segunda-feira, 5 de junho de 2017

Aliados árabes cortam relações com o Qatar. Tráfego aéreo internacional afectado


Diplomatas do Qatar têm 48 horas para abandonar os Emirados Árabes Unidos. Na origem do conflito estão notícias falsas divulgadas por hackers.
LILIANA BORGES 5 de Junho de 2017, 8:42 actualizada às 11:43
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FotoEm causa estão alegadas declarações do Sheikh do Qatar, Tamim bin Hamad al-Than REUTERS/FAISAL AL NASSER
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Bahrein, Egipto, Arábia Saudita, Iémen e Emirados Árabes Unidos anunciaram esta segunda-feira a suspensão das relações diplomáticas e o corte de ligações aéreas e marítimas com o Qatar, acusando o país de apoiar o terrorismo. O pequeno mas influente emirado defende-se das acusações e classifica a decisão dos cinco países como uma "violação da soberania", diz a Associated Press.
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A decisão sem precedentes está a ser encarada como um dos mais graves episódios de divisão entre os mais poderosos países do Golfo. Ao boicote liderado pelos sauditas, anunciado de madrugada, juntou-se nas últimas horas o Iémen, avança a BBC. Do Iémen, país mergulhado numa guerra civil, foram também expulsas as tropas do Qatar que integravam até hoje a coligação liderada pela Arábia Saudita, que combate forças conotadas com o Irão. A Sanaa, e segundo a Reuters, junta-se ainda um dos dois governos líbios - o de Tobruk, no leste.

O canal de televisão saudita al-Arabiya avança que as Maldivas, país de maioria muçulmana com laços diplomáticos, económicos e culturais com o Golfo, também suspendeu relações com o Qatar.

Riade anunciou o corte de relações através agência de notícias saudita, comunicando que seriam encerradas todas as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas com o Qatar. De acordo com o comunicado, a decisão foi tomada para "proteger a segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo". O mesmo motivo é apontado pelo Egipto, cita a Al-Jazira, enquanto o Bahrein justifica o corte de relações acusando o Qatar de “minar a segurança e estabilidade” do país e de “interferir seus assuntos internos”.

Por ordem de Abu Dhabi, os diplomatas do Qatar têm 48 horas para sair dos Emirados Árabes Unidos. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar já reagiu a esta decisão, considerando-a “injustificada”.

Na origem desta crise diplomática estão supostos comentários do emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, que Doha diz terem sido publicados por hackers no site da agência de notícias estatal. Nesses artigos, o emir é citado a elogiar o Irão como um “poder islâmico”, rival da Arábia Saudita, e a criticar Riade - refira-se que iranianos e sauditas disputam a liderança política e económica da região, travando indirectamente um conflito militar através do apoio a facções rivais na Síria, Iémen e Iraque. "Não existem razões para a hostilidade árabe face ao Irão", teria dito o emir do Qatar, que teria ainda defendido as relações entre Doha e Israel e elogiado as forças do Hezbollah, movimento xiita pró-iraniano.
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Países árabes cortam relações diplomáticas com Catar e aumentam a tensão no Golfo



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Arábia Saudita e mais três países acusam o Catar de apoiar organizações terroristas, como o Estado Islâmico. Em causa, está a aproximação do Catar ao Irão. Crise pode ter sido causada por "fake news".


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A Arábia Saudita (liderada pelo rei Salman, na fotografia) está a liderar o corte de relações diplomáticas com o Catar, que está agora significativamente isolado do ponto de vista político e geográfico


(FAYEZ NURELDINE/AFP/Getty Images)

Autor
João de Almeida Dias
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Perante acusações de ingerência e de apoio ao terrorismo, Arábia Saudita, Bahrein, Egito e Emirados Árabes Unidos anunciaram este domingo o corte de relações diplomáticas, suspensão de ligações aéreas e marítimas com o Catar. Em causa, está a aproximação do Catar ao Irão, o maior rival dos sauditas na região.

