Hoje estou a pensar no significado do vocábulo "ataque". E isto ocorre na sequência de uma receita que ofereci ao meu amigo, Homer Wolf (HW), para ele se livrar do ódio que lhe faz sofrer, embora ele recuse aceitar que nutre esse ódio pela Frelimo. Eu até sabia que ele não iria assumir que nutre um ódio visceral pela Frelimo, desde que Joaquim Chissano deixou de a presidir. Sim, HW não gostou da mudança de liderança na Frelimo. E a razão dele é que Joaquim Chissano sabia acarinhar Afonso Dhlakama e os seus sucessores não. Isto indicia que o meu amigo (HW) só ama a Frelimo na medida em que esta permitir que se acarinhem bandidos e corruptos. Por assim eu pensar, creio também que ele (HW) não vai gostar da mudança de liderança na Renamo, que se anuncia para breve.
Eu dizia que estou a pensar no significado de "ataque", porque algumas pessoas confundiram a receita contra o ódio que ofereci ao meu amigo (HW) com um ataque meu contra ele. Grande engano dessas pessoas! Eu não ataquei HW. Apenas lhe ofereci uma receita contra o ódio, nada mais. E, tal como eu disse, a receita serve igualmente para qualquer outra pessoa que nutra ódio por algo, eu incluso. Livrar-se do ódio é fácil: é só deixar de pensar mal das coisas, situações ou pessoas. Isto é diferente de deixar de pensar nos actos das pessoas, que algo que se não deve fazer.
Com efeito, desde pequenos aprendemos que na vida há coisas boas e más; há coisas bonitas e feias; há coisas limpas e sujas; há práticas recomendáveis e outras não recomendáveis. Também desde pequenos aprendemos que para viver bem temos que praticar o que é bom e evitar o que é mau. São as suas práticas que distinguem as pessoas em boas e más. As boas práticas decorrem do bom pensamento; as más práticas decorrem do mau pensamento. O pensamento é que governa as atitudes do ser humano. Quem pensa bem, faz sempre bem; quem pensa mal, faz sempre mal. Nunca uma boa obra pode resultar do mau pensamento e nunca uma má obra pode resultar do bom pensamento. O ditado de que há um bem que vem por mal não se refere às obras que resultam do pensamento; quiçá do instinto. Das más práticas das pessoas, das más atitudes, não devemos (se bem que podemos) deixar de pensar e agir. Eu me tenho insurgido contra as más práticas das pessoas, não contra as pessoas em si.
As pessoas que entenderam a minha receita contra o ódio como um ataque contra a pessoa do HW estão, pois, erradas. O seu erro decorre da ignorância sobre a origem das atitudes do ser humano. O ser humano não é governado só pelo instinto. O instinto só serve o propósito da sobrevivência; não serve o propósito da viabilidade. O propósito da viabilidade é servido pelo pensamento. Quem quiser entender melhor o que quero dizer com isto, ponha-se a pensar no facto de que é o ser humano que cria parques de conservação da Natureza, e mais nenhum outro ser vivo conhecido no planeta Terra.
Eu não ataquei a pessoa HW na minha receita contra o ódio. Eu ofereci-lhe a receita. E acredito que ele já a está a aplicar. E ele só ficará bem aplicando a receita que lhe ofereci contra o ódio. O ódio destrói a quem o tem mais do que à situação, ao indivíduo ou objecto por que se tem. E o ódio por algo decorre de pensar mal desse algo. Enfim, o ódio não é instintivo; é elaborado.
Quem não sabe disto sobre o ódio fica caso para estudo. São também casos para estudo as pessoas que confundem discutir pessoas com referência às pessoas. Por exemplo, quando eu digo que Afonso Dhlakama é um bandido, não estou a mentir; estou a mencionar um facto, ainda que desconforte alguém. Quando eu digo a ideia de fundar a Renamo não fundada por moçambicanos, também não estou a mentir; estou a referir-me a um facto. Também não estou a mentir quando eu digo que Joaquim Chissano permitiu que se convivesse com a Renamo armando, e fazendo isso ele violou a Constituição da República de Moçambique, que jurar respeitar e fazer respeitar; estou a mencionar um facto. O mesmo podia dizer do Armando Guebuza, que também permitiu o convívio com a Renamo armada, com uma diferença: ele iniciou o processo de desmilitarização da Renamo, e só não o concluiu por ter sido sabotado por falsos apóstolos da paz, que na realidade são apóstolos da desgraça. Sim, todos aqueles que defendem uma Renamo armada, e condenam as acções das instituições de direito para desarmar esta Renamo, são apóstolos da desgraça. São casos para estudo.
Nos comentadores das minhas reflexões identifiquei alguns casos para estudo, como são os casos de El Patriota, Rafael Ricardo Dias Machalela, Raúl Salomão Jamisse, Cleto Goncalves, Sergio Buque, Chande Puna, Momed Selimane, Elecas António, Hermes Sueia, Olivia Mondlane, David Nhassengo, Mahiriri Ossuka, Mouzinho Zacarias, entre outros. Estes indivíduos furtam-se de prestar atenção aos assuntos que proponho para conversa/debate e reiteradamente confundem as minhas alusões a certas pessoas como ataques contra essas pessoas. Chamar as práticas de alguém pelos seus próprios nomes e qualificar o próprio praticante desses actos pelo adjectivo apropriado, não configura ataque contra esse alguém. Um ataque à pessoa consiste em relacionar essa pessoa com algo que com que não está relacionado, com intenção da causar dano. Nunca fiz isto nas minhas intervenções. Nalgumas intervenções minhas, eu falo das práticas de certas pessoas, veiculando a minha opinião sobre essas práticas. Infelizmente, os implicados nessas práticas, e os seus acólitos, têm interpretado a minha interpelação como um acto de maldade. Estes também são casos para estudo.
Enfim, vamos parar de impedir que as pessoas exerçam a cidadania activa. Estar contra o que alguém fez ou faz, quando não nos parece razoável, não estar contra a pessoa. E tal não significa que a nossa opinião este isenta de falhas ou desvios. Ela (a nossa opinião) também pode não ser razoável, e tem que ser objecto de crítica. Ninguém é dono da verdade excepto sobre os eventos que ocorrem em si ou consigo. Sobre os eventos que envolvem outrem, a nossa opinião é falível, mesmo quando suportada por um bom argumento. Aliás, mesmo sobre nós mesmos podemos (embora não devamos) dizer mentiras. Fazendo isso, viramos casos para estudo. Alguém que acha que outrem faz mal por interpelar pessoas que praticam actos errados, actos que atentam contra a vida de outrem, actos que atentam contra a paz e o amor, actos que atentam contra a unidade, actos que impedem as pessoas de serem reciprocamente solidárias na prática do que é bom para todos; alguém que sente prazer vendo outrem sofrendo, esse alguém é caso para estudo. Há sempre uma razão contrária ao bem associada com as más práticas das pessoas. Desvendar essa razão é o objecto de estudo.
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