sexta-feira, 16 de junho de 2017

Líder da oposição deixa em aberto aceitação de resultados de futuras eleições no país

Atraso na retirada de militares das FADM na Serra da Gorongosa

Listen to this post. Powered by iSpeech.org Fir_carroDesorganização organizada???
O Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, já começou a desconfiar que o atraso do processo de retirada das posições das Forças de Defesa e Segurança (FDS), ao longo do distrito da Gorongosa, na província de Sofa­la, seja resultado de falta de coordenação entre os vários comandos que compõem o efectivo estacionado naquela região. As 26 posições das Forças de Defesa e Segurança incluem homens das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), assim como, elementos da Guarda Fronteira.
Apesar desta realidade, Dhlakama não tira o comando a Filipe Nyusi na qualidade de Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança, mas coloca a hipótese de o Presidente da República, porque jovem de idade e novo em matérias de governação e comando militar, estar a enfrentar dificuldades de compreender e monitorar aquilo que as partes acordaram.
“Portanto, ele (Filipe Nyusi) sabe das demoras, ele sabe das lacunas, da falta de coorde­nação entre ministérios, porque isto é uma com­ponente misturada e temos forças da Intervenção Rápida, que pertencem ao ministério do Interior, usando o fardamento das FADM, e temos mesmo as FADM que pertencem o ministério da Defesa, e depois é uma confusão, não há coordenação entre ministérios, e ele (Filipe Nyusi) é novo no poder” – disse Dhlakama, em entrevista, esta quarta-feira, ao semanário SAVANA, dando a entender que o Presidente da República está a enfrentar alguma resistência.
Nisto, Dhlakama acredita que do ponto de vista de coordenação de comandos esteja haver o que se pode chamar “desorganização organizada”, tudo na perspectiva de atrasar o processo.
“(Joaquim) Chissano e (Armando) Guebuza foram presidentes, não é fácil, mas eu não quero achar que ele esteja isento, que haja indisciplina, ele tem conhecimento, a isto chamaríamos de uma desorganização organizada” – disse Dhlakama, acreditando, entretanto, que, por fim, “acabarão por se retirar, porque não foi uma conversa particular entre Dhlakama e Nyusi”.
A tese de organização desorganização foi levantada, implicitamente, já há algum tempo e adensa-se com a aproximação do XI Congresso da Frelimo. É que se entende que algumas chefias das Forças de Defesa e Segurança continuam fieis à administração guebuziana e, em algum momento, convém marchar no sentido contrário ao caminho que quer ser trilhado por Filipe Nyusi, exactamente para expor publicamente as fragilidades do actual Presidente da República. É que, publicamente, Filipe Nyusi ganha notoriedade e capital político com os caminhos positivos que o dossier paz está a conseguir alcançar.
Caso o processo falhe, o Presidente da República não poderá avançar nos moldes que pretende no que concerne à restruturação do partido durante o XI Congresso. Ontem, quinta-feira, o líder da Renamo voltou a abordar o dossier paz, reiterando a sua preocupação pela lentidão do processo. Entretanto, manteve a esperança de que as coisas irão correr bem, tendo em conta que o prazo de retirada dos efectivos das FADS só vai terminar a 30 do corrente mês.
MEDIAFAX – 16.06.2017
Listen to this post. Powered by iSpeech.org Afonso_Dhlakama2O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, deixa em aberto a aceitação dos resultados das próximas eleições em Moçambique, mesmo que sejam validados por observadores internacionais, com já aconteceu no passado, disse hoje em entrevista à Lusa.
“Quando me pergunta o que vai acontecer nas eleições autárquicas [de 2018] e nas eleições presidenciais de 2019, não sei, mas como líder político, não posso ficar com as mãos cruzadas”, referiu, reacendendo queixas de alegada fraude eleitoral em actos anteriores.
Afonso Dhlakama falava ao telefone, a partir do distrito de Gorongosa, centro do país, onde se encontra refugiado desde 2015.
O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) disse que acredita poder chegar a um acordo de paz “a curto prazo” com Filipe Nyusi, Presidente moçambicano e da Frelimo, mas classificou a autenticidade de eleições como “um problema africano, não é só em Moçambique”, descredibilizando a validação internacional.
“Há interesses económicos, eu sei muito bem: cada país quer priorizar o seu desenvolvimento” e em conjunto “não estão preocupados com ditadores africanos”.
A exigência da Renamo de governar nas seis províncias onde o partido reivindicou vitória nas eleições gerais de 2014 e a consequente recusa do Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) foi a principal razão para o retorno do país ao conflito armado, opondo as duas partes, até dezembro de 2016.

Agora, com tréguas ilimitadas declaradas e negociações de paz em andamento, Dhlakama espera que “as próximas eleições tragam alternância governativa, constituições fortes”, numa alusão à revisão da lei fundamental, “a trabalhar a favor das populações”.
O líder da Renamo rejeitou “aquilo que está a acontecer em Moçambique, em que os tribunais e tudo é Frelimo. Algo tem que mudar no país”, sublinhou.
Em maio, durante uma visita à Holanda, Filipe Nyusi referiu que “quase todos os ciclos eleitorais terminaram em lamentações de diversa ordem. Não está a existir a cultura de reconhecer os resultados e saudar o oponente. Isto traz retrocessos”.
Segundo o chefe de Estado, é estranho que tal aconteça sob o olhar da comunidade internacional, que observa os processos e valida os resultados.
Afonso Dhlakama espera que até final do ano a Assembleia da República aprove o dossier de descentralização que está na mesa das negociações de paz entre a Renamo e Governo, por forma a haver eleição dos governadores provinciais nas eleições gerais de 2019.
O prazo é considerado importante “para permitir que o Presidente da República, constitucionalmente, anuncie a data das eleições gerais de 2019, com 18 meses de antecedência”, ou seja, até abril de 2018.
Também até final do ano, Dhlakama espera ver aprovado o outro dossier nas negociações, sobre o enquadramento de quem comanda o braço armado da Renamo ao nível de chefia nas forças armadas moçambicanas.
Na entrevista à Lusa, o líder da Renamo queixa-se de haver atraso na retirada das tropas governamentais da Gorongosa.
“Este assunto foi tratado em abril e começariam a retirada a partir da primeira semana de maio”, mas aqueles que já abandonaram posições “estão a uns cinco ou 10 quilómetros, na mesma área”.
O prazo combinado para a retirada total é 30 de junho, sublinhou.
“Posso crer e acreditar que se calhar até ao dia 30 saiam todos, mas há morosidade”, disse, acrescentado que o próprio Filipe Nyusi “sabe das demoras”.
Dhlakama classificou a trégua sem limites em curso como “um grande sucesso”, mas disse haver “um problema da indisciplina” por parte de militares das forças de defesa moçambicanas, que acusa de “beberem fardados” em mercados informais e provocarem estragos.
As críticas abrangem também polícias que terão impedido membros da Renamo de içar bandeiras do partido nalguns locais.
LUSA – 16.06.2017

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