Editorial:
Pode parecer caricato e, simultaneamente, enfadonho o facto de repisarmos num aspecto que se tornou assunto do dia em todo território nacional, quiçá no mundo afora. Mas é a realdade que hoje vivemos e ela imponentemente se nos impõe de forma cruel e sádica. Diga-se sem ameias ideológicas que, presentemente, os moçambicanos vivem num país estruturalmente degradado e deliberadamente destruído por um punhado de indivíduos que continuam a caminhar livre, alegre e impunemente por este país. Referimo-nos às dívidas contraídas ilegalmente e que os moçambicanos são hoje forçados a pagar.
Vejam que os resultados da Auditoria mostram claramente que um grupo de abutres, em nome do povo moçambicano, levou habilmente água ao seu moinho, hipotecando o futuro do país e de gerações e gerações de moçambicanos. O relatório elucida¬-nos que uma gangue acaba de produzir milhões de empobrecidos/ miseráveis. Dentro dessa nova ordem imposta pelos corruptos do Governo da Frelimo parece não haver salvação, pois até então nenhum processo contra os arquitetos dessa miséria foi aberto. Não se vislumbra sinal de uma possível intenção de restituir a dignidade dos moçambicanos.
Assistimos apenas a Sociedade Civil a submeter uma petição ao Conselho Constitucional solicitando a inconstitucionalidade das dívidas. Vimos a Igreja Católica a afirmar que não se pode permitir que o povo moçambicano seja imputada a responsabilidade de pagar as dívidas. Também assistimos aos deputados, especificamente da Frelimo, a acomodarem esse roubo nas contas do Estado. Só não vimos os órgãos de justiça a agir.
Não esperemos, na verdade, que os órgãos de justiça, as igrejas e a Sociedade Civil façam alguma coisa para reverter esta real situação histórica, à beira de implodir. Elas são parte do problema, não da solução. Cabe-nos, portanto, a responsabilidade de sermos nós a impormo-nos diante de toda essa corrupção organizada. A alternativa viva a este tipo de Governo é o próprio povo moçambicano. Por outras palavras, é importante que os moçambicanos, à escala nacional, decidam o futuro dos indivíduos que nos empurraram para esta situação. Não cansaremos de repetir, até que nos oiçam: Está nas nossas mãos. Decidamo-nos, pois ontem, já era tarde.
@VERDADE - 06.07.2017
Hermenegildo Gamito vai a teste
Pedido de declaração de inconstitucionalidade já foi entregue ao Conselho Constitucional.
O Fórum de Monitoria do Orçamento, uma congregação de vir a: organizações não-governamentais. entregou ontem, quarta-feira, ao Conselho Constitucional uma petíçao com duas mil assinaturas, em que se solicita a fiscalização sucessiva de inconstitucionalidade da dívida de 850 milhões de dólares da EMATUM.
É um verdadeiro teste ao Conselho Constitucional presidido por Hermenegildo Camilo. Como se sabe, Hermenegildo Gamito está indirectamente relacionado com as dívídaa ocultas. O seu irmão Henrique Gamito foi director executivo da EMATUM à data da contratação das dívidas e por isso mesmo, foi arrolado na lista dos investigados pela Procuradoria-Geral da República, a par da sua esposa.
Os antigos parceiros do presidente do Conselho Constitucional, a CGA foram os consultores jurídicos do "Credit Suisse".
Em conferência de imprensa realizada ontem em Maputo, o Fórum de Monitoria do Orçamento explicou que o expediente só visa a dívida da EMATUM porque a Conta-Geral do Estado na qual está inscrita a dívida como sendo pública já foi publicada em Boletim da República» ou seja, em forma de lei.
Assim, acrescentaram que poderão requerer a declaração de inconstitucionalidade das dívidas da "Prolndicus" e da "Mozambique Asset Management' logo que a resolução que aprova a Conta-Geral do Estado seja pu- blicado em Boletim da República.
Hoje, quínta-feira, o Fórum de Monitoria do Orçamento promove, das 8h30às I2h30, um debate público sobre as dívidas escondidas. O encontro terá lugar no auditório das Telecomunicações de Moçambique, em Maputo.
São convidados como membros do painel José Jaime Macuane, Adriano Nuvunga, João Mosca e Fernando Lima. O painel será moderado pelo jornalista Jeremias Langa.
O encontro acontece pouco tempo depois da divulgação, pela Procuradoria--Geral da República, do sumário executivo do relatório sobre as dívidas. Os resultados desta auditoria serão certamente abordados no encontro,(André Mulungo)
CANALMOZ – 06.07.2017
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