Director: Ângelo Munguambe l Editor: Egídio Plácido l Maputo, 26 de Setembro de 2019 l Ano XIV l nº 894 50,00
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Ataques em Cabo Delgado, segundo estudo do IESE
Economia local
financia terrorismo
Fome na
Junta Militar
de Nhongo
Segundo Adriano Nuvunga
Candidatos
não têm
ideias claras
Salvos pelas doações e
apoio de deputados
Terroristas financiados
pela economia local
Um estudo tornado público, na semana passada, pelo Instituto
de Estudos Sociais e Económicos (IESE) aponta que os grupos
radicais que aterrorizam a província de Cabo Delgado, em especial
o distrito de Mocinhos da Praia, eram financiados por dinheiro
proveniente de economia local ilícita e doações, e que as transferências dos valores monetários, eram feitas via electrónica:
M-pesa, M-kesh, M-mola.
Àsemelhança do
que acontece em
out ro s p a í s e s
que enfrentam o
extremismo violento, o financiamento do grupo
dos Al-Shabaab em Mocínhos da
Praia e distritos circunvizinhos,
(pelo menos nos momentos
iniciais), estava muito ligado a
uma economia local ilícita, com
ligações a redes clandestinas de
tráfico de madeira, carvão vegetal, rubis, marfim, entre outros
produtos.
Fontes de financiamento
De acordo com as entrevistas
efectuadas pelo IESE, não só
em Mocímboa da Praia como
também em Pemba, o tráfico de
madeira é uma das actividades
ilícitas que tem alimentado o
financiamento e a reprodução
da violência levada a cabo pelo
grupo dos Al-Shabaab.
Com efeito, segundo fontes
locais, uma rede muito bem
estabelecida e com forte poder
financeiro na Tanzânia contratava pessoal local para o abate
da madeira e seu respectivo processamento em pranchas. Depois
do processamento, barcos eram
enviados para Macomia, nomeadamente na zona de Quiterajo e/
ou outras ilhas para poder fazer
o transporte da madeira para a
Tanzânia ou vendê-la junto de
compradores chineses.
O negócio ilegal da madeira
gerava um lucro muito grande
para os membros do grupo
envolvidos. Só para se ter uma
ideia, de acordo com as fontes
locais, uma prancha era vendida
na Tanzânia por um valor correspondente a 2.500 meticais.
Por mês saíam cerca de 50 mil
pranchas, o que corresponde a
125 milhões de meticais.
Uma insignificante parte
destes fundos ficava nas mãos
dos líderes locais do grupo dos
Al-Shabaab em Mocímboa da
Praia e distritos circunvizinhos.
A partir destes fundos, eles
financiavam actividades de
jovens no mercado informal
em Mocímboa da Praia, através
de esquemas de micro-crédito,
como forma de aliciamento, bem
como as viagens dos líderes espirituais muçulmanos da Tanzânia
para Mocímboa da Praia.
Carvão vegetal e rubis
Para além da madeira, o
grupo dos Al-Shabaa, tal como
detalha o estudo, também estava envolvido na produção e
comercialização de carvão vegetal. Grandes quantidades de
carvão eram transportadas por
embarcações artesanais tanzanianas para serem vendidas na
Tanzânia, particularmente em
Zanzibar ou em outros lugares.
De acordo com fontes locais,
cada saco de carvão vegetal era
vendido na Tanzânia a um valor correspondente a cerca de
2000 meticais, e por semana
saíam cerca de 5 a 10 mil sacos.
Outra fonte de financiamento era o negócio ligado
às actividades de exploração
e venda de recursos minerais,
particularmente rubis. Grupos
de garimpeiros ilegais oriundos da Somália, Etiópia, Tanzânia e região dos Grandes Lagos instalaram-se na região de
Montepuez, tendo estabelecido
alianças com algumas lideranças religiosas locais via laços de
casamento.
Estes grupos de garimpeiros controlavam grande parte
do comércio informal, não só
de pedras preciosas como também de produtos de primeira
necessidade, construção civil,
combustíveis e peças de carros.
Além disso, estes grupos financiavam a actividade religiosa a
nível local, através da construção de locais de culto, nomeadamente mesquitas e madrassas.
