qualquer dia, em
nome do combate cerrado contra o crime, a polícia venha
também impor a proibição do uso de óculos escuros.
Se a vontade não lhes falta, a polícia tem outras formas de
prevenção contra o crime, sem ter de incomodar cidadãos
cumpridores da lei. Por exemplo, não é vedado à polícia o
poder de, em caso de suspeita, mandar parar qualquer viatura
e verificar o seu interior.
Savana 16-06-2017 19 OPINIÃO
532
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
A programada visita, de três dias, da
Ministra da Justiça portuguesa Francisca
Van Dunem a Angola em
Fevereiro, bem como as reuniões com
os membros do governo angolano e
responsáveis do sistema judicial e a
sua participação no fórum sobre os
serviços de justiça foram repentinamente
cancelados e adiada sine die
“a pedido das autoridades angolanas
aguardando-se o seu reagendamento”,
segundo um comunicado das autoridades
portuguesas.
Este cancelamento poderá eventualmente
ferir a programada visita do
Primeiro-Ministro português, cuidadosamente
preparada pelo chefe da
diplomacia portuguesa em Luanda.
Nesta problemática não se prevê que
as relações Portugal-Angola venham
a tornar-se mais transparentes.
Os motivos do adiamento não foram
especificamente revelados mas
é evidente a ligação da acusação de
corrupção activa e de branqueamento
de capitais pelo processo do DCIAP1
português contra Manuel Vicente,
o Vice Presidente de Angola e ex-
-Presidente da Sonangol, a toda poderosa
empresa petrolífera angolana
agora sob a direcção de Isabel dos
Santos, mais conhecida por filha do
Presidente angolano. Actualmente,
MV é o Presidente em exercício devido
a ausência de JES por motivos
de doença.
A “Operação Fizz” como foi baptizado
este inquérito é linear.
Quando Manuel Vicente foi nomeado
para o número dois do Governo
de Angola, primeiro como ministro
de economia, em 31 de Janeiro de
2012, e depois Vice-presidente em
Setembro desse ano, terá subornado
o Procurador português que estava
a investigá-lo por suspeitas de branqueamento
de capitais.
Orlando Figueira, o Procurador do
Ministério Público português que investigava
o processo é acusado de ter
recebido um total de 763 mil euros,
entre Dezembro de 2011 e Julho de
2015, para que arquivasse dois processos
crimes que estavam a decorrer
sobre Manuel Vicente.
Depois de os ter arquivado, em 2012,
o magistrado saiu do sistema judicial
e foi trabalhar para o BCP, de
cujo concelho geral e de supervisão
Manuel Vicente foi vice-presidente,
em representação da petrolífera angolana,
mas Figueira aparece, pouco
depois, com a assinatura dum contrato
de trabalho com uma empresa-
-fantasma da Sonangol, a Primagest,
da qual recebe mais de 600 mil euros.
Estes factos levaram o DCIAP a acusar
não só Manuel Vicente e Orlando
Figueira, mas também mais dois
arguidos: Paulo Blanco, advogado de
Manuel Vicente e do estado angolano
em Portugal, e Armindo Perpé-
tuo Pires o gerente dos interesses de
Manuel Vicente em Portugal ao qual
tinha sido passada uma procuração
com amplos poderes para o representar.
Os quatro vão ter de responder, de
acordo com a acusação, em coautoria,
por crimes de corrupção qualificada,
branqueamento de capitais e falsificação
de documento sendo que este
último diz respeito ao contrato com
a Primagest.
Embora a Primagest não fosse uma
subsidiária da Sonangol, não aparecendo
nos seus relatórios e contas
anuais, as procuradoras Inês Bonino
e Patrícia Barão concluem que se
tratava duma mera sociedade veículo
(“não dispondo de instalações, trabalhadores,
volume de negócios”) usado
pela petrolífera estatal angolana para
adquirir acções de outras sociedades
e para fazer pagamentos a partir de
uma conta em Luanda no Banco Privado
Atlântico (BPA) – um Banco
também ele controlado pela Sonangol
e, à época dos factos, pelo próprio
Manuel Vicente. O dinheiro passava,
depois para o BPA Europa, em Lisboa,
sendo possível contornar a obrigação
de reportar movimentos suspeitos
às autoridades portuguesas2
.
A PGR angolana, a um pedido das
autoridades portuguesas para que
MV fosse ouvido, limita-se a informar
que MV “tem imunidade” e que
a mesma só poderia ser levantada por
decisão da Assembleia da República.
Posteriormente, o Jornal de Angola,
acusa, duma forma infantil, de perseguição
e denegrimento dos dirigentes
angolanos por parte da informação
portuguesa.
Neste caso, face ao pedido enviado
pela PGR de Portugal a resposta tem
sido ou a “imunidade” ou o silêncio,
quer da parte da Presidência da
República, do MPLA , e da própria
comunicação social angolana que rodeia
este caso.
Se, porém, sob o ponto de vista polí-
tico, o actual Governo angolano tenta
apresentar ainda uma máscara de
honestidade – não é só a questão de
MV pois há milhões de dólares a rolar
por essa Europa fora pertencentes
ao stablisment angolano – sob o ponto
comercial as “jogadas” da Sra. Isabel
dos Santos parecem não ter esse prurido.
Isabel dos Santos, sempre com o
epíteto de a “ filha do Presidente” parece
não se importar muito nem com
questões políticas nem com questões
de honestidade.
Considerada a mulher mais rica de
África, cuja fortuna foi avaliada pela
revista “Forbes” em mais de 3 mil
milhões de euros, “tornou-se uma
figura relevante em Portugal onde é
dona da empresa de telecomunica-
ções NOS (a meias com a Sonae),
do Banco Bic (antigo BPN) ou da
Efacec, além de ser uma acionista de
referência em outras empresas como
a Galp Energia” 3
.
E a aproximação com os portugueses
não se cifra apenas na compra de participação
nas Empresas de Portugal.
A extensa investigação efectuada
pelo semanário Expresso4
releva-nos
uma verdadeira teia de aranha onde
se destaca vários nomes de advogados
portugueses com prevalência em
dois: Mário Leite da Silva, gestor
principal de todos os negócios da empresária,
ocupando 28 cargos em oito
companhias em Malta e Jorge Brito
Pereira, o seu principal advogado,
que surge 12 vezes em órgãos sociais.
A intricada teia de empresas que Isabel
dos Santos detém ou na qual é
sócia, apresenta-se como uma extensa
e complexa rede de negócios, agora
com a sede preponderantemente em
Malta, e inclui uma sociedade com a
Sodiam, a empresa estatal angolana
com exclusividade de comercializa-
ção dos diamantes em Angola, indo
terminar numa outra empresa controlada
por uma sociedade na Suíça, a
Exem Holding SA, cujo beneficiário
é o seu marido Sindika Dokolo!
5
E como se toda esta deprimente e
chocante situação, para um país que
como Angola lutou bravamente pela
sua independência, não bastasse, foi
lançado, no dia 27 de Maio, o livro
de José Reis “Angola o 27 de Maio,
memórias de um sobrevivente”
onde se recorda os terríveis acontecimentos
de 27 de Maio de 1977
que sucederam após uma tentativa de
golpe, segundo a versão oficial, levada
a cabo por um grupo chefiado por
Nito Alves e que, tendo fracassado,
foi barbaramente reprimida, atingindo
um total de cerca de 30.000
pessoas entre os executados e desaparecidos.
A brutalidade do regime na repressão,
em particular, da sua polícia polí-
tica da altura, a DISA ,
foi notória, deixando um rastro de
sangue e de mortandade onde as técnicas
de tortura eram impiedosas e
selvagens com recurso frequente às
execuções extrajudiciais.
Particularmente visado foi o sector
feminino, onde a tortura, o espancamento
e a execução era sempre precedido
de violação. Sita Valles, uma
das implicadas, esteve presa na fortaleza
de São Miguel onde foi selvaticamente
torturada e violada tendo,
porém, na altura da sua execução recusado
a que lhe vendassem os olhos.
O seu marido, José Van-Dunem, foi
também capturado e executado. O
filho do casal, então com três meses
de vida, foi recolhido pelos avós e
mais tarde entregue aos cuidados da
tia Francisca Van-Dunen, actual Ministra
portuguesa da Justiça.
Depois da sucessão de Agostinho
Neto e quando José Eduardo
dos Santos, o actual Presidente do
MPLA e de Angola sobe ao poder
, uma carta dos órfãos e das famílias
diz abertamente que “a ferida do 27
de Maio de 1977 continua em aberta”.
Ainda recentemente uma nova
petição dirigida a JES, e publicada
no SAVANA, reafirma o desejo dos
familiares de ver reaberto o processo
afim de se encontrar uma solução
digna para as “mulheres e homens
que, com lealdade à Pátria, procuraram
edificar uma sociedade melhor.”
*colaboração
Um vice atravessado na garganta
Por Leonel de Andrade*
Q
uanto menor for a escolaridade
e mais forte
o peso das tradições e
da palavra dos guardi-
ões do pensamento local, mais
forte é a tendência para seguir
o que é proposto ou imposto.
Chefes comunitários, caciques
políticos e curandeiros podem
jogar aí um papel fundamental.
A patronagem, o clientelismo,
a ameça e o medo não podem
ser excluídos da análise dos factores
que influenciam e muitas
vezes determinam o lado votal
escolhido, mesmo a nível urbano,
onde a gestão dos recursos
de poder é uma arma eficaz
para monitorar e assegurar lealdades.
As zonas que foram ou são
epicentros de conflito armado
podem fazer a balança das preferências
inclinar-se para um
dado rumo, em função de lealdades
castrenses consolidadas,
da memória de sevícias sofridas,
do registo magnificado de
epopeias heróicas, da produção
de heroísmos de luta, etc.
Eleições e fenómenos
Relações Angola-Portugal
E
m 7 de Junho de 2017, o desembargador
Ricardo Cardoso,
do Tribunal da Relação de
Lisboa, tomou uma decisão em
relação à investigação criminal que
corre em Portugal contra Tchizé dos
Santos (NR: Filha do presidente angolano,
José Eduardo dos Santos) no
âmbito do processo de inquérito n.º
208/13.9. Embora o documento elaborado
seja extenso, com cerca de 100
páginas, cinco delas são de fundamental
importância, e que merecem uma
leitura atenta.
A importância desta decisão extravasa
a investigação a Tchizé, pois pode
representar o fim da impunidade dos
negócios angolanos em Portugal, e a
obrigatoriedade, doravante, de, em
relação a todas as PEP (Pessoas Expostas
Politicamente) como Isabel
dos Santos, Tchizé, Kopelipa, Higino
Carneiro e muitos outros, existir um
efectivo escrutínio acerca da origem
do seu dinheiro quando investem em
Portugal.
O Tribunal de Relação de Lisboa
considera que Portugal não pode ser
“porto de abrigo” para “senhores do
crime”, “barões da droga” ou “modernos
piratas internacionais do crime
organizado”, equiparando a eventual
circunstância dos oligarcas angolanos
aos tempos de uma lei inglesa de 1662,
a qual oferecia aos antigos piratas que
declarassem renunciar à actividade
corsária um perdão total que, todavia,
lhes garantia o direito de manter
o produto dos seus saques. Trata-se
efectivamente de uma comparação
duríssima para os actuais senhores de
Angola, assim colocados ao nível dos
piratas do século XVII.
A doutrina expendida é muito simples.
A partir de agora, Portugal arroga-se
o poder de investigar qualquer movimento
financeiro dos senhores de Angola,
mesmo que não exista qualquer
procedimento criminal contra eles no
seu país de origem. Basta a suspeita de
que o dinheiro tenha sido obtido de
forma corrupta ou ilícita em Angola, e
depois introduzido no território português,
para que as autoridades portuguesas
possam investigar a origem
dos fundos. Repetimos, de modo que
não haja margem para equívocos: para
que Portugal investigue os dinheiros
de Angola, deixou de ser necessário
que exista qualquer caso criminal em
Angola; basta que o dinheiro surja a
circular em Portugal.
