Suzana Mafumo, de 29 anos, que queimou o namorado com óleo de cozinha, último domingo, diz tê-lo feito por frustração. A jovem diz que, durante sete anos de namoro, foi obrigada a suportar sucessivos maus tratos por parte de Sebastião Moiane.
“Só eu sei o que passei. Eu não era assim magra e pequena. Tinha um corpo bonito e uma cara muito bem apresentável. Mas por causa das coisas que passei no relacionamento com ele, fiquei assim”, afirmou a jovem, que já se encontra detida na 16.ª esquadra, na cidade de Maputo.
“Já nem sequer consigo olhar-me no espelho. Não consigo ver a pessoa na qual me transformei nestes últimos anos, por consequência de tudo o que tive que passar com ele”, acrescentou. Suzana diz estar arrependida, mas também afirmou: “Acho que poderia voltar a fazê-lo”.
Suzana Mafumo entregou-se às autoridades, na manhã desta segunda-feira, após ter sido dada como desaparecida, depois de queimar o namorado. À nossa equipa, a jovem disse que não desapareceu com intenção de fugir por causa do seu acto, mas sim porque precisava de reflectir sobre o sucedido. Também disse estar disposta assumir as consequências do que fez.
Sebastião Moiane e Suzana Mafumo eram namorados há sete anos. Os familiares, ouvidos pelo “O País” após o sucedido, disseram que, nos últimos tempos, o casal se desentendia com muita frequência e vivia em discussões.
Sebastião Moiane continua a registar melhorias e encontra-se a recuperar dos ferimentos causados pelas queimaduras da violência que sofreu da namorada.
O psicólogo clínico Háchimo Chagane diz que atitudes com esta são fruto de sentimentos obsessivos e que esta forma de amar - que leva as pessoas a centrarem toda a sua vida no parceiro, a ponto de cometerem actos que as podem prejudicar e não pensar nas consequências - é amor doentio.
O psicólogo aconselha as famílias a intervir, sempre que notarem uma convivência conflituosa entre os casais, antes que o pior aconteça. “A família disse claramente que era um casal que vivia em discussões. Era necessário que se tivesse procurado entender o que estava a acontecer, possivelmente o pior não tivesse acontecido. Portanto, as famílias devem ficar atentas a estes sinais”.
Este não é o primeiro caso publicado pelo “O País” envolvendo mulheres que agridem os parceiros com recurso a óleo de cozinha. O primeiro caso, registado a 8 de Fevereiro de 2017, teve como vítima Rúben Matsombe, o qual foi queimado pela esposa, em Maputo, enquanto dormia.
Anselmo Edgar foi a segunda vítima noticiada pelo nosso jornal, este ano. O crime aconteceu no dia 21 de Março, em Quelimane. A mulher de Anselmo também o surpreendeu enquanto dormia, depois deste ter passado uma noite fora de casa. Ao todo, são três casos, três vítimas agredidas com recurso a óleo de cozinha.
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