Dado o conflito que se instalou entre os garimpeiros informais e a empresa Montepuez
Ruby Mining (MRM), em Fevereiro de 2017, o Estado moçambicano lançou uma grande ofensiva de expulsão dos
garimpeiros ilegais nacionais
e estrangeiros. Esta ofensiva
resultou no abandono dos garimpeiros, tendo muitos deles
perdido seus bens. De acordo
com fontes locais, havia muita
2 | zambeze Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | destaques |
circulação ilegal de armas, que
acabaram nas mãos de jovens
com ligações ao grupo dos Al-
-Shabaab de Mocímboa da
Praia.
Ideologia
No início, o grupo dos Al-
-Shabaab era, acima de tudo,
uma organização religiosa não
militarizada. Gradualmente, o
grupo foi-se militarizando sem,
no entanto, ter uma elaboração
teológica sofisticada nem uma
ideologia claramente definida,
apesar de reclamar a prática de
um Islão fundamentalista.
“Todavia, é importante
referir que o grupo tinha uma
forte propaganda que se estruturava em torno de uma
oposição explícita, por um
lado, às políticas do Governo
e, por outro, às lideranças
islâmicas locais. O grupo moveu uma perseguição à ordem
islâmica localmente estabelecida e incitou os sectores mais
desfavorecidos da população
a insurgir-se contra as elites
político-administrativas de
Mocímboa da Praia”, pode-se
ler no documento.
Nos seus discursos de mobilização das comunidades
locais, os elementos do grupo
dos Al-Shabaab também diziam
pregar a moral. Um dos entrevistados afirma que “eles [AlShabaab] diziam-nos: cortem
o braço ao ladrão, apedrejem
o adúltero até à morte e não
tenham medo do Governo. Não
participem nas cerimónias do
Governo”.
Além disso, o grupo dos Al-
-Shabaab nas suas interacções
com a população local (pelo
menos nos primeiros momentos) defendia que a solução de
problemas como o desemprego, a corrupção generalizada
nas esferas oficiais, a exclusão
política e as desigualdades sociais residia na adesão à versão puritana do Islão. O grupo
também defendia a adesão ao
movimento internacional de
jihad. A sua liderança partia
da premissa segundo a qual era
necessário impor à população
de Mocímboa da Praia a sharia
(lei islâmica).
“Eles proibiam que os seus
filhos frequentassem as escolas
oficiais e que os seus membros
tivessem ligações com as autoridades locais, pagassem impostos e participassem em processos eleitorais. Eles proibiam,
igualmente, que os seus membros frequentassem os hospitais
e vestissem roupas de influência ocidental. De acordo com
fontes locais, os seus militantes
demonstravam uma fidelidade
incomum aos ideais radicais do
grupo e quando falavam com
os vizinhos, consideravam-se
ser os únicos guardiões da forma correcta de rezar e praticar
os preceitos do Alcorão”.
Para o Sheik Saide Habib
há uma clara fragilidade das
forças de defesa e segurança
em conter a onda de ataques
em cabo de Delgado. No entanto, acrescenta que há um
trabalho notável feito, particularmente junto das populações
embora falta muita por fazer.
Acompanhe algumas
linhas da conversa entre
Sheik Saide Habib e a reportagem do Zambeze:
Quem no governo de Moçambique é responsável pela
prevenção e combate ao terrorismo?
Os responsáveis são as Forças de Defesa e Segurança
(FDS), mas o que sucede é que
parece que a policia não está a
conseguir carregar esse fardo,
daí que o Ministério da Defesa
está também a fazer a sua parte.
Com isso não pretendo dizer
que não haja outros actores
envolvidos nessa questão. Diversas organizações também
desdobram-se no sentido de
sensibilizar a juventude que
outrora vinha sendo enganada
para não enveredar por neste
caminho. Os efeitos podem
ser lentos e invisíveis. Há um
trabalho a ser feito.
Há quem diga que há um
mal-estar no seio da juventude,
claro, mas isso não significa
recorrer ao terrorismo para
reivindicar qualquer que seja
a causa, porque estaríamos a
assistir a uma avalanche da
juventude não só da província
de Cabo Delgado, mas de todo
o país, devido ao descontentamento desta classe. Temos uma
plataforma inter-religiosa onde
interagimos com os jovens para
a preservação de modo que não
siga as atitudes dos radicais.
Sabe de alguns programas
que o governo tem no âmbito
de prevenção deste mal?