É portanto inegável a importância e
o alcance deste acórdão. A partir de
agora, nenhum investimento angolano
realizado por pessoas com ligações
ao poder, como Isabel dos Santos,
Filomeno dos Santos, Leopoldino
do Nascimento, Kopelipa e tantos
outros políticos-generais angolanos,
está isento de ser investigado pelas
autoridades portuguesas quanto à origem
legal ou ilegal dos seus fundos. Já
não basta uma certificação da procuradoria-geral
da República de Angola
afirmando que não decorre qualquer
investigação dentro de fronteiras.
De acordo com esta decisão histórica,
Tchizé continuará a ser investigada
pelos mais de dois milhões de euros
que introduziu em Portugal. Contudo,
o mais importante aqui não é tanto o
que vai acontecer ao caso de Tchizé,
mas aquilo que pode acontecer em relação
aos outros casos; a todos os casos
que envolvam ou venham a envolver
personalidades angolanas. O patamar
de exigência em relação à transparência
do dinheiro que os membros do
regime angolano aplicam em Portugal
acabou de ser elevado radicalmente, e
a partir de agora a justiça portuguesa
passará a combater estes aspirantes a
novos piratas ingleses do século XVII.
\*makaangola.org
1. O Departamento Central de Investiga-
ção e Acção Penal (DCIAP) é a estrutura
do Ministério Público vocacionada
para as investigações mais complexas.
2. Expresso de 18/02/17
3. Expresso de 3/06/17
4. Expresso de 3/06/17
5. Ibidem
O caso Tchizé e o Fim da Impunidade
Angolana em Portugal
Por Rui Verde*
20 Savana 16-06-2017 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
D
entro do “my love” a conversa
desenrolava-se num ambiente de
cordialidade num claro esforço
de equilíbrio entre a forte pressão
do excesso de bunda acima do cinto
de um homem magro e dos estonteantes
cheiros entremeados com intervalos
de ar puro. Se se fizesse o exercício de
retirar todos os clientes deixando apenas
dois, obter-se-ia, com certeza, um quadro
meio sensual e meio pornográfico, ou
seja, um ponto de interrogação invertido,
cujo nome pode ser Maria ou Mercedes,
seguido por um ponto de exclamação
também invertido, Sadam ou José. Quase
a perder a respiração, devido a um solavanco
que reforçou os apertos entre os
passageiros, ouviu-se novamente a voz
da dona da referida bunda, a Maria:
- As pessoas não estão a perceber, o problema
não são os Mercedes-Benz que
foram anunciados para aqueles deputaMercedes-Benz
no “my love”
dos, o problema são os deputados que não
apanharam nada. Até está muito bem assim,
se fosse para distribuir para todos os deputados,
aí sim, seria muito dinheiro nesta altura
de crise. São só uns dezassete Mercedes-
-benz, não é? São poucos, não há motivos
para alarmes quando já se anunciou que o
país está de volta. Dizem que isso nem afecta
o Orçamento do Estado. Epa, as pessoas…
- Minha senhora, eu já pedi para não me
apertar. É muito calor junto ao meu umbigo.
Isso acelera a digestão e pode provocar problemas
incontornáveis de fórum inconfessá-
vel.
- Eu não obriguei o senhor a apanhar “my
love”. Se o Governo, por consenso, não consegue
pôr aqui transporte público, o problema
não é meu. Deixa-me conversar em paz…
As crises são um momento de oportunidades.
- Minha senhora é deputada? Comprar Mercedes-Benz
caros é uma grande oportunidade
para sairmos da crise, não é verdade?
- Qual é o problema se eu disser que sou deputada?
Deputada não apanha “my love” para
sentir o que o povo sente? Deputada não
come tseke para activar paladares perdidos?
Deputada não pode concordar com patinhas
para o povo? Qual é o problema de tseke, de
patinhas, de “my love”, de Mercedes-Benz?
Vejam só: enquanto o povo está calado os tais
académicos, agitadores, aparecem… Como
recebem salários baixos não param de murmurar!
- Sim, obrigado. Aqui no “my love”… Há
pessoas que já caíram e morreram nesta coisa
aqui. Onde está a dignidade? E a compra de
carteiras, e os problemas de reabilitação de
escolas, hospitais, centros de saúde, estradas
esburacadas, salários atrasados, pagamento
de horas extras? Aí não se coloca a questão
da dignidade, não é?
- Que exagero! Então o senhor não concorda
que os dezassete deputados, pela posição que
ocupam, tenham uma situação protocolar
condigna? Cada um deve lutar pela sua
dignidade. Se nos recusarmos a apanhar
“my love” eles deixam de circular. Se nos
erguermos contra os baixos salários fazendo
greves e paralisações as coisas mudam.
Só os académicos é que estão por aí
com bocas a disparar no escuro. Parecem
o Papa quando fala dos basquetebolistas
norte americanos que ganham balúrdios
de dinheiro enquanto a pobreza continua
no mundo. Querem ser Papas à força!
O “my love” parou. Todos desceram. Sadam
viu Maria a desaparecer entre os
passageiros em direcção a um Ford ranger
que a esperava. O cobrador aproximou-se
dele a rir e disse:
- Mas como é mano? Não sabe que aquela
senhora é deputada? Este “my love” é
dela. Estava-nos a controlar! Mercedes
para ela não é nada, mano. Quem não
tem Mercedes afinal?
Sou Albertina Pedro Guiloviça, fiz 77
anos no passado mês de Maio, dia 20,
um sábado cheio de sol e luz e cor. Já
tenho fartas franjas de cabelo branco nas
têmporas e no cimo da fronte. Estas franjas bem
que poderiam fazer uma parceria feliz com os meus
dentes, que já foram de facto muito brancos, mas
agora estão amarelecidos – não tanto pelo tempo,
mas pelo vício que cultivo, desde jovem, de entalar
uma lâmina de rapé entre a gengiva e o interior do
lábio inferior. É um vício que herdei da minha avó
materna e sem o qual não posso passar, agora.
A minha infância vai longe no tempo, mas lembrome
perfeita e claramente de que a casa paterna se
erguia no meio de um imenso círculo de areia
cinzento-clara, delimitado por uma fileira de
tangerineiras, limoeiros e laranjeiras. Embora de
forma vaga, lembro-me de que por estas alturas do
ano, ou seja, Maio/Junho, tempo da floração destes
citrinos, o odor do ar circundante, principalmente
à noite, se tornava agradavelmente adocicado e
suave.
Do limiar do círculo da minha casa paterna até ao
mar ia a distância de apenas um grito bem dado.
Era preciso descer uma pequena encosta para se
chegar lá. E no palmar que estava entre a areia
branca da praia e o capim da encosta situava-se
um poço. Era nesse poço que a comunidade a que
eu pertencia se supria da água necessária para as
suas necessidades. Mais ainda, era à volta desse
poço que, às sextas-feiras, as senhoras e as suas
filhas faziam a lavagem semanal da roupa que se
usava quotidianamente; ou então, nas vésperas
das grandes datas, era ali que se faziam as grandes
barrelas para passar a limpo as longas capulanas
que serviam em muitos lares como lençóis e os
cobertores; e, mais lá para frente, era ali se exumava
com água salgada a gordura que aderia às peneiras
com o uso ou que resultava dos suores decantados
nas esteiras.
Fiz o percurso da minha casa até ao poço, do poço
até ao mar, milhares de vezes com a minha mãe,
durante a adolescência e a juventude. Diria que a
minha vida decorreu, nesse período, praticamente
naquele trajecto e naquele universo. A excepção
era feita aos domingos, para ir à missa, e passou a
ser mais frequente quando, um pouco mais adulta,
entrei para a escola.
Embora fosse desaconselhável, eu aventurava-me
muitas vezes a ir ao poço sozinha, porque já tinha
chegado à conclusão de que quanto mais cedo fosse
lá, mais limpa seria a água que eu traria para casa, e
portanto mais própria para o nosso consumo. Uma
conclusão a que cheguei de modo empírico, claro.
A minha mãe desaconselhava, porque no fundo
temia que me acontecesse alguma coisa. De facto,
apesar de não serem frequentes estes casos, de
tempos em tempos relatavam-se acontecimentos
de certo modo sinistros, de violações de mulheres
por homens ao longo do percurso para o poço. Mas
eu sossegava-a – “Não há-de acontecer nada, mãe.”
Isto talvez não funcionasse bem, porque ela não
se convencia, uma vez que, para além do vício do
rapé, herdei da minha avó materna um certo gosto
pela brejeirice e certos hábitos licenciosos – sem
exagero, claro. Mas este meu carácter tornavame,
e eu tinha consciência disso, uma companhia
agradável para as minhas amigas, tanto à minha
ida para o poço como na apanha do caranguejo,
um pouco para dentro do mar, ou mesmo para as
companhias mais adultas, quando de noite íamos
à pesca de camarão, com as capulanas arregaçadas
até muito acima dos joelhos, e contávamos
histórias de que nos ríamos, e não eram histórias
assim tão inocentes.
Aos 19 anos fui requestada, lobolaram-me e, para
alegria dos meus pais, fui tomada em casamento.
Foi uma festa singela, mas muito concorrida,
porque na comunidade o casamento era uma festa
para a qual não era preciso convite. Mas durante o
repasto trocava olhares preocupados com a minha
mãe, e nós sabíamos porquê. Mas assim mesmo,
com o olhar, tentava transmitir-lhe confiança e
serenidade. O que não valeu de nada. Nessa noite
de núpcias e perante os factos evidentes, tive de
confessar ao meu marido que três anos antes, aos
16, eu tinha sido violada por 3 homens quando,
manhã cedo, me dirigia ao poço, e dessa violação
tinham ficado marcas evidentes, porque depois de
tudo me deixaram estatelada na areia branca. Era
um segredo que até aí eu só tinha compartilhado
com a minha mãe.
Ele reagiu de forma violenta, mas não violência
física: uma violência verbal que tive de suportar
quase toda a noite em silêncio. A vida tornou-se
um inferno cada vez mais difícil de suportar, porque
esta violência subia de tom a cada dia que passava,
até que naquela manhã peguei na minha mala de
noiva, embrulhei o meu vestido de casamento e
mais as minhas parcas roupas e tomei o rumo que
me levou de volta à minha casa paterna. A minha
mãe recebeu-me sem lágrimas nos olhos, sem
dramas, e nesse dia começou a longa e verdadeira
história da minha vida como mulher adulta.
O Segredo C
ombates casa a casa, bombardeamentos
aéreos, mais de uma centena de reféns encurralados
pelos confrontos entre jihadistas
e militares, tal era o cenário na devastada
cidade de Marawi no último 12 de Junho, dia
em que as Filipinas comemoram a proclamação da
independência.
A maior parte dos 200 mil residentes fugiu da cidade
capturada pelos jihadistas a 23 de Maio e o
Presidente Rodrigo Duterte, após proclamar a lei
marcial em Mindanau, a segunda maior região do
arquipélago, confrontava-se com as críticas dos estados
vizinhos alarmados com o vigor da violência
islamita.
Ao entrar na terceira semana de combates havia
registo de cerca de 140 jihadistas mortos, seis dezenas
de baixas militares, pelo menos 30 mortes de
civis, e a ansiedade aumentava ante a incapacidade
de as Forças Armadas porem termo à insurreição.
Em represália por uma tentativa falhada das forças
de segurança para capturar Isnilon Hapilon - chefe
da organização Abu Sayaf vinculada ao Estado
Islâmico - um bando jihadista local liderado pela
família Maute apoderou-se de Marawi, atacando
os cristãos desta cidade maioritariamente muçulmana
e representantes da administração.
A virulência da ofensiva, envolvendo jihadistas
sauditas, iemenitas e malaios, entre outras nacionalidades,
surpreendeu as autoridades ao menosprezarem
o bando liderado por dois irmãos que se
radicalizaram no Egipto, Jordânia e Indonésia.
O bando Maute foi responsável por atentados
bombistas em Cagayan de Oro, em 2013, e Davao,
em 2016, e aliou-se, entretanto, a Hapilon que no
ano passado levou Abu Sayaf a jurar obediência ao
califa Abu Al Baghdadi, tendo sido nomeado emir
na Filipinas do Estado Islâmico.
