TEMA DA SEMANA 2 Savana 30-06-2017
As inconsistências na
justificação do paradeiro
dado a USD500
milhões do empréstimo
contraído pela EMATUM,
os gastos atinentes aos dois mil
milhões de dólares das dívidas
ocultas, os bloqueios no fornecimento
de informações sob o
argumento de “segredo de Estado”,
a exagerada sobrefacturação
de USD713milhões, a arrogância
de alguns oficiais do SISE,
sugerem que o negócio à volta
destes empréstimos tratou-se
de um golpe financeiro de magnitude
sísmica urdido durante a
administração Guebuza.
“Lacunas permanecem no entendimento
sobre como exactamente
os USD2 mil milhões foram gastos,
apesar dos esforços consideráveis”
para esclarecer o assunto,
diz o sumário “censurado” da
auditoria independente realizada
pela firma internacional de investigação
Kroll.
O relatório de 63 páginas, libertado
sábado, 24 horas antes do dia
da independência, omitiu nomes
tal como já havia sido anunciado
ao SAVANA pela antiga embaixadora
da Suécia, Irina Nyoni.
Porém, pelas descrições é facilmente
possível chegar às identidades
dos envolvidos da contrac-
ção das dívidas.
O enredo à volta das misteriosas
aquisições tem em comum o facto
de estarem envolvidas personagens
ligadas ao Serviço de Informação
e Segurança do Estado
(SISE).
O relatório dá pistas que o empréstimo
foi operacionalizado
por pequeno círculo de oficiais
de segurança, liderados por António
Carlos do Rosário (ARC),
que foram contratar créditos ao
arrepio das normas e na calada
das instituições que deveriam ter
tomado conhecimento de uma
operação de tal envergadura.
No entanto, no relatório não está
claro se a influência dos espiões
do SISE terá sido com a anuência
de Armando Guebuza. Aliás, ao
que o SAVANA apurou, houve
“ordens” para se criar uma “cortina
de fumo” em torno de Guebuza
durante as audições levadas a
cabo pelos auditores da Kroll. No
relatório não há uma referência
clara e nem implícita a Guebuza
e sua família.
A avaliar pelas informações constantes
do relatório, pode-se aferir
que o poder dos mesmos “securocratas”
era tal que terão sido eles
que impuseram uma linha mais
agressiva em relação à Renamo,
levando à deterioração da situação
política em Moçambique.
Recorde-se que aquando da sua
audição na Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) constituída para investigar as dívidas ocultas,
Armando Guebuza afirmou
que a idealização, concepção e
contratação dos empréstimos visando
adquirir meios destinados
à operacionalização do objectivo
pretendido foram feitas de forma
sigilosa em função de informação
classificada na posse das Forças
de Defesa e Segurança, sobretudo,
o SISE. Apontou ainda a alegada
violência armada promovida
pela Renamo como ameaças que
exigiam a mobilização de recursos
financeiros para a compra de
meios bélicos.
Garantias soberanas
A auditoria constatou que o processo
para a emissão de garantias
pelo Estado parece ser inadequado,
sobretudo no que respeita
aos estudos de avaliação que devem
ser conduzidos, antes da sua
emissão.
O relatório fala de um “indivíduo
“C” que admitiu voluntariamente
à Kroll que violou conscientemente
as leis do orçamento
acordadas ao aprovar as garantias
do Governo para as empresas de
Moçambique, tendo explicado
que “funcionários do SISE o convenceram
a aprovar as garantias
do Governo com base em razões
de segurança nacional”. Pelos dados,
esta descrição corresponde a
Manuel Chang, o então ministro
das Finanças na administração
Guebuza.
Chang, que esta terça-feira disse
que ainda não havia lido o relatório
(parece uma estratégia combinada,
porque Guebuza também
disse no domingo que ainda não
leu), já havia admitido na CPI
que tinha assinado as garantias
sob pressão.
A Kroll também identificou situações
de conflitos de interesses
no processo de concessão de garantias.
Afirma que o indivíduo
D, responsável pela assinatura
dos pareceres relativos às garantias
à ProIndicus e à MAM, foi
nomeada para CA da Ematum.
A nomeação foi a 2 de Agosto de
2013, um mês antes de ter sido
emitida a garantia do Governo à
Ematum. O Indivíduo D recebeu
da Ematum a quantia de USD95
mil pelo seu papel enquanto
membro do CA durante o período que decorreu entre Agosto
de 2013 e Julho de 2014 (USD
7916,00/mês). Ao que o SAVANA
apurou, o indivíduo D é Isaltina
Lucas Sales, actual vice-ministra
da Economia e Finanças.
Lucas já foi directora nacional de
Tesouro (foi nessa qualidade que
participou no processo das Garantias)
e secretária-permanente
do ministério da Economia e Finanças.
Foi também presidente
do Instituto Nacional de Estatísticas
(INE).
A Kroll lembra que, em Fevereiro
de 2013 e Dezembro de 2014, o
Ministério das Finanças autorizou
cinco garantias separadas
para empréstimos, que iriam totalizar
USD2.2 milhões e afirma
que não parece ter havido um
processo documentado ou de clara
compreensão para a emissão
das garantias.
“À excepção da primeira garantia
do Governo, para a ProIndicus,
cuja análise envolveu três membros
do Governo (indivíduo D, C
e L) as garantias foram somente
analisadas e aprovadas por apenas
dois membros do Governo (indivíduo
C e D). Não houve envolvimento
da Assembleia da
Relatório da Kroll às dívidas ocultas
Uma “Bolada” histórica de biliões
de “verdinhas”
Salvador Mtumuke “Posição I”
Armando Guebuza, na altura chefe do Estado, a assistir demonstrações dos barcos da Ematum e ProIndicus
Gregório Leão-Indivíduo “E” Manuel Chang-Indivíduo “C” Isaltina Lucas Sales-Indivíduo “D” Lagos Lidimo-Indivíduo “F”
TEMA DA SEMANA Savana 30-06-2017 3
República ou do Tribunal Administrativo
nos processos de avalia-
ção e aprovação das garantias do
Governo”, sublinha o documento.
O indivíduo “A” também esteve
envolvido em toda a negociação
da aprovação das garantias do
Governo.
Em relação aos USD500 milhões,
o relatório apurou que há sérias
contradições quanto ao uso dado
a essa verba.
No depoimento que prestou à
Kroll, uma pessoa identificada
apenas como indivíduo “A”, mas
sabemos tratar-se de António
Carlos do Rosário, o poderoso
oficial do SISE, disse que o montante
foi usado para a compra de
equipamento militar, porém o
fornecedor, a Privinvest, sedeada
em Abu Dhabi e pertencente ao
libanês Iskander Safa, negou que
tenha sido fornecido material
bélico. A Privinvest é a empresa-
-mãe da família Safa, que opera
nas áreas da construção naval,
transportes marítimos, imobiliá-
ria e exploração de petróleo e gás.
O Ministério das Finanças não
conseguiu confirmar à Kroll a
alocação dos USD500 milhões na
compra de equipamento de segurança
marítima. O indivíduo “A”
forneceu uma carta não assinada,
“supostamente da Posição I” para
sustentar a declaração de recep-
ção do equipamento militar. “A
Posição I (indivíduo I) recusou-
-se a assinar esta carta e negou ter
qualquer conhecimento sobre o
equipamento militar adquirido”.
“A Kroll reuniu-se com a Posição
I para discutir o rascunho da carta.
A Posição I explicou à Kroll
que tinha conhecimento do rascunho
da carta, mas que se recusaria
a assiná-la, já que não sabia
se tinha sido fornecido equipamento
militar ao Ministério da
Defesa”, lê-se no sumário.
Pela descrição, “a Posição I” corresponde
ao actual ministro da
Defesa, Salvador Mtumuke.
Mtumuke já havia negado na
CPI ter recebido tal material.
A empresa contratada, a Privinvest,
afirmou que os bens fornecidos
à Ematum estavam conformes,
mas não “foram fornecidas
armas”.
Nesse sentido, a Kroll diz que os
USD500 milhões continuam por
auditar e por explicar e afirma
que para tal é importante que seja
acordado um “enquadramento
que preserve a confidencialidade”
da informação ou as partes envolvidas
renunciem à confidencialidade.
No sumário executivo do relató-
rio da auditoria, a Kroll dá a conhecer
que a Privinvest inflacionou
o custo dos serviços e bens
que forneceu a Moçambique em,
pelo menos, USD713 milhões.
A diferença dos bens e serviços
constantes das facturas emitidas
pelo fornecedor à ProIndicus e
Ematum, comparada por peritos
independentes, aproxima-se a um
total de USD713 milhões.
“A diferença entre o preço das
facturas do fornecedor e as constantes
do plano de negócios da
MAM é de USD683 milhões”,
diz o relatório
Por exemplo, cada barco da Ematum
tem uma factura no valor de
USD22 milhões, enquanto no
plano de negócios da MAM são
USD10.5 milhões, cada.
Peritos independentes da Kroll
consideram, contudo, que cada
barco devia custar apenas dois
milhões de dólares. No total, um
terço dos dois biliões de dólares
da dívida secreta corresponde ao
montante inflacionado.
Apesar de ter alargado de três
para seis meses o tempo da auditoria,
a Kroll diz que não conseguiu
informação suficiente, o que
impediu saber para onde foi o dinheiro
ou como foi usado.
As três empresas que beneficiaram
dos empréstimos forneceram
dados insuficientes, incluindo
relatórios de contas e informa-
ções bancárias e comprovativos
incompletos.
O indivíduo “A” (ACR), responsável
pelas empresas, recusou
repetidamente a disponibilizar
informação, com o argumento de
que era “classificada” ou por razões
de “segurança”.
“A Kroll solicitou repetidamente
ao indivíduo A que fornecesse
as informações em falta que permitiriam
uma compreensão mais
completa dos gastos: a resposta
recebida foi que as informações
solicitadas eram confidenciais e
não estavam disponíveis”.
Perante a insistência da Kroll, o
indivíduo “A” declarou “em diversas
ocasiões” que as informações
financeiras e documentação de
suporte de “qualquer despesa
militar confidencial estão fora
Agostinho Mondlane, antigo vice-ministro da Defesa, Graça Chongo, Chefe do Estado Maior General e António Carlos do
Rosário, então PCA das três empresas, na cerimónia da apresentação dos barcos da Ematum e ProIndicus
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do âmbito da Auditoria Independente”.
O indivíduo A afirmou
que se tratava de informação con-
fidencial pertencente ao SISE.
Ao que o SAVANA apurou, o
indivíduo A, que na altura dos
factos era o director da Inteligência
Económica do SISE, não
passou toda a informação ao novo
director da secreta Lagos Lidimo.
“O director Lidimo está a ver navios
em relação a este dossier (dí-
vidas ocultas)”, afiançou-nos uma
fonte ligada à secreta.
A Kroll tentou pedir informações
directamente do SISE, mas o pedido
foi recusado pelo Indivíduo
E, que pelas descrições corresponde
ao então director Gregório
Leão.
Após mexidas no SISE com a
nomeação do novo director pelo
Presidente da República, a Kroll
voltou à carga, mas o Indivíduo F
informou aos auditores que não
lhe foi fornecido qualquer registo
relacionado com as três empresas
desde que assumiu o cargo. O Indivíduo
F corresponde claramente
a Lagos Lidimo.
Numa carta que circula nas redes
sociais, com autoria assumida por
ACR, com o título “Mensagem
aos meus companheiros de trincheira”,
é clara a resistência em
fornecer informações relevantes e
cruciais para o esclarecimento dos
empréstimos: “lembram-se do
episódio em que corri com dois
deles do meu gabinete pois queriam
detalhes de questões sobre
segurança do Estado? Isso mesmo.
E isso, para eles, é surpresa
pois não esperavam que houvessem
moçambicanos com convic-
ções firmes. Para vocês deve estar
claro que o tal indivíduo A sou
eu”, lê-se numa das passagens da
carta.
O relatório Kroll é muito claro
em relação ao poder de influência
do indivíduo A. Afirma que da
documentação analisada, durante
a auditoria internacional, aponta
para um pequeno grupo de membros
do SISE e do Governo, liderados
pelo Indivíduo A, que exerceram
controlo sobre os projectos.
De um modo geral, todos os sectores
identificados como próximos
ou ligados ao ex-presidente
Armando Guebuza reagiram
com grande hostilidade ao sumá-
rio executivo da Kroll, procurando,
por vezes, sugerir o envolvimento
do actual presidente Nyusi
nos procedimentos inapropriados
de contracção das dívidas e nas
verbas não justificadas.
EUA exigem acções concretas
Num comunicado distribuído terça-feira em Maputo, o Governo norte-americano pediu às autoridades
moçambicanas que tomem “acções concretas após a divulgação do sumário do relató-
rio da auditoria internacional independente às dívidas ocultas, considerando que “há mais por
fazer”.
“Há mais por fazer. Os Estados Unidos aguardam que o Governo de Moçambique tome acções concretas
em resultado das recomendações chave e resultados da auditoria”.
O comunicado adianta que os EUA estão empenhados em trabalhar com o Governo de Moçambique na
melhoria da transparência e responsabilização das suas operações financeiras.
Para o Governo norte-americano, prossegue o texto, a realização de uma auditoria internacional independente
constitui um passo importante no sentido da restauração da confiança dos investidores e doadores.
“A divulgação pública do sumário executivo demonstra a vontade de resolver esta questão de forma responsável
e transparente”, acrescenta o comunicado.
Como maior doador bilateral de Moçambique, continua a nota de imprensa, os Estados Unidos têm um
interesse na gestão apropriada e transparente de fundos por parte do Governo de Moçambique.
Por seu turno, o banco suíço Credit Suisse qualifica as conclusões da auditoria da Kroll à dívida
escondida de como “incorretas e enganadoras”, garantindo que recebeu de comissões apenas
USD23 milhões. Mas é preciso frisar que o Credit Suisse não cooperou com a Kroll durante a
auditoria.
“A conclusão [da auditoria] de que o Credit Suisse recebeu USD100 milhões ou mais em taxas de mediação
financeira é incorrecta e enganadora”, refere o banco suíço numa declaração citada pela agência de
informação económica Bloomberg.
“As taxas bancárias para o Credit Suisse totalizaram USD23 milhões, mais ou menos 2,3% do financiamento
total e estão em linha com as transacções financeiras comparáveis realizadas nos mercados emergentes”,
acrescenta o banco que mediou, juntamente com o russo VTB, os empréstimos.
O banco suíço respondeu assim à divulgação, no sábado, do sumário executivo da auditoria apresentada
pela consultora Kroll à Procuradoria-Geral da República de Moçambique, que afirmou que estes dois
bancos receberam USD200 milhões em comissões por terem organizado os empréstimos às empresas
públicas Mozambique Asset Management (MAM) e ProIndicus. A Kroll incluiu no cálculo das comissões
os valores disponibilizados por via da Privinvest para “recompensar” os compradores da “dívida” das
empresas MAM e ProIndicus repassada pelos bancos.
O VTB também reagiu negativamente referindo à Reuters que os juros cobrados estão de acordo com as
práticas relativas aos países da África Subsahariana. A Palomar também reagiu ao relatório, afirmando
que está incompleto e contém uma série de afirmações enganadoras e erros materiais.
“Apesar da oferta da Palomar para reunir com a Kroll, em nenhuma altura até à divulgação do relatório
a Kroll pediu qualquer informação ou procurou colaboração da Palomar para receber as transacções em
causa”, sublinha
OFundo Monetário Internacional (FMI) anunciou, no sábado, que vai enviar uma missão técnica
a Maputo em Julho, para avaliar a situação, tendo considerado que a auditoria às dívidas ocultas
de Moçambique deixou pontos por esclarecer. A missão do FMI estará em Maputo entre os
dias 10 e 19 de Julho. Para além de discutir o sumário executivo da Kroll, a missão do FMI vai
reavaliar a situação macroeconómica, mas o SAVANA apurou que será adiada a discussão sobre o novo
pacote de ajuda até a PGR concluir com as investigações.
“O relatório sumário contém informação útil sobre como os empréstimos foram contraídos e sobre os activos
adquiridos pelas empresas. Contudo, persistem lacunas de informação, em particular no que respeita
ao uso dos fundos dos empréstimos”, justificou o FMI.
Um artigo da agência de informação económica Bloomberg relata que FMI teve suspeitas sobre
os empréstimos escondidos de Moçambique quase um ano antes do governo admitir que tinha
dívidas não reveladas.
Numa troca de e-mail, o então representante residente do FMI em Maputo, Alex Segura-Ubiergo,
perguntava, em Maio de 2015, a Isaltina Lucas Sales, na altura Secretária Permanente do Ministério da
Economia e Finanças, se o crédito para a ProIndicus estava no mesmo pacote ao da Ematum. Lucas Sales
remeteu Alex Segura para o poderoso oficial do SISE, António do Rosário, de quem não obteve resposta.
As comunicações, vistas pela Bloomberg e confirmadas pelo FMI, mostram pela primeira vez como o
fundo procurou descobrir as chamadas dívidas ocultas.
A pergunta era sobre um empréstimo de USD372 milhões organizado pelo Credit Suisse
para a ProIndicus. O FMI queria saber se a dívida era parte de um crédito já público de
USD850 milhões para a Ematum contratada dois anos antes, alertando que poderia ser um caso
de denúncia ao conselho do Fundo se o empréstimo não tivesse sido previamente declarado.
As autoridades moçambicanas disseram repetidamente ao FMI, inclusive na resposta ao e-mail de Maio
de 2015, que o empréstimo ProIndicus era “parte do pacote de financiamento da Ematum e que os
empréstimos não tinham sido assinados como empréstimos separados”, disse o FMI na declaração feita
para Bloomberg. “Foi apenas em Abril de 2016 que percebemos que o ProIndicus era um empréstimo
separado e obteve a garantia assinada das autoridades, algo que eles estavam a negar até então”.
As consultas de Segura-Ubiergo mencionaram um memorando do Credit Suisse de Fevereiro de
2013 que mostrou que o empréstimo ProIndicus era de USD372 milhões. Em última análise, o empréstimo
foi aumentado para USD622 milhões, informou o governo em Novembro do ano passado.
FMI levantou questões sobre
empréstimo em Maio de 2015
Incorrecto e enganador – Credit Suisse
Zonas nubladas - FMI
A Kroll diz que não conseguiu
obter registos contabilísticos credíveis,
que permitissem uma avaliação
adequada da posição financeira
de cada uma das empresas
ou acordos de financiamento ou
de fornecimento de bens.
“O principal desafio que teve de
ser enfrentado no que se refere à
conclusão da auditoria independente
foi a falta de documentação
disponibilizada pelas empresas de
Moçambique”, queixa-se.
Gestão desastrosa
Na parte da gestão das empresas,
o sumário Kroll também relata
situações desastrosas de arrepiar
qualquer estudante de Economia
e Gestão.
Segundo a Kroll, as três empresas
(Ematum, MAM e ProIndicus)
são geridas por pessoas singulares
que parecem não possuir quali-
ficações necessárias, capacidades
ou experiências para lhes serem
entregues a administração dos
projectos.
“O indivíduo A (PCA das três
empresas) informou a Kroll que
não possui experiência anterior
de implementação de projectos
de infra-estruturas desta natureza”,
frisa o documento, para
depois sublinhar que “com base
no trabalho realizado pela Kroll,
parece que a falta de liderança,
combinada com a falta de qualificação
e experiência da equipa
de administração, contribuíram
significadamente para a falha do
Projecto de Moçambique”.
O Ministério das Finanças forneceu
igualmente à Kroll um documento
resumindo todas as taxas
pagas relativamente à reestruturação
da dívida da Ematum, em
Abril de 2016.
O documento em alusão detalha
pagamentos no total de USD31,4
milhões a doze entidades, incluindo
17,3 milhões USD ao
consórcio formado pelo Banco
Nacional de Investimento (BNI)
e Ernst & Young, dinheiro considerado,
em meios habilitados,
como excessivo para se realizar o
trabalho de restruturação da dívida
da Ematum.
“O Ministério das Finanças forneceu
à Kroll evidências de que
pagou USD31.4 milhões USD ao
Consórcio. A Kroll não recebeu
nenhuma evidência para mostrar
que os valores foram distribuí-
dos pelo consórcio BNI e Ernst
& Young (o “Consórcio”) às doze
partes, conforme indicado no documento”.
Assembleia Geral da Ematum, que apresentou os membros do CA. Isaltina Sales
Lucas, agora vice da Economia e Finanças e uma das peças importantes na
apreciação das garantias do Estado, era membro do CA. António Carlos do Rosário
era o PCA. A reunião foi dirigida por Apolinário Panguene, na altura PCA do IGEPE.