Relativamente aos programas do governo não posso
precisar. A consciência que o
governo tem é colaborar com
as comunidades, e o que tem
vindo a acontecer pese embora
muito tarde porque em tempos
lembro que alguns líderes religiosos eram conotados como
cúmplices dos insurgentes,
mas com a visita do Ministro
da Defesa houve mudança,
pois notaram que as lideranças
também desdobravam-se para
a prevenção desse mal.
Alguma vez os cidadãos
nas zonas de ocorrências dos
ataques foram informados
sobre a aproximação dos insurgentes?
Bom, esta questão é de difícil resposta, pois abandonar o
lugar para se fixar noutro é difícil, mas existem certas aldeias
que populações abandonaram
em busca de locais seguros,
falo concretamente da aldeia
de Macumo, em Macomia. Só
que nesta movimentação, há
um porém, ou seja, à medida
que as populações abandonam
as suas aldeias em busca de
locais seguros, e deixar livre
o terreno para os malfeitores,
isto pode ter um risco dominó,
ou seja, por causa deste medo,
uma vila pode acabar sendo
ocupada por insurgentes. Sei
que Moçambique tem estado a
equacionar uma coordenação
com alguns países da região,
mas até que ponto isso está,
não tenho conhecimento.
Se me questionar sobre a
possibilidade de a população
aliar-se aos insurgentes para
questões de sobrevivência,
acho eu que e impossível,
porque a sua causa é desconhecida, não há rostos visíveis,
e representam um perigo para
as próprias populações.
Alguma vez as FDS trabalharam com os civis no
âmbito do combate aos insurgentes?
Penso que sim, até porque
a actuação das FDS resume-se
com a população. Mas se me
questionar até que ponto as
relações entre a população e
as FDS são saudáveis? Aí já é
um outro problema, dado que
tem havido exagero por parte
das FDS. Exemplo, há algumas
reclamações da própria população em relação a actuação das
nossas forcas, outra questão
prende-se com o facto de alguns líderes religiosos serem
conotados como apoiantes dos
malfeitores.
Redacção
Polícia não consegue carregar o fardo
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | destaques | zambeze | 3
4 | zambeze | destaques | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
Eleições em Moçambique
Não há ideias claras para
mudar a vida das populações
Em entrevista a DW África, o director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) de Moçambique, Adriano
Nuvunga, fala das diversas metamorfoses da campanha eleitoral
e dos processos eleitorais moçambicanos e acusa a polícia de fazer “vista grossa” aos actos praticados por elementos ligados ao
partido no poder, a FRELIMO. De seguida e com a devida vénia
publicamos a antevista.
Acampanha eleitoral vai para o
momento crucial, a fase final.
Que balanço faz
do processo em geral?
Há duas questões principais
que se colocam. A primeira tem
a ver com a integridade do processo eleitoral, até que ponto os
órgãos eleitorais vão assegurar
que todos os votos contem em
igualdade de circunstâncias. A
situação de província de Gaza,
de estatísticas de manipulação
de orçamento eleitoral, levanta
dúvidas sobre isso. Há cada vez
um pouco mais de confiança nos
órgãos eleitorais, mas fica claramente o ponto de interrogação
sobre até que ponto as condições
estão criadas para que a votação
seja livre por forma assegurar a
justiça eleitoral. Por outro lado,
cada vez que se acompanha essa
campanha eleitoral nota-se o
vazio de ideias à volta do espectro político moçambicano. Fica
a ideia de que os candidatos,
partindo do ponto de vista daquilo que estão a transmitir nas
campanhas fora do manifesto
eleitoral, não há ideias claras e
nem estratégias para mudar a
vida da população no campo
O que está na base da violência eleitoral que se assiste
em Moçambique?
Há três dimensões de violência que estão a marcar a campanha eleitoral. A primeira, tem a
ver com o fato de Moçambique
ter uma sociedade marcada por
violência politica. Ou seja, o
processo eleitoral acontece num
quadro marcado por violência
política, que apesar de, em 1992,
ter terminado o conflito civil que
dividia os moçambicanos, através
do Acordo geral de Paz, na realidade a sociedade moçambicana
não chegou a estar reconciliada
no sentido de aceitação mútua
para que as pessoas possam conviver de forma sã na democracia.
