segunda-feira, 3 de abril de 2017

promover o desenvolvimento económico e social equitativo entre os povos,

Criada em 1982 com a missão de trabalhar no espírito humanista e solidário para promover o desenvolvimento económico e social equitativo entre os povos, a Associação Ajuda de Desenvolvimento de Povo para o Povo (ADPP) completa 35 anos de actividades em Moçambique. Em entrevista ao SAVANA, Birgit Holm, directora executiva da ADPP Moçambique, disse que a organização desenvolve actividades no sector da educação, saúde, agricultura e desenvolvimento rural bem como no sector de energias renováveis. Contudo, o maior enfoque vai para os capítulos de melhoria de qualidade de educação no ensino primário, luta contra o HIV/SIDA, tuberculose bem como aumento de segurança alimentar e dos meios de subsistência nas áreas rurais do país. Para a execução das suas actividades, a ADPP conta com um orçamento anual de cerca de 24 milhões de dó- lares norte-americanos. A entrevistada contou-nos que a organização chegou à região austral de África em 1980 proveniente da Escandinávia com objectivo de apoiar refugiados zimbabueanos em Moçambique. Após a materialização da independência zimbabueana em 1980, em 1982, a ADPP transformou-se numa organização moçambicana e alistou-se no grupo de movimentos que lutavam contra atrocidades cometidas pelo apartheid na região. Além de ajudar os povos da região austral de África na luta contra as sevícias do governo segregacionista da África do Sul, a ADPP, em coordenação com o Governo de Mo- çambique, virou os holofotes para o desenvolvimento de programas que pudessem ajudar as comunidades rurais a melhorar as suas vidas. De acordo com Birgit Holm, foi nessa senda que, por indicação do Governo, a ADPP iniciou suas actividades apoiando o sector pesqueiro, sobretudo na dotação de habilidades aos pescadores a fim de melhorarem a qualidade e aumentarem a produ- ção. Porém, devido ao seu comprometimento com a construção do homem através da educação, a ADPP, nas actividades que desenvolvia com os pescadores, introduziu a alfabetiza- ção de adultos, visto que a maioria não sabia ler nem escrever o que podia dificultar a sua integração nos mercados. Conta Birgit Holm que, ciente de que o sucesso de qualquer actividade desenvolvimentista depende da formação do homem, a ADPP virou as suas atenções para este sector e, em 1984, abriu a primeira escola técnica convencional no distrito de Matutuine, província de Maputo. Porém, devido ao conflito armado, a escola foi transferida para a zona da Machava no Município da Matola. A partir dessa altura, a ADPP lan- çou-se afincadamente no sector da educação onde, para além do ensino técnico vocacional, também apostou na educação de crianças órfãs e vulneráveis devido à guerra. “Apostamos na educação por acreditarmos que esta é uma das formas mais importantes de investir no desenvolvimento de Moçambique”, frisou. Birgit Holm referiu que, de 1984 a esta parte, cerca de cinco mil técnicos básicos e médios foram formados nas escolas técnicas da ADPP em todo o país. No sector da educação, as actividades da ADPP não se limitam apenas à formação de técnicos de diferentes áreas profissionais, mas também de professores. Em 1992, a organização introduziu o curso de formação de professores primários. Neste momento, são 11 centros de formação de professores espalhados pelo país com um total de dois mil alunos. De acordo com Holm, em 24 anos, a ADDP formou e entrou ao sistema nacional de educação cerca de 17 mil professores. Ainda no domínio da formação, em 2005 criou-se a OWU – One World University (Instituto Superior de Ensino e Tecnologia - ISET), que já colocou no mercado um total de 747 bacharéis e licenciados em pedagogia e Desenvolvimento comunitário. No sector da saúde, a organização está a trabalhar na luta contra o HIV/SIDA, malária, tuberculose e desnutrição infantil. Estas epidemias foram eleitas pelo facto de constituírem parte dos principais desafios de saúde pública que impedem o desenvolvimento económico e social do país. Conta Birgit Holm que, no que concerne à epidemia de HIV/ SIDA, a sua organização está a trabalhar na prevenção e na prestação de cuidados intensivos através da mobilização comunitária. No caso concreto da tuberculose, a organização apostou em campanhas porta-a-porta onde sensibiliza as comunidades a combater e controlar a doença. Para tal, recorrendo a activistas, a ADPP sensibiliza as comunidades a aumentar o diagnóstico precoce, a aderir ao tratamento e fortalecer os serviços de saúde bem como melhorar o acesso ao