TEMA DA SEMANA Savana 30-06-2017 5
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6 Savana 30-06-2017 SOCIEDADE
Observadores ouvidos pelo
SAVANA são unânimes
em afirmar que o relató-
rio não trouxe grandes
novidades, pois muita informação
já era de conhecimento público.
Fazem notar que o mesmo não superou
as expectativas por não ter
conseguido descobrir o paradeiro
do dinheiro. Deste modo, apelam
à sociedade civil para pressionar o
governo de modo a não pagar as
dívidas, pois, apesar de haver matéria
bastante para que a Procuradoria
Geral da República (PGR)
responsabilize os prevaricadores
da lei, não tem muita esperança
que esta entidade siga este caminho,
por manifesta falta de capacidade.
Para o politólogo João Pereira, a
mais-valia do relatório foi de trazer
uma informação sistematizada
e o facto de provir de uma entidade
independente, sem relações com o
executivo. Divulgado o documento,
aponta o académico que o trabalho
subsequente está nas mãos da
PGR, que tem a missão de avançar
com aquilo que não consta dos termos
de referência, que é a responsabilização.
Pereira, que é director executivo da
Fundação Mecanismo de Apoio à
Sociedade Civil (MASC), mostrou-se
céptico quanto à responsabilização
que deve ser encabeçada
pela PGR.
“Não temos uma PGR que se prese.
Aquilo é uma caricatura, não tem
perfil e nem capacidade para confrontar
as elites políticas,” disse.
Tomou como exemplo a sonega-
ção de informações por parte de
algumas instituições nacionais no
decurso das investigações da Kroll.
“Se a instituição com poder não
consegue fazer com que as outras
cedam as informações mostra claramente
a sua fragilidade”, apontou,
tendo de seguida sublinhado
que a mesma PGR já ouviu os
principais envolvidos e ainda não
mostrou nada de vulto.
Segundo Pereira, as contradições
sobre o destino dado aos USD 500
milhões podem abrir clivagens no
seio partido, opondo Armando
Guebuza e Filipe Nyusi.
A ala fiel ao actual chefe do Estado
pode acusar o anterior de ser o
responsável pelo descaminho do
valor. Isto porque o endividamento
decorreu no mandato de Guebuza
e, por ser Comandante-em-Chefe
das Forças de Defesa e Segura, tinha
de saber de toda a informação
sobre aquisição do material bélico,
tal como o governo vinha referenciando
sobre o destino dos USD
500 milhões. Esta tese foi rebatida
pelo ministro da Defesa Nacional,
Atanásio M´tumuke, que negou
a recepção de qualquer artefacto
militar, bem como a empresa fornecedora
que diz não ter recebido
qualquer requisição do material em
causa.
De acordo com Pereira, não é possível
se transacionar um volume de
dinheiro daquela magnitude sem
o conhecimento do presidente, do
ministro das Finanças e do Banco
de Moçambique. Ou seja, pode o
PR não ter conhecimento sobre
como foi processada a engenharia,
mas da saída dos valores sim.
Outro cenário são os seguidores de
Guebuza acusarem Nyusi do paradeiro
do dinheiro, pois, na altura,
era o titular da pasta de Defesa e
o discurso oficial defende que o dinheiro
foi canalizado para aquele
sector.
Se Nyusi estiver envolvido, Pereira
diz que haverá uma aliança entre as
partes de modo a apaziguar a situação
e encontrar outras formas de
resolução que passam por engavetar
o assunto, mentindo uma vez mais
para o povo. Isto porque, acrescenta,
para a PGR responsabilizar
os implicados deve haver vontade
do PR e, no preciso momento, luta
para manter a coesão partidária
rumo às eleições que se avizinham.
“Nyusi quer garantir a sua própria
sucessão no partido e não pretenderá
entrar na história como aquele
que levou a Frelimo à derrota eleitoral.
Uma investigação profunda
que tenha acesso a toda a documentação
pode significar uma grande
ruptura a nível do partido Frelimo
e acho que Nyusi não vai fazer isso.
Assim, a PGR continuará de mãos
atadas sem nada a fazer,” assinalou.
João Pereira diz que é triste ver o
partido que libertou o país chegar
ao ponto em que chegou no qual
a moral e a ética que tanto pregaram
para o povo, hoje foi atirada
ao caixote de lixo. Diz que, assim,
abunda a desonestidade, a manipulação
e falta de verdade, pelo que,
no seu entender, algumas figuras
do actual governo que deram a cara
pelas inverdades como o ministro
da Economia e Finanças, Adriano
Maleiane, o Primeiro-ministro,
Carlos Agostinho do Rosário entre
outros, deveria ter vergonha e se
demitirem.
Mas também aponta que é momento
da sociedade civil agir fazendo
pressão para que alguma
coisa mude, pois o mesmo governo
que mente para povo fazendo o de
burro vive às custas do mesmo povo
que paga impostos.
Temos argumentos para
não pagar
O consultor independente, Thomas
Selemane, também comunga da
opinião de que o relatório trouxe
aquilo que se sabia, tendo por isso
gorado as expectativas de muitos,
dado que a maior inquietação dos
moçambicanos era saber do paradeiro
do dinheiro.
Segundo Selemane, a outra pergunta
que pairava antes do relatório
era saber o que acontece às pessoas
e instituições que em Moçambique
violam a Constituição e a Lei Or-
çamental, pelo que a PGR tinha de
agir.
“Se a PGR quer ser uma entidade
relevante no país tem de fazer alguma
coisa. Mas se não fizer nada
também já estamos habituados,
pois não precisava do relatório da
kroll para agir, tinha mecanismos e
matéria suficiente. Aliás, prova de
que não fará grande coisa é a questão
que levanta sobre o papel da
PGR face à sonega de informação
de algumas instituições citadas no
relatório”, disse.
Selemane, que é especialista em
Economia Política, Finanças Pú-
blicas e de Governação, diz que,
apesar da sociedade esperar que a
PGR exerça alguma acção penal,
ele particularmente não tem grandes
expectativas porque este não é
o primeiro caso grande ou quente
que temos no país. Citou casos
mal-parados no tesouro, do extinto
Banco Comercial de Moçambique,
do Banco Austral entre outros que
nunca tiveram o devido desfecho.
Sobre as discrepâncias dos preços
das embarcações, diz tratar-se da
regra clássica das comissões e desvios
de dinheiro vigente nos processos
de procurement.
“As pessoas têm de decidir o que
se faz num país onde os dirigentes
que juram respeitar a constituição
são os primeiros a violarem. O que
se faz num país onde parceiros de
cooperação financiam o processo
de desenvolvimento e vem um caso
destes de endividamento oculto
com sinais claros e evidentes de
corrupção e roubo de USD 500
milhões,” questionou.
De seguida avançou que nada resta
se não a sociedade civil se mobilizar
para que no futuro não volte a
acontecer algo do género.
Prossegue, apontando que a sociedade
deve mobilizar-se para não
pagar as dívidas porque está claro
que o dinheiro emprestado não foi
para protecção marítima, costeira
ou para património nacional, não
beneficiou o povo, mas foi para fins
desconhecidos até ao momento.
Com estas constatações fica evidente
que houve pessoas que ficaram
com o dinheiro e é legítimo
exigir que o povo não pague essas
dívidas, pois há argumentos para
tal. Explica que, olhando para a jurisprudência
do Reino Unido, a decisão
provável de se tomar é de que
o processo deve ser julgado olhando
para as leis nacionais do país que
contraiu as dívidas.
As nossas leis vão dizer que as garantias
foram ilegais, o processo foi
inconstitucional em clara violação
da lei orçamental, logo o país está
em legitimidade de não pagar as
dívidas, acrescentou.
“Haverá razões ou força política
para fazer isso? Sabemos que por
vontade própria do governo não
é possível, mas com a pressão da
sociedade ainda pode acontecer”,
anotou.
Criticou a postura do Credit Suisse
de não se rever no relatório da
Kroll, apontando que esta entidade
bancária poderia ter dado a sua versão
dos factos logo que este assunto
começou a ser despoletado. Para o
bem da verdade, o consultor é da
opinião que o Credit Suisse elabore
e apresente o seu relatório explicando
o que aconteceu de facto, os
motivos que o levaram a não fazer
o due diligence, uma prática normal
em processos como este. Acrescenta
que é preciso explicar também
porque é que aceitou conceder
empréstimos monetários enquanto
sabia que o processo era inconstitucional
e ilegal.
Declarar
inconstitucionalidade
O Centro de Integridade Pública
(CIP) é de opinião que o governo
anule as garantias emitidas a favor
das empresas Ematum, MAM e
ProIndicus e não podem ser evocadas
para o pagamento da dívida
porque violaram a Constituição da
República. A instituição que lida
com matéria de boa governação e
transparência destaca no relatório
da Kroll três dados como sendo
graves: o destino não explicado
dos USD 500 milhões; o desvio de
USD 713 milhões em esquemas de
sobrefacturação das mercadorias e,
por fim, os gastos de aproximadamente
USD 200 milhões em comissões
pagas aos bancos e a outros
agentes que intermediaram os empréstimos.
Deste modo, exige a declaração de
inconstitucionalidade pelo Conselho
Constitucional da resolução
aprovada recentemente pela Assembleia
da República que inscreve
na Conta Geral do Estado as garantias
emitidas pelo Estado a favor
das dívidas da MAM e ProIndicus.
Apesar do relatório não apresentar
os nomes dos implicados tal como
como emanam os termos de referências,
o CIP diz haver informação
bastante para que a PGR trabalhe
rumo à responsabilização criminal
dos envolvidos naquilo que classificou
como sendo o maior escândalo
financeiro em Moçambique em 42
anos de independência.
Enquanto persistem as diligências,
a instituição dirigida por Adriano
Nuvunga pede a prisão preventiva
daqueles que podem interferir negativamente
no processo de investigação
em curso e apreender preventivamente
também os bens de
todos os envolvidos no processo e
daqueles que venham a ser implicados,
com vista a ressarcir o Estado
dos danos causados pela violação
da lei.
Pediu responsabilização das instituições
que sonegaram informações
no âmbito da investigação da Kroll,
uma atitude que, para além das três
empresas, se alastrou para o Ministério
da Economia e Finanças e
para o SISE, que detinham informações-chave
sobre o processo.
Esta atitude a instituições públicas
revela, segundo o CIP, que o presidente
da República e o seu governo
mentiram aos moçambicanos
quando publicamente afirmaram
que havia todo o interesse para que
a auditoria esclarecesse totalmente
as dúvidas que pairavam no processo
de contratação das dívidas.
PGR deve mostrar sua relevância
Por Argunaldo Nhampossa
João Pereira
Thomas Selemane
SOCIEDADE Savana 30-06-2017 7
PUBLICIDADE
8 Savana 30-06-2017 SOCIEDADE SOCIEDADE
T
erminada a fase de produ-
ção de provas relevantes no
julgamento do ex-ministro
da Justiça, Assuntos Constitucionais
e Religiosos, Abduremane
Lino de Almeida, o Tribunal
Judicial de Kapfumo ouve, próxima
segunda-feira, 03 de Junho, as
alegações finais, onde o Ministério
Público pedirá a condenação do
réu, enquanto a defesa fará o contrário.
Na verdade, tratar-se-ia de uma
audiência para o cumprimento de
formalidades, pois, nas três primeiras
audiências, ficou quase claro
para que lado o Tribunal decidirá.
Segundo o juiz de causa, João Guilherme,
agendou-se uma data específica
para a apresentação das alega-
ções finais, devido à “complexidade
do caso” e “pelo facto das audiências
terem decorrido num espaçamento
de longo período”. Recorde-se que
o julgamento começou no dia 31 de
Maio e prosseguiu nos dias 14 e 23
de Junho.
MP com caso na mão
Dos intervenientes a serem ouvidos,
o Ministério Público, representado
por Jacinta Mavulule,
é quem está em melhor posição
para argumentar a seu favor, pois,
os quatro declarantes ouvidos pelo
Tribunal imputaram as responsabilidades
ao réu.
No primeiro dia do julgamento, o
ex-Secretário Permanente (SP) daquele
Ministério, Ângelo Paúnde,
confirmou ter ordenado o pagamento
das despesas dos três acompanhantes
do réu, mas em cumprimento
das suas ordens. Acrescentou
ainda que a autorização para o uso
das receitas consignadas (Cofre de
Registos e Notariados) é da competência
do Ministro.
Por sua vez, o Director Nacional de
Administração e Finanças naquele
Ministério, na altura dos factos,
Nelson Sitóe, explicou que as ajudas
de custos foram pagas na totalidade,
também em cumprimento
das “ordens do Ministro”, que tinha
instruído o SP nesse sentido, apesar
do Ministério ter pago as despesas
da viagem na totalidade.
A outra declarante ouvida pelo Tribunal
foi a Ministra na Presidência
para os Assuntos da Casa Civil,
que foi citada pelo réu como tendo
intercedido junto do Ministro da
Economia e Finanças para a retirada
do ponto 22 (referente à viagem
à Meca) do Relatório de Auditoria
àquele Ministério.
Adelaide Amurane negou o facto,
alegando que não é sua competência
o fazer. Esclareceu ainda que no
contacto que manteve com a Inspecção-Geral
das Finanças ficou a
saber que a restituição do valor cabia
aos visados e não à Presidência
da República até porque não era
referente a uma actividade daquela
instituição.
Constituída declarante, depois da
defesa prescindir dela como testemunha,
Amurane disse também
que todas as deslocações são autorizadas
por despacho e, neste caso,
o despacho nunca chegou ao seu
gabinete.
Oconsórcio liderado pela
multinacional italiana
ENI seleccionou
as companhias norte-
-americana General Electric Oil
& Gás e a noruega Asker para o
fornecimento de equipamentos no
Projecto Flutuante de Gás Natural
Liquefeito da Área 4 da Bacia
do Rovuma.
O portal de notícias sobre Mo-
çambique Zitamar refere que a GE
Oil & Gás vai fornecer sistemas de
produção submarina, equipamentos
e serviços, no âmbito de um
contrato dividido em dois períodos
de cinco anos cada, prorrogável por
25 anos.
Por sua vez, a norueguesa Asker
vai fornecer equipamento similar
e associado ao projecto, com início
previsto para finais de 2019.
A GE Oil & Gás chega a acordo
com o consórcio da ENI menos de
seis meses após o seu director em
Moçambique, Mateus Zimba, ter
sido demitido do cargo em Janeiro
deste ano.
Mateus Zimba foi obrigado a deixar
o posto na sequência de alega-
ções de que se terá envolvido na
operação que permitiu o pagamento
de subornos no valor de 800 mil
dólares pela fabricante brasileira
Embraer no âmbito da venda de
aviões à LAM.
O Campo Coral da ENI na Bacia
do Rovuma vai produzir 3,4 milhões
de toneladas de Gás Natural
Liquefeito e vai ser o primeiro
no mundo a usar uma plataforma
flutuante em ambiente marítimo
ultraprofundo.
O projecto será financiado por 15
bancos, dos quais três nacionais, e
a respectiva Decisão Final de Investimento
foi assinada no início
desde mês. A ENI prevê iniciar a
produção em 2022.
Ao Consórcio da ENI na Bacia do Rovuma
General Electric vai fornecer equipamentos
Último suspiro de Abduremane!
Por Abílio Maolela
Outra peça preponderante ouvida
pelo Tribunal como declarante,
depois da defesa ter lhe substituído
como testemunha, é o Secretário-
-Geral do Conselho Islâmico,
apontado pelo réu como assessor
do Ministério na preparação da
viagem.
Abdul Carimo Sau, actual presidente
da Comissão Nacional de
Eleições (CNE), disse que o Conselho
Islâmico nunca recebeu uma
solicitação de assessoria por parte
do Ministério da Justiça, durante a
preparação da viagem; e que o convite
formulado a esta instituição
foi respondido três semanas depois
porque o Ministro aguardava autorização
do Presidente da República.
Defesa sem muitas margens
de manobra
Enquanto isso, a defesa vai ao
Tribunal sem muitas margens de
manobra, depois de ver o Tribunal
constituir declarantes as testemunhas
substituídas e prescindidas.
Sendo assim, reina muita expectativa
em relação aos argumentos a
serem apresentados por Augusto
Chivangue para pedir a absolvição
do seu cliente.
O facto é que dos depoimentos das
testemunhas e das declarantes para
o esclarecimento do caso, os das declarantes
é que se apresentam fundamentais
para a decisão final, na
medida em que uma delas trabalha
com o Presidente da República (suposto
mandante).
Posto isto, o advogado de defesa
leva ao Tribunal, de entre vários
argumentos, os depoimentos das
duas testemunhas, que convergem
no facto de não terem relações pró-
ximas ao réu.
Valige Tauabo, da Agência de Viagem
responsável pela organização
da peregrinação à Meca, garantiu
ter conhecido o réu no dia que levava
o passaporte diplomático para
acelerar o processo.
Tauabo confirmou também que os
peregrinos à Meca foram recebidos
na Presidência da República pelo
Chefe de Estado; e que um dos
resultados daquela expedição foi a
abertura da Embaixada da Arábia
Saudita, em Maputo.
Acrescentou ainda que, anualmente,
o governo acompanha as incidências
da peregrinação à Meca,
porém, revelou que foi a primeira
vez que organizou uma expedição,
envolvendo um ministro.
Por sua vez, Juma Carri, delegado
do Conselho Islâmico, em Nampula,
disse que as pessoas escolhidas
para a peregrinação não têm nenhuma
ligação com o réu.
Explicou ainda que os peregrinos
foram escolhidos para viajar em
nome do Chefe de Estado e que
foi contactado por um outro Sheik
para fazer o trabalho e não por
Margarida Talapa, Chefe da Bancada
da Frelimo na Assembleia da
República, apontada como cabecilha
do casting.
Saliente-se que, durante a audição
de Adelaide Amurane, a defesa pediu
uma acareação (conversa cara-
-a-cara entre o réu e a declarante),
porém, foi necessária a intervenção
do juiz de causa para que o advogado
colocasse o seu cliente em confronto
com a declarante, pois, não
conseguia acarear a declarante.
Aliás, o depoimento de Adelaide
Amurane era o mais aguardado
pelo Tribunal, por tratar-se de uma
peça fundamental para dissipar as
dúvidas em relação ao caso.
Refira-se que, durante o julgamento,
o réu não conseguiu esconder a
promiscuidade que reina no nosso
país. Disse, por exemplo, que a Procuradora
Geral da República, Beatriz
Buchili, questionou ao Chefe
de Estado se instruía um processo
em relação a este caso, mostrando
assim que o princípio de separação O de poderes não tem sido respeitado.
s preços dos combustíveis acabam de sofrer mais uma
mexida, com destaque para a gasolina que sai dos anteriores
53.57 meticais por cada litro, para os actuais
57. 89 Meticais, num agravamento que ascende os 4
meticais por cada litro.
De acordo com o comunicado do Ministério da Energia, o gasóleo
sai dos 51.79 meticais o litro, para 50.48 meticais, representando
uma redução na ordem de pouco mais de um metical
por litro.
Por sua vez, o gás doméstico (GPL) regista uma redução do pre-
ço, passando dos 70.32/kg para 40.57/kg, enquanto o gás comprimido
(GNV) passa de 26.34 meticais para 27.09 meticais por
litro/equivalente.
O petróleo de iluminação passa dos actuais 37.88 meticais o litro
para 39.65 Meticais.
Ainda de acordo com a nota, a alteração dos preços dos combustíveis
e outros produtos petrolíferos surge da aplicação na
íntegra, pelo governo, da legislação sobre a matéria, nomeadamente
o artigo 67 do Decreto 45/2012, de 28 de Dezembro que
estabelece a necessidade da revisão dos preços de venda ao pú-
blico numa base mensal, sempre que se verifique uma variação
do preço-base superior a três por cento, ou caso haja alteração
dos impostos.
Este reajustamento acontece depois de no dia 27 de Maio ter-se
realizado a última mexida de preços. A primeira revisão nesta
base aconteceu no dia 22 de Março no âmbito da retirada dos
subsídios de combustíveis aos transportadores colectivos e semi-
-colectivos de passageiros. Os preços dos combustíveis são feitos
numa base mensal. (R. Ricardo)
Gasolina sobe, gás
de cozinha baixa
Abduremane Lino de Almeida
Savana 30-06-2017
9
PUBLICIDADE SOCIEDADE
10 Savana 30-06-2017 PUBLICIDADE SOCIEDADE
NO DIA 26 DE ABRIL DE 2017 A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA LEGALIZOU AS DÍVIDAS
CONTRAÍDAS DE FORMA ILEGAL PELAS EMPRESAS PROINDICUS, NO VALOR DE 622 MILHÕES DE
DÓLARES AMERICANOS, E MAM, ORÇADAS EM 535 MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS,
PERFAZENDO AMBAS UM VALOR GLOBAL DE 1.157 MIL MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS
QUE O ESTADO MOÇAMBICANO DEVERÁ PAGAR COMO AVALISTA.