A radicalização jihadista tornou ainda mais letal
Abu Sayaf, organização com um sangrento historial
de raptos, pirataria, bandidismo e atentados
nas Filipinas e Malásia desde o início da década
de 1990 que se mostra agora capaz de atrair
militantes islamitas além dos mares em redor de
Mindanau.
Cerca de 30% dos 22 milhões de habitantes do
Mindanau são sunitas e é longa a tradição de resistência
muçulmana no arquipélago à colonização
espanhola e às ocupações norte-americana e japonesa.
O separatismo grassou numa região em que os
clãs muçulmanos, tal como em Palawan, não se reconheceram
na proclamação independentista em
Manila de líderes católicos como Ambrosio Bautista
e Emilio Aguinaldo a 12 de Junho de 1898.
Nas ilhas de tradição muçulmana, muito próximas
dos crentes das vizinhas Malásia e Indonésia, foi
forte a resistência à presença americana após a capitulação
de Madrid na curta guerra de 1898 com
Washington e tumultuosa a relação com as elites
que passaram a governar o arquipélago depois da
retirada dos Estados Unidos e da concessão de independência
em 1946.
“Os 300 anos de convento e 50 de Hollywood”
soam diferentes na região austral do arquipélago.
A partir dos anos 1970 sucessivas revoltas em
Mindanau, Palawan e Sulu justificaram campanhas
militares de Manila contra separatistas islâ-
micos e rebeldes comunistas.
Acordos de paz foram celebrados com a Frente
Nacional de Libertação Moro (1996) e a Frente
Islâmica de Libertação Moro (2014), mas arreigados
sistemas de patrocínio e clientelismo obstam
a consensos políticos capazes de promover regiões
tradicionalmente desfavorecidas, apesar da criação
em 1989 da Região Autónoma no Mindanau Mu-
çulmano.
Duterte, antigo presidente da câmara de Davao, a
maior cidade do Mindanau, ainda que favorável à
autonomia muçulmana, tem descurado o combate
ao jihadismo e ignorado redes de financiamento
que se aproveitam de um sistema financeiro atreito
à expedita lavagem de capitais de proveniência
dúbia.
Desde a tomada de posse como Presidente em Junho
de 2016 Duterte, fazendo jus à sua fama de
demagogo autocrático, concentrou-se numa “guerra
às drogas” mobilizando forças de segurança, militares
e bandos de civis armados com cobertura
oficial.
O balanço da muito popular campanha de execu-
ções sumárias para extirpar as Filipinas de alegados
quatro milhões de toxicodependentes salda-se,
segundo dados oficiais, na morte de mais de 7 mil
traficantes e consumidores, agravando o clima de
violência.
Outras violências e ameaças vicejam nas Filipinas
e, por sinal, foi em Manila, em 1994, que Khalid
Sheik Mohammed testou a viabilidade da opera-
ção Bojinka, uma conspiração para fazer explodir
no mesmo dia 12 voos entre os Estados Unidos,
Leste e Sudeste da Ásia.
Só se consumou uma explosão a bordo de um voo
das Philippine Airlines entre Cebu e Tóquio, matando
um passageiro, mas Khalid Sheik Mohammed
tirou as devidas lições para rever o plano de
atentados aéreos.
Depois, Khalid concretizou o ataque a 11 de Setembro
de 2001 e são coisas destas que acontecem
quando tudo arde lá longe.
Jornaldenegocios.pt
Quando tudo arde lá longe
Por João Carlos Barradas
Savana 16-06-2017 21 PUBLICIDADE
No dia 24 de setembro de 2017 realizar-se-ão as eleições
para a 19.ª Legislatura do Bundestag Alemão.
Cidadãos alemães que residam fora da República Federal
da Alemanha e que já não mantenham domicílio no território
federal poderão votar nas eleições se preencherem as
demais condições previstas pela legislação eleitoral.
A participação nas eleições exige, entre outros requisitos,
que os cidadãos
1. após terem completado 14 anos de idade, tenham tido
um domicílio ou uma residência habitual durante um mí-
nimo de três meses consecutivos na República Federal da
Alemanha , e não hajam transcorrido mais de 25 anos desde
essa permanência,
ou que tenham adquirido, pessoal e diretamente, familiaridade
com a realidade política da República Federal da Alemanha
por outras razões e se vejam afetados pela mesma;
e que
2. estejam registados nos cadernos eleitorais da República
Federal da Alemanha. Este registo ocorre apenas mediante
requerimento. O requerimento deverá ser apresentado
utilizando o formulário correspondente e enviado com
brevidade após a publicação deste aviso. Requerimentos
que só deem entrada na autoridade municipal competente
após o dia 3 de setembro de 2017 não serão tidos em consideração
(§ 18, número 1 do Regulamento Eleitoral Federal).
Os formulários de requerimento e folhetos informativos
estão disponíveis online na página Web do presidente da
comissão eleitoral federal (www.bundeswahlleiter.de). Poderão
também ser obtidos junto
- às missões diplomáticas e aos consulados de carreira da
República Federal da Alemanha,
- ao presidente da comissão eleitoral federal (Bundeswahlleiter),
Statistisches Bundesamt, Zweigstelle Bonn, Postfach
17 03 77, 53029 BONN, GERMANY, ou por correio eletrónico
através do formulário de contacto do gabinete do presidente
da comissão eleitoral federal,
- aos presidentes das comissões eleitorais regionais
(Kreiswahlleiter) na República Federal da Alemanha.
As embaixadas e os consulados de carreira da República
Federal da Alemanha estão à disposição para quaisquer informações
suplementares.
Maputo, 30.05.2017
Aviso
aos cidadãos alemães sobre as eleições para o Bundestag Alemão
ENDEREÇO POSTAL: C.P. 1595, Maputo
INTERNET: www.maputo.diplo.de
TEL (+ 258) 21 48 27 00
FAX (+ 258) 21 49 28 88
Horário de expediente ao público:
Segunda-Sexta 9.00 – 12.00 h
22 Savana 16-06-2017 DESPORTO
O
dossier “muro do Zimpeto”
está longe de ter
um final feliz. Depois da
promessa do empreiteiro
português, constituído pelo
consórcio Mota-Engil e Soares
da Costa, de reparar os danos, o
Director do Fundo de Promoção
Desportiva (FPD), Arsénio Sarmento,
revelou que tudo não passou
de promessa.
Em entrevista ao nosso jornal,
Sarmento explicou que, das conversas
que tem tido com o consórcio,
este tem resistido a assumir as
suas responsabilidades, alegando
que o período de garantia já venceu,
apesar da Piscina estar numa
situação deplorável. Acrescenta
que o concurso público lançado,
em finais de Maio, visa garantir
financiamento para a reabilita-
ção da piscina; e que a concessão
do Estádio Nacional do Zimpeto
(ENZ) não está descartada,
adiantando a possibilidade da
venda do seu nickname.
Acompanhe os excertos da conversa:
Há dois meses, o FPD lançou um
concurso a concessionar as bilheteiras
da zona norte do ENZ.
Qual é o objectivo do concurso e
quais são os resultados?
-O concurso tem a ver com aquilo
que sentimos que deve ser a
gestão do empreendimento para
a sua sustentabilidade. Fizemos
uma análise, em que concluímos
que podemos prescindir de algumas
bilheteiras, tendo em conta
que quem ocupar irá pagar renda e
isso irá contribuir para as despesas
fixas do Estádio. Houve adesão e,
neste momento, a UGEA (Unidade
Gestora Executora de Aquisi-
ções) está a avaliar as propostas.
Será que foi definido o tipo de negócio
a ser desenvolvido pelo concessionário,
tendo em conta que
se trata de um empreendimento
desportivo?
-Queremos que a actividade desenvolvida
seja compatível ao
desporto e outros eventos sociais
que têm decorrido neste local. É
um Estádio certificado pela FIFA,
não se pode desenvolver uma actividade
que coloque em causa a
própria inspecção. Há propostas
para a abertura de um salão de cabeleireiro,
uma agência de viagens,
entre outros serviços.
“ENZ não é elefante
branco”
A par das bilheteiras, o FPD lan-
çou outro concurso para a gestão
da Piscina Olímpica. Pode detalhá-lo:
tipo de gestão; período de
concessão; e as competências do
gestor?
-O concurso é para quem queira
Director do FPD revela resistência do empreiteiro para a reparação da Piscina Olímpica do Zimpeto
“Deve haver responsabilidade de quem edificou a piscina”
-Para garantir a segurança dos funcionários e a prática da natação, na piscina de aquecimento, a obra está a ser executada
por outra empresa
Por Abílio Maolela
pôr a sua marca na Piscina Olímpica.
É de conhecimento público
que aquela infra-estrutura tem
problemas graves e o consórcio
(Mota-Engil e Soares da Costa)
refere que o período de garantia
já venceu, embora a piscina esteja
naquele estado. Tivemos de interditar
o seu uso porque, se tivéssemos
deixado, teríamos tido mais
problemas. Fizemos três levantamentos
técnicos-financeiros para
apurarmos os reais problemas do
empreendimento. O primeiro, que
foi de forma geral, deu 45 milhões
de MT; no segundo, constatamos
que com 20 ou 25 milhões de MT
podemos trazer aquele empreendimento
com toda a segurança;
e o terceiro foi para a reabertura
da piscina de aquecimento, que
deu um valor mais baixo (cerca
de cinco milhões). Portanto, será
uma parceria público-privada, em
que a entidade traz-nos uma proposta
para a reabilitação da infra-
-estrutura. A gestão será público-
-privada porque não queremos
entregar a um privado e o Estado
se exonerar das suas competências,
que é manter a Piscina para o uso
público. O concurso envolve também
a mudança do nickname, caso
a entidade queira investir mais. O
período de concessão será negociado,
em função das propostas.
Por exemplo, a área ocupada pelas
bombas está concessionada por
20 anos, com uma taxa de actualização
da renda, anual a favor do
FPD. Sairíamos a perder, se impuséssemos
o período de concessão
sem sabermos qual é o tipo de
negócio.
Que tipo de negócio o parceiro
terá de desenvolver, de modo a
recuperar o seu investimento, mas
também não colocando em causa
a modalidade?
-Apostamos na marca e publicidade.
O ENZ está implantado no
Distrito Municipal mais populoso
da Cidade de Maputo (KaMubukwana),
num distrito com uma
grande circulação e já recebemos
propostas para a colocação de placas
de publicidade que, por si só, já
constituem um retorno para quem
está a investir.
Retirando os Jogos Africanos, a
Piscina Olímpica nunca acolheu
uma competição continental ou
regional de grande magnitude.
Que garantias se dá ao candidato
de investir num empreendimento
que acolhe poucos eventos desportivos?
-É um desafio muito grande que
temos em relação à Piscina Olímpica,
mas assumimo-lo desde o
momento em que recebemos a
responsabilidade de coordenar as
actividades desportivas. Por exemplo,
vinha se dizendo que o ENZ
é um elefante branco, mas não é.
Neste momento, estamos a trabalhar
numa consultoria que está
a dar resultados. No dia em que
abrimos a piscina de treinos (06
de Junho), assinamos memorando
com seis novos parceiros, que
irão trazer mais-valia para o Estádio.
Os que querem investir nas
marcas sempre nos questionam:
o que acontece, ao ano, aqui? Por
isso, começamos a recensear as actividades
de 2018 para termos um
calendário global, seja da Liga e/
ou da Federação Moçambicana de
Futebol. Queremos ter um calendário
do que vai acontecer aqui no
próximo ano e as entidades que
querem colocar as suas marcas já
sabem que eventos irão acontecer
e o número estimado de espectadores
a olharem para a sua marca.
Portanto, é o que queremos para a
piscina também, apesar de não ter
o mesmo condão do Estádio.
“O consórcio não esteve à
altura”
Diz estarem a discutir com o consórcio
para ver se pode intervir na
reabilitação do empreendimento,
apesar de ter vencido o período
de garantia. Que tipo de conversa
têm tido?