Num comunicado divulgado na televisão pública da Árabia Saudita, a SPA, o regime de Riade acusa o Catar de “acolher vários grupos terroristas e sectários que têm o objetivo de desestabilizar a região”. Entre estes grupos, a Arábia Saudita especifica três em particular: a Irmandade Muçulmana, o Estado Islâmico e a al-Qaeda.

Mais à frente, refere ainda o alegado “apoio” do Catar às “atividades de grupos de terroristas ligados ao Irão na província saudita de Qatif e no reino do Bahrein”. Além disso, a Árabia Saudita acusou o Catar de “promover a mensagem e os esquemas destes grupos” através “dos seus media”. Tudo indica que esta seja uma referência à cadeia noticiosa Al-Jazeera.

O Egito reagiu, referindo que a política do Catar “ameaça a segurança nacional e alimenta conflito e divisão entre as sociedades árabes, seguindo um plano deliberado para prejudicar a união e os interesses da nação árabe”. Os Emirados Árabes Unidos acusaram Doha de “manipular compromissos”. O Bahrein fala de uma “violação flagrante de todos os acordos, compromissos e princípios da lei internacional, sem estima por valores, pelo Direito, pelos morais ou pelos princípios da boa vizinhança”.

De acordo com a Al-Arabyia (canal privado pró-saudita), os cidadãos do Catar que vivam na Árabia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos ou no Bahrein têm 14 dias para sair daqueles países, onde não poderão voltar a entrar. Os agentes diplomáticos têm 48 horas para sair desde a publicação dos anúncios, feitos na manhã desta segunda-feira.

Desde o anúncio daqueles quatro países, os governos do Iémen e da Líbia (que tem uma influência muito reduzida dentro do próprio país, considerado um Estado falhado) e as Maldivas também anunciaram o corte diplomático com o Catar.

O Catar faz parte do Conselho de Cooperação do Golfo, do qual também fazem parte, entre outros, a Arábia Saudita, o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos.

A Turquia já reagiu, na voz do ministro dos Negócios Estrangeiro, Mevlüt Çavuşoğlu, que disse que este era “um desenvolvimento triste” e que se ofereceu para servir de mediador entre aqueles países do Golfo e a o Catar. “Nós podemos dar todos os tipos de apoio para chegar à normalização”, disse.
Catar diz que é vítima de “campanha provocatória” baseada em “invenções”

O Catar reagiu na manhã de segunda-feira, dizendo que as medidas anunciadas “não têm justificação e são baseadas em alegações que não têm nenhum fundamento factual”. “O objetivo é claro, que é impor uma tutela ao Estado [do Catar]. Isto é, em si, uma violação da sua soberania como Estado”, lê-se no comunicado catari.

“O Catar foi exposto a uma campanha provocatória baseada em alegações que não passam de absolutas invenções, o que prova que há intenções premeditadas para causar danos ao Estado”, escreve o ministério dos Negócios Estrangeiro do Catar.

No mesmo documento, o Governo de Doha disse que os desenvolvimentos desta segunda-feira “não vão afetar a vida normal dos cidadãos e residentes” daquele país.
Consequências a nível local e regional

Esta tomada de posição também vai ter consequências na guerra no Iémen, onde a Arábia Saudita lidera uma coligação militar. Até à data, o Catar fazia parte dela, mas segundo a Reuters será expulso. No comunicado emitido na televisão pública saudita, o regime de Riade chega a acusar o Catar de colaborar com o inimigo. “As autoridades de Doha [capital do Catar] têm apoiado as milícias Huti”, lê-se no comunicado, onde são referidos as forças militares que são apoiadas pelo Irão e que são o alvo da coligação liderada pelos saudita.