AO LEGALIZAREM AS DÍVIDAS QUE BENEFICIARAM UM GRUPO RESTRITO DE INDIVÍDUOS
PRÓXIMOS DO ANTIGO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ARMANDO GUEBUZA, ESTES DEPUTADOS
HIPOTECARAM O FUTURO DE MOÇAMBIQUE, PORQUE OS CREDORES INTERNACIONAIS ESTÃO
À ESPERA DOS LUCROS PROVENIENTES DO NEGÓCIO DO GÁS PARA QUE MOÇAMBIQUE PAGUE
O QUE DEVE AOS BANCOS QUE EMPRESTARAM ESSE DINHEIRO. PORTANTO, DAQUI A 6 OU 7
ANOS O DINHEIRO RESULTANTE DA VENDA DO GÁS NÃO SERVIRÁ PARA CONSTRUIR MELHORES
ESCOLAS, HOSPITAIS, ESTRADAS, PONTES, CAMINHOS-DE-FERRO, ETC., MAS SIM PARA PAGAR
AS DÍVIDAS DA CORRUPÇÃO ESCONDIDA.
ESTE DEPUTADO QUE ESTÁ NA FOTO ACIMA É UM DOS RESPONSÁVEIS POR ESTA BURLA
PRATICADA CONTRA MOÇAMBIQUE E OS MOÇAMBICANOS!
CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA
Anticorrupção - Transparência - Integridade
ENEAS COMICHE
CÚMPLICE
Savana 30-06-2017 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE
NO DIA 26 DE ABRIL DE 2017 A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA LEGALIZOU AS DÍVIDAS CONTRAÍDAS
DE FORMA ILEGAL PELAS EMPRESAS PROINDICUS, NO VALOR DE 622 MILHÕES DE DÓLARES
AMERICANOS, E MAM, ORÇADAS EM 535 MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS, PERFAZENDO
AMBAS UM VALOR GLOBAL DE 1.157 MIL MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS QUE O ESTADO
MOÇAMBICANO DEVERÁ PAGAR COMO AVALISTA.
AO LEGALIZAREM AS DÍVIDAS QUE BENEFICIARAM UM GRUPO RESTRITO DE INDIVÍDUOS
PRÓXIMOS DO ANTIGO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ARMANDO GUEBUZA, ESTES DEPUTADOS
HIPOTECARAM O FUTURO DE MOÇAMBIQUE, PORQUE OS CREDORES INTERNACIONAIS ESTÃO À
ESPERA DOS LUCROS PROVENIENTES DO NEGÓCIO DO GÁS PARA QUE MOÇAMBIQUE PAGUE O
QUE DEVE AOS BANCOS QUE EMPRESTARAM ESSE DINHEIRO. PORTANTO, DAQUI A 6 OU 7 ANOS
O DINHEIRO RESULTANTE DA VENDA DO GÁS NÃO SERVIRÁ PARA CONSTRUIR MELHORES
ESCOLAS, HOSPITAIS, ESTRADAS, PONTES, CAMINHOS-DE-FERRO, ETC., MAS SIM PARA PAGAR
AS DÍVIDAS DA CORRUPÇÃO ESCONDIDA.
ESTA DEPUTADA QUE ESTÁ NA FOTO ACIMA É UMA DAS RESPONSÁVEIS POR ESTA BURLA
PRATICADA CONTRA MOÇAMBIQUE E OS MOÇAMBICANOS!
CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA
Anticorrupção - Transparência - Integridade
ANA RITA SITHOLE
CÚMPLICE
12 Savana 30-06-2017 PUBLICIDADE SOCIEDADE
VENDE-SE EM NACALA
EMPREENDIMENTO EM CONSTRUÇÃO
No âmbito do processo de liquidação do NOSSO BANCO, SA, a Comissão Liquidatária
vem, por este meio, convidar todos os interessados a submeterem propostas para
aquisição deste Empreendimento em Construção, localizado em Nacala Porto.
Área de construção: 11.690,39 m²
Área do terreno: 5.214,0 m²
As propostas deverão ser submetidas, em carta fechada, à Comissão Liquidatária do
NOSSO BANCO, SA - Sociedade em Liquidação, na Av. 24 de Julho, nº 3549, Edifício –
Sede do INSS, 4º Andar, até às 16:00 horas do dia 28 de Julho de 2017, em Maputo.
A abertura pública das propostas será realizada às 16:30 horas do mesmo dia e no
mesmo local.
SOCIEDADE EM LIQUIDAÇÃO
COMISSÃO LIQUIDATÁRIA
Está disponível na Sede do NOSSO BANCO, S.A, - Sociedade em Liquidação, o
projecto aprovado e a documentação do imóvel,.
Savana 30-06-2017 13 PUBLICIDADE SOCIEDADE
tiva e mais profunda democratização,
deve responder também ao imperativo
de integração da multiculturalidade,
de que somos feitos, no projecto
político nacional, para que tudo isso
sirva de forma harmoniosa o processo
de edificação e consolidação de uma
unidade nacional por todos assumida
como alicerce fundacional e superior
interesse da nossa Pátria Amada.
Resolvamos então, sem delongas desnecessárias,
a questão do «enquadramento
institucional e da formatação» a dar ao
debate da nação, que LBH refere, porque
essas questões não podem de forma
alguma impedir ou justificar por mais
tempo o adiamento desse debate, reconhecido
que é também como um imperativo
de identidade.
Sintomático da urgência deste debate, é
a muito feliz circunstância de, num curto
espaço de dois ou três meses, dois dos
nossos mais proeminentes autores lan-
çarem duas obras focadas ou centradas
nesta mesma problemática. LBH, nesta
«A velha Casa de Madeira e Zinco», e
Ungulani Ba Ka Cossa, nas «Cartas de
Inhaminga».
Ouçamos Ungulani quando, referindo-
-se à mesma experiência do passado bilingue
ou multilingue que é referência
para LBH, diz o seguinte na carta que
leva o título de «Memórias Perdidas,
Identidades sem Cidadania»: «Esperava-se
que a língua portuguesa, língua
da unidade e do desenvolvimento partilhasse
o seu espaço hegemónico na
educação, na informação, nos espaços
públicos e privados, com outras línguas,
tal como aconteceu nos princípios do
século XX, quando na reduzida cidade
de Lourenço Marques havia espaço
para um jornal Bilingue, português-
-ronga, o Africano, e, posteriormente o
Brado Africano, e um diário em língua
inglesa, o Lourenço Marques Guardian.
A língua portuguesa nunca saiu beliscada
desse convívio multilingue. Com a
independência esperava-se, enfim, que
as várias identidades ganhassem cidadania
e contribuíssem, na sua diversidade,
para a construção do tecido identitário
moçambicano. Mas tal não aconteceu.»
E não aconteceu mesmo .A desolação
do Ungulani é a mesma desolação do
LBH. Desolação de todos os moçambicanos
que possuem a sua matriz identitária,
assumida ou não, ancorada nessas
línguas, ainda vivas, e cujo desenvolvimento
e perenidade tem que ser nossa
responsabilidade.
Diferente a desolação dos nossos pais,
que seria de impotência e lamentação
perante a total marginalização e negação
das suas línguas, pois eles viveram
debaixo da opressão colonial.
Nós, hoje, livres e independentes, há
42 anos, podemos e devemos assumir
as nossas responsabilidades, por um
imperativo de identidade, e para não
sermos os coveiros, voluntários ou
involuntários, da nossa própria multiculturalidade.
Então: mãos à obra!
*Excertos da intervenção a 18.06.17, no
lançamento da nova obra de Luís Bernardo
Honwana, “A Velha Casa de Madeira e
Zinco”. Título, entretítulos e sublinhados
da responsabilidade do SAVANA
14 Savana 30-06-2017 Savana 30 -06-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
que se toma em relação às autoridades
tradicionais, ou em relação às igrejas, em
relação às formas de associativismo que
pontificavam nos subúrbios. Etc..etc..
Urge debatermos todas estas questões,
num debate livre de preconceitos e capaz
de nos reconciliar com a nossa pró-
pria história.
Na verdade precisamos de requalificar
«as nossas próprias ideias sobre Maputo
e sobre o País, ao afastar os antolhos que
por tanto tempo nos vêm impedindo de
reconhecer a armadura moral, o sentido
de solidariedade e inclusão que nos
deixaram em legado as gerações que viveram
em casas de madeira e zinco.», tal
como defende LBH no fecho do texto
que dá nome a esta obra.
E este é, para mim, o grande mérito
desta obra: a lucidez e a coragem de nos
colocar esse desafio, o desafio de nos
libertarmos das quinquilharias que por
tanto tempo viemos acumulando nas
nossas cabeças, para irmos à essência
das coisas, à verdade daquilo que fomos,
para nos podermos assumir plenamente.
Mas o silêncio que pesa sobre nós, que
nos condiciona e limita, infelizmente é
também feito de cada debate que não
fizemos, ou de cada debate que fizemos
intra muros, subtraindo da agora o que à
agora finalmente pertence, como espa-
ço vocacionado para esses debates. Está
visto que gerir silêncio é também uma
forma de exercício do poder. E compreende-se
porquê. É que, na verdade, a
libertação, ou seja a Liberdade, não significou
desde logo todas as liberdades,
porque estas tiveram de ser conquistadas
ou reconhecidas, em dinâmicas e
processos que se desenvolveram ulteriormente
e que prosseguem ainda hoje.
Os debates da nação que temos de fazer
as casas eram do Estado, eles limitam-se
a pagar as respectivas rendas.
Consciente ou inconscientemente, o
tratamento dado a estas casas de madeira
e zinco estava em linha com o que
foi dado aos respectivos donos, os ditos
«assimilados».
Num caso como noutro, isso resultou
daquilo que Luís Bernardo denuncia
como «leitura oportunística do nosso
passado recente», que, ao fim e ao cabo,
de leitura nada tinha senão o ecoar da
própria mistificação colonial.
É aqui que se situa o desafio maior que
a sua abordagem nos coloca: o desafio
de levantarmos as camadas de poeira
que deixamos acumular em nós, poeira
que soterrou no esquecimento uma
realidade que contribuiu significativamente
para fazer de nós o que fomos
depois, e o que somos hoje.
A questão é: o que era a assimilação, o
que era o assimilado?
A assimilação foi a política que o colonial
fascismo adoptou para mistificar a
realidade da exploração, da opressão, e
da inerente descriminação, que eram a
essência da ocupação colonial. Pretendendo
fazer parecer, e fazer crer, que o
colonialismo português era diferente
dos outros colonialismos, que não era
propriamente colonialismo, em suma,
que era um bom colonialismo.
Assimilação significaria então a integração
na portugalidade dos indígenas
que fossem preenchendo certos requisitos,
passando assim a ser cidadãos
portugueses, com plena cidadania, em
pretenso contraste com o comum dos
outros indígenas. Dividindo, separando,
entre os indígenas, a seu critério e com
as suas ficções jurídico-legais, os que seriam
mais e os que seriam menos. Não
para libertar ou emancipar uns e manter
outros na submissão, mas para melhor
manter a exploração e a opressão sobre
todos igualmente.
Os que passaram por esse processo sabem
perfeitamente que tudo isso não
passava de uma montagem, de uma manipulação
tão grosseira que não dava sequer
para encobrir minimamente a dura
realidade da mais brutal e retrógrada exploração
e descriminação, que se sofria
no dia-a-dia, todos os dias.
Nada de extraordinário houve em que o
colonialismo, no desígnio de manter a
dominação e a exploração, tivesse criado
tal mistificação. Extraordinário, sim, foi
que alguns de nós mesmos tivéssemos
tomado à letra essa mistificação, agíssemos
como se de facto tivesse existido
uma política de efectiva assimilação, e,
por conseguinte, tivesse havido assimilados
de estatuto e de facto.
As incompreensões no movimento
de libertação
Quando o próprio discurso do movimento
de libertação incorreu no mesmo
logro, a situação ficou ainda mais complicada.
É aqui onde a abordagem de LBH nos
confronta com a necessidade de desconstruir
essa mistificação, de nos libertar
do logro e da armadilha em que,
inadvertidamente, nos deixamos enrodilhar.
É que se a chamada política de assimilação
não passou de um simulacro com
descriminação impostas pela domina-
ção colonial.
Resultavam de um notável esforço de
poupança de quem as construiu, porque
ninguém o fez com recurso a créditos
bancários, créditos a que os colonizados
praticamente não tinham acesso.
O xitique, a produção e venda de uputsu,
as pequenas machambas, a construção
e arrendamento de barracas,
contribuíram como fontes de subsistência
ou de aforro, subsidiárias ou
exclusivas, que permitiram a muitas
famílias garantir a educação dos filhos
e, na medida do possível, ir construindo
aquelas casas de madeira e zinco.
Mas então o que se passou nesse tempo
que, por variadas razões, algumas
contraditórias até, não nos permitimos
esquecer?
Lembremos que, nos próprios termos
preambulares do Decreto-Lei n°5/76,
de 5 de Fevereiro, as nacionalizações
visavam pôr termo à especulação sem
limites que conduz «ao enriquecimento
escandaloso de um certo sector da
burguesia colonial». Porque o povo
moçambicano, constatava o Preâmbulo,
continua… «apesar da conquista da
sua independência política, a ser discriminado,
humilhado e explorado no
seu próprio País, as mais das vezes por
aqueles mesmos que durante o período
colonial foram agentes, cúmplices ou
beneficiários passivos da situação colonial»
Assim, se determinava que «Revertem
imediatamente para o Estado
todos os prédios de rendimento ..»
Nesta voragem as nacionalizações fizeram
tábua rasa daquela realidade
suburbana, própria da luta do colonizado
pela sobrevivência, submetendo
tudo, barracas de aluguer e casas de
madeira e zinco, a um indiscriminado
tratamento como prédios de rendimento,
tal como os edifícios e casas da
dita «cidade das acácias», que na sua
esmagadora maioria resultavam de financiamentos
bancários.
Um ressentimento sempre latente
O populismo desse tratamento, precisamente
porque populista, teve a adesão
entusiástica dos que dele beneficiaram,
mas provocou um abalo traumático
e um ressentimento que se manteve
inconformado ao longo dos anos pós-
-independência, naqueles que, mercê de
sacrifícios incontáveis e de poupanças
do seu suor, edificaram aquelas casas,
entre elas, as de madeira e zinco.
Hoje, à distância de um olhar crítico,
pode-se afirmar que foi a primeira
machadada que se deu aos hábitos e à
cultura de trabalho, sacrifício e poupança,
que os moçambicanos tinham
criado e cultivado à custa da sua própria
experiência de luta pela sobrevivência.
Abrindo-se também caminho para o
oportunismo, o facilismo e o parasitismo,
propiciados pelo «Estado papá» que
tudo providencia.
Por um lado, os novos ocupantes dessas
casas fazem-no a título praticamente
gratuito. Por outro, não sendo produto
do seu esforço, eles não têm naturalmente
a capacidade de fazer a respectiva
manutenção, como os donos originários
tinham e faziam, e nem o Estado tinha
essa capacidade ou vocação. Agora que
Acasa de madeira e zinco encerra
um significado particularmente
importante para a nossa
geração. O meu entusiasmo
é natural, não fosse de madeira e zinco
a casa da minha própria família, construída
pelo meu pai, num talhão adquirido
ao pai do Beto Chichorro, o pintor,
do outro lado da rua onde se situava o
casarão dos Chichorros, também em
madeira e zinco, lá junto aos Campos
Vieira(ka Viera), na Malhangalene.
Este é o livro, e esta é a viagem que nos
propõe, para lá de onde viemos, por
onde passamos, feita de frente para trás,
passando a crivo de reflexão tanto do
essencial que nos é comum. Reflexão
enriquecida e consolidada pelo tempo
e pela experiência vivida, repito. No
entanto, reflexão não terminada, não fechada,
reflexão aberta e interrogando-se
continuamente. Portanto, dialogando,
discutindo e debatendo, denunciando
também os silêncios ou os déficits de
debate criadores de mistificações. Em
suma esta é a viagem da memória que
Luís Bernardo nos oferece neste livro.
Nesta viagem, a casa de madeira e zinco
constitui-se em referência de relevo,
assumindo a centralidade, não apenas
porque ela é o berço onde muitos de nós
nascemos e crescemos, como é também
marco derradeiro de um tempo irreversível:
o tempo que vem lá detrás e que
termina com o derrube do colonialismo.
As nacionalizações das casas
de madeira e zinco
Com efeito, logo a seguir à independência,
ocorrem transformações que, em
tempo relativamente curto, vão mudar o
significado que estas casas de madeira e
zinco tinham, casas que tendem mesmo
a desaparecer da paisagem suburbana, a
breve prazo substituídas pela construção
em blocos de cimento ou em alvenaria.
O facto é que as nacionalizações vão
provocar a migração dos donos destas
casas, ou dos seus ocupantes, para aquela
parte da cidade que até aí lhes fora
inacessível. A tal parte que, justa ou injustamente,
dava à cidade o apelido «das
acácias».
A casa de madeira e zinco sinalizava de
forma característica as dinâmicas que
ocorriam no mundo suburbano, no outro
lado da «Estrada da Circumvalação»,
dinâmicas que, com vivacidade, Luís
Bernardo nos descreve.
As casas de madeira e zinco eram construídas
pelos pequenos funcionários,
enfermeiros, escriturários, empregados
dos baixos escalões do comércio e da
indústria, que era o nível mais alto a que
tinham acesso os moçambicanos no segregado
mercado de emprego.
Estes moçambicanos constituíam a
base, digamos que a mastaba, sobre a
qual assentava a pirâmide da sociedade
colonial. Pode-se dizer que a estratificação
social desenvolvia-se a nível dessa
pirâmide. Abaixo dela, na mastaba, a
diferenciação que existia não chegava a
ciar uma verdadeira estratificação, prevalecendo
aí a essencial e igual condição
de colonizados.
Estas casas traduziam o enorme esforço
de resistência e de luta dos colonizados
pela melhoria das suas condições de
vida, nas condições de exploração e de
o único desígnio de manter o império,
fica claro que, em tanto que simulacro,
não poderia ter produzido verdadeiros
assimilados mas sim uns faz de conta.
Mesmo se algumas vítimas desta mistificação
se tivessem convencido e assumido
como tais, nem por isso deixaria
de ser e de funcionar como mistificação.
A verdadeira diferenciação e estratificação
social e económica, viria depois,
como Samora já previa ao tentar esconjurar
o jacaré ainda embrionário,
em 1975, na Beira, quando dizia em
comício: “Vão tentar nascer aqui em
Moçambique capitalistas pretos, que
vão tentar explorar outros pretos, estudou
um pouquinho ou licenciou-se, tem
o seu diplomazito, pronto! Está pronto,
está autorizado a explorar. É o senhor
Doutor, ele não produz senão uma repetição
daquilo que foi inculcado pelo
capitalismo. Sermos os últimos quando
se trata de benefícios. Primeiro quando
se trata de sacrifício. Isto é que é servir
o povo, ouviram camaradas? Ouviram?
Vocês todos são pobres aqui! Pobres!
Daqui a três anos nós vamos ver alguns
a levantarem edifício de 15 andares.
Onde arranjou esse dinheiro? Se eu levantar
um prédio, façam o favor de me
perguntar. Ouviram?..»
Como é evidente, Samora foi ultrapassado
pelo reajustamento estrutural que
se teve de fazer ao seu discurso, à sua
filosofia, à sua ética, ao ponto de se dar a
inversão dos mesmos. De tal forma que
o esconjurado de ontem virou padrão de
valores e modelo da ética corrente.
E porquê?! Isso teria de ser inevitavelmente
assim? Eu não tenho dúvidas que
o processo histórico corrige nos erros e
nos excessos. Não tenho dúvidas que o
nosso «socialismo utópico» teria um dia
que aterrar na dura realidade da economia
de mercado.
Porém, o que nos ensombra hoje, não é,
em si, a transição para a economia de
mercado, mas o deliberado equívoco de
confundir capitalismo com capitalismo
selvagem, capitalismo com roubalheira
e corrupção, capitalismo com boladas e
golpadas, generalizando-se e institucionalizando-se
as formas mais primitivas
de acumulação do capital, traduzidas
até na inaudita devastação florestal em
curso, e na brutal dizimação de espécies
como os elefantes e os rinocerontes.