-A nossa tendência é de garantir
que o investimento feito pelo Estado
seja reparado. Penso que a
questão do período de garantia é
marginal porque a maior parte das
constatações mostram que no processo
de construção houve muitas
falhas. Ninguém constrói própria
casa com parede de três metros
sem nenhuma viga e pilares. Por
isso, estamos a transmitir ao consórcio
de que aquela construção
foi feita com muitas deficiências.
Não é preciso ser arquitecto ou
engenheiro civil para perceber que
aquilo não foi bem feito. Depois
de termos interditado as piscinas,
nós olhávamos para aquelas paredes
com muita preocupação porque,
apesar de termos interditado,
temos o pessoal de segurança, de
limpeza, de manutenção que, diariamente,
circula naquele local.
Entedíamos que o trabalho que
era feito pelo consórcio devia ser
célere, como é o caso da remoção
das paredes longas, porém, o consórcio
não esteve à altura. Contactamos
um novo empreiteiro para
que, no mínimo, removesse aquelas
paredes e está a fazer o trabalho.
Aliás, o consórcio entendeu
que aquelas paredes não deviam
ser removidas, entretanto, os engenheiros
dizem que aquela parede
não traz nenhuma segurança.
Ou seja, apesar do consórcio ter
se comprometido a reparar os danos,
não cumpriu...
-Fez parte do trabalho, mas da
forma como vinha agindo, tentamos
assegurar que tivéssemos o
processo consolidado na retirada
das fragilidades, porém, nunca
conseguimos com a celeridade
que pretendíamos e havendo condições
tivemos de avançar. Estamos
a trabalhar com muita pressão
porque foi muito grave o que
aconteceu naquela piscina, pelo
que deve haver uma responsabilidade
e responsabilização de quem,
numa infra-estrutura pública,
foi edificar naquela perspectiva.
Quando chove, há infiltração e, a
qualquer momento, podemos ter
incêndio. Aliás, o processo de indeminização
ainda não está concluído.
Gostávamos de ter uma
melhor relação com o consórcio,
gostávamos que tivesse entendido
que houve uma ocorrência, que
levou à perda de vidas humanas.
Mas, insiste que o período de garantia
já venceu.
Podemos dizer que o perigo ainda
está à solta na Piscina Olímpica
do Zimpeto...
-Agimos preventivamente na
perspectiva de retirarmos aquelas
fragilidades iminentes, mas ainda
há trabalho a fazer. O que mais
nos preocupa é fazer as interven-
ções necessárias para termos a Piscina
de volta.
Quando é que será reaberta a Piscina,
na totalidade?
-A ideia é termos a médio prazo
a piscina aberta, mas não há data
exacta. Dependemos do concurso
lançado. Caso não haja reação,
teremos de nos reinventar, mas a
verdade é que não teremos um período
longo sem a Piscina a funcionar.
“A gestão do ENZ também
passa pela sua concessão”
No princípio houve debate em
relação ao modelo de gestão do
ENZ. Neste momento, ainda se
projecta a concessão deste empreendimento
ou esta hipótese foi
descartada?
-Não foi descartada. Houve um
estudo de viabilidade económica,
que prevê que a gestão sustentável
deste Estádio passa também pela
sua concessão. Já lançamos um
concurso que ficou deserto, mas
não desistimos. O concurso das
piscinas é um ensaio para aquilo
que queremos deste complexo
desportivo. Podemos adoptar o
modelo internacional, como são
os casos do FNB, Emirates ou
Etihad Stadium.
Ou seja, o nickname do Estádio
pode alterar...
-É um Estádio Nacional, mas se
houver proposta de uma entidade
privada e dentro dos condicionalismos
de gestão, vamos avançar.
Não estamos a inventar nada, há
muitos estádios que levam uma
componente nacional e, por questões
de gestão, adoptaram este caminho.
O ENZ gasta, anualmente,
54 milhões de MT para a sua
manutenção e o FPD foi criado
para encontrar soluções financeiras
alternativas ao Orçamento do
Estado.
Estes projectos surgem após a visita
do Presidente da República
(PR). Será que o FPD estava à espera
das críticas para “trabalhar”?
-A visita que tivemos do PR foi
energizante para todos nós, porque
quando um pai faz as suas
constatações, os membros da família
devem olhar para si mesmos
para se encorajar e se fortalecer.
Mas, as ideias já estavam traçadas.
“A questão do período de garantia é marginal porque a maior parte
das constatações mostram que no processo de construção houve
muitas falhas”, Arsénio Sarmento
Savana 16-06-2017 23 PUBLICIDADE DESPORTO
Dia 12 de Junho - dia Mundial de Luta Contra o Trabalho
Infantil
Maputo, 12 de Junho de 2017 - Sob o lema: “(P&RQÁLWRVH
&DWiVWURIHV 3URWHMDPRV DV &ULDQoDV GR7UDEDOKR ,QIDQWLO”,
celebra-se hoje, 12 de Junho, o dia mundial contra o trabalho
infantil.
A nível mundial, PLOK}HV de crianças estão envolvidas
no trabalho infantil. Metade (85 milhões) realizam trabalho
perigoso, segundo dados do mais recente relatório publicado
pela Save the Children, intitulado “ Infância Roubada”.
A infância deve ser um momento seguro da vida para crescer,
aprender e brincar. Toda criança merece uma infância de
amor, cuidado e protecção para que possa desenvolver seu
pleno potencial agora e no futuro. Mas esta não é a experiência
de pelo menos um quarto das nossas crianças em todo o
mundo.
Em Moçambique, resultados do Estudo sobre Trabalho Infantil
em Moçambique (2014-2016) realizado pela UEM em coordenação
com o Ministério do Trabalho, Emprego e Seguran-
ça Social mostram que os maiores focos de concentração do
trabalho infantil em Moçambique são caça (1,1%), mineração
do tipo garimpo (2,2%), comércio formal (2,8%), pesca (5,6%),
agricultura (11,2%), casas de pastos (12,4%), trabalho doméstico
(18,5%) e comércio informal (44,4%) e de uma maioria
geral, mineração do tipo garimpo (33%), prostituição infantil
(16%) e transporte de carga pesada (11%) e outras formas
(17%) - constituem DV 3LRUHV )RUPDV GH 7UDEDOKR ,QIDQWLO
HP0RoDPELTXH. As províncias de Maputo, Maputo-cidade,
Manica e Tete são as que apresentam as maiores ocorrências
de trabalho infantil em Moçambique devido a uma séria de
causas que incluem causas HFRQyPLFDV (ganhar dinheiro, ajudar
na renda familiar, ambição ou desejo de aquisição de bens
materiais individuais, etc.); questões VyFLRFXOWXUDLV (práticas
de hábitos e costumes culturais negativos, obrigação das
crianças pelos parentes, etc.) associadas à pobreza e baixo
nível de escolaridade da população (pais e encarregados de
educação das crianças envolvidas no trabalho infantil).
Com efeito, Governo e parceiros bilaterais, multi-laterais, Organizações
da Sociedade Civil, Agências das Nações Unidas
e a media estão na linha da frente para inverter esse cenário
que hipoteca o futuro das crianças; e como tal há medidas
que vão desde âmbito jurídico-legal e sócio- económicas que
têm sido tomadas com vista a garantir a promoção do cumprimento
dos direitos da criança, sobretudo combatendo o
seu envolvimento nas 3LRUHV )RUPDVGR7UDEDOKR ,QIDQWLO,
que são totalmente prejudiciais à criança, pois oferecem riscos
à saúde, ao desenvolvimento integral e harmonioso e a
moral das crianças. A &RQVWLWXLomRGD5HS~EOLFD estabelece
no seu artigo 47 (1), que as crianças têm direito à protecção e
aos cuidados necessários ao seu bem-estar e no seu artigo 84
(3), proíbe o trabalho compulsivo.
O Governo está empenhado em garantir o bem - estar das
crianças, razão pela qual, de entre outras acções e medidas
políticas, adaptou as seguintes medidas:
$UDWLÀFDomRGD&RQYHQomRGRV'LUHLWRVGD&ULDQoD
$FULDomRGR&RQVHOKR1DFLRQDOGH$FomR6RFLDO
$UDWLÀFDomRGD&RQYHQomRQUGD2,7VREUHR&RPEDWH
às Piores Formas do Trabalho Infantil;
$ UDWLÀFDomRGD&RQYHQomRQU GD2,7 VREUH D ,GDGH
Mínima Para o Trabalho;
$ LQFOXVmR QD 3ROtWLFD GH (PSUHJR GH DFo}HV TXH YLVDP
combater as Piores Formas do Trabalho Infantil em Mo-
çambique; e
2/DQoDPHQWRGDFDPSDQKDGRFDUWmRYHUPHOKRFRQWUDDV
Piores Formas do Trabalho Infantil, em 2016.
No nosso país, por razões de natureza sócio-económica e cultural,
muitas crianças veem-se na contingência de bem cedo
ingressarem no mercado de trabalho, tornando-se dessa forPDDOYRVIiFHLVSDUDH[SORUDomRHFRQyPLFDHWUiÀFRQDVVXDV
piores formas.
O desenvolvimento de actividades por crianças, como alternativa
à escola e como forma de aprendizagem e socialização
não é mau. Este torna-se mau quando priva o menor do seu
direito de ser criança, negando-lhe o acesso `a educação, lazer,
proteção e participação em tudo o que lhe diz respeito,
sujeitando-a a longas horas de trabalho e expondo a riscos.
Muitas vezes, as Piores Formas de Trabalho Infantil ocorrem
em locais que escapam ao controlo das autoridades, como em
ambientes informais e/ou domiciliares. Este facto chama a
nossa atenção para a necessidade de envolvimento das famí-
lias e comunidades onde as crianças estão inseridas para uma
acção conjunta que contribua para a mitigação deste mal.
Reconhecendo as Piores Formas do Trabalho Infantil como
um problema para o qual se deve buscar solução, o Governo
com apoio dos seus parceiros de ajuda ao desenvolvimento
está a levar a cabo as seguintes actividades:
'HVHQKRGR3ODQRGH$FomR1DFLRQDOGH&RPEDWHDV3LRUHV
Formas do Trabalho Infantil; e
(ODERUDomRGD/LVWDGRV7UDEDOKRV3HULJRVRVSDUDD&ULDQ-
ças, ambas a serem aprovadas ainda no presente ano.
Ao celebrarmos este dia, gostaríamos de fazer um convite
D WRGDVRFLHGDGHSDUDXPD UHÁH[mRVREUH DQHFHVVLGDGHGH
assegurarmos os direitos da criança, protegendo-a contra as
Piores Formas do Trabalho Infantil e denunciando tais práticas.
Combater as Piores Formas do Trabalho Infantil é assegurar
o futuro das próximas gerações. Por isso, é imperioso que
se invista em crianças para se alcançar os Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODSs) e assegurar que todas as
crianças tenham acesso aos serviços básicos de qualidade, incluindo
serviços de protecção e protecção social, os governos
(incluindo os doadores) necessitam de mobilizar os recursos
necessários. É nossa missão assegurar que esses recursos
cheguem às crianças excluídas, de acordo com o foco no investimento
público em crianças delineado pelo Comité das
Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.
Assim, pela protecção das nossas crianças, ergamos o cartão
vermelho às Piores Formas do Trabalho Infantil .
Todos Juntos Contra as Piores Formas do Trabalho Infantil
&2081,&$'2'(,035(16$
5(3Ô%/,&$'(02d$0%,48(
________________
0,1,67e5,2'275$%$/+2(035(*2(6(*85$1d$62&,$/
',5(&d®21$&,21$/'275$%$/+2
24 Savana 16-06-2017 CULTURA
A
laranja é fruto da laranjeira,
a maçã é fruto da
macieira, a pera é fruto
da pereira. É assim na
natureza, cada ser origina substratos
à sua imagem. Assim sendo,
como o Heliodoro Baptista
Jr. não seria filho de Heliodoro
Baptista, um dos grandes nomes
que a literatura moçambicana
teve como seus cultores!