tratamento. A nossa entrevistada sublinha que a sua organização também está apostada no combate à pobreza através da agricultura. Nessa senda, a ADPP tem sido activa na promoção de práticas agrícolas sustentáveis, desenvolvendo a produtividade agrícola e melhorando os meios de subsistência de pequenos agricultores. Segundo a directora Executiva da ADPP em Moçambique, o desenvolvimento de projectos no sector agrícola iniciou em 1993 com o estabelecimento do Centro de Caju e Desenvolvimento Rural em Nampula. “Inicialmente, no sector agrário, desenvolvemos nossas actividades em sete províncias, mas neste momento estamos a trabalhar apenas nas províncias da Sofala Zambézia, Cabo Delgado e Tete onde trabalhamos com 350 associações de agricultores”, disse. A nossa interlocutora frisou que a sua organização intervém na organização dos camponeses, treinamento em técnicas agrícolas e no agro-processamento, na distribuição de insumos agrícolas e na melhoria do acesso à água para irrigação e aos mercados locais por parte de agricultores. Com vista a tornar esta actividade viável, a ADPP criou um projecto denominado clube de agricultores. Segundo Birgit Holm esta iniciativa tem por objectivo a criação de riqueza entre pequenos agricultores, aumentando a segurança alimentar e a melhoria das condições de vida dos pequenos agricultores das províncias da Zambézia, Tete e Cabo Delgado e Sofala. “Ao apoio agrícola também se juntam as actividades educativas através da alfabetização. Um agricultor que não sabe ler nem escrever tem muitas limitações, tem dificuldades de negociar a comercialização do seu produto. É por isso que em todas as nossas actividades sempre juntamos a componente educação”, disse. Alimentação escolar e o combate à desnutrição infantil A fim de combater os problemas de desnutrição infantil, aumentar o aproveitamento académico e incentivar crianças a ter paixão pela escola, a ADPP em parceria com a Planet Aid, uma organização não governamental norte-americana, está, desde 2013, a desenvolver um Programa de Alimentação Escolar. A iniciativa é desenvolvida em 269 escolas dos distritos de Matutuine, Moamba, Magude e Manhiça e consiste na distribuição de lanche escolar a mais de 79 mil crianças. Isaías Wate, coordenador do Programa de Alimentação Escolar na ADPP, contou ao SAVANA que, para além de alimentação escolar, o programa visa melhorar o desempenho escolar através da assiduidade e melhoria das habilidades de leitura e escrita. Neste domínio, a componente de literacia está a desenvolver um programa de reforço da leitura para as primeiras classes em língua materna que começou este ano em 63 das 269 escolas. Sublinhou que também abarca as componentes de água e saneamento, construção de cozinhas e armazéns, clubes de actividades extracurriculares, hortas escolares, literacia e educação nutricional. Financiado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA), o programa é implementado em colaboração com o Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique. Segundo Isaías Wate, mais de 12 milhões de refeições são distribuídas anualmente às crianças dos quatro distritos da província de Maputo. “A componente alimentação motiva os alunos a irem à escola, melhoram a frequência, ajuda a aumentar a atenção do aluno durante as aulas e apoia o desenvolvimento cognitivo global”, disse. Segundo Wate, para viabilizar a sua implementação, o programa criou comités de alimentação escolar, que contam, dentre os seus membros, com professores, pais, membros de comunidade e as próprias crianças. São estes comités que se responsabilizam pela preparação e distribuição de refeições. Para incentivar os encarregados de educação que de forma voluntária se disponibilizam a preparar refeições para os alunos, o programa distribui mensalmente sabão e capulanas para as perto de 5300 voluntárias. Paralelamente, são efectuados testes peri- ódicos de tuberculose às cozinheiras e às crianças é feita a desparasitação. Conta Wate que, no que diz respeito à água e saneamento, há a destacar a construção ou reabilitação de 324 sistemas de água potável, o que permitiu alcançar 227 escolas com fontes de água limpas e seguras. A instalação destes sistemas é acompanhada de uma componente de educação sanitária, com o envolvimento dos professores e da comunidade. Recordar que a ADPP Moçambique implementa actualmente mais de 60 projectos que abrangem todas as províncias do país e conta com cerca de três mil colaboradores beneficiando anualmente mais de dois milhões de moçambicanos.

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