Por isso, e ainda, a actualidade da questão
samoriana: «onde arranjou esse dinheiro?»
Pois bem, aquela diferenciação ou estratificação
traduzida pelas velhas casas
de madeira e zinco dos subúrbios
de Lourenço Marques era também
resultado de alguma acumulação. Não
era porém, acumulação resultante,
directa ou indirectamente, da exploração
de forças produtivas, mas uma
embrionária acumulação produto
de muito suor, sacrifício e disciplina.
Aquelas pessoas, os nossos pais,
possuíam uma ética de trabalho, uma
disciplina de poupança, e assumiam
os sacrifícios exigidos pelas pequenas
grandes conquistas que iam, lenta mas
seguramente, somando, e que davam à
vida um sentido claro, digno e nobre:
garantir a educação dos filhos e construir
uma habitação decente para a
família.
A resposta à questão samoriana sobre a
origem do dinheiro seria para eles simples
e clara: Trabalho, sacrifício e poupança!
Era aí, e só aí, onde encontravam
o dinheiro!
O reducionismo da revolução
e os rótulos
Esses ditos assimilados, os tais que edificaram
as velhas casas de madeira e zinco,
não cabiam no forçado rótulo, com
que se quis sumariamente arrumá-los,
de «aspirantes à burguesia», numa precipitada
transposição mecânica de uma
análise de classes específica da experi-
ência europeia, como a abordagem deste
livro, certeira, denuncia.
A abordagem de LBH traz para a ordem
do dia um debate que nunca se fez,
e porque nunca se fez, incorreu-se em
ignorância da história e em injustiça
para uma parte dos seus protagonistas.
As razões serão várias. Serão aquelas
que este livro identifica, mas serão também
outras que o debate livre de preconceitos
poderá provavelmente identificar.
Para mim, esta questão dos ditos
assimilados e o discurso desqualificador
com que foi tratada, teve a ver com
uma problemática mais fundamental e
crucial, com consequências até hoje: a
problemática de um poder que, para se
afirmar, tinha de ser único e exclusivista.
Perante esse poder em emergência tudo
o que se pudesse configurar como outros
poderes, reais ou virtuais, ou percebido
como possibilidade de alteridade, tinha
de estar sob controlo, ou sumariamente
calado, pois constituía-se em ameaça à
sua própria existência.
A atitude em relação aos ditos assimilados,
na essência, não é distinta daquela
Por Teodato Hunguana*
Teodato Hunguana
Desde logo a liberdade de expressão, a
liberdade de imprensa, o direito à informação,
a liberdade de associação, a
liberdade de criação de partidos.
Por isso é imperioso colocar na nossa
agenda comum, com carácter de urgência,
todos os debates fundamentais
que não fizemos, seja porque os evitamos
pura e simplesmente, seja porque
alguns de nós, por comodismo ou por
receio do desconhecido, tivéssemos o
poder de decretar que era prematuro
debater.
Nesta obra, em que LBH chama à colação
textos de intervenções feitas ao
longo dos anos post-independência,
perfilam-se alguns desses debates fundamentais. moçambicanas
No contexto desta apresentação, que
certamente não pode nem pretende ser
de cada texto que compõe este livro,
não quero deixar de referir, ainda que
sucintamente, pela sua actualidade e
perturbadora acutilância, a abordagem
da questão das línguas moçambicanas
em conexão com a língua oficial e com
a questão identitária em Moçambique,
isto é, com a questão da moçambicanidade,
questão ainda tão envolta em né-
voa, incerteza e indefinição.
No apaixonante texto «A Rica Nossa
Cultura», a dado passo, LBH constata
que «O esforço de libertar o homem
moçambicano das suas sujeições mentais
e de construir uma sociedade mais
justa e isenta de exploração e descriminação,
leva a combater com veemência
os aspectos negativos da sociedade
tradicional», sociedade tradicional que
constitui «a pedra angular na nossa
construção identitária- era aí que situ-
ávamos os elementos a resgatar para a
definição da nossa moçambicanidade»,
pois esse «universo tradicional passou
de repente a ter a designação de «sociedade
tradicional-feudal», lá onde ocorrem
as práticas e concepções que urge
combater e corrigir, como a opressão da
mulher, os casamentos prematuros, a
poligamia, o obscurantismo e a superstição»
No esforçado combate sem trégua contra
os vícios da tal sociedade tradicional
feudal, terá sido, por vezes, um pequeno
passo, dado consciente ou inconscientemente,
o resvalar-se para uma atitude de
«deitar fora o bebé com a água suja do
banho».
A dita «sociedade tradicional feudal»
é o esteio cultural dos moçambicanos
e, como tal, está ancorado nas línguas
moçambicanas. O encarniçado combate,
que se propõe como alvo apenas
os seus vícios, na falta de uma política
de efectiva valorização das línguas
moçambicanas, acaba por dar em marginalização
desta matriz identitária.
Isto teve consequências perniciosas,
agravadas pela ausência, deliberada ou
não, de debate. Isso manteve-nos na ignorância
ou na indefinição, até nos perdermos
de nós mesmos. Em consequência,
mesmo nós, nascidos ou crescidos
no bilinguismo, acabamos por mergulhar
num cosmopolitismo insosso, onde
nem alcançámos resgatar a experiência
pioneira dos Albasinis, do «Africano»
e do «Brado Africano», do protonacionalismo,
para a retomar e projectarmo-
-nos, agora livres e independentes,
como moçambicanos inteiros, e não
moçambicanos deficientes, desprovidos
ou coarctados das suas raízes ou matrizes
identitárias.
No cúmulo deste processo, o que alcançámos
foi retroceder do bilinguismo,
assumido por aquelas gerações
que nos antecederam, gerações do
protonacionalismo, e dos nossos pais,
ao monolinguismo que o poder colonial
outrora quis impor sem sucesso.
As vítimas primeiras desta alienação
são os nossos filhos e netos, em nossas
próprias casas.
O inadável debate da nação
Julgo que não se pode adiar por mais
tempo o que LBH designa de «clarificação
de todas as perplexidades e contradições
que o nosso processo foi revelando»,
embora reconheça que «Nas
condições actuais, não se podem recriar
as circunstâncias e o grau de mobiliza-
ção com que, há trinta anos, se abordou
o binómio cultura e identidade. Mas
sem dúvida teremos de nos armar da
necessária coragem para voltar a ele com
vigor e de maneira consistente. Talvez
desta feita melhor apoiados no labor de
investigação e com maior envolvimento
de outros sectores da sociedade»
Trata-se do necessário, urgente e inadi-
ável debate da nação sobre si mesma,
que até aqui foi intuído, aludido, referido,
reivindicado até, mas que nunca
teve lugar. Como se tudo estivesse claro,
como se tudo já tivesse sido feito, como
se tudo estivesse bem como está, e nada
houvesse a discutir, menos ainda a fazer
ou a refazer.
No entanto, volta e meia, estamos aí a
emboscarmo-nos e a matarmo-nos, ciclicamente.
A questão é a seguinte: precisamos de
definir e assumir um conceito, verdadeiramente
consensual, de pátria e de
unidade nacional, a partir do mosaico
de línguas e da multiculturalidade que
constituímos, para construir e para fazer
de Moçambique essa Nação e essa
Pátria Amada, que estaremos a caminho
de ser mas ainda não somos.
Línguas, multiculturalidade, estado e
nação, assim tão bem conexionadas por
LBH no seguinte trecho do texto «A
última reunião da CONCP»: « a questão
central na discussão do problema da
língua, em Moçambique, é o carácter
multicultural da nossa sociedade. As relações
de conflitualidade que ao longo
da história têm marcado a convivência
do português com as línguas moçambicanas
são, afinal, o rosto desfigurado
da nossa multiculturalidade ainda
não totalmente reflectida no nosso
projecto político. Uma multiculturalidade
que resulta do facto histórico de
o espaço definido pelas fronteiras do
colonialismo- espaço onde se constrói
o estado moçambicano- ser habitado
por vários povos, cada um, naturalmente,
com a sua língua diferenciada.»
Ora, neste momento, na verdade de
há algum tempo, debatemo-nos com a
problemática da descentralização. Digo
bem, debatemo-nos, porque ainda não
estamos a debater. E debatemo-nos no
contexto dos esforços para se pôr fim à
guerra e estabelecer a paz no nosso país.
Porém, a questão da descentralização só
circunstancialmente se relaciona com as
conversações em curso. Na verdade esta
questão tem uma relação mais profunda,
estrutural, e implicações mais vastas,
com a construção, ainda inacabada, da
unidade nacional e com a sua consolidação.
Mas se reconhecermos que esta é a real
dimensão da questão da descentraliza-
ção, encarada a partir do chão perene
e vário da multiculturalidade que nos
constitui, então o debate não se pode
limitar à agenda do diálogo em curso
e ainda menos aos que nele agora participam.
Antes, trata-se do tal debate
da nação consigo mesma que referi há
pouco. Debate, necessário, urgente e
inadiável.
Este debate está em dívida há décadas,
na verdade desde a proclamação da independência
nacional. A este respeito,
atente-se na importante informação,
para mim, até agora, inédita, que o livro
nos traz, no texto «A última reunião
da CONCP», sobre a posição frontal
nela assumida pelo Presidente Samora,
em Luanda, de imediata, clara e firme
rejeição do conceito de lusofonia com
que se queria baptizar a futura CPLP,
bem como da omissão do debate nacional
e das consequências que se lhe deveriam
seguir.
Os medos e preconceitos
sobre a descentralização
Pois bem, é desse debate que estamos a
falar ainda, aqui e agora. Pelo que, não
só cronologicamente como logicamente,
esse debate devia preceder o diálogo
em curso, na medida em que este diá-
logo se deveria inscrever e conter no
quadro maior traçado pelas conclusões
necessariamente consensuais do referido
debate da nação.
Mas certamente que não estou a sugerir
que se deva suspender o diálogo até se
fazer aquele debate da nação. Longe de
mim um tal equívoco! Nas circunstâncias
e com os desafios imediatos que nos
confrontam, isso seria absurdo.
Porém, temos de admitir então que a
consequência possível que pode advir
destas circunstâncias é que o diálogo
decida vias e soluções não sustentadas
nem alimentadas por aquele debate
que, historicamente, o deveria preceder.
Consequência esta de consequências
provavelmente irreversíveis no processo
de construção e de consolidação da unidade
nacional.
Daí os tantos medos, preconceitos,
equívocos e indecisões que rodeiam a
questão. Daí que, no contexto e à mercê
das lutas político-partidárias, esta questão
seja facilmente reciclada e submetida
à lógica dos ganhos imediatos e de
curto prazo, perdendo-se o seu carácter
de argumento, de cimento e de pedra
fundamental na construção do estado e
da nação.
Este é um risco a que devemos estar
muito atentos, sob pena de se colocar a
carroça à frente dos bois.
Assim, a descentralização, para ser inclusiva
e não disruptiva, além de responder
ao justo desígnio de uma efecA
propósito de uma Velha Casa de Madeira e Zinco
16 Savana 30-06-2017 NO CENTRO DO FURACAO SOCIEDADE
Decorreu, semana finda,
na cidade de Quelimane,
capital provincial
da Zambézia, a V Reunião
Nacional da Frente
Feminina (FF), um movimento de
mobilização estratégica do Parlamento
Juvenil (PJ), que visa o engajamento
construtivo da mulher
jovem na vida política, económica e
social do país.
Sob o lema “A Revolução das Mulheres
– A Voz e Vez das Mulheres”,
o evento juntou mais de 250 participantes,
entre adolescentes e jovens,
para discutir diversos temas, com
destaque para as violências doméstica
e sexual e a participação política
da mulher.
Aliás, de forma recorrente, os participantes
defenderam a necessidade
de se incluir a mulher jovem em
todas as esferas da sociedade, com
destaque para a sua promoção e inclusão
nos processos governativos do
país.
Parafraseando Samora Machel, o
Presidente do PJ, Salomão Muchanga,
afirmou que a emancipação da
mulher “não é um acto de caridade e
nem uma questão de posição humanitária”,
mas “uma condição responsável
e fundamental para o sucesso
de uma revolução”.
Intervindo na abertura da reunião,
Muchanga sublinhou que a edifi-
cação de uma sociedade democrá-
tica só será possível quando houver
equidade social entre os homens e as
mulheres.
“Este encontro constitui o momento
para se exaltar o feminismo porque
mulheres e homens nascem iguais e
devem ter as mesmas oportunidades
na sociedade”, disse.
Quem também se inspira no primeiro
Presidente de Moçambique é
a Coordenadora do Secretariado Internacional
da Marcha Mundial das
Mulheres, Graça Samo.
Samo desafia a juventude a recuar no
tempo e indagar porquê foi preciso
lutar para se fazer uma revolução.
Segundo aquela activista social, a
educação é a chave para ultrapassar
os actuais problemas enfrentados
pela mulher, porém, questiona, sem
apontar a solução, o tipo de educa-
ção capaz de libertar a mente.
Por sua vez, o Edil de Quelimane,
Manuel de Araújo, destacou a importância
do evento, afirmando que
o mesmo representa um momento
da “consolidação da democracia”.
“As mulheres jovens estão reunidas
para discutir e tomarem decisões sobre
a vida do país. Irão prosperar se
cultivarem a consciência patriótica e
nacionalista”, vincou.
“A mulher é a primeira vítima da
ausência da paz”, Salomão Moyana
Falando no painel que discutia a
situação da mulher em tempos de
conflito, o jornalista e activista social,
Salomão Moyana, disse que a mulher
e a juventude são as principais
vítimas da ausência da paz.
Moyana fez esta afirmação, recorrendo
ao recente conflito político-
-militar vivido no país, no qual vá-
rios casos de violência sexual foram
reportados nas zonas de conflito,
para além das consequências econó-
micas que o mesmo trouxe às suas
famílias.
“Desde que a guerra eclodiu, imaginem
quantos jovens perderam a vida,
sendo que estes eram a esperança
das suas famílias. E quantas mulheres
foram desestabilizadas neste
processo?”, questionou, instando o
género feminino a não se contentar
com “os elogios estatísticos”.
“Não fiquem felizes ao ouvir que são
52% da população moçambicana. É
um elogio estatístico. Não nos resolve
o problema. Temos de transformar
este número em força capaz de
parar com a loucura de alguns decisores”,
disse.
Para Ermelinda Momade, Coordenadora
da Reunião da Frente Feminina,
uma paz sustentável requer a
representação das mulheres em todos
os níveis de decisão.
“Temos de ter a mulher nas negociações
da paz, na monitoria e na
implementação dos acordos pós-
-conflito, nos programas de recuperação,
no governo e no parlamento,
na segurança, justiça e na administração
dos recursos públicos”, disse.
“Estar no poder por mérito”,
Maria Timbrine
Um dos pontos discutidos no evento
está relacionado com o xadrez polí-
tico nacional, dominado pelos homens
e, segundo a Frente Feminina,
as mulheres que estão em posições
de liderança “não se fazem sentir e
nem representam o interesse das
mulheres sem voz”.
Maria Timbrine, representante da
Plataforma das Organizações Não
Governamentais de Manica, destacou
a necessidade de se inverter este
fenómeno.
Para aquela activista, isto acontece
porque algumas mulheres ascendem
aos cargos políticos via corrupção e
não por mérito próprio.
“A mulher deve dizer não à corrup-
ção sexual e procurar formas de se
capacitar para que seja reconhecida”,
disse, sublinhando a necessidade de
se inverter este cenário.
No mesmo diapasão alinhou a representante
da Liga da Mulher do
Movimento Democrático de Mo-
çambique, Judite Macuácua, que
falou da necessidade de as mulheres
possuírem os seus programas, para
além dos programas partidários.
Violência doméstica dispara
na Zambézia
A violência doméstica, que continua
a ceifar vidas humanas e desestruturando
famílias, não passou ao lado
do evento. A província da Zambézia
continua a registar altos índices deste
crime.
Segundo o estudo apresentado pelo
Departamento de Atendimento à
Família e Menores Vítimas de Violência
(DAFMVV), de 01 de Janeiro
a 31 de Março de 2017, aquela
província atendeu 638 casos contra
346 de igual período de 2016, dos
quais 266 mulheres, 207 crianças e
165 homens.
Dos casos atendidos, 324 são criminais
e 279 cíveis, enquanto que, em
2016, foram atendidos 183 casos
criminais, 182 cíveis do período anterior
e 35 de outra natureza.
Numa análise comparativa dos dois
períodos, verifica-se um aumento
em 292 casos, equivalentes a 54,2%.
Refere o estudo que, em 2016, foram
atendidos 1.962 casos de violência
contra 1.502 do ano 2015 demonstrando
assim uma subida em mais
460 casos. Destes casos 1.201 são de
natureza criminal contra 1.036 de
2015 dos quais 867 mulheres, 644
Crianças e 451 homens.
Ecos da V Reunião Nacional da Frente Feminina do PJ
Participantes reivindicam inclusão política da mulher
Por Elisa Comé
Frente Feminina do PJ busca estratégias para Revolução das Mulheres
Savana 30-06-2017 17 PUBLICIDADE SOCIEDADE
ANÚNCIO
8ª EDIÇÃO DO CONCURSO DE FOTOGRAFIA
“VIDA SELVAGEM”
Com o objectivo de mostrar a diversidade e beleza da Vida Selvagem de
Moçambique, consciencializar o público e despertar nele o interesse pela
FRQVHUYDomRGD1DWXUH]DHFULDURJRVWRSHOD)RWRJUD¿D D$GPLQLVWUDomR1DFLRQDO
GDVÈUHDVGH&RQVHUYDomR $1$& WHPDEHUWDVLQVFULo}HVSDUDDSDUWLFLSDomRQR
FRQFXUVRGHIRWRJUD¿DGHQRPLQDGD³9LGD6HOYDJHP´
Quem pode participar?