Além de consequências regionais, os desenvolvimentos da manhã desta segunda-feira vão certamente ter consequências dentro do Catar. De acordo com um relatório da Future Directions International, datado de 2015, cerca de 90% da comida consumida no Catar é importada — uma realidade que agora é posta em causa, devido ao fecho de fronteiras imposto pela Arábia Saudita, o único país limítrofe. De acordo com números de 2012, o Catar tinha um défice comercial agrícola de cerca de 1,5 mil milhões de dólares.

De acordo com relatos que estão a ser publicados no Twitter, já começou uma corrida aos supermercados em Doha, capital do Catar.


Supermarkets on Salwa Road, #Doha still have enough food. Don't panic people. #qatarcrisis pic.twitter.com/QF0eNFTvLL

— بثينة العزابي (@Boutaina) June 5, 2017

Com as medidas anunciadas esta segunda-feira, o Catar fica totalmente isolado do tráfego terrestre e em grande parte do tráfego marítimo e aéreo.
Uma crise criada por fake news?

As tensões, que já existem na região há décadas, tiveram o seu mais recente pico depois de a QNA, a agência noticiosa estatal do catar, ter transmitido citações do xeque Tamim bin Hamad Al Thani, Emir e líder daquele país.

De acordo com a QNA, o Emir do Catar terá dito numa cerimónia de graduação de militares, a 23 de maio, que “não é sábio agir com hostilidade perante o Irão”. Ainda sobre o Irão, Tamim bin Hamad Al Thani terá dito ainda que este é “um grande poder para a estabilização da região”. Depois, já noutro tema, embora tenha referido que as relações do seu país com Israel são “boas”, conferiu ainda assim legitimidade ao Hamas como “representante oficial do povo palestiniano”.

Como reação imediata, a Arábia Saudita, o Egito, o Bahrein e os Emirados Árabes Unidos suspenderam as emissões de media cataris dentro dos seu países.

Estas citações viriam a ser mais tarde desmentidas pelo Catar, que disse que a sua agência noticiosa estatal tinha sido alvo de um ataque informático. “Há leis internacionais em vigor contra crimes deste género, em particular os ciberataques. [Os hackers] vão ser processados de acordo com a lei”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Catar, Mohammed bin Addulrahman.


#Mofa denies that H.E. Mohammed Bin Abdulrahman Al Thani, the foreign minister, has issued any statements. @MBA_AlThani_ #Qatar pic.twitter.com/Yw8RMb5MHS

— MOFA – Qatar (@MofaQatar_EN) May 24, 2017
Medidas surgem depois de Donald Trump endurecer discurso contra o Irão

Estes desenvolvimentos seguiram-se todos após a visita do presidente norte-americano, Donald Trump, à Arábia Saudita, o maior aliado dos EUA na região além de Israel. Num discurso perante representantes de várias nações árabes — incluindo do Catar -, Donald Trump disse: “Durante décadas, o Irão deitou achas para a fogueira do conflito e do terror sectário. É um Governo que fala abertamente a favor de homicídios em massa, que jura a destruição de Israel, morte aos americanos e a muitos líderes e nações nesta sala”.

Donald Trump disse ainda que “todas as nações de consciência têm de trabalhar juntas para isolar o Irão”.

No decurso da sua visita oficial na Arábia Saudita, os EUA fecharam um negócio que contempla a venda de 110 mil milhões de dólares (mais de 97,6 mil milhões de euros) em armas a Riade.

O gesto da Arábia Saudita e dos outros países surge como uma consequência da atual política norte-americana perante o Irão, depois da aproximação norte-americana a Teerão, forjada pela administração de Barack Obama juntamente com o Governo de Hassan Rouhani. O resultada mais concreto desse processo foi o acordo nuclear do Irão, que Donald Trump prometeu, repetidas vezes, “rasgar”. Ao mesmo tempo, os EUA de Donald Trump reafirmam a sua parceria regional com a Arábia Saudita, apesar de, durante a sua campanha eleitoral, o Presidente norte-americano ter sido uma voz crítica dos sauditas.