Diz o adágio que «quem aos seus
sai não degenera!», pois, estamos
em presença de um poeta jovem
que para se anunciar publicamente
saiu de uma forja em que
foi moldado, em que a morte do
seu pai e o amor da mãe se mesclaram,
lançando-o para a arte
de observação de tudo quanto o
rodeava e do vaticínio dos rumos
do seu país. Não que se lhe tenha
transmitido o dote, geneticamente
mas, apenas lhe tenham
sido expostos, talvez, até, sem
propósito algum, os instrumentos
de que, não deles se alheando,
ajudaram-no a desenvolver
o traquejo poético, respondendo
aos seus estímulos, ao seu pró-
prio sentimento por aquilo que o
rodeia. Este livro que Heliodoro
Baptista Jr. nos oferece mostra
que ele não bebeu, meramente,
Detalhes de uma vida de silêncio
de Heliodoro Baptista jr.
da fonte perene que era e é, ainda,
o falecido pai, apenas usou,
e sobretudo isso, as ferramentas
que aquele lapidador da palavra
poética lhe deixou como legado,
para, com engenho e arte, lapidar
as suas próprias criações literá-
rias.
Detalhes de uma vida de silêncio
é o anúncio da chegada de uma
voz nova na literatura moçambicana,
particularmente na poesia
que marca a essência da alma nacional.
São sons novos acrescidos
ao diapasão da escala sinfónica
do fazer poético do nosso país,
aos quais não nos podemos furtar,
sob o risco de estarmos a renegar
a força da juventude que hoje se
levanta predisposta a erguer bem
alto a tocha que exibe ao mundo,
a ardência da arte moçambicana,
pura e nobre.
São poemas que não diferem do
nosso linguajar quotidiano, da
nossa interacção coloquial, daí a
sua capacidade extrema de simbolizarem
as vivências do povo
moçambicano.
Este poeta canta a alma moçambicana,
através das dinâmicas
que ela lhe expõem; através dos
anseios que os sinais do tempo
lhe fazem perceber.
Heliodoro Jr. é, apenas, um condutor
da energia que o seu povo
quer que atinja mais longe onde
ele possa ser entendido, querido,
amado e incluso, no espírito da
contemporaneidade, na grande
tarefa da comunhão universal
dos povos.
Heliodoro Jr. é um poeta jovem,
ainda, mas as suas marcas, os sintomas
que nos faz perceber a sua
obra, cantam bem alto em nós,
que já auguramos sucessos para
a literatura/poesia moçambicana.
Não pertencendo, ainda, à galeria
dos grandes nomes da literatura
moçambicana, o seu lugar naquela
grande lápide, estará reservado.
O telefonema que mais me doí!!! Ligaste a dizer
que poderias partir, para nunca mais voltar
Partiste sem sequer dizer um adeus
parece que não sabias
que eu
ainda haveria de precisar imenso de ti…
Lembro-me
que no último telefonema que me deste
dizias que poderias partir para só um dia voltar.
Acho que essas foram lindas palavras
proferidas para tentar abrilhantar
o vazio no meu coração.
Abrigo este clandestino ábrego
proveniente das águas do nosso Zambeze.
Escondo-me nesta mareta
suave de Abril
das andorinhas perfeitas.
Ainda tenho gravados comigo
aqueles dias em que
quando saíamos de manhã
só para à tarde voltar
e a mamã Celeste
só à espera
para contigo se zangar
berrar, falar e chatear-se…
Foram ou não foram
momentos marcantes?
Esquecê-los?
Arquivá-los?
ou confiscá-los?
Não
talvez protegê-los
para ao canto mágico do galo
eles se soltarem!!!
*Heliodoro Baptista Jr
A morte do meu pai*
De súbito
desapareces
no absurdo da noite
cibernética.
E toda a magia se apaga,
num inesperado instante.
O vazio alonga-se
como uma asa
no espaço
deixado em branco,
nesta ardósia virtual.
A longa espera
é uma adaga
cravada
no peito do tempo,
presságio antigo
do que estará para vir.
Até que,
a tua imagem,
aberta num sorriso,
finalmente,
se pixiliza no écran.
De súbito, LOL
é sinal de paz
e de esperança...
*Comunicóloga, Política, Poetisa.
Poemas de Ivone Soares*
De Súbito
O
escritor Manuel Alegre
venceu a 29ª edição do
Prêmio Camões 2017,
concedido pela Funda-
ção Biblioteca Nacional. Manuel
Alegre nasceu na cidade portuguesa
de Águeda, em 1936. No
campo da poesia, começou a ganhar
destaque com as coletâneas
Poemas Livres, datadas entre
1963 e 1965.
Seu reconhecimento foi ampliado
com a publicação de dois volumes
de poemas: Praça da Can-
ção (1965) e O Canto e as Armas
(1967). Em 1989 Manuel Alegre
estreou na ficção com o livro Jornada
de África. O escritor assina
diversas outras obras. No entanto,
foram estas as consideradas pelo
júri de 2017 para condecorá-lo
com o principal prémio da língua
portuguesa.
O Prémio Camões escolhe todo
o ano um escritor lusófono pelo
conjunto de sua obra, que recebe
100 mil euros como prêmio.
O último português a vencer o
Camões havia sido a escritora
Hélia Correa, em 2015. O troféu
contempla anualmente autores da
Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP). O júri é
Manuel Alegre vence Prémio Camões 2017
composto por representantes do
Brasil, Portugal e de países africanos
de língua oficial portuguesa.
O Prémio Camões de Literatura
foi instituído em 1988 com o objectivo
de consagrar um autor de
língua portuguesa que, pelo conjunto
de sua obra, tenha contribuído
para o enriquecimento do
património literário e cultural da
língua.
O júri foi constituído pelo reitor
Universidade Politécnica, o mo-
çambicano Lourenço do Rosário,
Leyla Perrone-Moisés e José Luís
Jobim, pela parte brasileira, Maria
João Reynaud e Paula Morão,
pela parte portuguesa. Lourenço
do Rosário e José Luíz Tavares
Por Juvenal Bucuane
É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.
É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.
integram o corpo de jurados pela
parte dos Países Africanos de
Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Refira-se que José Craveirinha,
considerado o poeta maior de
Moçambique, tornou-se, em
1991, o primeiro autor africano
galardoado com o Prémio Camões,
o mais importante prémio
literário da língua portuguesa.
A.S
Letra para um hino
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1223 DE JUNHO DE 2017
E PORQUE HOJE É 16 DE JUNHO, RECORDAMOS
A HOMENAGEM DO RUY GUERRA
16 DE JUNHO. DIA DO METICAL. VAMOS PEDIR AO
DDT,O DR.ZANDAMELA, QUE NA PRÓXIMA EMISSÃO
SE LEMBRE DESTES NOSSOS ARTISTAS.
2 Savana 16-06-2017 SUPLEMENTO Savana 16-06-2017 3
Savana 16-06-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Ilec Vilanculo (Fotos) O
momento nebuloso da liberdade de imprensa que o país
atravessa foi recordado no recente livro intitulado “25 anos
de liberdade de imprensa em Moçambique - história, percurso
e percalços”, do jornalista Tomás Vieira Mário.
O jornalista aproveitou a ocasião para fazer uma radiografia da
imprensa nacional e um dos momentos que despertou atenção foi
quando Tomás Vieira Mário fez referência ao facto de “a tolerância
política em relação à imprensa ter terminado em 2004. Há interferência
das forças políticas, económicas e o crime organizado nas
redacções e este último aspecto deixa qualquer um com olhos em
bico.
Não é por acaso que Manuel Tomé, administrador não executivo da
HCB, deve estar a indagar a coragem e ousadia que Tomás Vieira
Mário teve em abordar vários cenários marcantes da imprensa nacional.
Isto tudo fez e faz reflectir sobre a deontologia jornalística. Os abusos
de que são alvo jornalistas e outros actos mencionados deixaram
boquiabertos e atónitos o jornalista do grupo Soico, Jeremias
Langa, e o funcionário da embaixada dos EUA, no país, Ângelo
Fernandes. Até os jovens profissionais de comunicação social tiveram
um momento de reflexão sobre estes e outros aspectos e aproveitaram,
no intervalo das suas actividades, junto à barreira do cais
de travessia Maputo-Catembe.
Outros aproveitaram para ter uma conversa mais intelectual e
tranquila. É o caso do reverendo Jamisse Taímo e do director do
Instituto Superior de Artes e Cultura (ISARC), Filimone Meigos.
Nesta quarta imagem, o que nos chama atenção é a mudança de visual
dos dois. Estávamos habituados a ver Jamisse Taímo com uma
barba e Filimone Meigos sem ela. As coisas mudam.
A Lei de Probidade Pública continua a ser pontapeada por alguns
gestores públicos do país. Não é porque esses gestores não tenham
conhecimento sobre esta questão. Simplesmente ignoram o assunto
em benefício próprio. Até onde vai a ambição humana.
Entretanto, estes comportamentos já não nos surpreendem. Encarramo-los
como situações cómicas. Foi por isso que o Director-geral
do Centro de Integridade Pública (CIP), Adriano Nuvunga, e o
porta-voz da Comissão Nacional de Ética Pública, Alfredo Gamito,
desataram a rir até perderem o controlo, depois de partilharem
várias informações, confirmando que houve violação por parte de
alguns gestores públicos nos últimos assuntos candentes do país. É
preciso ser ousado.
É preciso ser ousado
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF+VOIPEFt"/099*7t/o
1223 Diz-se... Diz-se
OMinistério dos Recursos
Minerais e Energia (MIREME)
assinou três contratos
com o consórcio
liderado pela multinacional norte-
-americana Anadarko e concessionário
da Área 1 das reservas de gás
natural da Bacia do Rovuma, dando
um passo importante para a materialização
do projecto em Afungi,
distrito de Palma, província de
Cabo Delgado.
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Governo moçambicano e consórcio da
Anadarko assinaram três contratos
Naíta Ussene
Gás da bacia do Rovuma
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Em voz baixa
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Savana 16-06-2016
EVENTOS
1
0DSXWRGH-XQKRGH$12;;,91o 1223
EVENTOS
O
Standard Bank ofereceu
ao Banco de Sangue do
Hospital Central de Maputo
(HCM) caixas térmicas
para a conservação daquele
líquido precioso, no âmbito das celebrações
do Dia Mundial do Dador,
que se assinala todos os anos a
14 de Junho.
A oferta, que inclui bolas anti-
-stress, usadas para estimular o
fluxo de sangue nas veias durante
o processo de doação, surge também
na sequência da campanha
de doação de sangue envolvendo
colaboradores do banco, levada a
cabo em Março último, para ajudar
a realização de cirurgias cardíacas
gratuitas a crianças desfavorecidas.
De acordo com Hélia Campos,
directora de Recursos Humanos
do Standard Bank, este gesto tem
como objectivo ajudar o Banco de
Sangue a suprir parte das suas necessidades,
algumas das quais ligadas
à conservação de sangue.
“Durante a campanha de doação
Banco de Sangue recebe caixas térmicas
de sangue, envolvendo os nossos
colaboradores, notámos que o Banco
de Sangue tinha algumas necessidades,
por isso estamos aqui para
oferecer este material. Esperamos
que contribua para a melhoria das
condições de colecta e acondicionamento
deste líquido precioso”,
explicou Hélia Campos, que enalteceu
o trabalho dos profissionais
daquela unidade, que tem ajudado
a salvar inúmeras vidas.
Por seu turno, Sandra Oficiano, directora
do Banco de Sangue, referiu
que o material vai ajudar, de certa
forma, a melhorar os serviços prestados
por aquela unidade do Hospital
Central de Maputo, para além
de facilitar o trabalho das brigadas
móveis.
“É imensurável este gesto do Standard
Bank, tendo em conta as dificuldades
por que tem passado o
Banco de Sangue. Tínhamos falta
deste material e o banco dispôs-se
a ajudar, depois de os seus colaboradores
terem doado sangue”, disse
Sandra Oficiano.
F
elisberto Manuel, um
“homem das pescas”
, é o primeiro presidente
da Câmara de
Comércio Moçambique-
-Espanha lançada a semana
passada Maputo, com vista
a intensificar as relações
comerciais entre os dois pa-
íses.
Manuel, ligado às administrações
da “Pescamar” e
da “Ematum”, disse que a
organização era há muito
esperada pelo empresariado
dos dois países.
