terça-feira, 11 de julho de 2017

Quantas vidas têm o (ex-)líder do Estado Islâmico?


As confirmações de que o líder do Estado Islâmico está morto ou vivo atropelam-se. A última revela que terá morrido. Mas al-Baghdadi já foi dado como morto, pelo menos, outras cinco vezes.
Al-Baghdadi foi anunciado como líder do Estado Islâmico a 16 de maio de 2010, um mês depois do seu antecessor ter morrido
AHMAD AL-RUBAYE/AFP/Getty Images
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  • Carolina Branco
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Esta terça-feira, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos confirmou que Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Estado Islâmico, estava morto. Não é novidade. A morte de al-Baghdadi já foi noticiada várias vezes e a confirmação veio de diferentes entidades. Mas também a confirmação de que estaria vivo. Muitas vezes com poucas horas de diferença. O que coloca uma dúvida que se pode aplicar a outros líderes: estará al-Baghdadi realmente morto?
Al-Baghdadi foi anunciado como líder do Estado Islâmico a 16 de maio de 2010, um mês depois do seu antecessor, Abu Omar al-Baghdadi, ter morrido durante uma operação conjunta das forças dos Estados Unidos e do Iraque, na cidade iraquiana de Tikrit. No ano seguinte, al-Baghdadi foi nomeado de “terrorista” pelos Estados Unidos. Foi oferecida uma recompensa, que foi aumentando, por informações que auxiliassem a sua captura ou morte. O problema foi que al-Baghdadi morreu e voltou à vida “várias vezes”.

6 de setembro de 2014

Mais de quatro anos tinham passado desde que al-Baghdadi tinha assumido a liderança do Estado Islâmico. Começaram a circular nas redes sociais uma fotografia que mostrava o corpo do líder, pouco depois de um ataque aéreo norte-americano perto de Tal Afar e Sinjar onde tinham morrido três membros seniores do Estado Islâmico. A alegada morte de al-Baghdadi foi confirmada pelo Iraque.

8 de setembro de 2014

Com a primeira notícia da morte veio a primeira confirmação de que, afinal, al-Baghdadi estava vivo. Na verdade, os Estados Unidos, apesar de não terem descartado essa hipótese, nunca tinham confirmado esta morte. De acordo com o jornal iraquiano al-Sabah, citado pelo site de notícias Iraqi News, o líder do Estado Islâmico tinha sofrido ferimentos e estaria a ser tratado na Síria.

11 de março de 2015

A Força Aérea do Iraque e o Ministério do Interior confirmaram que a operação militar que levaram a cabo poderia ter matado o líder o auto-proclamado Estado Islâmico. O ataque teve como alvo um reduto da organização junto à fronteira com a Síria.
Ao mesmo tempo que era noticiada a sua possível morte, surgiam notícias de que um hospital próximo do ataque recebeu feridos na sequência do ataque. Baghdadi não se encontrava entre os feridos nem entre os mortos no local.

10 de junho de 2016

No mesmo ano que casou com uma adolescente alemã, órgãos de comunicação por todo o Médio Oriente noticiaram novamente a sua morte. O líder do auto-proclamado Estado Islâmico teria morrido num ataque norte-americano em Raqqa, no décimo quinto dia do Ramadão. O ataque, porém, nunca foi confirmado pelos Estados Unidos.

30 de dezembro de 2016

É o próprio Pentágono a confirmar: apesar de todas as tentativas e da confirmação do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, o líder do Estado Islâmico não está morto. Não morreu e continuou a liderar o grupo terrorista.

28 de maio de 2017

Um ataque aéreo da Rússia na cidade síria de Raqqa teria intercetado uma reunião onde estavam vários líderes da organização terrorista, entre os quais al-Baghdadi. A confirmação de que o líder teria sido morto só foi dada pelo Ministério da Defesa da Rússia no passado dia 15 de junho.

10 de junho de 2017

Um bombardeamento perto da cidade de Raqqa, no norte da Síria, terá matado o líder do Estado Islâmico, durante uma ofensiva militar das Forças Democráticas da Síria, apoiadas pelos Estados Unidos. A informação foi confirmada pela televisão estatal síria no dia seguinte, a 11 de junho.
Com um líder como Abu Bakr al-Baghdadi que faz poucas aparições públicas, a informação é difícil de confirmar. Ainda para mais quando uma mesma morte é confirmada várias vezes e em contextos diferentes.
Texto editado por Pedro Esteves

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