segunda-feira, 3 de abril de 2017

As cartas que Pedro Dias deixou à família: “Devia ter procurado ajuda. Agora é tarde demais”

CRIME


Na casa onde se entregou às autoridades Pedro Dias deixou cinco cartas escondidas e endereçadas à família. A Polícia Judiciária descobriu-as, revela o CM.
PAULO NOVAIS/LUSA
Pedro Dias escondeu cinco cartas à família (pais, filhos menores e atual namorada) na casa de Fátima Reimão, a professora reformada — e entretanto constituída arguida pelo crime de favorecimento pessoal — que terá acolhido o alegado homicida após o seu regresso de Vila Real. Foi pelo menos na casa de Fátima (amiga de longa data da família deste) que aceitou entregar-se às autoridades no dia 8 de novembro. As cartas foram entretanto descobertas pela Polícia Judiciária e fazem parte do processo contra o Pedro Dias.
Correio da Manhã revela esta segunda-feira parte do conteúdo escrito por Pedro Dias e no qual (particularmente na carta endereçada aos pais) este deixa implícito que terá sido o responsável pelos crimes de Aguiar da Beira — pelo menos do homicídio e tentativa de homicídio dos dois militares da GNR. “Devia ter procurado ajuda e uma vez mais não o fiz, agora é tarde demais. Naquela noite, que ainda é uma confusão para mim, eu encontrava-me a dormir estourado, como vinha a acontecer há algum tempo, quando fui interpelado pela GNR. Disseram que estava a dormir num local suspeito. Bem o que vem a seguir nessa noite já todos sabem”, escreve.
À namorada, o arguido de 45 anos faz referência à cirurgia ao coração a que o filho, de um ano, foi submetido poucos meses antes dos crimes de que é acusado em tribunal. “Quando na véspera da operação do Gui vendi a minha alma ao Diabo nunca pensei que ele viesse reclamar tão cedo e com tanta eficácia”, desabafa.
Quanto à filha de Pedro Dias, hoje com dez anos, a esta o alegado homicida escreve diretamente. Mas a mensagem — um tanto provocatória — parece dirigida a quem a encontrasse [Polícia Judiciária] e não à criança. E lê-se: “Sabes filha que desde o primeiro momento em que toda esta tragédia aconteceu eu só tentava vir ter contigo, mas tentaram e conseguiram sempre que não o fizesse ao som da bala. Podia ter-me entregue mais cedo, mas sabes deu-me um certo gozo que não soubessem do meu paradeiro e eu aqui tão perto”.
O Ministério Público acusou Pedro Dias da prática de dois homicídios qualificados sob a forma consumada, dois homicídios qualificados sob a forma tentada e três crimes de sequestro.
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