“Moçambique é um país
jovem com grandes potencialidades
e que precisa de
investimentos, quer em termos
de grandes projectos
como também nas Pequenas
e Médias Empresas. Portanto,
é dentro destas áreas
que devemos olhar, temos
potencial na agricultura, nas
pescas, na mineração. Pensamos
que através da câmara
iremos fazer a difusão da
realidade e potencialidades
moçambicanas e atrair muitos
mais investidores para o
Nova Câmara de Comércio Moçambique-Espanha
país”, disse Manuel.
“Nós, como Câmara de Comércio
iremos ajudar os investidores
nacionais, particularmente na
área de exportação, a introduzirem
seus produtos no mercado
espanhol, a identificar as oportunidades
em termos de orientação
dos seus produtos para o mercado
espanhol. As empresas já estão a
trabalhar, não há necessidade de
serem criadas muitas áreas novas.
Vamos concentrar as acções
no reforço e no incremento das
parceiras e trocas comercias existentes
entre as duas nações”, disse
presidente da câmara.
Segundo apurou o SAVANA
Eventos, há cerca de 20 empresas
filiadas nesta primeira fase na
nova Câmara de Comércio.
O embaixador espanhol, Álvaro
Alabart, por seu turno, considera
que a criação da câmara vai reforçar
ainda mais as relações de
cooperação entre os dois países.
Alabart considera baixo o volume
de transacções entre os dois paí-
ses. “As cifras agora são pequenas,
nós exportamos agora 20 milhões
de dólares e importamos 110 milhões
de dólares de Moçambique.
Estes números nos dão optimismo
e muito facilmente iremos ultrapassar
estes valores. A câmara
irá dar maior dinamismo para
os investimentos e cooperação,
através dela iremos aumentar o
número de empresas espanholas
no mercado moçambicano,” disse
Álvaro Alabart.
A Espanha está envolvida na área
da construção civil e turismo,
mas é sobretudo nas pescas que
a parceria Moçambique-
-Espanha é mais conhecida,
através da empresa de captura
de camarão sedeada na
Beira, a Pescamar.
Savana 16-06-2017 EVENTOS
2
O
embaixador da Tailândia
em Moçambique, Russ
Jalichandra, visitou no
dia oito de Junho último
a Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas, da Universidade Unilúrio,
localizada na Ilha de Mo-
çambique, Nampula. A sua visita
foi celebrada com algumas intervenções,
desde a oferta de um
conjunto de livros das áreas de
turismo e cultura, a uma palestra
proferida pelo embaixador, sobre
o tema “A Indústria do Turismo
Unilúrio e Embaixada da Tailândia projectam parcerias
na Tailândia”.
Na sua intervenção, o dirigente
explicou a importância da sua
aparição àquela instituição de
ensino superior, dando uma visão
geral sobre a importância do
Turismo como chave para o desenvolvimento
sócio-económico
de um país. Moçambique e Tailândia
partilham o facto de se situar
no oceano índico e de ambos
estarem localizados na parte sudoeste
dos seus continentes, o que
para Jalichandra representa uma
vantagem para o sector do Turismo.
Da Tailândia, o embaixador
explicou que o Turismo é um dos
principais sectores de rendimento
e que anualmente recebe cerca de
34 milhões de turistas de todo o
mundo, sendo este um dos maiores
destinos mundiais.
As áreas mais procuradas são tão
idênticas às que são procuradas
em Moçambique, dentre as quais
a gastronomia, paisagem, sol e
mar, ecoturismo e cultura, sendo
apelidado como a “terra dos sorrisos”
pela hospitalidade de seus
povos, aliás, factor chave do sucesso.
Ainda nesta visita, foi revelado o
interesse das partes, Embaixada
da Tailândia e Unilúrio, em firmar
parceria e desenvolver projectos
conjuntos. Um dos mais
ambiciosos projectos é a ligação
da Unilúrio com outras universidades
e instituições na Tailândia,
no âmbito da partilha de programas
de formação em turismo e
da experiência do projecto “Sufficiency
Economy Philosophy –
SEP”, de machambas integradas
(divisão de pedaços de terra para
diferentes culturas – cereais, aves,
pisciculas, etc.) que visam o desenvolvimento
sustentável.
Na sua primeira visita à Ilha de
Moçambique, Jalichandra não
deixou de comentar sobre a beleza
inquestionável e quase mítica
daquele ponto do país.
Mais de dez obras da
autoria do fotógrafo
e artista plástico mo-
çambicano Mário Macilau
acabam de ser adquiridas por
um grupo de curadores do Museu
de Prompidou (França), um dos
maiores do mundo.
Macilau é, deste modo, um dos
sorteados por esta escolha que vai
colocar, mais uma vez, o seu trabalho
aos olhos da humanidade num
dos melhores espaços para o efeito.
“Nunca desisti de fazer o que mais
gosto, mesmo aparecendo turbulências
durante o caminho, procuro
manter os pés assentes ao chão”,
disse Macilau momentos depois
de receber a informação.
Passam aproximadamente três
anos desde que os responsáveis
pela colecção do Museu Prompidou
iniciaram uma pesquisa sobre
o trabalho de Mário Macilau.
Os pesquisadores encontram nas
obras de Macilau uma perspectiva
firme e promissora de trabalho
com a fotografia e um compromisso
do artista em salvaguardar a
fotografia como arte e objecto que
produz influências positivas.
“Temos de aceitar erros e falhas.
Se não aceitas falha e fracasso
como uma possibilidade então não
tens como definição metas altas,
lembre que quem não arisca não
petisca? E como diz a sabedoria
antiga, só tem o mel quem passar
pelas abelhas”, acrescentou Mário
Macilau.
O trabalho de Mário Macilau vem
sendo reconhecido internacionalmente
por diversas entidades. Em
2016 Macilau foi escolhido como
um dos vencedores das “100 Leading
Global Thinkers”, já no ano
de 2016, em Washington DC
(2015) ao lado de Akon e outras
figuras, foi seleccionado como professor
associado da Universidade
de Harvard em Boston e como um
dos panelistas da conferência Boston
Global Forum (BGF). Esta
mesma organização seleccionou o
fotógrafo em 2016 como vencedor
do Prémio de liderança de Michael
Dukakis para 2016-2017.
Mário Macilau nos
maiores Museus
do Mundo
SUPLEMENTO Savana 16-06-2017 3
SUPLEMENTO
Desde que Moçambique
se tornou num Estado
soberano, em 1975, a
DJULFXOWXUD p GHÀQLGD
como a base para o desenvolvimento,
mas volvidos 42 anos
depois da independência nacional,
o país continua a produzir
muito abaixo do que consome,
chegando a recorrer ao exterior
para importar produtos básicos
como o tomate e a cebola. E
SDUD UHVSRQGHU DR GHVDÀR SUHmente
de aumentar a produção
e a produtividade, a Agência
de Desenvolvimento do Vale
do Zambeze, ou simplesmente,
Agência do Zambeze, uma instituição
estatal, mas com autoQRPLD
ÀQDQFHLUD H DGPLQLVWUDtiva,
está a levar a cabo, desde
2013, um programa de mecanização
agrícola naquela região
e, 4 anos depois, os resultados,
no terreno, são encorajadores e
FRQÀUPDP TXH D PHFDQL]DomR
agrícola é mesmo a via para
fazer da agricultura uma verdadeira
base para o desenvolvimento
do país.
Foi com olhos postos no aumento
dos índices de produção, produtividade
e competitividade,
com vista ao aumento da renda
e redução de importação de
produtos agrícolas, que a Agência
do Zambeze vem desenvolvendo,
desde 2013, um Programa
de Mecanização Agrícola na
UHJLmR TXH JHRJUDÀFDPHQWH
coincide com as quatro províncias
do centro de Moçambique,
nomeadamente, Tete, Zambézia,
Manica e Sofala.
De lá para cá, foi criada uma
linha de Financiamento para
Agro Negócios, denominada FinAgro,
para apoiar a cadeia de
valor de agro negócios do sector
privado nacional, tendo sido já
ÀQDQFLDGRVSURMHFWRVTXHUHsultaram
na alocação de 23 tractores
e respectivas alfaias.
No âmbito desta linha, a Agência
do Zambeze comparticipa
com 70% a fundo perdido, senGR
UHVSRQVDELOLGDGH GR EHQHÀ-
ciário contribuir com os restantes
30 de modo a completar o
valor do investimento.
Porque o FinAgro inclui a componente
de comercialização,
FHUFDGHVHWHEHQHÀFLiULRVMiUHceberam
carinhas de 4 a 5 toneladas
para apoiar na comerciaMecanização
agrícola com resultados animadores na região
Os ventos que sopram
do Vale do Zambeze
lização, bem como sistemas de
rega, construção de armazéns
e fábricas de processamento de
ração.
Paralelamente ao FinAgro, a
Agência do Zambeze adquiriu,
no âmbito da operacionalização
da Estratégia de Mecanização
Agrícola, tractores que, posteriormente,
alocou a gestores
privados, seleccionados por
meio de concurso público.
São esses gestores que, por sua
vez, prestam serviços aos produtores.
Em cada operação,
o gestor paga 20% à Agencia
GR =DPEH]H 6LJQLÀFD TXH VH
numa lavoura cobra 1500 Meticais,
vai canalizar, à Agencia do
Zambeze, 300 meticais correspondentes
aos 20% da taxa de
gestão.
Trata-se duma taxa que é paga
durante os primeiros cinco anos
porque, vencido esse período
de amortização, se o valor
amortizado corresponder ao
valor total do contracto celebrado,
o equipamento reverte-se a
favor do gestor.
No âmbito desta linha, encontram-se
já estabelecidos e operacionais
44 parques de má-
quinas, com um total de 167
tractores e implementos agrí-
colas, o que perfaz uma capacidade
de 20 mil hectares e terra
lavrada.
No geral, o Programa de Mecanização
Agrícola envolve cerca
GH EHQHÀFLiULRV GLUHFWRV
entre gestores e operadores e
cerca de 10.600 produtores que
EHQHÀFLDPGRVVHUYLoRVSUHVWDdos
pelos Parques de tractores.
É um Programa que abarca todos
os distritos das quatro províncias
do Vale do Zambeze,
com excepção de Manica, onde
cobre cinco distritos, nomeadamente,
Báruè, Guro, Tambara,
Vanduzi e o distrito de Manica
e, neste momento, a percentagem
de utilização dos equipamentos
é de 92%.
O coordenar do Programa de
Mecanização Agrícola no Vale
do Zambeze, Adamuge Cebola,
refere que o Programa tem
PHOKRUDGR VLJQLÀFDWLYDPHQWH
os níveis de produção agrícola
naquela região. Fala dos benefí-
cios da agricultura mecanizada
em detrimento da agricultura
de cabo, seja curto ou longo e
deu como exemplo o ciclo de
produção.
“Com a mecanização, praticando
agricultura irrigada, é possível
produzir durante dois ou
três ciclos por ano, e colocar rapidamnete
os produtos no mercado”
anotou Cebola.
Iniciado em 2013, numa fase
piloto, o estabelecimento de
Parques de Máquinas decorreu
até 2015 e, neste momento, o
GHVDÀR p DWDFDU D YHUWHQWH HPpresarial.
“Quer dizer que não estamos
com intenção de continuar a estabelecer
Parques de Máquinas.
Agora o nosso esforço é levar
os Parques de Máquinas a se
tornarem em empresas de mecanização
agrícola que prestem
serviços, através dos gestores
que têm recebido treinamentos,
de modo a reforçar as capacidades
de gestão e acrescentarem
outros serviços aos Parques”
explica o coordenador do Programa
de Mecanização Agrícola
no Vale do Zambeze.
Sublinha que “a visão empresarial
está no sentido de que o
gestor deve ser capaz de adicionar
outros serviços aos Parques
de Máquinas para serem autênticos
centros de prestação de
serviços como a disponibiliza-
ção de insumos agrícolas e não
apenas a preparação dos solos”.