A partir da Austrália, o Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, procurou desvalorizar as consequências da notícia desta segunda-feira. “Eu não espero que haja um impacto significante, ou qualquer impacto, na luta conjunta contra o terrorismo na região ou a nível global”, disse o chefe da diplomacia norte-americana, em Sydney.

Os EUA têm uma base aérea no Catar, onde estão colocados cerca de 10 mil militares norte-americanos. Ainda não é claro de que forma é que aquela base pode ser afetada pela decisão anunciada pela Arábia Saudita e os seus parceiros na região.

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Aline Fani Sereno A quem a Arábia Saudita está a querer enganar? ... Um dos maiores financiadores da Al Qaeda, jogando areia para os olhos dos outros...





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Leandro Batista Areia não falta!





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André Santos è interessante que isto aconteça tudo com um dos estados mais influentes dos emirados e um dos mais ricos do mundo, interessante é também verificar que o donald esteve reunido com os emir's da Arabia Saudita, e isto acontecer agora assim , cheira-me a esturro, e o que vai acabar com o mundo é a sagassidade destes todo poderosos no controlo das armas e do petróleo, é triste que isto acabe assim.





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Frederico Rajão Martins Isto está mas é a acontecer porque o Qatar está muito amigo do Irão, não tem nada a haver com "terrorismo", isso ambos o fazem, mas sim com a guerra por procuração no Iémen e despiques por controlo do território de passagem de oleodutos, gasodutos e novas prospecções. Tudo geopolítica e os americanos já a esfregar as mãos.





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Maria José Antunes O ocidente continua a proteger o pais que financia o terrorismo e que pretende a hegemonia da área. Qatar faz frente à arábia saudita. Isto é um caldeirão sempre a ferver





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Dario Mucondo Por ter relações com Irão e usa este pretexto que financia o terrorismo, mas quem comprou.a carga de bilhões em armamento é o lider em financiar terrorismo Arabia maldita





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· 4 h









Filipe Oliveira 15 dias depois do Trump lá ter estado. Eles devem ter alguma coisa que os EUA querem muito!





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Lídia Pinto Soares Sampilo Incrível
Vergonhoso
Como têm Cara de Pau de acusar o Qatar???
Nunca foi mencionado o nome Qatar em relação ao Terrorismo
Ao contrário do Arábia saudita....





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Álvaro Vieira Trump visitou a Arábia Saudita onde vendeu armas, logo a seguir visitou Israel onde conspirou sobre uma possível guerra grande contra o Irão, mas os judeus e sionistas ficariam de fora. Para concretizar o Mal era necessário criar um "quid pro quo" diplomático para fazer estalar as relações com um dos maiores aliados do irão, o Qatar, e assim aconteceu. O Irão constitui o único gigante na zona que está a atrapalhar as intenções sionistas de Israel, para vir a dominar e controlar o médio oriente, com o beneplácito do seu dono e senhor os EUA.
Estes países que decidiram cortar laços com o Qatar são meros peões na estratégia sionista.





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Sofia Gouveia 🤔Isto cheira a esturro..Então a Arábia Saudita corta relações com o seu amigalhaço Qatar e acusa-o de apoiar o terrorismo quando também apoia o Daesh como o Qatar? Mas que terrorismo estão a falar?E não será que querem atirar as culpas deste apoio só ao Qatar já que todo o mundo sabe a verdade?

E que interesses mais deve haver?O médio oriente no seu melhor.Esta guerra entre xiitas e sunitas está a destruir o mundo.





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Hugo Guerreiro A Arabia Saudita?! Grande moral que esses têm...





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9
· 5 h









José Alexandre Cunha Tanto comentário sem conhecimento, porventura feito por quem nunca visitou a região





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Jane Melo Os mal lavados a sabotarem os sujos😀😀😀😀💩💩💩😈😈😈

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