A segunda dimensão, tem a ver
com a intolerância política que
é cada vez mais movida por
aspectos ligados a qualidade governativa em Moçambique. É que
cada vez mais fica claro que é nas
eleições onde se decide quem vai
comer nos cinco anos seguintes
e quem vai passar fome...seja na
relação interpartidária ou intrapartidária. A título de exemplo,
um candidato partidário que é
eleito com 52% dos votos, fica
com 100% do poder e aquele
que teve, por exemplo, 40% dos
votos fica com 0% do poder. Isso
corresponde a passar fome nos
anos seguintes e exacerba os
ânimos na campanha eleitoral. A
terceira e última dimensão, tem a
ver com a forma como os partidos
políticos se relacionam com as
populações, quando compreende
que esta população é favorável
ou não a sua orientação politica.
Nós temos vários observadores
espalhados em todo o país, que
estão a reportar casos em que, na
chamada campanha porta à porta, quando chega uma aposição e
entra na casa da pessoa, esta sai
com uma catana a perseguir essa
pessoa. É essa intolerância que
mostra a dificuldade em aceitar
o princípio central do exercício
democrático. Mas não esquecer que há uma violência mais
estruturada e militarizada em
dois pólos do país: no norte em
Cabo Delgado, onde em algumas
partes já não é possível decorrer
a campanha eleitoral porque
os ataques estão a aumentar, nos
distritos de Macomia e arredores.
Mas também há que considerar
as ameaças em torno do perímetro de corredor da Beira onde o
Mariano Nhongo tem estado a
ameaçar que vai colocar pessoas
armadas. Isto tudo caracteriza o
quadro de violência.
A campanha também está
a registar um índice muito
alto de acidentes fatais. O que
explica tantas mortes assim?
De facto esta campanha é
aquela que mais acidentes mortíferos se regista. Depois do
acidente que houve em Nampula
ainda não foi investigado, esclarecido e anunciado o número
das pessoas que perderam a vida.
Nem investigado qual foi a atitude
das forças policiais, precisamente
como é que se comportaram em
relação aos jornalistas. Porque
há indicação de que jornalistas
foram ameaçados e arrancaram
imagens a alguns para não mostram o que realmente aconteceu.
Este caso tem que ser investigado
e esclarecido. No outro quadro
são acidentes um pouco por todo
país. Acontece mais na campanha
da FRELIMO. É preciso compreender o que é que poderá estar a
passar aqui. Como sabe, é uma
estrutura muito hierarquizada e
uma oportunidade de adjudicar
contratos que podem resultar
em desleixos e descuidos que
acabam em acidentes que matam
os inocentes.
Mas tem havido também
críticas à FRELIMO, que ainda
não decretou luto, nem aceita
falar publicamente sobre essas
mortes?
É um claro desrespeito pela
vida humana, que é surpreendente porque nunca foi assim
na tradição do partido no que
diz respeito a forma como olha
para a vida humana. Mas pode
mostrar também que dentro da
FRELIMO há disputas e que as
estruturas do comando não estão
sintonizadas.
O que é urgente fazer para
evitar mais casos de violência
na fase final da campanha
eleitoral?
Nesta terceira semana houve decréscimo nos actos de
violência. Mas historicamente
quanto mais se aproxima do
fim da campanha recrudesce a
violência. A responsabilidade
número um deve ser dos líderes
dos partidos políticos que devem claramente posicionar-se
contra a violência em público
e mostrar que isto não deve ser
a forma de actuação. No outro
sentido, é actuação da polícia de
Moçambique. Infelizmente a polícia tem estado a ser cúmplice,
protegendo as pessoas ligadas ao
partido FRELIMO e deixar a sua
mercê os militantes da oposição.
O que tem incentivado os grupos mais radicalizados dentro
da FRELIMO a sentirem que a
sua violência é acarinhada pela
polícia. A polícia faz vista grossa
quando estes grupos do partido no poder cometer actos de
violência.
-Adriano Nuvunga à DW
Desde o início da revolução, Mariano Nhongo,diz que “os
guerrilheiros que apoiam a Junta Militar da Renamo, nas bases
do partido, deixaram de receber apoio alimentar e o grupo está
a sobreviver de pequenas doações de membros e deputados”.