2 FRQFXUVR HVWi DEHUWR D IRWyJUDIRV DPDGRUHV H SUR¿VVLRQDLV UHVLGHQWHV HP
Moçambique, com idade igual ou superior a 12 anos, divididos em duas categorias:
1ª Categoria: 12 aos 18 anos
2ª Categoria: 18 anos em diante
5HJUDV*HUDLVGR&RQFXUVR YLGHUHJXODPHQWR
'HYHPVHUIRWRJUD¿DVWLUDGDVHP0RoDPELTXH
'HYHPVHUIRWRJUD¿DVTXHQXQFDIRUDPSXEOLFDGDVQDLPSUHQVD UHGHV
VRFLDLVRXRXWURVPHLRVGHFRPXQLFDomR
$VIRWRJUD¿DVQmRSRGHPVHUSXEOLFDGDVDQWHVGRGLDGDSUHPLDomR
$1$& WHP R GLUHLWR GH XVDU DV IRWRJUD¿DV VXEPHWLGDV SHORV
FRQFRUUHQWHV HP VHXV HYHQWRV SXEOLFDo}HV PDWHULDLV SURPRFLRQDLV
HWF
Critérios de Avaliação
$DYDOLDomRGHYHREHGHFHURIRUPDWRHVWDEHOHFLGRQRUHJXODPHQWR
Prazo de Entrega
$VIRWRJUD¿DVGHYHPVHUVXEPHWLGDVDWp30 de Setembro de 2017, em formato
GLJLWDO QRVHVFULWyULRVGD$1$& FLWDPQD$YHQLGD GH1RYHPEURQ 3UDFHWD
0DSXWRRXDLQGDDWUDYpVGRVHJXLQWHHQGHUHoRHOHFWUyQLFR
valdemarcasi@hotmail.com
8ª EDIÇÃO DO CONCURSO DE FOTOGRAFIA “VIDA SELVAGEM”
REGULAMENTO
1. CONDIÇÕES
1.1 2FRQFXUVRpDEHUWRDIRWyJUDIRVDPDGRUHVHSUR¿VVLRQDLV QDFLRQDLVRXHVWUDQJHLURVUHVLGHQWHV
HP0RoDPELTXH
1.2 (VWmRLQWHUGLWDVGHSDUWLFLSDUQRFRQFXUVR SHVVRDVHQYROYLGDVQDRUJDQL]DomR IXQFLRQiULRVGD
$1$& LQFOXLQGRRV3DUTXHVH5HVHUYDV HIXQFLRQiULRVGR0,7$'(5
1.3 $LQVFULomRQRFRQFXUVRpJUDWXLWD
1.4 $SHQDVVHUmRDFHLWHVIRWRJUD¿DVWLUDGDVHPWHUULWyULRPRoDPELFDQR WHUUHVWUHHPDULQKR
1.5 2FRQFXUVRWHPRWHPD³9LGD6HOYDJHP´
1.6 &DGDSDUWLFLSDQWHSRGHUiLQVFUHYHUDWp QRPi[LPR FLQFR IRWRJUD¿DVUHODFLRQDGDVFRPR
WHPD
2. AS FOTOGRAFIAS
$SHQDVVHUmRDFHLWHVIRWRJUD¿DVHPIRUPDWRGLJLWDO L H IRWRJUD¿DVGLJLWDLV H RXVOLGHVRXQHJDWLYRV
GLJLWDOL]DGRV HQWUHJXHVHP&' )ODVKRXDWUDYpVGRVHJXLQWHHQGHUHoR YDOGHPDUFDVL#KRWPDLO FRP
2.1 &DGD LPDJHP GHYH VHU DUPD]HQDGD FRPR XP ¿FKHLUR -3(* QRIRUPDWR GH TXDOLGDGHPDLV
HOHYDGRSRVVtYHO S H[ QR3KRWRVKRS
2.2 &DGDIRWRJUD¿D GHYHUi VHU JXDUGDGD FRP R QRPH GRIRWyJUDIR HRWtWXOR GDIRWRJUD¿D S H[
-7HPEHBÈJXLD3HVTXHLUD MSJ
2.3 &DVR XVHPiTXLQDV GLJLWDLV Vy VHUmR DFHLWHVIRWRJUD¿DV GHPiTXLQDV FRP 0HJD SL[HOV RX
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2.4 $UHVROXomRGDLPDJHPGHYHVHU QRPtQLPRGH GSLVSDUDUHSURGXomRHP$
2.5 1mRVmRDGPLWLGDVIRWRJUD¿DVPDQLSXODGDVHPSURJUDPDVGHFRPSXWDGRU PiVFDUDV PRQWDJHQV
RXRXWURVHIHLWRVDUWtVWLFRV FRPH[FHSomRGRVVHJXLQWHVDMXVWHV
2.5.1 &RUUHFo}HVJOREDLVQRWRPHF{U LQFOXtQGRDMXVWHVQDOXPLQRVLGDGH FRQWUDVWH VDWXUDomR
KXH H VRPEUDV VHP DOWHUDU R FRQWH~GR GD LPDJHP L H D UHVSUHVHQWDomR GD IRUPD QDWXUDO
FRPSRUWDPHQWRRXIHQyPHQRGHYHUmRVHUPDQWLGRV
2.5.2 &RUUHFo}HVGHSHTXHQDVDQRPDOLDVQDVXSHUItFLHGDVLPDJHQV FRPRSRUH[HPSORUHPRYHU
UHSDUDUVXMLGDGHVGRVHQVRU GREUDVQRQHJDWLYRHULVFRV
2.6 7RGDVDVIRWRJUD¿DVVXEPHWLGDVGHYHUmRVHUGDDXWRULDGRIRWyJUDIR HGDVTXDLVSRVVDID]HU
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2.7 &DGD IRWRJUD¿D GHYHUi VHU DFRPSDQKDGD FRP D VHJXLQWH LQIRUPDomR D TXDO SRGHUi VHU
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2.8. 1mRVHUmRDFHLWHVIRWRJUD¿DVTXHMiWHQKDPVLGRSXEOLFDGDV H[LELGDVHPS~EOLFR RXTXHMi
WHQKDPVLGR VRETXDOTXHUIRUPD SUHPLDGDVDWpDGDWDGHLQVFULomRQHVWHFRQFXUVR
3. INSCRIÇÃO & SELECÇÃO
$VIRWRJUD¿DVGHYHUmRVHUHQWUHJXHVQD$1$& (GLItFLRGR0LQLVWpULRGD&XOWXUDH7XULVPR DQGDU
$Y GH 1RYHPEUR QR 3UDFHWD QR &LGDGH GH0DSXWR RXDWUDYpV GR VHJXLQWH HQGHUHoR
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2.9 $ LQVFULomR IDU VH i DXWRPDWLFDPHQWH PHGLDQWH D HQWUHJD GD ¿FKD GH LQVFULomR H GD V
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2.10 6HUmR DFHLWHV LQVFULo}HV VRPHQWH DWp R GLD GH 6HWHPEUR GH YDOHQGR D GDWD GH
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SDUDHIHLWRVGHLQVFULomRYiOLGDQRFRQFXUVR
2.11 $V IRWRJUD¿DV VHUmR MXOJDGDV SRU XP M~UL QRPHDGR SHOD $1$& FRPSRVWR SRU SHVVRDV
UHFRQKHFLGDVQRPHLRIRWRJUi¿FRHGHSUHVHUYDomRDPELHQWDO $VGHFLV}HVGRM~ULVHUmRLUUHFRUUtYHLV
VREHUDQDVH¿QDLV
2.12 2 M~UL VHOHFFLRQDUi DV PHOKRUHV IRWRJUD¿DV SDUD D H[SRVLomR GH HQFHUUDPHQWR H RV
WUDEDOKRVYHQFHGRUHVHPFDGDFDWHJRULDSDUDDWULEXLomRGRVUHVSHFWLYRVSUpPLRV
2.13 2M~ULSRGHUiDWULEXLUSUpPLRVGH0HQomR+RQURVDHUHVHUYD VHRGLUHLWRGHQmRDWULEXLUSUpPLRV
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2.14 2VYHQFHGRUHVVHUmRLQIRUPDGRV QRWL¿FDGRV SRUWHOHIRQHH RXFRUUHVSRQGrQFLDHOHFWUyQLFD GR
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2.15 (YHQWXDLVVLWXDo}HVRPLVVDVQRUHJXODPHQWRVHUmRGDGHFLVmRGRM~UL
2.16 $$1$&QmRGHYROYHUiRV&'VH RX'9'VVXEPHWLGRVDRFRQFXUVR
3. PRÉMIOS
Primeira Categoria: 12 aos 18 anos
1º Lugar:&kPHUDIRWRJUi¿FDGLJLWDO ¿P GH VHPDQDQR%DOXOH/RGJH .DULQJDQD*DPH5HVHUYH
SDUDGXDVSHVVRDV FRPGLUHLWRDHVWDGLD DOLPHQWDomRHXPJDPH GULYH &HUWL¿FDGR
2º Lugar:&kPHUDIRWRJUi¿FDGLJLWDO &HUWL¿FDGR
3º Lugar: ¿P GH VHPDQD QR %DOXOH /RGJH .DULQJDQD *DPH 5HVHUYH SDUD GXDV SHVVRDV FRP
GLUHLWRDHVWDGLD DOLPHQWDomRHXPJDPH GULYH &HUWL¿FDGR
Segunda Categoria: 18 anos em diante
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XP SHUtRGRGH PHVHV &HUWL¿FDGR
'HDFRUGRFRPRVDUWLJRV H QU F GR&yGLJRGR,536 KDYHUiUHWHQomRGHLPSRVWRGHUHQGD
na fonte
4. DIREITOS DE USO
4.1 $$1$&UHVHUYD VHRGLUHLWRGHXWLOL]DUDVIRWRJUD¿DVVXEPHWLGDVSHORVFRQFRUUHQWHV HPVHXV
HYHQWRV SXEOLFDo}HV PDWHULDLVSURPRFLRQDLV HQWUHRXWUDVRFDVL}HV
5. ACEITAÇÃO DO REGULAMENTO
5.1 2DFWRGHLQVFULomRQHVWHFRQFXUVRLPSOLFDDDFHLWDomRHFRQFRUGkQFLDFRPWRGRVRVLWHQV
GHVWH5HJXODPHQWR
5.2 2QmRFXPSULPHQWRGHTXDLVTXHUGDVUHJUDVGHVWH5HJXODPHQWRSRGHUiFDXVDU DFULWpULRGRVVHXV
RUJDQL]DGRUHV D GHVTXDOL¿FDomR GD V IRWRJUD¿D V LQVFULWD V H FRQVHTXHQWHPHQWH GR UHVSHFWLYR
SDUWLFLSDQWH
18 Savana 30-06-2017 OPINIÃO
Registado sob número 007/RRA/DNI/93
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EDITORIAL Cartoon
Ameio da tarde daquela segunda-feira,
19 de Janeiro de
2015, telefonaram-me da clí-
nica a informar que a minha
operação estava marcada para daí a 4
dias, às 20H35. Respirei de alívio. Era o
anúncio do fim de um calvário em que
me encontrava há cerca de 4 meses, deambulando
por labirintos e gabinetes e
laboratórios médicos à procura de uma
solução final, até que naquele dia o mé-
dico me disse – “Terei que te sujeitar a
uma pequena cirurgia. É uma operação
delicada, mas sem muitas implicações
secundárias. Terás alta no mesmo dia.”
Ele disse-me isto num tom seco, pro-
fissional, mas depois acrescentou, num
tom mais severo – “Nesse dia terás que
te abster de qualquer tipo de bebida
alcoólica e de alimentos sólidos 12H
antes de te apresentares perante mim.”
Depois de me informarem do dia da
operação, olhei para o calendário e
amaldiçoei mentalmente o facto de ir
coincidir com uma sexta-feira. É que
sexta-feira é o dia em que tradicionalmente
jantamos em família: um prato
de feijoada bem gorda com vegetais,
dobrada e toucinho; para coroar, uma
ou duas taças de vinho tinto, e, como
desintegrador final, uma dose dupla de
aguardente de cana. “Paciência!” – disse
para comigo, como auto-consolação,
embora sem muita convicção – “A saú-
de em primeiro.”
Apresentei-me na clínica 2H antes
acompanhado pelo mais novo dos meus
3 filhos – que, como sempre, se prestava
a servir-me como assistente – e
nos desembaraçámos rapidamente dos
trâmites burocráticos, ao fim do que
me entregou aos cuidados do serviço
auxiliar, com a indicação de que logo
que a operação estivesse concluída e eu
estivesse em condições o avisassem por
telefone para me ir recolher.
Dez minutos antes da operação entrei
na câmara. Estava vestido apenas com
uma bata da unidade clínica, sem botões.
O técnico anestesista disse-me –
“Vou-te aplicar uma geral.” Aplicou-me
e, enquanto durava o curto espaço de
tempo em que não surtia efeito, foi-me
contando com voz pausada e serena o
seu próprio ponto de vista sobre o jogo
de futebol que ia decorrer naquela mesma
noite, opondo o Alverca e o Tondela,
se bem me lembro, a contar para a
Taça de Portugal. Antes mesmo de ele
acabar os seus comentários, apaguei.
Despertei com a mesma bata, deitado
numa cama nua, num compartimento
pequeno e cheio de luz artificial. Ao
lado da cama havia um pequeno banco,
onde se amontoava a minha roupa. Ia
levantar-me para começar a vestir-me,
quando apareceu alguém do pessoal
auxiliar.
– Ah, pelos vistos já acordaste!
Olhei para ele e disse – “Como é que
terminou o jogo?”
Ele olhou para mim espantado – “Qual
jogo?”
– “O Tondela e o Alverca.”
– “O senhor sente-se bem?”
– “Sim.”
– “Tem ideia de que horas são agora?”
– “Não.”
– “São 2H30 da manhã.”
Vesti-me e ele levou-me até ao vestí-
bulo, onde me informou que já tinha
telefonado para o meu filho e que ele
se apresentaria dentro de 30 ou 35 minutos,
no máximo. Para queimar tempo,
dediquei-me, por iniciativa própria, a
apreciar o que se passava à minha volta,
para fazer aquilo a que eu chamei
de ‘estudo antropossociológico’. Era só
para me divertir, como é evidente, mas
notei, no meio daquilo tudo, que entre
aquela meia dúzia de pessoas que se encontravam
naquela sala, todas em silêncio,
tudo eram senhoras adultas que ou
acompanhavam os filhos, ou as mães,
ou, mais raramente, as sogras. O resto
da fauna eram crianças ou jovens.
“Ou seja” – perguntei a mim próprio –
“será que no meio destas famílias todas
não há homens?” A resposta surgiu-me
óbvia: os homens, para além de serem
estéreis, são muito inúteis para estas situações,
ou então acobardam-se.
Estava nestas reflexões, quando prorrompeu
por uma das portas de um dos
gabinetes um casal de pessoas já bem
adultas, em que o homem estava claramente
amparado pela mulher. Dirigiram-se
ao portão de saída e, antes de o
alcançar, a mulher puxou pela carteira,
tirou uma nota e disse – “Este dinheiro
é suficiente para apanhares um táxi para
casa.”
– “E tu para onde vais?”
– “Vou passar o fim-de-semana em casa
da minha filha.”
– “E eu?”
– “Hás-de arranjar-te. Deixei comida
suficiente no congelador. É só uma
questão de aqueceres. O mais que podes
fazer é preparar o arroz.”
Notei que o olhar dele se dirigia a ela
suplicando uma carícia, um carinho,
um beijo, até; e notei então que se tratava
nem mais nem menos do que o
Paulo Vidigal, um homem que se tornou
famosíssimo na periferia de Lourenço
Marques entre os anos 50 e 60,
e mesmo princípios de 70, como um
machão irredutível que foi plantando
a sua semente em tudo o que era terreno
feminino fértil, desde a Avenida
Craveiro Lopes até ao limiar do Bairro
Chinhembanine e desde a Avenida
Andrade Corvo até à linha férrea que
delimita as fronteiras do Aeroporto
Internacional de Maputo, Lourenço
Marques, na altura. Na altura o Vidigal
tinha ganho nos subúrbios a alcunha de
Vadinho, por acomodação ao Vadinho
do romance de Jorge Amado sobre a
vida baiana dos anos 40.
Olhei para ele e não sabia se teria pena
ou não, porque me lembrei que entre
o seu culto irreverente de vida boémia
e irresponsável, digamos assim, quem
aturava as sequelas era a sua esposa, a
Dona Vanda, que presumi ser aquela
mesma senhora que estava ali ao seu
lado. Num instante, resumi aquela cena
entre o casal num pensamento único,
que tinha aprendido das minhas leituras
sobre cultura da máfia siciliana: a
vingança é um prato que se come frio.
Chá gelado com gengibre
D
eve se ter trabalhado sem folga nas últimas semanas na Procuradoria
Geral da República (PGR), para garantir que o relatório da auditoria
internacional sobre as dívidas ocultas estivesse disponível para o
público, exactamente na véspera de mais um aniversário da independência
nacional.
O simbolismo do relatório ser apresentado num sábado à tarde não deixa
quaisquer dúvidas quanto à urgência do poder político ter de ser municiado
com algo de novo para dizer ao povo durante os festejos. E de facto foi um
fim-de-semana prolongado, alimentado por conversas sobre o conteúdo do
relatório, que a maioria não tinha ainda visto, e também sobre o que se segue
depois.
O que se segue depois é muito importante porque, desde há meses, o futuro
económico de Moçambique dependia em larga medida dos resultados deste
relatório e das acções que vierem a ser tomadas pelas autoridades para lidar
com as suas constatações.
Na verdade, não há muita novidade que o relatório traz, se comparado com
aquilo que já era do domínio público, em função dos resultados de um outro,
compilado por uma comissão parlamentar criada em 2016 para averiguar os
contornos das dívidas ocultas. A única diferença é o esforço que este último
documento fez para que não se tivesse alguma ideia sobre a extrema gravidade
que o assunto encerra.
Mesmo sem a riqueza dos números que o relatório da auditoria contém, os
factos vêm vertidos no documento da comissão parlamentar, o suficiente para
se tirar ilações.
E quais são as ilações agora confirmadas pela auditoria?
A primeira é que o relatório da auditoria internacional é a todos os níveis qualificado.
Este é o termo técnico que auditores utilizam quando não dispõem
de informação bastante que lhes permita formar uma opinião completa sobre
o sujeito auditado. E para este caso em concreto, os auditores não tiveram
acesso a um grande caudal de informação por recusa, da parte das empresas
visadas, em disponibilizar tal informação.
A auditoria foi realizada sob os auspícios da PGR, no âmbito de um processo
que decorre naquela instituição em relação a estas dívidas. A recusa em disponibilizar
informação deve ser, por isso, considerada um crime de desobediência
ou obstrução à justiça.
O relatório em si assemelha-se mais uma narrativa sobre uma vasta operação
de lavagem de dinheiro. Por exemplo, quando se refere a pagamentos feitos
pelos bancos envolvidos na operação ao fornecedor, este que por sua vez remete
parte dos valores recebidos aos contratantes.
É o que se depreende do relatório quando este se refere a um montante de 13
milhões de dólares transferidos pela Privinvest para a ProIndicus, operação
que foi precedida de uma carta em que a Privinvest afirmava que “no espírito
da cooperação e da parceria... estava irrevogavelmente obrigada a fornecer”
aquele montante à ProIndicus. A carta, diz o relatório, não especificava a fi-
nalidade deste pagamento, mas afirmava que “a Privinvest... está confiante
que a parceria com a ProIndicus conduzirá a outros negócios que, no futuro,
compensarão esta contribuição”. Ou seja, a Privinvest estava a fazer um favor
pelo qual esperava alguma compensação futura.
No caso da EMATUM, o relatório faz referência a um acordo entre esta empresa
e o fornecedor, para o aumento do valor total do contrato em 51 milhões
de dólares, sublinhando que os auditores não receberam “qualquer explicação
para este aumento expressivo do preço”.
Em muitos casos, e em consistência com o espírito obstrucionista, não foram
disponibilizados documentos que atestem suficientemente à verdadeira posi-
ção das contas das três empresas, ao que os auditores, quase que em tom de
desabafo, consideram violação de algumas disposições da legislação moçambicana,
incluindo o Código Comercial deste país.
Há ainda um valor de 500 milhões de dólares que não é contabilizável. Os
auditores foram informados que este montante foi usado para a aquisição de
equipamento militar que foi entregue ao Ministério da Defesa. Este por sua
vez diz que não recebeu tal equipamento. em sede da comissão parlamentar de
inquérito, o actual Ministro da Defesa, Salvador Ntumuke, teria dito que não
aceitara assinar o documento confirmando a entrega do equipamento, por não
acreditar que o mesmo tivesse sido entregue. E para que não haja dúvidas, o
suposto fornecedor diz que não forneceu nenhum equipamento militar.
A tudo isto acrescem-se fortes indícios de sobrefacturação, o que pode implicar
que pelo menos um terço do valor total dos empréstimos tenha sido
descaminhado.
Este relatório não deixa espaço para qualquer margem de dúvida quanto à
possibilidade de, em nome da segurança do Estado, terem sido cometidos
crimes graves, pelos quais todo o povo moçambicano terá de pagar com a sua
própria miséria.
Perante este quadro, é quase improvável que as actuais negociações com o
FMI, visando reabilitar Moçambique junto do mercado internacional de capitais
venham a ser bem sucedidas. A mensagem que se espera será de que
Moçambique tem muito dinheiro à solta, o qual precisa primeiro de ser recuperado,
antes de se avançar para qualquer programa de apoio. O que significa
que a PGR, querendo ou não, será obrigada a ter de produzir resultados. É o
que se espera.
O que se espera da PGR
Savana 30-06-2017 19 OPINIÃO
534
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Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
Opresente artigo tem em
vista analisar alguns aspectos
relacionados com
a natureza jurídica do
elemento de índole subjectiva no
recurso contencioso de anulação.
Considerando a vastidão e complexidade
da questão, não se pretende
discutir exaustivamente,
mas, somente, identificar o enquadramento
legal que permita sustentar
ou não o aspecto de índole
subjectiva do recurso contencioso
de anulação em geral e em particular
no ordenamento jurídico
moçambicano.
Tomando como base a legislação
em vigor, sendo, por ordem hierárquica,
a (CRM:2004) Constituição
da República de Moçambique,
a Lei nº 24/2013 de 1 de
Novembro (lei concernente ao melhoramento
do controlo da legalidade
dos actos administrativos) a Lei nº
7/2014 de 28 de Fevereiro (Legislação
que Regula os Procedimentos
Atinentes ao Processo Administrativo
Contencioso).
Neste contexto, partimos de uma
indagação, nomeadamente, como
surgiu o problema.
As matérias da disciplina do contencioso
administrativo, propiciaram
a discussão e análise do
regime do recurso contencioso de
anulação, donde emerge a questão
da separação e entendimento de
dois elementos fulcrais, designadamente,
o de índole subjectiva e
o de índole objectiva.
As qualificações (subjectiva e objectiva)
do recurso contencioso,
para além do problema dogmático,
elas passaram da discussão doutrinária,
a exigir uma intervenção
técnica, quando, o legislador cuidou
da matéria especificadamente.
