O país celebra no início da próxima semana, domingo (25), o quadragésimo segundo aniversário da proclamação da Independência Nacional, evento que marcou o reconhecimento universal da criação e existência do Estado Moçambicano sob a liderança da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
Antes de darmos início ao desenvolvimento desta abordagem gostaríamos transmitir a nossa profunda manifestação de solidariedade ao povo português, na sequência do fatídico incêndio de Pedrógão Grande, registado no último fim-de-semana, que já provocou a morte de mais de sessenta pessoas e levou já as autoridades locais a decretarem três dias de luto nacional.
Não temos imaginação do que seria se um incêndio daquela magnitude tivesse acontecido em Moçambique, onde o corpo de salvação pública nacional tem até dificuldades de debelar fogo em um quiosque.
Retomando a abordagem principal do presente editorial, referir em nossa modesta opinião que o aniversário da Independência Nacional que se celebra no próximo domingo não passa de comemoração de um sonho que teima em não tornar-se realidade na vida dos moçambicanos.
A cinquenta anos atrás os moçambicanos sonharam tornar-se independentes. Volvidos quarenta e dois anos constata-se, com amargura, que o sonho não passou ainda de sonho. O país continua anestesiado num sono profundo que está a prolongar o sonho dos seus cidadãos de se tornarem independentes um dia.
É lamentável que passados quarenta e dois anos da proclamação da Independência Nacional o país ainda anda a procura de soluções para produzir.
A população moçambicana desde a sua origem foi predominantemente agrícola e o país dispõem de imensas áreas férteis em toda a sua extensão.
Foi esse aspecto que pesou para a Frelimo decretar a Agricultura como sendo a base de desenvolvimento nacional.
Porém, não se justifica, até hoje, os arquitectos do modelo de desenvolvimento do país ainda andam a procura de soluções práticas para o incremento da produção e tornar o país auto-sustentável, pelo menos do ponto de vista de alimentação das suas populações.
O cenário que se vive só revela que algo está falhar na gestão do país. No passado, cada família moçambicana produzia o suficiente para a sua alimentação e ainda sobrava excedente para comercialização. Não se falava de fome nem de tantas doenças como acontece nos dias de hoje.
Nos últimos quarenta e dois anos, os arquitectos do modelo de desenvolvimento nacional promoveram avultados investimentos na formação de técnicos, na construção e apetrechamento das unidades sanitárias; mas a qualidade de assistência médica baixou de longe comparativamente ao passado em que os doentes internados sentiam o verdadeiro conforto do leito hospitalar.
Enfatizando a Agricultura como base de desenvolvimento, urge questionar a visão do Governo do dia sobre o estado de funcionamento das grandes companhias chazeiras, açucarreiras, de produção da copra, têxtis, que já foram uma referência mundial e proporcionavam postos de trabalho a larga maioria da população moçambicana.
Hoje que o país está independente como se explica ter se tornado mais dependente?
Até uma simples agulha de costura o país depende da sua importação. Um simples chinelo de casa de banho tem de ser importado da China. Até uma rede mosquiteira que o Governo incentiva o seu uso para a prevenção da malária o país não consegue produzir. Um anzol para a pesca, uma enxada para o camponês o país perdeu capacidade da sua produção. E ainda quer se orgulhar de estar independente a 42 anos!
Temos memória de que o país já produzia uma marca de pneus que chegou a tornar-se uma referência internacional (Mabor General), que hoje faltam a TPM para manter a sua frota em circulação.
O país já teve DC-10, Tupelove Presidencial, já teve uma frota invejável de boings; para hoje descermos para o nível de aeronaves do tipo Q-400. Os moçambicanos já eram transportados em automotoras ferroviárias, para hoje regredirem para o nível dos “my loves”.
É simplesmente vergonhoso. Há vários exemplos que tornariam o editorial interminável.
O que recomendamos é que haja paciência e ausência de cinismo na compreensão do real estágio da nação.
Urge uma mudança radical na gestão dos destinos do país.
O AUTARCA – 19.06.2017
Cá para mim, que não quero aproveitar, Moçambique tem UFITI.
Não ufiti de encantar, mas aquele mais tenebroso.
Wangani
Na luta do povo ninguém cansa.
FUNGULANI MASSO
A LUTA É CONTÍNUA