Apartir da Gorongosa em teleconferência,
Nhongo, no entanto, não assume os últimos ataques a autocarros de passageiros e de carga
nas províncias de Manica, Sofala, Nampula e Niassa
“Se parar com a campanha
e aceitar que não há voto até
próximo ano, nem um tiro não
vai se ouvir aqui em Moçambique, se não aceitar isso há
tiros”, avisou Mariano Nhongo.
Ele advertiu que a “população está preocupada (em saber)
quem está a disparar armas, é
a Frelimo que está disparar armas, porque não quer coordenar com os partidos políticos”.
Mariano Nhongo lembrou
que a Renamo continua armada
e considerou a continuidade do
decurso de campanha eleitoral
como um “desprezo” às reivinA Polícia da República de
Moçambique (PRM) vai criar
uma comissão para averiguar
as causas do acidente que culminou com a morte de pelo
menos quatro pessoas em
Songo, na província de Tete,
após um comício.
Domingos Mahumane,
porta-voz da Polícia de Trânsito em Tete, as autoridades
estão neste momento à espera
dos resultados preliminares
das equipas técnicas. “Mas
esperemos pela peritagem técnica para determinar as reais
causas do acidente de viação”,
disse o porta-voz da Polícia
de Transito, citado pela AIM.
O acidente ocorreu à saída
da vila do Songo, junto à albufeira de Cahora Bassa, com
um camião que transportava
simpatizantes do partido, na
caixa de carga, e que regressavam aos seus locais de origem após terem participado
num comício da Frente de
Libertação de Moçambique
(Frelimo). O veículo de mercadorias despistou-se pouco
depois de iniciar viagem, saiu
da estrada, resvalando para
uma encosta onde capotou, segundo um comunicado do Gabinete Provincial de Preparação de Eleições da Frelimo, na
província de Tete. A primeira
análise da polícia moçambicana apontava para falhas mecânicas.
No total, 56 pessoas ficaram feridas, 15 das quais em
estado grave. No entanto, até
ao início da tarde de segunda-
-feira, 12 dos feridos em estado grave já estavam estáveis
e receberam alta. Durante um
comício também em Tete na
segunda-feira, o candidato da
Frelimo à presidência e chefe
de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, pediu um minuto de
silêncio em memória das vítimas do acidente.
“O melhor que podemos
fazer pelos camaradas nossos que perderam a vida neste
acidente é garantir que o seu
desejo seja feito, disse Filipe
Nyusi, acrescentando que a
Frelimo tem estado a apoiar as
famílias das vítimas. No dia 11
de Setembro, após um comício
da Frelimo em Nampula, dez
pessoas morreram quando uma
multidão saiu de forma desordenada de um estádio de futebol onde decorria o evento.
Comício em Tete
Polícia averigua causas do acidente
dicações do grupo, que desde
Junho contesta a liderança de
OssufoMomade e ameaça com
acção militar a resistência nas
negociações.
“Não estamos a partir (assaltar) bancas, nem nada, estamos a exigir a democracia”,
precisou Mariano Nhongo,
sobre a sua contestação, para
depois ameaçar que “se não nos
ouvirem, caso as coisas forem
piores, vamos procurar sobreviver, porque temos armas”.
Ataques não assumidos
Na terça-feira, 17, dois camiões de carga foram atacados
com um grupo armado em Zimpinga, num troço da Estrada
Nacional seis (EN6), que liga o
porto da Beira ao interland, ferindo os dois condutores e seus
dois ajudantes.
Ainda nesta semana, a imprensa moçambicana noticiou o
ataque a um autocarro de passageiros por homens munidos
de armas de assalto do tipo AK
47, em Malema, na província
de Nampula, e um assalto a um
comerciante na Gorongosa.
Os incidentes antecederam
um outro ataque a três viaturas, sendo um autocarro e dois
camiões de carga, provocando
o ferimento a três pessoas na
ponte sobre o rio Pungue, zona
limítrofe dos distritos da Gorongosa e Nhamatanda, na província de Sofala.
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | Destaque | zambeze | 5
Mariano Nhongo fala de fome na Junta Militar
Sobrevivemos de pequenas
doações de membros e deputados
6 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
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A campanha eleitoral para
as Eleições Presidenciais, Legislativas e das Assembleias
Provinciais, está a praticamente 20 dias, no momento em
que escrevo para ti, estimado
leitor.