No direito objectivo pátrio, encontrámos,
a definição da natureza
do recurso contencioso, tema já
discutido numa publicação recente
neste semanário.
Considerando a instituição de direitos
fundamentais e de acesso à
jurisdição administrativa pela via
do recurso contencioso ao abrigo
do artigo 253º números 2 e 3 da
CRM, a disposição introduz de
forma clara e expressa a defesa
dos direitos e interesses legítimos
protegidos por lei, que, para todos
os efeitos, negável à qualquer
violação, principalmente quando
decorra de uma norma legal ordinária.
Uma brevíssima incursão na doutrina
comparada e obedecendo a
ordem hierárquica previamente
estabelecida, remete-nos à consulta
da (CRP:1976) Constitui-
ção da República Portuguesa e ao
(ETAF:1972) Estatuto dos Tribunais
Administrativos e Fiscais,
como ponto de origem, e, alguns
estudos disponíveis no que diz
respeito à doutrina dominante sobre
a questão em apreço.
A incidência à doutrina comparada
portuguesa tem explicação,
nomeadamente, por se tratar do
direito que o nosso ordenamento
sempre se inspirou, sem deixar de
lado o aspecto relacionado com a
pretensa família de direito romano-germânica
de que ambos direitos
pertencem.
Assim, se pode concluir da disposição
do artigo 268º/3, 4 e 5 da
CRP, que, observa-se na sua redacção,
a semelhança com o artigo
253º/ 2 e 3 da CRM.
Entretanto, as disposições do
ETAF que antecedem à CRP de
1976, concretamente o artigo 25º,
salientavam a “mera legalidade” do
recurso contencioso de anulação,
amplamente aplicado nos tribunais
administrativos portugueses
de então, até à sua revogação.
A definição do artigo 25º acima
referido, influenciou o contencioso
administrativo moçambicano,
conforme se pode observar da então
revogada (LOTA) Lei Orgâ-
nica do Tribunal Administrativo,
a Lei nº 5/92, de 06 de Maio, cuja
redação, por sua vez, se reproduziu
no artigo 26º da então Lei nº
9/2001 de 7 de Julho a (LPAC)
Lei de Processo Administrativo
Contencioso, bem como, no artigo
8º da Lei nº 24/2013 de 1 de Novembro
(lei concernente ao melhoramento
do controlo da legalidade dos
actos administrativos) e, ipsis verbis
o artigo 32º da Lei nº 7/2014 de
28 de Fevereiro, ora em vigor de
que já nos referimos.
De salientar ainda no âmbito da
doutrina comparada, constata-
-se que o referido artigo 25º do
ETAF sofreu alteração com a revisão
constitucional ocorrida em
1976 em Portugal, facto que se
consolidou com a actual Constituição,
ao introduzir no seu artigo
268º/1, 3, 4 e 5, os direitos e garantias
dos particulares, alargando
deste modo, o leque de garantias
subjectivas ou dos particulares.
Uma leitura atenta do nº 3 do
referido artigo permite observar
as modificações introduzidas, ao
sujeitar os actos administrativos a
notificação aos interessados na forma
prevista na lei, bem como a imposição
do dever de fundamentação
expressa desses actos, principalmente,
quando afectem direitos ou
interesses legalmente protegidos.
A semelhança desta disposição
legal, acha-se presente no nº 2 do
artigo 253º da CRM.
Já os números 4 e 5 do artigo
268º da CRP encerram em si os
corolários da tutela jurisdicional
efectiva dos direitos ou interesses
legalmente protegidos, que inclui
o reconhecimento desses direitos e
interesses, o direito à impugnação
de quaisquer actos administrativos
lesivos, incumbindo o órgão
jurisdicional administrativo a determinação
da prática de actos administrativos
legalmente devidos,
incluindo, ainda, medidas cautelares
adequadas, como fim último, à
protecção de todo cidadão carente
de justiça.
É neste contexto que cumpre
discutir os aspectos essenciais relacionados
com o contencioso de
anulação por um lado, os elementos
objectivos e subjectivos por
outro, sem perdermos de vista a
dupla função do elemento objectivo
como se segue:
Primeiro, o recurso contencioso
de anulação como processo de
partes ou um processo onde surge
a Administração Pública todo-
-poderosa;
Segundo, admitindo-se a primeira
hipótese, aquela faz surgir outra
questão, tal seja, a da intervenção
de um interessado durante a marcha
do processo (recurso contencioso),
o que originou uma outra
indagação, ainda no âmbito dos
elementos de índole subjectiva,
que, por sua vez se explica sob a
forma de grande dúvida sobre o
princípio do incidente principal, fi-
gura oriunda do Direito Civil adjectivo
a que nos referiremos infra.
Posto isto, importa dedicarmos
uma breve interpretação do dispositivo
constitucional como base
principal que nos permite abraçar
o elemento de índole subjectivista
no contencioso administrativo
moçambicano, sem olvidarmos
do primeiro problema relacionado
com as “partes” no processo administrativo,
sendo este o ponto de
partida para a actual análise.
I. É opinião generalizada entre
os administrativistas, principalmente
os que abraçam a
doutrina da “escola subjectivista”,
que por sua vez defendem
que o recurso de anulação
é um processo de partes, e,
isto significa que o processo
administrativo está especifi-
cadamente vocacionado para
a tutela das posições jurídicas
subjectivas.
II. Outro argumento defensá-
vel ilustra a configuração do
processo administrativo como
processo de partes, passa por
considerações de índole processualística
e pela qualifi-
cação e distinção das posições
jurídicas subjectivas, com relevo
para o interesse legalmente protegido
e para o interesse legítimo
do cidadão.
É nesta perspectiva que constatámos
a utilidade do debate no
âmbito dos modelos processuais
do contencioso administrativo
ou para quem prefira (justiça administrativa),
que, não só anima
a doutrina por um lado, como se
cinge ao objecto e a função do
processo administrativo. Pois, os
modelos objectivista e subjectivista
do processo administrativo
devem basear-se no seu conteúdo,
estrutura e efeitos, ainda que seja
necessário enfatizar o aspecto teleológico.
Um aspecto que dominou a doutrina
clássica no âmbito da questão
em discussão sempre foi o aparecimento
da Administração Pública
em igualdade de circunstâncias
com o particular. Na verdade, não
se pode contestar que o processo
desenvolve uma função pública na
realização da justiça administrativa
(o segundo subelemento de índole
objectivista) – que resulta da
conjugação equilibrada do interesse
público com a tutela efectiva
das posições jurídicas envolvidas.
Outro aspecto importante é de
que, não se pode negar, mesmo nos
processos que tenham por objecto
específico a tutela das posições jurídicas
subjectivas que o tribunal,
ao prosseguir a tutela das referidas
posições jurídicas, desenvolve uma
função de reafirmação da legalidade
do caso concreto.
E aqui importa frisar que, no
processo administrativo, o juiz,
ao tomar em devida consideração a
tutela dos direitos e interesses legalmente
protegidos, opera um controlo
de legalidade sobre a actuação da
Administração Pública o que permite
afirmar-se que na verdade “os
processos nos quais através de uma
pretensão se faz valer em juízo um
direito ou interesse legalmente protegido,
são processos administrativos
de partes, de matriz subjectivista”.
Desta síntese pode-se concluir
que, uma discussão mais ampla do
problema “subjectivista do recurso
contencioso”, poder-se-ia concordar
com a doutrina da chamada escola
subjectivista, ao considerar-se que o
particular era titular de um direito à
legalidade ou de um direito a aspectos
parcelares dessa legalidade, tendia
legitimar o particular na posição de
parte.
Na verdade, “o recurso jurisdicional
supõe um direito posto em
causa”, pelo que o “recurso jurisdicional
do administrado contra o
órgão da Administração Pública,
supõe, portanto, que o administrado
seja titular de um direito público
subjectivo”.
Da análise, as indagações que poderiam
prevalecer, seriam as seguintes:
1. O problema coloca-se mais
em saber se, para este efeito, a
Administração pode ser equiparada
ao cidadão, se é titular
ou não de posições jurídicas,
uma vez que esta actua como
poder em defesa do interesse
público que lhe cumpre prosseguir.
2. Pese a dificuldade da questão,
tendemos a sustentar que a
Administração, enquanto parte
processual, deve gozar dos
mesmos direitos que as demais
partes que actuam num pleito
como demandantes ou demandados.
O Contencioso Administrativo e o Elemento
de índole Subjectiva (1)
Por Abraão Pira Bau
I
mporta ser prudente no tocante
à eficácia da engenharia
política. Acontece existir
a crença de que o povo é um
quadro virgem onde se pode
escrever o que o candidato e
seu partido pretendem. Na verdade,
estes partem do princípio
de que um bom programa deverá,
racionalmente, ser aceite
simplesmente porque é um bom
programa que tem em conta as
aspirações populares.
Porém, a forma como um programa
é premiado ou punido
pelo voto depende de múltiplos
factores, entre os quais a capacidade
popular de avaliação,
a qual nem todos os políticos
aceitam. Quando os programas
são expostos em praça pública,
o povo, em sua diversidade,
avalia muita coisa. Avalia, por
exemplo, a distância entre o
que o programa sempre promete
e a realidade do dia-a-dia,
entre a história criada pelo político
e a história local.
Programas e avaliação
popular
20 Savana 30-06-2017 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
P
oucos, ao que parece, acreditam
em um desfecho satisfatório
do caso “dívidas
ocultas”. Há muita descon-
fiança sobre o papel real, isento e
técnico da Procuradoria-Geral da
República (PGR), que até pode ter
bons técnicos. O problema começa
quando esses “bons técnicos” perdem
a excelência a favor da pressão
política, aliás, pressão de um determinado
grupo que se escuda na política
para levar a bom porto os seus
intentos. Qual a base dessa desconfiança?
Provavelmente o peso
esmagador da justificação esteja no
conhecido historial de desempenho
dos vários procuradores, associado à
forma como têm sido “colocados” ou
como chegam ao comando da PGR.
Moçambique, país com uma considerável
taxa de desemprego,
equilibrando-se continuamente nos
Parabéns PGR
seus próprios problemas de pobreza e corrupção,
de aparência multipartidária mas
essencialmente “mono”, onde por conveniência
se confunde Estado e partido político,
pode formular as seguintes perguntas:
“como virar-me contra a pessoa que
me confiou este lugar? Como retribuição
não devo afinal procurar protegê-lo?” É
cultural. Não há autonomia e nem independência
de actuação em cem porcento.
Uma percentagem significativa das honras
cabe a quem nos confiou o lugar. Os cargos
de confiança têm lá as suas vantagens
ou desvantagens dependendo da óptica de
cada um. Pelos acontecimentos políticos e
económicos das últimas décadas é importante
gerar novos consensos sobre a figura
do Procurador-Geral da República. Seria
através da redução dos excessivos poderes
do PR? Um país empobrecido como Mo-
çambique não pode continuar a dar-se ao
luxo de se manter no seu nefasto equilí-
brio de pobreza e corrupção.
O sumário executivo da auditoria da Kroll
divulgado finalmente pela PGR mostra
que houve trabalho. É positivo. Parabéns.
Mas também, transparece algum dilema
de interpretação ou vazios justificados
pelo suposto “segredo de Estado” que
constrange a liberdade de informação ao
público. Como conciliar, então, o exercício
de democracia com os respectivos instrumentos
de protecção de informação considerada
importante com vista à sua defesa
interna e externa num Moçambique
que se procura afirmar como multipartidário,
democrático, onde se pretende que
nenhum tirano nos escravize (na consci-
ência e no estômago)? A democracia está
em processo de crescimento e deve ser
acompanhada, também, pela evolução do
conceito “segredo de Estado”, visando assegurar
a defesa do Estado (e não de grupos)
e cujas bases legais não devem oprimir
o direito à informação.
Se transformássemos o “segredo de Estado”
em peneira e lá colocássemos
não o sumário executivo mas o verdadeiro
relatório de auditoria independente
da Kroll e começássemos
a peneirar, o que sobraria nela?
Provavelmente o relatório inteiro,
dependendo das características da
peneira. Há peneiras que não se democratizam
e, por isso, só separam
o que lhes interessa. Pelo sumário
executivo há espaço para se iniciar
o processo de responsabilização.
Politicamente o momento pode ser
bicudo. Aproxima-se o XIº congresso
do Partido Frelimo e a dan-
ça das alas pode ser crucial para o
fortalecimento de posições quando
já não se poder tapar o sol com a
peneira. Há muita apetência pelos
termos de referência e pelo relató-
rio do qual se elaborou o sumário
executivo. Esperemos que surjam
de algum lado.
Abem da dignidade do Estado, é comum
que a legislação ou o protocolo
providenciem algum estatuto
especial para os presidentes da República
cessantes.
Não é por aí que surpreende o recente projecto
de Lei Orgânica sobre o Regime Jurí-
dico dos Ex-Presidentes e Vice-Presidentes
da República após Cessação de Mandato,
apresentado pelo MPLA na Assembleia Nacional.
A surpresa está no excesso e na desmesura. E
esse excesso e essa desmesura revelam-se em
duas medidas.
A primeira é a adopção da designação de
Presidente da República Emérito para o ex-
-presidente da República de Angola. Esta
ideia peregrina deve ter-se inspirado na solução
encontrada pelo Vaticano aquando da
abdicação do papa Bento XVI, em 2013, que
assim se tornou Papa Emérito. No caso do
Vaticano, a postura e actuação do Papa Emé-
rito, devido à sua avançada idade e à doença,
têm sido muito discretas e não têm perturbado,
aparentemente, o múnus do papa Francisco.
Mas não é, de facto, esta a tradição
papal.
Na Idade Média, no século XIII, o primeiro
papa a resignar formalmente foi Celestino V,
que esperava viver com tranquilidade o fim
da sua vida. Contudo, o novo papa Bonifá-
cio VIII teve medo de que o Papa Emérito
se tornasse um segundo poder ou um pólo
de aglutinação dos descontentes, e mandou-
-o prender. O papa Celestino morreu aos 81
anos, preso pelo seu sucessor.
Ora, é precisamente este o perigo que se está
a criar em Angola: a existência de dois presidentes
da República, o incumbente e o emé-
rito, ficando este último como uma espécie
de mentor ou superpresidente, um vigilante
atento. A isto acresce que José Eduardo
dos Santos continua como presidente do
MPLA. Portanto, está lançado o condimento
para alimentar uma guerra fratricida, na
cúpula do partido do poder, entre os adeptos
do novo presidente e os saudosistas do Presidente
Emérito.
Exemplo do que está para vir aí é a oposição
pública ao estatuto de “emérito” manifestada
por Irene Neto, deputada do MPLA e filha
de Agostinho Neto, o primeiro presidente.
Durante o plenário sobre o assunto, Irene
Neto fez uma apreciação crítica quanto à
urgência que se pretende imprimir a essa legislação,
enfatizando, entre outros aspectos,
o seguinte: “No caso actual, sabemos que as
finanças não serão problema para os futuros
ex-PR e ex-primeira-dama. Será justo bene-
ficiarem ainda assim destas regalias? Ninguém
pode dizer que a família presidencial
actual é pobre, podendo, por essa razão, atender
às suas necessidades pessoais e políticas
com a dignidade e o decoro que correspondam
às altas funções exercidas.”
A sua intervenção, muito apreciada pelos
eleitores nas redes sociais, deu azo a uma
reacção azeda por parte de uma das ex-
-mulheres do actual presidente, Maria Luísa
Abrantes, ou “Milucha”.
Para Milucha, mãe de Tchizé dos Santos,
também deputada do MPLA e filha do preDos
Santos: Impunidade vitalícia como
presidente emérito
sidente, a questão central acabou por ser sobre
quem utilizava um barco bom para ir ao
Mussulo e quem ia de barco de borracha… A
contendora nem se apercebeu do ridículo da
argumentação, que apenas transmite à população
a ideia de que os seus dirigentes constituem
uma nomenklatura ao estilo soviético,
vivendo desligados das necessidades do povo
e apenas se interessando pelas suas casas de
praia, apartamentos na Marginal, barcos e
outras prebendas.
Aliás, lendo o texto de Irene Neto vislumbra-
-se perfeitamente que as eventuais regalias
que a família Neto terá recebido depois da
morte do primeiro presidente se resumiram
a favores de José Eduardo dos Santos e do
MPLA, não resultando de qualquer direito
legal. A família de Agostinho Neto ficou à
mercê de favores, já que o património do Estado
era encarado como património de José
Eduardo dos Santos, que o partilhava com
quem entendia e como entendia.
Na realidade, esta tem sido a prática do poder
angolano com o MPLA: a chantagem.
Ninguém pode falar, porque todos receberam
favores. Quem fala, é ingrato ou não tem
moral. Ora, Irene Neto é deputada e deve dizer
e denunciar o que acha certo. Mas, repare-se,
falou e já foi alvo de achincalhamento
público. Quem tiver provas de actos ilegais
ou abusos de poder da sua parte ou da sua
família, que os revele. Agora, tentar amorda-
çar a boca de uma deputada porque recebeu
um barco ou uma casa no Mussulo apenas
demonstra a mesquinhez que reina no seio
do MPLA. Quer Irene Neto quer Tchizé
dos Santos, filha de Milucha, são membros
do Comité Central do MPLA.
E o ponto essencial é o seguinte: se JES insiste
neste ziguezague de saída, arrisca-se a
ter o mesmo fim do pobre papa Celestino,
e terminar os seus dias na prisão, às ordens
do seu sucessor. JES ou sai do poder ou não
sai. Estas meias-tintas são enganosas e terão
efeitos funestos.
Um segundo aspecto inaceitável desta futura
lei, além da designação de Presidente
Emérito, é a instituição de imunidade e de
um foro próprio para o ex-presidente. Tanto
quanto se percebe a partir das notícias publicadas
(não tivemos acesso à lei), o ex-presidente
beneficiará de imunidade plena em
relação a todos os actos praticados durante
a sua presidência no exercício do cargo; no
que diz respeito a outros actos, terá foro pró-
prio. Quer isto dizer que nunca será levado a
tribunal pelos desmandos que por acção ou
omissão cometeu durante estes 37 anos, e se
for a tribunal por qualquer outra razão – não
ter pagado a conta da zungueira (vendedora
de frutas) –, o processo seguirá no Tribunal
Supremo.
Se a lei for de facto como referido pela imprensa,
então estamos perante uma amnistia
encapotada, uma lei de impunidade vitalí-
cia para o futuro ex-presidente e Presidente
Emérito José Eduardo dos Santos. Há que
alertar o povo angolano para o sentido e o
alcance desta lei absurda.
*makaangola.org
Por Rui Verde*
Savana 30-06-2017 21 PUBLICIDADE
UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População, é uma agência internacional
de desenvolvimento que trabalha em prol de um mundo
onde cada gravidez é desejada, cada parto é seguro e o potencial de
cada jovem é realizado. O UNFPA solicita candidaturas de cidadãos
PRoDPELFDQRVTXDOLÀFDGRVHH[SHULHQWHVSDUDDVVHJXLQWHVYDJDV
3RVWR HWtWXOR Posto nº 10625, Assistente Financeiro GS-7
Posto nº 10629, Analista de Procurement
NO-A
7LSRGHFRQWUDWR QtYHO Temporary Appointment
/RFDOGH7UDEDOKR Maputo, Moçambique
'XUDomR 364 dias do calendário com a possibilidade
de renovação dependendo do desempenho
e da disponibilidade de fundos
3UD]RGDFDQGLGDWXUD A data de submissão das candidaturas vai
até 3 de Julho de 2017
Analista de Procurement NO-A
Requisitos Gerais: Diploma universitário de nível superior (mestrado)
em administração de empresas, administração pública ou numa
área semelhante. Conhecimento especializado no sector de procurePHQW ORJtVWLFD
H DSURYLVLRQDPHQWR p GHVHMiYHO 'RLV DQRV GH H[SHriência
relevante em gestão ou operações de projectos de desenvolYLPHQWR
RX FRP H[SHULrQFLD HVSHFtÀFD HP RSHUDo}HV GH FRPSUDV
([SHULrQFLDFRPSURYDGDQDJHVWmRGHSURFHVVRVGHFRQFXUVRVFRPSOH[RV
SDUD SURGXWRV H VHUYLoRV ([SHULrQFLD HP FRQWUDWRVLQWHUQDFLRQDLV S~EOLFRVHJHVWmRGHIRUQHFHGRUHVpDOWDPHQWHGHVHMiYHO ([-
periência em regulamentos e procedimentos de contratação da ONU
VHUiXPDYDQWDJHP 3URÀFLrQFLDHPDSOLFDo}HVGH0LFURVRIWRIÀFHH
VLVWHPDVFRUSRUDWLYRVGH,7 ([FHOHQWHVKDELOLGDGHVGHFRPXQLFDomR
verbal e escrita em inglês e português; Fluência em inglês e português.
