Um conselho criticado e aberto ao Presidente Filipe Nyusi
Presidente, o teu «patrão»—o povo moçambicano—tem estado a acompanhar as visitas que tens feitos aos ministérios que compõem o Executivo que foste contratado para formar e dirigir os negócios deste povo.
Claramente, a avaliar pela tuas reacções, nessas visitas tens estado a constatar que o aparelho do Estado moçambicano está cheio de pessoas viciadas de «deixar andar» enquanto enriquecem ilicitamente a olhos vistos. Quase todos os negócios do Estado são feitos de forma fraudulenta para facilitar o saque. Quem ganha os concursos são empresas fantasmas que depois subcontratam quem devia ganhar o concurso em primeira mão. Uma grande batota! Vai dai que as obras executadas a favor do Estado nunca são de qualidade, ou são abandonadas inacabadas, sem consequências para ninguém.
No fim, é o povo que é mal servido e as reclamações—legítimas!—não param. Os malandros saqueiam impávidos—porque impunes!—os cofres do Estado. O país não avança porque o dinheiro assim sacado não é investido na criação de postos de emprego e na geração de renda para os moçambicanos. O que se faz com esse dinheiro tem sido investir no estrangeiro ou açambarcar recursos naturais (terra, florestas, gemas, minerais, hidrocarbonetos, pescado, etc.) em "joint ventures" mal negociados com "investidores" estrangeiros que acabam tirando melhor proveito do que nós próprios (moçambicanos).
Presidente, eu sei que mudar mudar custa, porque encerra muitas incertezas. Mas é preciso mudar! Temos que mudar, Presidente! Tudo muda neste mundo. Não devemos nem podemos ter medo de mudança, porque a mudança vai ocorrer de qualquer jeito! Para que a mudança não ocorra de qualquer maneira, nós temos pensar, planear e fazer as mudanças que se impõem. Protelar mudanças necessárias no momento oportuno, e ficar a reclamar por aquilo já se sabe que anda mal faz muito tempo, configura má gestão. Quando a mudança se impõe, temos que mudar.Gestão é isso: estar em cima dos acontecimentos e fazer mudanças onde ou quando se mostra necessário.
Cogito que o XI Congresso (da Frelimo) pode ser uma razão para que proteles mudanças. Entendo que é preciso construir alianças fortes para assegurares um possível segundo mandato, para poderes ter tempo suficiente de fazer obras de que te possas orgulhar. É legítimo. Qualquer um de nós quer fazer obras de que se possa orgulhar. Porém, protelar mudanças pode ser uma má estratégia de construir novas e melhores alianças para qualquer propósito. Tenho comigo que é fazendo mudanças quando estas se impõem que se constroem novas e melhores—e se fortalecem as velas—alianças.
Presidente, eu peço-te para parares de "reclamar" publicamente ante o que está andar como não devia, porque isso configura populismo. Samora Machel já fazia isso e não conseguiu operar nenhuma mudança positiva. As coisas só foram ficando cada vez piores até onde estamos—nesta "podridão"! Hoje tu és o legítimo "soberano" por eleição do «patrão». Tens, pois, legitimidade para fazer as mudanças que se impõem para assegurar um melhor desempenho possível do Executivo que diriges. O teu «patrão» só quer melhores resultados. Muda, Presidente, muda sem vacilar ou serás tu sozinho o penalizado pelo teu «patrão»! Não deixa que a campanha de alguma ala interna da Frelimo contra ti, rumo ao XI Congresso, te amordaça. Muda o que não estiver a produzir os resultados esperados pelo teu «patrão»—o povo moçambicano! Muda mesmo, Presidente!
Respeitosamente,
Julião João Cumbane
3 comentários:
O professor Julião, tem uma analise profunda das coisas que estão acontecer na frelimo, isso é muito bom.No entanto, fiquei muito preocupado com a informação que o professor trás ao publico, que indica que há uma campanha na ala da frelimo contra o Nyussi. Que finalidade tem essa campanha? É para destituir o Nyussi para nao concorrer as eleições gerais, e nomear o Armando guebuza como S.G da frelimo e ele ser candidato da frelimo em 2019? Assim ficou a minha dúvida professor!
Não estamos perante um outro Regendra de Sousa, procurando espaço na mesa de grandes manjares? A dívida vendível ainda não foi vendida, não se sabe se por falta de mercado ou os preços são tão baixos que o negocio já não é mais rentável. Depois de fazer referência que tinha frequentado as mesmas escolas que os tipos do F
MI, como isso fosse o cerne da questão, agora só fala de batara-doce e tseke?
Não estamos perante um outro Regendra de Sousa, procurando espaço na mesa de grandes manjares? A dívida vendível ainda não foi vendida, não se sabe se por falta de mercado ou os preços são tão baixos que o negocio já não é mais rentável. Depois de fazer referência que tinha frequentado as mesmas escolas que os tipos do F
MI, como isso fosse o cerne da questão, agora só fala de batara-doce e tseke?
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