O centro de Moçambique, que
FRLQFLGHJHRJUDÀFDPQHWHFRP
o Vale do Zambeze, foi o epicentro
das confrontações armadas
entre as forças governamentais
e os homens armados da Renamo,
no quadro da chamada
tensão político-militar, situação
que afectou o programa de fomento
agrário na região.
“Temos alguns parques, e já
agora posso falar do de Nkondedzi
(Moatize, Tete), que foi,
fortemente, afectado, tendo os
níveis de produtividade baixado”
conta Adamuge Cebola,
que apontou a deslocação das
populações (que são os principais
consumidores dos serviços
prestados) à busca de segurança
como uma das causas.
Efectivamente, o Parque de
Nkondedzi, prossegue Cebola,
ÀFRXVHPGHPDQGDHRDFDERX
sendo redimensionado, estando,
neste momento, as máquinas
a operam não apenas em
Nkondedzi, mas também em
Benga e Caphiridzange, para
não ter que parar por falta de
demanda.
O Programa de Mecanização
Agrícola no Vale do Zambeze
compreende 4 pilares, designadamente,
a gestão operacional,
a visão empresarial, sustentabilidade
e compromisso da taxa
de gestão, este último pilar que
tem que ver com o cumprimento
das obrigações por parte dos
JHVWRUHVEHQHÀFLiULRVGRVHTXLpamentos.
No que à assistência técnica diz
respeito, por exemplo, todo o
9DOHGR=DPEH]HWHPEHQHÀFLDdo
destes serviços, mas decorrem
esforços para o seu alargamento
bem como a implantação
de unidades de apoio.
Caia, em Sofala, Nicoadala, na
Zambézia, Chiúta e Guro, em
Tete, são os distritos para aonde
está prevista a instalação das
unidades de apoio técnico aos
EHQHÀFLiULRVGRHTXLSDPHQWR
´eSURYiYHOTXHDWpDRÀQDOGR
ano, pelo menos duas unidades,
as de Caia e Nicoadala, estejam
em processo de conclusão”, prevê
o coordenador do Programa.
E porque a cadeia de valor na
produção agrícola inclui vias
de acesso para o escoamento
da produção, está prevista a
reabilitação de estradas em locais,
potencialmente, agrícolas,
como no planalto de Angónia,
não só para estimular a comercialização
dos produtos agrícolas,
mas também a circulação de
pessoas e bens.
SUPLEMENTO 4 Savana 16-06-2017
Um dos exemplos vivos
de como o Programa
de Mecanização Agrí-
cola tem vindo a impulsionar
a actividade no Vale
do Zambeze, vem do distrito
de Angónia, no extremo nordeste
da província central de
Tete.
O distrito, que faz fronteira
com o vizinho Malawi, está
declarado livre de fome. Até
porque contas feitas pelas autoridades
locais indicam haver
grandes quantidades de
excedentes, pelo que, a falta
GHPHUFDGRpMiXPGHVDÀR
E um dos agricultores de referência
não só em Angónia,
mas em toda a província de
Tete, é Manuel Palusso.
Tem, no total três tractores.
Um comprou com seus pró-
prios fundos, outro no âmbito
da operacionalização da estratégia
de mecanização agrícola,
enquanto o terceiro adquiriu
no quadro do FinAgro, tendo
para o efeito comparticipado
com 300 mil Meticais referentes
aos 30%.
Cultiva, entre outras, alho, feijão,
repolho, batata e tomate,
mas é no milho onde mais se
evidencia. São 97 hectares só
daquele cereal. Não tem em
mente o número de toneladas
de milho que colhe por ano,
mas fala de 15 camiões cheios.
Mas para além dos 97 hectares
de milho, este ano lavrou 8
hectares de hortícolas, 3 hectares
de feijão e 1 hectar de batata.
Emprega 15 trabalhadores
À[RV GRV TXDLV PXOKHUHV H
os restantes 10 homens.
Para além da comunidade no
geral, Palusso ajuda ainda a
lavrar a terra da associação
“susumire” (nome que provém
de um rio local) que é
composta por 44 membros.
“Há muita produção graças ao
uso dos tractores. Aqui não há
fome” explica Manuel Palusso
que, a dado passo, queixa-se
de mercado para colocar tanta
produção que tira dos seus exAngónia
declarado livre de fome
mente, com o trabalho manual
ou de tracção animal” comenta,
acrescentando que mercê
da mecanização, aumentou
a sua área de cultivo dos anteriores
15 hectares para os
actuais 25, divididos entre o
milho, tomate, batata, entre
outras culturas de consumo
e de renda. Como resultado,
conseguiu adquirir animais,
carroça e motorizada.
O testemunho do Governo
distrital
E o governo distrital de Angónia
está atento a estes avan-
ços. O administrador Paulo
Sebastião defende a aposta na
agricultura mecanizada porTXHWUD]LPSDFWRVLJQLÀFDWLYR
num distrito onde 91% da população
vive na base da agricultura.
“A maquinaria está a trazer
impacto muito grande” diz
o administrador de Angónia,
um distrito que, no âmbito da
iniciativa presidencial, tem o
milho, feijão e a soja como as
três culturas de bandeira.
E, como resultado da mecanização
agrícola, Paulo Sebastião
faz saber que, só na
cultura de milho, distrito vai
colher na presente campanha
agrícola, qualquer coisa como
357 mil toneladas, mas Angó-
nia, com 8 localidades, precisa
de apenas 57 mil toneladas, o
que implica um excedente de
cerca de 300 mil toneladas que
serão postos no mercado.
Aliás, com tanta produção,
surge um problema chamado
mercado. É neste contexto que
o governo distrital e a Bolsa
de Mercadorias chegaram a
um acordo através do qual os
agricultores poderão colocar
seus produtos em silos e armazéns,
recebendo, na hora
da colocação, 75% do valor da
comercialização, enquanto os
restantes 25% receberão quando
a Bolsa vender o produto.
Paulo Sebastião diz que há pa-
íses como Quénia e Ruanda,
num total de 4 que, por estarem
a braços com a fome, irão
adquirir as culturas produzidas
em Angónia.
Por isso, o administrador
apela aos agricultores a não
caírem nas malhas dos comerciantes
que, para o enriquecimento
fácil, enganam os agricultores,
comprando-lhes os
produtos a preços baixíssimos
que não compensam o seu esforço.
Reitera o apelo aos agricultores
para não aceitarem vender
os seus produtos a qualquer
preço. Aliás, diz que o Governo
distrital está atento aos
comerciantes desonestos que
tentarem adquirir produtos
abaixo dos padronizados pelo
Ministério da Indústria e Comércio,
bem como a viciação
de balanças de medição para
lesar os agricultores.
Garante que medidas duras
serão tomadas contra os infractores,
desde a apreensão
dos produtos até à aplicação
de multas.
Declara tolerância zero também
para o uso da moeda malawiana
na compra de produtos
que, por ser desvalorizada
em relação à moeda moçambicana,
lesa os agricultores que,
GHSRLVGR FkPELRÀFDPFRP
o que o administrador chamou
de migalhas.
E para facilitar o escoamento
dos produtos, estão em curso
acções de reabilitação de estradas
e pontecas. Este ano,
por exemplo, 2 pontes e 1 ponteca
serão concluídos.
tensos campos agrícolas.
Diz que, as vezes, vê se obrigado
a recorrer ao vizinho Malawi
para vender os produtos.
De resto, a sua vida tem vindo
a mudar graças à prática da
agricultura. Tem, por exemplo,
uma frota de viaturas de
fazer inveja aos “doutores” e
outra gente “urbana” que vê a
agricultura como uma actividade
marginal. Entre viaturas
ligeiras, passando por pesadas
como os famosos D4D´s
até camionetas de transporte
de carga, contabilizam-se em
nove os meios circulantes em
estado operacional.
Onésio Mujacob, um agricultor
de Mulanguene, é um dos
EHQHÀFLiULRVGRVWUDFWRUHVVRE
gestão de Palusso. Conta que
com a mecanização, há muitos
ganhos.
“Com o tractor, o trabalho é
PDLV ÁH[tYHO FRPSDUDWLYDPaulo
Sebastiao, administrador de Angónia
Manuel Palusso, um agricultor de referencia na provincia de Tete e gestor do
Parque de Máquinas de Mulanguene, Angónia
Uma das plantações de milho do agricultor Manuel Palusso, Mulanguene, Angónia
SUPLEMENTO Savana 16-06-2017 5
N
a vila sede do distrito
de Vanduzi, província
de Manica, encontra-
-se o agricultor Fabião
Miguel que, desde 2015, gere
o Parque de Máquinas local.
Agora tem 5 hectares, contra o
anterior 1 que conseguia lavrar
antes de ter os quatro tractores
que mudaram a sua vida.
Está a lavrar apenas 5 hectares,
dos quais 2 de milho (colhe 7
toneladas por hectare), porque
está mais virado à componente
empresarial do negócio, ou
seja, usa os tractores mais para
fazer dinheiro na lavoura das
áreas das comunidades locais. E
a procura sobe a cada ano. De
cerca de 400 hectares no primeiro
ano, o número de área lavrada
subiu para a casa dos 600 na
campanha agrícola 2016-2017.
2V EHQHÀFLiULRV HVVHV URQGDP
aos 900.
´2V EHQHÀFLiULRV HVWmR D DXmentar
as suas áreas, abrindo
mais machambas, por isso, os 4
WUDFWRUHVFRPHoDPDVHULQVXÀ-
cientes” relata.
E Maria Joaquim é uma das
EHQHÀFLiULDVGR3DUTXHGH0iquinas
de Vanduzi. Conta também
que, desde que aderiu à
Mecanização Agrícola, muita
coisa melhorou. Para além de
aumentar as áreas de cultivo,
melhorou a sua vida, graças
aos rendimentos que consegue
da actividade. Comprou carros,
motociclos, construiu casas e
consegue custear as despesas
HVFRODUHVGRVÀOKRV
Maria Joaquim é ainda membro
de uma associação agrícola
composta por 40 elementos que,
presentemente, tem lavrados 58
hectares. Sobre o mercado, não
tem motivos de queixa. Fora do
mercado local e o de Chimoio,
Sinais encorajadores
a capital provincial, Maria contou
que a sua associação, assim
como cada agricultor, individualmente,
têm, acordos com
a companhia de Vanduzi, que
fomenta o cultivo de certas culturas
que depois garante a sua
aquisição.
Garantida segurança alimentar
São melhorias que também não
passam despercebidas aos olhos
do Governo distrital de Vanduzi.
A directora do Serviço Distrital
de Actividades Económicas,
0DUWD5HJLQDFRQÀUPRXRLPpacto
positivo da mecanização
agrícola em Vanduzi, indicando
que, fora o aumento das áreas
de cultivo e a consequente produtividade,
o Programa garantiu
emprego na comunidade.
E não é para menos. Na presente
campanha, Vanduzi poderá
colher 305 mil toneladas de culturas
diversas. Dessa produção,
ÀFDUiQRGLVWULWRHDUHVWDQte
para a comercialização, sendo
que neste momento o Governo
distrital diz estar a negociar
com parceiros para a aquisição
da produção.
Marta Regina diz que a segurança
alimentar está garantida
no distrito. E tem um apelo aos
agricultores: não comercializem
toda a produção. Milho, soja e
hortícolas são alguns dos produtos
de eleição do distrito.
Marávia, Tete
Há dois anos e meio que Cofe
Andissene, agricultor do distrito
de Marávia, em Tete, aderiu
ao Programa de Mecanização
$JUtFROD WHQGR EHQHÀFLDGR GH
três tractores.
E Andissene fala de ganhos desde
que trocou a enxada de cabo
curto pelo tractor. Mesmo sem
precisar os números, garante
que os níveis de produção subiram
extraordinariamente. Este
ano, lavrou 98 hectares, contra
52 no primeiro ano.
Três anos depois, conta que a
procura pelos tractores tende a
crescer em cada campanha agrí-
cola.
Milho, gergelim, bata reno e
verduras estão na lista das principais
culturas ali produzidas.
Na campanha passada, por
exemplo, Andissene conseguiu
qualquer coisa como 278 sacos
(de entre 50 a 60 kg) de gergelim.