Assistente Financeiro GS-7
Requisitos Gerais: Nível secundário concluído. Diploma universitá-
rio do primeiro nível em Contabilidade, Finanças, Gestão de Negócios
RXiUHDVUHODFLRQDGDVpGHVHMiYHO 6HWHDQRVGHH[SHULrQFLDUHOHYDQWH
HPJHVWmRGHÀQDQoDVHDGPLQLVWUDomR 3URÀFLrQFLDHPDSOLFDo}HVGH
0LFURVRIWRIÀFHHVLVWHPDVÀQDQFHLURVFRUSRUDWLYRVGH,7 &DSDFLGDGH
em escrita de forma clara e concisa; Fluência em inglês e português.
Para mais informações relacionadas com os termos de referência, os
interessados podem tê-las através dos websites usados para as candiGDWXUDV
KWWS ZZZ XQISD RUJ MREV QDWLRQDO SRVW ILQDQFH DVVRFLDWH J -
-maputo-mozambique-temporary-appointment
KWWS ZZZ XQISD RUJ MREV QDWLRQDO SRVW SURFXUHPHQW DQDO\VW-
-noa-maputo-mozambique-temporary-appointment
Como se candidatar: $VDSOLFDo}HV FDQGLGDWXUDVGHYHPVHUVXEPHtidas
através dos websites acima mencionados. Não há nenhuma coEUDQoDGHWD[DGHFDQGLGDWXUD SURFHVVDPHQWRRXGHRXWUDQDWXUH]D
O UNFPA não solicita ou procura obter informações dos candidatos
quanto ao seu estado de HIV ou SIDA e não discrimina com base na
situação de HIV e SIDA.
UNFPA, Fundo das Nações Unidas para População
Av. Julius Nyerere, 1419, PO Box 4595,
Maputo, Mozambique
Anúncio de Vagas
22 Savana 30-06-2017 DESPORTO
D
epois de algum tempo
de inactividade (aproximadamente
dois anos),
o técnico beirense,
Akil Marcelino, está de volta e,
para não variar, a um clube do
Moçambola, no caso vertente,
a Liga Desportiva de Maputo.
Marcelino substitui, assim,
Daúde Razaque que, em face aos
maus resultados, optou por atirar
a toalha ao chão. São vários
os desafios que o novo técnico
tem, mas todos convergem num
único ponto: a necessidade de
resgatar a alegria no seio da massa
associativa, o que passa por
conseguir colocar a equipa nos
lugares cimeiros. Entretanto, o
presidente da Liga, Rafique Sidat,
declinou dar qualquer tipo
de esclarecimentos em relação à
polémica saída do técnico Daú-
de Razaque, que disse ter sido
vítima de chantagem. Seguem
os excertos da conversa.
Depois da derrota da Liga diante
do Chibuto, Daúde Razaque
colocou o seu lugar à disposição.
Terá sido no mesmo dia que a
direcção da Liga o contactou?
-Bem, realmente fui contactado
pela direcção da Liga depois do
jogo Liga-Clube de Chibuto,
concretamente, na noite do mesmo
dia. Chegamos a um acordo
e ontem (terça-feira) viajei para a
cidade de Maputo.
Qual é a duração do seu contrato?
-O acordo vai até final desta
temporada, mas estamos a discutir
ainda pequenos pormenores
para vermos o que é melhor para
as duas partes, quem sabe, poderemos
estender para próxima
época.
Quais são os desafios que tem
pela frente?
-A Liga Desportiva de Maputo é
uma equipa que luta pelos lugares
cimeiros e eu estou aqui para
encarar esse desafio de forma
positiva, quiçá para catapultar a
equipa para esses lugares. Estou
aqui na Liga para isso, vim de
corpo e alma para trabalhar 24
horas por dia, e com união de
todos, incluindo a massa associativa,
só tenho de ser optimista
quanto ao futuro. Isso passa por
alcançar os objectivos traçados.
Concretamente, o que lhe pediu
a direcção da Liga?
-Pediu-me para melhorar a
classificação, uma vez que neste
momento não está muito boa.
Pediu-me para que faça o que
estiver ao meu alcance de modo
a posicionar a equipa nos lugares
de prestígio, ou seja, nos primeiros
lugares e, apesar de estarmos
ligeiramente atrasados, matematicamente
tudo ainda é possível.
Akil Marcelino não tem vareta mágica mas...
“Vim de corpo e alma para trabalhar 24 horas por dia”
Por Paulo Mubalo
O técnico tem a ideia da pressão
que vai sofrer na Liga, até porque
trata-se de um clube exigente,
com uma direcção exigente,
incluindo os seus adeptos, tendo
em conta o investimento que
tem feito?
-Sei, sim, que a Liga Desportiva
de Maputo é uma colectividade
exigente, não só a direcção, mas
como os próprios sócios. De resto
há que olhar para o seu historial:
ganhou quatro campeonatos
nos últimos sete anos. Para mim
é gratificante representar esta
equipa. Estava à espera de uma
oportunidade para treinar um
clube com potencial e organiza-
ção como a Liga. Como treinador
ansiava uma oportunidade
como esta e espero, sinceramente,
não defraudar a direcção da
Liga pela confiança.
Estou habituado a treinar equipas
com muito mais pressão do
que a Liga, como o Desportivo
de Nacala. É uma sensação da
qual quem está no futebol não
pode escapar, antes pelo contrá-
rio, tem de se habituar dela.
Olhando para o seu CV desportivo,
depreende-se que começou
de baixo...
Olha, nada caiu do céu, eu realmente
comecei de baixo até
chegar em cima. Comecei no
provincial de Sofala, onde fui
vencedor, depois passei para a
segunda liga, onde igualmente
fui vencedor e, já no Moçambola,
consegui a manutenção do Benfica
de Macuti. Graças ao trabalho
vistoso que desenvolvi no
Benfica, fui convidado para treinar
o Ferroviário da Beira, onde
fiz um excelente trabalho, conseguindo
colocar a equipa em terceiro
lugar, numa altura em que
as condições não eram iguais às
actuais. Depois, o Desportivo de
Maputo, na altura treinado por
Michel Gripos, interessou-se por
mim. Já passei por várias regiões,
treinei o Têxtil do Púnguè, o Vilanculo
e o Desportivo de Nacala.
Considero-me um treinador
com bagagem enorme, e tudo o
que consegui foi com muito sacrifício.
Não foi fácil construir a
imagem. Estive dois anos parado
porque quando terminei o projecto
de Nacala tirei férias e, no
segundo ano, tive convites, mas
não os aceitei. Este ano recebi
convite do Chingale, mas não
chegamos a acordo. Agora chegou
a vez de receber convite de
um clube grande e organizado
como a Liga, daí o meu obrigado
pela confiança.
Está há pouco tempo, digamos,
dois dias, no clube. Que ambiente
foi encontrar na Liga?
-É um clube novo e não conhe-
ço os cantos da casa, mas tenho
muita esperança, sobretudo de
que com a união de todos podemos
conseguir bons resultados.
Estou ciente das dificuldades que
vou enfrentar, mas há que trabalhar
para ultrapassá-las.
Há treinadores que escolhem os
seus adjuntos. Quem serão os
adjuntos de Akil Marcelino?
-Estamos ainda por acertar, um
dos aspectos que será aclarado
com a direcção é exactamente o
da configuração da equipa técnica.
O Nelinho vai continuar, mas
este encontro que terei em breve
com o presidente vai esclarecer
esta e outras questões.
Mas o mister tem preferência
em alguns adjuntos?
-Claramente, qualquer treinador
gosta de trabalhar com a sua
equipa, mas a direcção tem a sua
palavra a dizer, mas atenção que
estamos a caminhar para o final
da época e não se pode fazer
mudanças bruscas, é diferente
quando se está a iniciar a época.
Agora o tempo é cada vez mais
escasso.
Akil Marcelino, novo treinador da Liga Muçulmana
A
equipa da Academia
Miliar de
Nampula, vencedora
da última
edição da Copa Lurdes
Mutola, vai representar o
nosso país, no torneio internacional
que decorre no
meio de cada ano, na Sué-
cia, organizado por aquele
país nórdico, no âmbito dos
esforços de apoio à rapariga.
Segundo fonte da Funda-
ção Lurdes Mutola, organizadora
da copa e parceiro
da Suécia, nesse momento
decorrem os preparativos,
quer burocráticos, nomeadamente
para emissão de
vistos e outros itens administrativos.
A própria equiFutebol
feminino
Vencedora da Copa Lurdes Mutola
representa Moçambique na Suécia
pa também está a trabalhar no
sentido de se apresentar na sua
melhor forma no torneio com
objectivo de representar condignamente
o país.
Sarita Jacob, directora de Programas
da Fundação Lurdes Mutola,
disse que tudo está sendo feito
para que nada falhe neste processo
e que as meninas se sintam
motivadas e por via disso consigam
dar o seu melhor.
A Academia Militar de Nampula
vai pela segunda vez à Suécia,
após ter vencido a Copa na primeira
edição em 2012.
Competição ao rubro
Entretanto, as emoções voltaram
ao rubro, no prosseguimento da
sétima jornada que teve lugar,
no pretérito fim-de-semana em
quase todas as províncias que
movimentavam esta prova entre
escolas com jogadores até aos 15
anos que compreende três fases,
nomeadamente distrital, provincial
e final.
Na Zambézia, a copa decorre em
Quelimane e Milange. Neste distrito,
a EPC 7 de Abril bateu a
ECP Chá por 7-0; a EPC Eduardo
Mondlane goleou EPC 1
de Junho por 3-0; e a EPC Sede
venceu ES Milange, por 2-0.
Na província de Maputo, a ronda
foi marcada por goleadas expressivas,
com destaque para Nkobe
que “humilhou” a Kezman FC
por 8-0; a São Damanso superou
a Trevo por 7-0 e a Mussumbuluco
bateu as Locomotivas do
Vale de Infulene por 5-0. Já a turma
do Patrice Lumumba venceu
tangencialmente a Infulene por
1-0, tendo sido adiado o embate
entre Sol Quente e Possulane.
Na cidade de Maputo, a
equipa representante da escola
de Hulene-A continua
invicta, não conhecendo o
sabor amargo de uma derrota.
Desta vez, recebeu e
venceu a aguerrida forma-
ção da Polana Caniço por
2-0; Chamanculo perdeu
com Bagamoio por 3-1;
Albasine venceu Hulene-B
por 2-0; a FPLM goleou a
Cosmos por 3-0.
Ouros resultados
Beira: Casa da Cultura-Videira
(2-1), Academia dos
Sonhos da Vida-Serestar
(6-0), ES Ponta Gêa-Academia
Leões da Manga
(2-1), Esc. Industrial 25 de
Junho-AACo (4-2.
Savana 30-06-2017 23 PUBLICIDADE DESPORTO
24 Savana 30-06-2017 CULTURA
F
oi exibido recentemente o
galardoado documentário
intitulado Sembene!, na sede
do Mahla Filmes. Este projecto
é motivado pela vontade de
Sembene, que não conseguiu realizar
em vida, depois de 50 anos de
trabalho dedicado, de devolver as
histórias africanas aos povos africanos.
Durante décadas, enquanto decorria
a colonização de África e até à
independência das suas nações, no
final da década de 1950 e início
dos anos 60, as forças dominantes
no continente consistiam em escolas,
jornais, televisões, filmes e
línguas europeia. A cultura africana
era criminalizada e marginaliza e
muitos africanos perderam a liga-
ção ao seu passado. Começando
com o seu primeiro filme, Borom
Sarret, finalizado em 1962, Sembene
comprometeu-se em usar os
filmes como o que ele chamava
Sembene, desconhecido pela maioria dos jovens africanos
“uma escola nocturna” para os africanos.
Os trabalhos de Sembene
revisitavam a história do ponto de
vista dos africanos, denunciavam
políticos corruptos e celebravam o
que ele chamava “os heróis do dia-
-a-dia”. Sembene passou 50 anos a
fazer filmes e a escrever livros numa
incansável e vigorosa tentativa para
reorientar os povos africanos depois
de gerações de colonização. Infelizmente,
10 anos após a sua morte,
Sembene – um verdadeiro herói
do cinema e auto empoderamento
– permanece praticamente desconhecido
pela maioria dos jovens
africanos.
Do mesmo modo, o galardoado documentário
biográfico Sembene!, e
apesar de ter sido exibido e disponibilizado
online em todo o mundo,
continua a ser difícil de aceder pelas
audiências africanas.
“Sembene Across Africa é concebido
para inspirar qualquer pessoa
que contribua para o progresso de
África”, disse Samba Gadjigo, realizador
de Sembene! e biógrafo
oficial de Ousmane. “Este projecto
representa um enorme avanço
no sentido de atingir a nossa meta
principal: devolver à consciência
africana o legado de uma cultura
de contar histórias empoderadoras
e progressistas. Usando ferramentas
modernas, comunicação digital,
medias sociais, organizações de ní-
vel comunitário, esperamos partilhar
a poderosa história de Sembene
por todo o continente, fazendo
com que chegue àqueles que mais
irão apreciar Sembene!”, afirma.
A Normandy Cinema une-se a
mais de 50 instituições em África
para partilhar a história de Ousmane
Sembene, o “pai do cinema
africano”, que passou décadas a
moldar um cinema relevante, visionário
para uma nova África independente.
O documentário, concebido pelo
biógrafo de Sembene, concorreu
para os festivais internacionais de
cinema Sundance e Cannes, foi
exibido em todo o mundo e foi incluído
em sete listas dos melhores
filmes de 2015, incluindo uma lista
dos dez melhores desse ano publicada
pela revista New York.
Até à data foram confirmadas mais
de 90 exibições públicas do documentário
em 30 países, uma lista
que cresce continuamente. Todas as
exibições são gratuitas. Esta acção
é possível com financiamento da
Ford Foundation e do Sundance
Institute, e de esforços por parte
de cineastas ao nível local, como é
o caso da Mahla Filmes em Mo-
çambique.
Todos os eventos incluem sessões
de conversa após a exibição do documentário,
muitas destas apresentadas
por académicos e cineastas.
A proeminente equipa de conselheiros,
produtores e consultores
do projecto inclui até ao momento
Ngugi Wa Thiong’o (Quénia),
Fatou Kande Senghor, Ousmane
Sene e Rama Thiaw (Senegal),
Gaston Kabore (Burkina Faso), Samanta
Etane e Issa Nyaphaga (Camarões),
Dr. N. André Siamundele
(República Democrática do Congo),
Fibby Kioria (Uganda), e Mickey
Fonseca de Moçambique. A.S
Ousmane Sembene, o “pai do cinema
africano”
O
s músicos Moreira Chonguiça
e Omara Portuondo
vão gravar um álbum
conjunto, resultado da
parceria com o Instituto Cubano
da Música. O Memorando de Entendimento
foi assinado na Cidade
de Havana, Cuba, a 20 de Junho de
2017, entre o Instituto Cubano da
Música do Ministério da Cultura
da República de Cuba, representado
pelo seu vice-Presidente
Alejandro Gumá Ruiz, e a empresa
privada moçambicana More
Promotions Lda, representada por
Moreira Chonguiça na qualidade
de Director-geral, e tem a duração
de cinco anos, renováveis automaticamente
por igual e sucessivos
períodos.
A More Promotions Lda será responsável
pela gravação do álbum
conjunto de Omara Portuondo e
Moreira Chonguiça, numa fusão de
músicas de Cuba e de Moçambique
(o disco será gravado no primeiro
semestre de 2018).
O ICM põe à disposição da More
Promotions especialistas cubanos
que podem colaborar e assessorar
na organização do Dia Internacional
do Jazz em Moçambique
a 30 de Abril de 2018, visto que
a Cidade de Havana, Cuba, foi a
Global Host City de 2017, com o
All-Star Global Concert dirigido
por Herbie Hancock e Chucho
Valdés como directores artísticos
onde estiveram presentes artistas
como Quincy Jones, Richard Bona
(Estados Unidos), Bobby Carcassés
(Cuba), Kenny Garrett, (Estados
Unidos) Herbie Hancock (Estados
Unidos), Ivan Lins (Brasil), Sixto
Llorente (Cuba), Marcus Miller
(Estados Unidos), Chucho Valdés
(Cuba), Pancho Amat (Cuba), Cé-
sar López (Cuba) para mencionar
Moreira deseja doar Timbila a Cuba
alguns. A parceria entre a More
Promotions Lda através do More
Jazz Series Moçambique e o Festival
Internacional Jazz Plaza e Festival
de Jovens Jazzistas (“Jo Jazz”),
para maior divulgação a nível da
região de África e a colaboração,
intercâmbio de artistas entre os
festivais. O Festival Internacional
Jazz Plaza foi criado pelo Maestro
Bobby Carcassés, Prémio Nacional
da Música, em 2012. Em 2016, o
Festival teve lugar nas Cidades de
Santiago e Havana e participaram
artistas como Chucho Valdés, Fatoumata
Diawara & Roberto Fonseca,
Terence Blanchard feat. The
E-Collective, entre muitos outros.
Em resultado da visita de Moreira
Chonguiça ao Museu Nacional
da Música, guiada pelo seu director
Jesus Gomez Cairo, e por ter
questionado e constatado a não
existência de nenhum instrumento
musical de Moçambique, a More
Promotions Lda vai coordenar
para Moçambique doar ao Museu
Nacional da Música uma Timbila
de Zavala, Inhambane, feita pelo
filho do Mestre da Timbila Venâncio
Mbande (visto a Timbila ter
sido reconhecida como Patrimó-
nio Intangível da Humanidade).
Mencione-se que o Museu Nacional
da Música tem uma colecção
de instrumentos de todo o mundo
e contém salas especializadas para
cada tipo, existindo ainda um compartimento
com instrumentos musicais
e objectos que pertenceram a
músicos de renome internacional.
A.S
Moreira Chonguiça e Omara Portuondo
O
CCMA-Centro Cultural
Moçambicano-
-Alemão, em parceria
com a Cooperação Su-
íça, apresenta nesta sexta-feira,
30 de Junho, a partir das 19:30h,
no jardim do CCMA, situado
nas instalações do Franco
Moçambicano, o espectáculo
do músico Ras Dindinho, na 1ª
sessão “Reggae Night CCMA”.
O evento, que também pretende
dar continuidade à festa
das celebrações do dia da Independência
de Moçambique,
surge no âmbito das políticas
de promoção cultural, intercâmbio
e integração dos artistas
e activistas que tem no seu
histórico uma passagem ou relações
de amizade com
a Alemanha, por outro
lado, artistas que espalham
massagens de
tolerância, paz, amor e
não-violência como é
o caso do músico Ras
Dindinho, figura de
cartaz.
Ras Dindinho é músico
e activista social. Esteve
na Alemanha entre
1988 a 1990, regressou
a sua terra natal, Mo-
çambique, tal como
grande parte dos “Madjermanes”.
Em 1990,
por dificuldades que
aqui encontrou, decidiu
migrar para vizinha
África do Sul onde está
baseado até aos dias que
correm, porém, com
pequenas fugas para
Maputo quando surgem
ataques xenófobos
naquela terra.
Embora faça parte do
grande agrupamen-
“Reggae Night CCMA”
to sul-africano The Big Stars
(parte da banda que tocava
com o já falecido músico Lucky
Dube), para este concerto,
Dindinho será acompanhado
pela conhecida banda, WSP-
-Word Sound & Power de
Moçambique, com o músico
Texito Langa na bateria, onde
vai interpretar temas da sua
autoria. Ras Dindinho tem
quatro álbuns gravados na
África do Sul, nomeadamente:
Trust in Jah, Mental Vibration,
More Fire e Freedom Fighters.
Contará ainda com convidados
especiais conhecedores
de grandes palcos internacionais,
nomeadamente: Ras A-
-Xikunda, Sister Rhodália e Dj
Ras Busta. A.S
Ras Dindinho
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1225 DE JUNHO'(
2 Savana 30-06-2017 SUPLEMENTO Savana 30-06-2017 3
Savana 30-06-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Júlia Manhiça (Fotos) O
assunto das dívidas ocultas já se vem arrastando já há um tempo considerável.
A forma ilícita usada para contrair essas dívidas é do conhecimento de todos.
O atropelo às leis do país para executar este acto ilícito demonstra de alguma
forma a fragilidade do nosso estado e a coragem desenfreada das pessoas envolvidas
no caso. O sinal de despreocupação das pessoas visadas no caso causa muita
perplexidade e assusta qualquer um com mínimo de escrúpulos.