Pois, depois desta quinta-
-feira (19.9.2019), esta campanha eleitoral está a ensinar
ao mundo como os moçambicanos, depois de desavindos,
numa guerra de 16 anos e outras que se seguiram, que, na
verdade, Filipe Jacinto NYUSI
ficará para os anais da história
de Moçambique por ter quebrado o tabu e para cumprir a
promessa do seu “Juramento”,
aquando da investidura.
Dizia na presença do então
Presidente do Conselho Constitucional, Hermenegildo
Gamito, que: “fazia tudo por
tudo para que o povo moçambicano tivesse a PAZ!...”
Filipe NYUSI foi mais
além, pois foi ao encontro
do então líder da RENAMO
Afonso Dhlakama, para “conversas” na Serra de Gorongosa, uma acção imaginável,
para a maioria de todos nós.
Mas fê-lo, em amor ao povo
moçambicano, para cumprir
com a sua promessa: PAZ!...
Durante esta campanha,
nos 20 dias, a FRELIMO
através do seu porta-voz,
Caifadine Manasse, considera
que o trabalho realizado pelo
“batuque e maçaroca” é positivo, pois decorre com o que
estava programado.
No entanto, José Manteigas, porta-voz da Renamo,
enumerou uma série de irregularidades, numa técnica
sempre antiga da “Perdiz”,
que prepara os eleitores para
no fim declarar que: “foram
roubados” e “que as eleições
não foram livres, nem justas
e transparentes…”
Basta ver que alguns jornais que desde a primeira hora
dizem sempre: “que em mais
de 40 anos a FRELIMO não
fez nada…”
Em contra-partida, esses
mesmos jornais NÃO escrevem que: foi a RENAMO
com o regime rodesiano do
tabaqueiro Ian Smith e do
apartheid da África do Sul,
de Piter Botha que atrasou
a “Pátria Amada” em muitos
anos: queimando viaturas,
machibombos (com seus passageiros), queimou escolas e
centros de saúde, raptando
professores e enfermeiros,
destruindo pontes, estradas
e outras infra-estruturas
para cumprir com o que os
colonialistas que abandonaram Moçambique diziam:
“A FRELIMO, o Governo da
FRELIMO só tinha 6 meses
para governar…” Curiosamente, não obstante todo o
tipo de sabotagem, a FRELIMO governou até hoje.
É o que, salvo os entendimentos da PAZ, devemos
recordar à nossa juventude
que vai votar pela primeira
vez: perdoar sim, mas não
esquecer…
O balanço que o porta-voz
do MDM faz é positivo, pois
não considera desastrosa,
como a RENAMO, os primeiros 19 dias de “caça” ao voto,
pelo “galo” incluindo aquela
de vitimização do incêndio
da casa da mãe de Manuel de
Araújo, que se sentindo “invadido” com a popularidade de
Pio Matos, Cabeça de Lista da
FRELIMO, está até ao lado do
seu líder, perante a humildade
do carismático Pio.
Nestas eleições, Filipe
NYUSI, candidato da FRELIMO, promete: TRABALHO, TRABALHO e TRABALHO!... Trabalho sobretudo
para os jovens. Emprego…
Todavia, Ossufo Momade
diz: “Se nós ganharmos, os
jovens com 12ª classe não vão
vender amendoim…”
A propósito um amigo
perguntava-me:
-“É preciso ter muita lata!
Não sabe quantos jovens
tem a 12ª classe que não
tiveram emprego por causa
das destruições da RENAMO
durante os 16 anos e outros de
“bacela”, mas vem agora com
esta, convencidos que todos
são papalvos…”
Mas sobre promessas Ossufo Momade é campeão:
“Vamos construir linha férrea
do Rovuma ao Maputo…”
O meu amigo perguntava-
-me: “O que iria transportar
no trajecto Maputo/Inhambane?...”
-Talvez coco, rale, tangerinas, laranjas!... – era eu, rindo
ele à gargalhadas.
-“É preciso ter muita lata.
Caça ao voto, mas que meçam
as palavras…”
Demonstra que não tem
sentido de Estado.
Por isso, a FRELIMO já está
a contra-atacar: “Não respondam as provocações”. – diz
Filipe NYUSI, candidato da
FRELIMO.