E para além de produção de
mais comida, dá emprego a população
local. Com efeito, conta
com 40 trabalhadores, 20 dos
quais efectivos.
Para além das suas próprias
áreas, assiste as comunidades
não só da localidade de Uncanha,
mas também de outras
duas localidades daquele distrito
localizado a cerca de 270
quilómetros da cidade de Tete e
a 200 da Zâmbia.
E Taissone Manda é um dos
agricultores que usufrui do Parque
de Máquinas de Uncanha,
desde a presente campanha
agrícola. E, graças ao Programa,
já conseguiu lavrar 21 hectares,
o que era impensável antes da
chegada de tractores naquele
distrito da província central de
Tete.
E o estágio actual das culturas
faz de Manda um homem optimista
em relação aos resultados
da presente campanha.
Nhamatanda, Sofala
Sinais encorajadores também
registam-se na província de Sofala,
que também faz parte do
Vale do Zambeze. Gradualmente,
a agricultura mecanizada
está a ganhar espaço na província.
O distrito de Nhamatanda,
por exemplo, tem um centro de
serviços com três tractores canalizados
através da Agencia
do Zambeze. Mas o distrito tem
outras 44 máquinas e uma rede
de armazéns de conservação
geridos por associações locais.
Caetano Benedito é director do
Serviço Distrital de Actividades
Económicas de Nhamatanda.
Diz que na campanha agrícola
2016-2017, o distrito já colheu
139 toneladas de produtos diversos,
sobretudo o milho, que
é uma das culturas de bandeira
de um distrito cuja necessidade
de consumo é de apenas 40 mil
toneladas de cereais por ano.
Mas no global, o distrito plani-
ÀFRX PLO WRQHODGDVGH FXOturas
diversas. Os cereais,
como o milho, são o forte do
distrito.
Uma das plantações de tomate do agricultor Manuel Palusso, Mulanguene, Angónia
Marta Regina, directora do SDAE de Vanduzi
SUPLEMENTO 6 Savana 16-06-2017
Nicoadala, Zambézia
Zambézia, que totaliza as
4 províncias que integram
R 9DOH GR =DPEH]H QmR ÀFD
para trás nos esforços de mecanização
agrícola.
Por exemplo, a Zambézia Agro-
-Pecuária (ZAP) vai já ao terceiro
ano que presta serviços de
lavoura através de um Parque
de Máquinas Agrícola situado
em Nicoadala.
Trata-se de um Parque que recebeu,
da Agência do Zambeze,
no âmbito da operacionalização
da estratégia de mecanização
agrícola, um total de 6 tractores,
operados por 12 tractoristas que
trabalham em turnos, ou seja, 6
no período de manhã e os outros
6 à tarde.
O gerente do Parque, Horácio
Lemos, explica que a ZAP é
apenas prestador de serviços às
populações e anota que a procura
tem vindo a crescer de ano
para ano porque os agricultores
têm se apercebido de que com
D PDTXLQDULD p PDLV EHQpÀFR
quer na redução do tempo de
trabalho e no aumento das áreas
de cultivo.
Na baixa de Nicoadala produz-
-se mais a cultura de arroz que
até é, localmente, processada.
O
Vale do Zambeze
abarca os distritos
de Angónia,
Cahora Bassa,
Changara, Chifunde,
Chiúta, Mágoe, Marávia,
Macanga, Moatize, Mutarara,
Tsangano, Zumbo,
Marara, Doa e cidade
de Tete, na província de
Tete; Chinde, Mopeia,
Inhassunge, Maganja da
Costa, Milange, Mocuba,
Morrumbala, Namacurra,
Nicoadala, Dere, Luabo,
Mocubela, Molumbo e
cidade de Quelimane, na
província da Zambézia;
Caia, Chemba, Cheringoma,
Gorongosa, Maríngue,
Marromeu e MuUm
vale de fazer inveja na África austral
anza, na província de Sofala,
bem como os distritos de Bárue,
Guru, Tambara e Macossa, na
província de Manica.
Uma das regiões com alto potencial
de recursos, desde o
solo, passando pelo subsolo, o
clima, assim como os recursos
energéticos, o Vale do Zambeze,
representa, ao nível da África
Austral, a maior reserva de
água no sub-continente a maior
reserva de energia renovável (é
a fonte da energia de Cahora
Bassa, que ilumina Moçambique
e países vizinhos), a maior
reserva de carvão de coque, de
alta qualidade, para além de ser
a região com o maior potencial
agrícola, em termos de vastidão
de terras e de qualidade, com
UHFXUVRVGHIDXQDHÁRUDULTXtVsimos
e uma biodiversidade
pesqueira.
É aqui onde a Agência de Desenvolvimento
do Vale do
Zambeze, ou simplesmente,
Agencia do Zambeze, está a
implantar uma vasta pauta de
serviços, desde a assistência
WpFQLFRÀQQFHLUD jV LQLFLDWLYDV
de desenvolvimento económico
e social até à assistência aos Governos
locais nas componentes
de planeamento e ordenamento
territorial e do desenvolvimento
sócio-económico local, incluindo
a realização de estudos
e desenho de estratégias para o
desenvolvimento da região.
Órgão estatal, mas com autonoPLDÀQDQFHLUDHDGPLQLVWUDWLYD
a Agencia do Zambeze foi criada
através do decreto23/2010,
de 30 de Junho, tendo como
missão a promoção do desenvolvimento
económico e sustentável
do Vale do Zambeze,
impulsionando o investimento
entre as entidades públicas, privadas
e sociedade civil.
A sua visão é de catalisar oportunidades
de investimentos pú-
blicos ou privados, garantindo
o uso e aproveitamento dos recursos
naturais da Bacia HidroJUiÀFD
GR =DPEH]H GH IRUPD
sustentável, contribuindo assim
para o rápido desenvolvimento
económico e social da região.
A Agencia cobre toda a bacia
do rio Zambeze, no interior de
Moçambique, com uma área
aproximada de 228 mil
quilómetros quadrados de
superfície e uma popula-
ção de cerca de 5 milhões
de habitantes, o que representa
um quarto da população
de Moçambique.
Como entidade facilitadora
e promotora do desenvolvimento
sócio-econó-
mico no Vale do Zambeze,
a Agencia tem focalizado a
sua actuação na expansão
e modernização da capacidade
produtiva, assisWrQFLD
WpFQLFRÀQDQFHLUD
e prestação de serviços
aos agentes económicos,
públicos e privados na região.
0DULD-RTXLPXPDGDVDJULFXOWRUDVEHQHÀFLiULRVGR3DUTXHGH0iTXLQDVGH9DQGX]L
Adamuge Cebola, coordenador do Programa de Mecanizacao no
Vale do Zambeze
Caetano Benedito, director do SDAE de Nhamatanda Horácio Lemos, gerente do Parque de Máquinas de Nicoadala
Fabiao Miguel, produtor e gestor do Parque de Máquinas de Vanduzi
Savana 16-06-2016
EVENTOS
73
Introdução
O Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANI vai lançar este mês de Junho uma nova iniciativa, no âmbito do seu programa de Democracia
e Governação, denominada Comunidade Ubuntu: Debates Abertos. Trata-se de um ciclo de debates públicos em que, em ambiente de total abertura e
informalidade, cidadãos de várias partes do país vão ser convidados a exprimirem as suas opiniões em torno de temas de actualidade, de natureza política,
social, económica ou cultural. O objectivo principal da iniciativa é proporcionar espaços e oportunidades a cidadãos nas províncias, para exercerem o seu
direito constitucional de participação política, exprimindo os seus pontos de vista sobre assuntos da agenda do desenvolvimento social e económico das suas
regiões.
Dois conhecidos académicos moçambicanos, nomeadamente os Professores José Castiano e Severino Ngoenha, vão dinamizar este ciclo de Debates Abertos,
interagindo com cidadãos de cinco capitais provinciais, através da apresentação de resumos de temas pré-seleccionados, no interesse e perspectiva de cada
região.
$UHDOL]DomRGHFDGDVHVVmRVHUiDQWHFHGLGDGDGLVVHPLQDomRGHLQIRUPDomRS~EOLFDVREUHDKRUDHRORFDODRQGHDPHVPDYDLGHFRUUHUDÀPGHSHUPLWLUD
mais ampla participação do público.
Neste sentido, as cinco sessões de Debates Abertos vão ser organizadas, na última Sexta-Feira de cada mês, a partir de Junho, sucessivamente nas Cidades de
Pemba, Lichnga, Nampula, Tete e Chimoio, de acordo com o seguinte calendário e temário:
Comunidade Ubuntu: Debates Abertos
Anúncio Público
Local Tema Data
Exploração de recursos naturais versus instabilidade social
Na capital provincial de Cabo Delgado, o Debate Público destina-se a levantar e discutir situações
prejudiciais às populações locais, resultantes da descoberta e exploração de recursos
naturais, em diferentes regiões desta província, tais como a sua transferência dos locais de origem
e seu reassentamento em novos locais, implicando a criação de condições de vida digna,
como a garantia de meios de subsistência, canalização de água potável, instalação de corrente
eléctrica, construção de escolas e centros de saúde, etc. e ainda a necessidade da contratação
de empresas locais/nacionais para a prestação de serviços e fornecimento de bens às multinacionais
que operam ou vão operar em megaprojectos como os de exploração do gás na Bacia
do rio Rovuma, no Distrito de Palma.
Projecto Pro-Savana: vantagens e desvantagens
Na capital provincial do Niassa, o Debate Público vai girar em torno do projecto pro-savana,
um mega empreendimento de agricultura mecanizada, implementado a partir de um acordo
de cooperação trilateral entre os governos do Brasil, Japão e Moçambique. O pró-savana pretende
empoderar os agricultores e camponeses não só locais como também de outras regiões
do país. O debate deverá abordar fundamentalmente os procedimentos de ocupação de terra,
bem como o (des) respeito pelo direito costumeiro de ocupação das populações nela residentes,
detentoras dos espaços, no sentido de se saber se ha mais vantagens do que desvantagens
para os moçambicanos ou se é o contrário! Serão confrontados os procedimentos do projecto
com os ditames da Lei de Terras.
Corredor do Desenvolvimento do Norte: Factor de Desenvolvimento ou de instabilidade
social?
O Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) é um mega projecto ferroportuário que abarca
a região norte do país. O projecto CDN começa no porto de Nacala na província de Nampula
e termina no Niassa, passando por Cabo Delgado. O debate deverá basear-se na questão de
se saber até que medida e de forma este projecto constitui, efectivamente, factor de promoção
do desenvolvimento das populações, sobretudo, locais ou, se pelo contrário, é factor de insta
resultantes de reassentamentos e indemnização das populações abrangidas pela execução do
projecto?
Reassentamento de populações e danos ao meio ambiente resultantes da exploração de recursos
naturais, nomeadamente de carvão mineral
Como é de domínio público, a Província de Tete, nomeadamente os distritos de Moatize e Marara,
tem s maior concentração de projectos de exploração de carvão mineral, por parte de diferentes emtagio
dos diferentes processos de reassentamento das populações abrangidas e o (in) cumprimento
da legislação nacional sobre a gestão do meio ambiente, com impacto sobre a saúde das populações
locais. Isto inclui a obrigação de tapamento dos buracos/furos abertos pelas empresas quando da
extracção do carvão mineral.
Recursos naturais (madeira e ouro): Como transformá-los em factores de desenvolvimento
e riqueza para as populações?
Na capital provincial de Manica o Debate Público vai centrar-se na necessidade de transformar
o processo da exploração de dois imporantes recursos da actualidade nesta província,
nomeadamente a madeira e o ouro, em factores de desenvolvimento e riqueza para as popula-
ções, tendo em conta os graves problemas prevalecentes actualmente em resultado da exploração
destes recursos. Tratar-se-a de questionar se os moldes actuais de exploração daqueles as,
incluindo estrangeiros que, de forma ilegal, os exploram? Quais são os ganhos do Estado?
Chimoio
Tete
Nampula
Pemba
Lichinga
27 de Junho
28 de Junho
25 de Agosto
29 de Setembro
27 de Outubro
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Savana 16-06-2017
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