O relatório da Kroll, sobre as dívidas ocultas, sempre foi esperado com muita ansiedade,
como a última oportunidade de saber o que todos queremos saber sobre o caso:
quem são os implicados directos e sua respectiva responsabilização?
Embora saibamos que se os responsáveis forem os “intocáveis” deste país não lhes vai
acontecer nada de grave, a necessidade de sabermos a verdade persegue-nos sempre.
Digo isso porque quero partilhar algo que um colega me contou sobre este assunto
da Kroll.
Conta o colega que entrou num local para imprimir um ficheiro que trazia no seu
flash e foi atendido por uma moça. A primeira questão que ela colocou ao meu colega
foi: qual era o ficheiro que pretendia imprimir?
O meu colega respondeu à jovem funcionária que o ficheiro tinha o nome de Kroll.
Foi quando a moça virou e colocou a segunda questão. Dizia ela que ultimamente tem
ouvido por todo o lado falar-se da tal Kroll. Afinal de contas o que é isso de kroll?
O meu colega sorriu para consolar-se. Isso porque a jovem funcionária já ouviu sobre
o assunto e não procurou saber mais sobre o que se tratava. Mas a força da persistência
no assunto no seio da nossa sociedade fez com que um cidadão pacato tivesse
a oportunidade de questionar sobre o assunto. Se o caso fosse abafado logo que foi
despoletado, muitos moçambicanos como esta funcionária não saberiam o que está
a acontecer.
A questão que lhe veio foi como explicar à jovem funcionária do que se tratava, de
uma forma sucinta, para que ela percebesse. Mas o tempo era escasso. Recebeu os
papéis e disse para ela procurar saber do que se tratava.
Agora, as lacunas na transmissão de informação sobre o relatório da kroll ocultaram
as informações que a sociedade precisa de saber concretamente. Soubemos que as
elites meteram a mão para que as informações necessárias não viessem à tona.
As acrobacias que foram usadas para obstruir certas informações neste caso desencadearam
certos comportamentos em certas conversas registadas neste informal. Reparem
no músico José Mucavele e o primeiro ministro da Saúde de Moçambique independente,
Hélder Martins. Outro que não controlou a sua gargalhada foi o escritor
Ungulani Ba Ka Khosa na sua conversa com a esposa de Luís Bernardo Honwana,
Suzete Honwana.
Noutras conversas vemos que os semblantes eram de seriedade e indignação. Referimo-nos
ao diálogo entre o antigo Presidente do Conselho Constitucional, Rui
Baltazar, e o membro da Frelimo, Óscar Monteiro.
O aperto de mão do administrador da Moçambique Capitais, Fulgêncio Magaia, não
atenuou a aparência preocupante do antigo ministro da Juventude e Desportos, Joel
Libombo.
Isso também foi visto no diálogo entre o professor universitário, Aurélio Rocha, e o
PCA da LAM, Pinto de Abreu e sua esposa. Reparem no gesto de se exprsssar de
Aurélio Rocha que deixa Pinto de Abreu e sua esposa agraciados. Mesmo que esteja a
manifestar a sua indignação sobre o desenrolar do assunto das dívidas ocultas.
Dizem o que sabemos
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF +VOIP EF t "/0 99*7 t /o
1225 Diz-se... Diz-se
Ilec Vilanculo
Numa operação que à partida
levanta questões sobre
relações de promiscuidade
e conflito de interesses, a
direcção executiva da Confedera-
ção das Associações Económicas
de Moçambique (CTA) lançou um
concurso público para a contratação
de uma empresa para prestação de
serviços de frete aéreo e a empresa
do seu ex-presidente e actual presidente
da mesa de Assembleia-geral,
Rogério Manuel, foi seleccionada
como vencedora.
O
Instituto de Supervisão
de Seguros de Moçambique
(ISSM) promoveu,
actualmente, nas
províncias de Gaza e Inhambane,
palestras sobre Educação
Financeira em Seguros. As palestras
pretendem dar aos alunos
destas instituições noções dos
principais conceitos do sector,
nomeadamente o conceito de
Seguro, de Tomador de Seguro,
de Apólice de Seguro, Sinistro,
Risco, Seguradora, Prémio, Indeminização,
Beneficiário, Segurado,
tipos de seguro e outros.
Para além de conceitos teóricos,
as palestras promovem igualAlunos
de Gaza e Inhambane capacitados
em matéria de Seguros
Uma delegação composta
por cinco pessoas
participa na quinta
edição do projecto
social infantil internacional
Football for Friendship (F4F)
(futebol pela amizade) que será
realizado em São Petersburgo,
Rússia, a partir de 26 de Junho
a 3 de Julho.
A iniciativa da Gazprom, uma
das maiores empresas de energia
no mundo, com sede na
Rússia e parceiro oficial da
FIFA e da Copa do Mundo da
FIFA 2018, visa desenvolver o
futebol juvenil e promover o
respeito pelas diferentes culturas
e etnias de todo o mundo.
Em 2017, expandiu, consideravelmente,
o número de países
participantes, dobrando de 32
para 64. Os principais valores
apoiados e promovidos pelos
participantes do projecto inMoçambique
participa no
Football for Friendship
mente uma experiência prática,
permitindo uma maior assimilação
e entendimento das ac-
ções realizadas pelo sector.
O ISSM em coordenação com
as Direcções Provinciais de
Educação e Desenvolvimento
Humano de Gaza e Inhambane
já visitou um total de 22 estabelecimentos
de ensino das duas
províncias, abrangendo cerca de
4000 alunos. Foram contempladas
oito escolas secundárias da
província de Gaza e 14 da Província
de Inhambane, das quais
sete escolas e um instituto mé-
dio da cidade de Inhambane e
sete do distrito de Maxixe.
Estas acções enquadram-se
no âmbito da
implementação da Estratégia
Nacional de
Educação Financeira
em Seguros (EFISE)
aprovada pelo ISSM,
com objectivo de divulgar
o papel dos seguros
na economia e na sociedade,
passar informação
relevante sobre
o mercado de seguros
moçambicano e explicar
as vantagens e desvantagens
de dispor ou
não de um contrato de
seguro.
cluem amizade, igualdade, justi-
ça, saúde, paz, devoção, vitória,
tradições e honra.
O Chefe da delegação moçambicana,
Danito Primeiro, explicou:
“o evento acontece no
país onde decorre a Taça das
Confederações com vista a criar
um intercâmbio entre as crian-
ças e incutir nelas a prática do
desporto, sobretudo o futebol”,
contou, momentos antes de
partir para Rússia, acrescentando
que se trata de duas crianças
(atletas) e dois adultos (treinadores)
e uma jornalista local.
Refira-se que para esta temporada,
em vez de se apresentarem
clubes de futebol de diferentes
países, os jovens jogadores serão
divididos em oito equipas internacionais
de amizade. Equipas
de oito jogadores que incluirão
meninos e meninas dos 12 aos
14 anos, incluindo pessoas com
deficiência.
Savana 30-06-2017 EVENTOS
2I
niciou no passado dia 27 de Junho
de 2017 o processo de elei-
ção de presidentes dos Conselhos
Empresariais Provinciais
(CEP), órgãos de articulação e
dinamização do diálogo público-
-privado a nível provincial, sendo
a primeira vez na história da Confederação
das Associações Econó-
micas - CTA que estes conselhos
são submetidos à votação, para
dar maior legitimidade às suas lideranças.
Até ao fecho da nossa edição, tinham
sido eleitos os presidentes
dos CEP’s de Inhambane (Abdul
Razak), Sofala (Ricardo Baúte Conhaque),
Zambézia (Alfredo Ramos
Manuel) e Nampula (Momed
Empossados novos CEP’s
Inusso), que reuniram os requisitos
de candidatura que impõem o
exercício da actividade empresarial
a pelo menos cinco anos.
O processo, que conta com o
acompanhamento do novo elenco
da CTA, liderado por Agostinho
Vuma, e membros dos governos
locais, irá continuar até ao próximo
dia 3 de Julho com a eleição do
CEP da província de Maputo.
Na fase seguinte, os novos líderes
dos CEP’s serão submetidos a cursos
de capacitação para responderem
aos desígnios das associações
empresariais que representam e,
por outro lado, dinamizarem o di-
álogo público-privado a nível local
e criar as condições para a criação
destes órgãos nos distritos.
A
s mudanças climáticas,
caracterizadas pelo aumento
das temperaturas,
estão a contribuir grandemente
no incremento de casos
de malária e doenças diarreicas no
país.
Dados contidos no relatório sobre
o impacto das mudanças climáticas
na saúde, divulgado semana
passada, em Maputo, indicam que
o aumento das temperaturas pode
estar por detrás da alteração, sazonalidade
e a incidência de doenças
como malária e diarreias, visto que
cada vez que a temperatura sob a
tendência dessas epidemias é de se
tornar mais prevalentes.
Na apresentação do documento,
Tatiana Marrufo e James Colborn,
do Observatório Nacional de Saú-
de, referiram que o aumento das
temperaturas, em virtude das mudanças
climáticas, tem um enorme
impacto na transmissão da malá-
ria, já que muda o ciclo de vida do
parasita transmissor da doença.
De acordo com o mesmo relatório,
esta situação fará com que o nú-
mero de casos de malária no continente
africano atinja cerca de 170
milhões até 2030.
As doenças diarreicas também estão
no mesmo pacote e os dados
do estudo indicam que, entre 1997
a 2014, o país registou um total de
sete milhões de casos.
O lançamento do relatório contou
com a presença da ministra da
Saúde, Nazira Abdula, que referiu
que o documento representa um
avanço significativo no entendimento
sobre a relação entre mudanças
climáticas e o agravamento
da malária e as doenças diarreicas
no país.
Abdula disse que está ciente de
Mudanças climáticas
propiciam aumento de
doenças endêmicas
que o sector que dirige é o mais
vulnerável aos impactos das mudanças
climáticas e é por essa razão
que o seu ministério tem estado
a priorizar intervenções na área,
destacando a criação da plataforma
de Observação Sobre o Clima,
Ambiente e Saúde no âmbito do
Observatório Nacional de Saúde
e a assinatura do memorando de
entendimento entre o Instituto
Nacional de Saúde (INS) e o Instituto
Nacional de Meteorologia
(INAM) para promoção da cooperação
técnica científica na área
de mudanças climáticas.
Por seu turno, o ministro da Terra,
Ambiente e Desenvolvimento Rural,
Celso Correia, também parceiro
do MISAU nesta empreitada,
disse na sua intervenção que as
mudanças climáticas são consequências
das acções humanas e a
vida depende de como se trata o
planeta. É nesse sentido que o seu
ministério vai capacitar técnicos
de saúde, em matéria relacionada
com as mudanças climáticas para
estarem preparados para melhor
intervir nesses casos.
De acordo com as recomendações
do relatório, para melhor responder
às mudanças climáticas no
caso da doenças diarreicas, deve-
-se modificar os fluxos das cadeias
de abastecimento para garantir a
entrega atempada de stoks de kits
de reidratação oral aos centros de
saúde locais e promover a educa-
ção sobre práticas de saneamento
básico. Quanto à malária, recomenda-se
melhoria da vigilância e
o seguimento da doença em todo
o país, para além de implantar um
sistema para detectar surtos inesperados
da doença e consciencializar
a população e os trabalhadores
da saúde em áreas mais propensas
à doença
Savana 30-06-2016
EVENTOS
3
A
cantora moçambicana
Xembha lançou, na passada
terça-feira, na cidade
de Maputo, o seu segundo
álbum intitulado “Rhula Africa”,
no qual a artista faz o seu apelo à
Paz. “Ainda há pouco tempo falá-
vamos de guerra, os moçambicanos
estavam a chorar, em busca da paz.
Hoje vemos que algo está a melhorar.
Rhula África veio mesmo para
apelar à paz em todo o continente
e em Moçambique, em particular”,
disse a artista na conferência de imprensa
que marcou o lançamento
oficial do álbum.
Por seu turno, o Presidente da Comissão
Executiva do BCI, Paulo
Sousa, afirmou, na sua intervenção,
que o apoio concedido a Xembha
insere-se num quadro em que o
Banco, fiel à sua forma de estar, tem
vindo, ao longo dos anos, a dar o
seu contributo ao desenvolvimento
das artes e da cultura moçambicanas.
“O nosso apoio a esta iniciativa
não é único. Estamos presentes nos
mais variados festivais de música
em todo o país, alguns dos quais
levam a música moçambicana para
fora de portas. E esta é uma iniciativa
com muito mérito”, referiu Paulo
Sousa, desejando sucessos à artista:
Xembha lança “Rhula Africa”
“Que venham mais trabalhos a seguir,
porque é também o que distingue
muitos dos maiores artistas
pelo mundo fora: a regularidade da
produção artística”.
Já Evaristo Marime, Presidente da
Câmara de Comércio Moçambique
– EUA, um dos principais parceiros
do projecto, elogiou a qualidade da
obra, afirmando: “acarinhamos um
trabalho de grande dimensão feito
por uma jovem cantora que está a
dar os seus primeiros passos. Damos
os nossos parabéns a Xembha.
Agradecemos também a colabora-
ção do BCI, um parceiro de longa
data. É um dos nossos membros
mais antigos. O nosso apoio à cultura
e outras iniciativas enquadra-
-se no contexto de responsabilidade
social das empresas que são nossos
membros e que de alguma forma
dedicam uma parte do seu tempo e
dos seus recursos a apoiarem iniciativas
como esta.”
Refira-se que nesta cerimónia de
lançamento, que contou com a presença
da representante do Ministério
da Cultura e Turismo, Elisabete
Alfredo, e membros da banda
que acompanha a artista, Xembha
formalizou um Memorando de
Entendimento com a PJR Travel,
instituição que passa a agenciar as
viagens da cantora.
O
Standard Bank realiza,
na próxima terça-feira, 4
de Julho, em Maputo, um
Economic Briefing, com o
objectivo de apresentar as perspectivas
económicas, para 2017 e ainda
debater as diversas potencialidades
de investimento no País.
Trata-se de um evento anual, que se
enquadra na estratégia de serviço do
Standard Bank, através do qual esta
instituição bancária partilha o seu
conhecimento em áreas específicas
com os clientes e a sociedade, em
geral, bem como orienta os empresários
na tomada de decisões.
Aguardado com alguma expectativa
no seio da comunidade empresarial,
o Economic Briefing vai contar
com a participação, na qualidade
de orador, do economista sénior do
Standard Bank, Fáusio Mussa, que
vai dissertar sobre as “Perspectivas
económicas de Moçambique”, a ní-
vel macro.
O Grupo Standard Bank será representado
pelo economista Goolam
SB apresenta perspectivas
sobre a economia
Ballim, cuja apresentação vai incidir
sobre as “Perspectivas da economia
internacional”.
Na qualidade de convidado, Osó-
rio Lucas, director Executivo da
MPDC-Companhia de Desenvolvimento
do Porto de Maputo, vai
dissertar sobre o “Investimento em
infra-estruturas”.
O “Desenvolvimento económico e o
papel do sector privado na transformação
do crescimento económico
em desenvolvimento económico”
constitui outro tema a ser abordado
no evento.
Implantado em Moçambique há
mais de 120 anos, o Standard Bank
organiza, anualmente, o Economic
Briefing, onde reúne cerca de 200
agentes económicos e clientes desta
instituição bancária com o objectivo
de apoiá-los no processo de tomada
de decisão, através da partilha das
expectativas da evolução da economia
moçambicana, regional e mundial.
O encontro realiza-se sob o
lema “Moçambique – restaurando a
estabilidade macroeconómica” .
Agenda Cultural
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados e Domingos, 18h30 “TSEKE”
Sábados e Domingos, 15h00 “XILUVA”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música com Zé Barata ou Fernando Luís
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h Música ao vivo
Savana 30-06-2017 EVENTOS
4
O
Ministério da Juventude e
Desportos e as operadoras
de telefonia móvel assinaram,
esta quarta-feira,
em Maputo, um memorando de
entendimento para a renovação do
acordo do Programa SMS Biz, uma
iniciativa que visa providenciar informação
actualizada e aconselhamento
personalizado aos adolescentes
e jovens sobre a saúde sexual
e reprodutiva e ainda a prevenção
do HIV/SIDA.
O programa, que promove a participação
activa dos adolescentes e jovens
no desenvolvimento da sua capacidade
de avaliar, criticar e tomar
decisões informadas, cuja fase piloto
iniciou em 2015, já alcançou mais de
90 mil adolescentes e jovens, contra
a meta prevista de 50 mil, em cinco
províncias, nomeadamente Cidade
de Maputo, província de Maputo,
Gaza, Zambézia e Nampula.
Através deste programa, adolescentes
e jovens podem enviar, para o
número 92222, as próprias dúvidas
e perguntas e obter respostas sobre
saúde sexual e reprodutiva e ainda
HIV/Sida.
Com a assinatura deste memorando,
segundo explicou o ministro
da Juventude e Desportos, Alberto
Nkutumula, espera-se que iniciativa
SMS Biz seja expandida para todo
o País e, desta forma, permitir que
os adolescentes e jovens tenham
mais conhecimento e façam o uso
dos serviços a serem prestados, contribuindo
para a redução de novos
casos de HIV, gravidez na adolescência,
casamentos prematuros e
outras formas de violência contra a
rapariga e mulher.
“Acreditamos que esta parceria contribuirá
sobremaneira para a partilha
de conhecimentos e percepções
e, por esta via, mitigar o risco e a
vulnerabilidade dos adolescentes e
jovens”, considerou Alberto Nkutumula,
que acrescentou que a iniciativa
SMS Biz visa, igualmente, a
obtenção de melhores resultados no
combate ao HIV/SIDA nesta faixa
etária, o que está ligado ao objectivo
de redução de mortes devido a
esta pandemia em 65% e de novas
infecções em adolescentes em 75%
até 2020.
Já a representante da mcel-Mo-
çambique Celular, Felícia Nhama,
reiterou o apoio da operadora aos
esforços do Governo e seus parceiros
visando a promoção da saúde e
do bem-estar dos adolescentes e jovens,
em particular, e da população,
no geral.
Relativamente à iniciativa SMS Biz,
Felícia Nhama referiu que a mesma
“irá levar, de forma célere, informa-
ção útil aos adolescentes e jovens
sobre saúde sexual e reprodutiva e
prevenção do HIV/SIDA”.
Por seu turno, Marcolouigi Corsi,
representante do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF),
parceiro da iniciativa, realçou a importância
e pertinência do SMS Biz,
que deverá alcançar mais de 150 mil
adolescentes e jovens até ao fim do
ano, nas 11 províncias do País.
“Através do SMS Biz os adolescentes
e jovens têm maior acesso
Governo, operadoras e
UNICEF reforçam parcerias
à informação sobre a saúde sexual
e reprodutiva, o que concorre para
a redução do número de novas infecções
pelo HIV/SIDA”, disse
Marcolouigi Corsi, que referiu que
Moçambique tem a oitava maior
taxa de seroprevalência do mundo,
com um total de 1.4 milhão de seropositivos.
Os adolescentes e jovens, na faixa
etária compreendida entre os 15 e
24 anos, apresentam uma taxa de
7.9% de prevalência do HIV/SIDA,
sendo que as raparigas e mulheres
são três vezes mais infectadas que os
rapazes e homens, particularmente
nas áreas urbanas.
C
om vista a cimentar
a sua posição num
mercado cada vez
mais concorrido, a
cerveja Manica lançou, esta
quarta-feira, nas televisões
nacionais, uma série humorística
concebida, produzida,
filmada e encenada por mo-
çambicanos.
Intitulada “ Cena dos Manos”,
o seriado tem quatro
personagens principais que
de forma descontraída contam
suas histórias e momenManica
entra em “cena dos manos”
tos únicos tal como consomem a
bebida Manica.
Com esta iniciativa, a Manica
apresenta uma nova linguagem
publicitária que se traduz numa
série, assumindo dois papéis perante
o seu público alvo, sendo o
primeiro de entretenimento marcado
pelas vivência do dia-a-dia
dos principais protagonistas e o
segundo de publicidade propriamente
dita. Trata-se de uma nova
técnica de comunicação no mercado
nacional que sai dos paramentros
normais de publicidade.
O seriado que gira em volta de
uma das maiores cervejas
nacionais, actualmente
considerada a melhor clara
de África, será exibido
todas quartas-feiras, logo
depois do telejornal na
Miramar, STV e TVM. A
Manica vem reforçar através
desta iniciativa, o seu
posicionamento que tem
vindo a ocupar no mercado
das cervejas, afirmando-se
como a que promove
a verdadeira amizade e a
união entre os amigos.
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