-“Estão a mentir!…” –
contra-ataca o Secretário-geral
da FRELIMO, Roque Silva.
-“Sejam moderados na
linguagem…” – era o apelo do Secretário-Geral da
ACLLN (Associação da Luta
de Libertação Nacional), perante o “excesso de insultos”,
por parte dalguns líderes, que
querem o poder a qualquer
preço, incluindo vandalizações
como sucedeu quinta-feira em
Nacala-Porto, protagonizado
pela ingénua RENAMO.
É para preparar a chamada
“Opinião Pública”, incluindo
os “Observadores”, sobretudo
esses que deram “dinheiro”,
para esforça-los a dizer: “As
eleições foram livres, justas
e transparentes”, mas cheias
de irregularidades. Pretexto
para “novas escaramuças”.
Este povo Moçambicano
está condenado desta forma:
PORQUÊ?...
Mas aquela do líder da
RENAMO, Ossufo Momade,
considerar TODOS “professores” e “enfermeiros” “ladrões”,
porque ganham pouco, mas
ele promete MUNDOS e
FUNDOS, fica sem comentários...
Do discurso realista da FRELIMO às promessas
falsas da RENAMO & queijandos…
Maputadas Francisco Rodolfo
z “Se nós ganharmos, os jovens com 12ª Classe não vão vender amendoim…”
z “Vamos construir linha férrea do Rovuma ao Maputo…”
z “Professores e enfermeiros “ladrões”…
z Técnica de vitimização da RENAMO para os doadores dizerem que: “as eleições não foram livres, justas e
transparentes”, antes delas se realizarem…
Campanha Eleitoral em Moçambique:
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | opinião | zambeze | 7
É urgente reduzir os atropelamentos
O número de vítimas por
atropelamento é muito alto e
preocupante. Basta entrar nas
enfermarias dos hospitais para
comprovar esta realidade, uma
vez que as camas estão ocupadas em grande número por
feridos graves, vítimas de atropelamentos. Entre os atropelados as crianças estão em maior
número.
Sabendo-se que o número
de atropelados é mais elevado
nas cidades, impõe-se um plano de emergência para se poder
reduzir as estatísticas sinistras
que elas quantificam.
Se já tivéssemos um sistema de recolha de dados dos
acidentes que se registam nas
nossas vias públicas, saberíamos quais as vias e os locais
onde os atropelamentos são
frequentes e que merecem uma
intervenção.
Face ao nível de gravidade
alto da sinistralidade rodoviária do nosso país, e em especial dos atropelamentos, seria
de esperar que os responsáveis
pela segurança rodoviária tivessem um plano estratégico
para os combater. Se na verdade existe o tal plano, deveria
ter sido divulgado, tanto mais
que o combate a este fenómeno
rodoviário só pode dar resultados positivos se for um plano
multi-sectorial, onde os outros
parceiros, directa ou indirectamente ligados a esta questão,
incluindo os próprios cidadãos,
possam dar o seu contributo.
Vamos, em seguida, dar
alguns contributos que, em
nossa opinião, podem ajudar a
melhorar o plano de combater
os atropelamentos e, eventualmente, virem a ser aproveitados, caso os nossos dirigentes
os considerem pertinentes.
-Fazer um estudo dedicado
ao levantamento exaustivo dos
locais mais perigosos para os
peões, em Maputo, para depois
tomar medidas correctivas;
_ Sensibilizar os Conselhos Municipais para colocar
passadeiras complementadas
por sinais gráficos verticais,
advertindo e informando sobre a aproximação de um local
frequentado por peões, principalmente próximo das escolas,
creches e hospitais, entre outros locais de risco.
_ Colocar bandas sonoras
em locais de aproximação de
perigo de encontrar peões e,
nos sítios onde os condutores
sistematicamente não obedecem à sinalização de aviso de
perigo, colocar lombas;
_ Colocar placas de refúgio
(também conhecidas por “ilhas
de atravessamento”) em vias
largas que permitam fazer a
travessia em 2 fases.
_ Criar percursos pedonais
contínuos e seguros com ligação entre paragens de autocarros e escolas;
_ Colocar, em locais de
maior risco, mais sinais luminosos em que os peões possam
accionar o mecanismo que faça
acender a luz vermelha do semáforo, obrigando os carros
a parar para deixar o pedestre
atravessar;
_ Colocar barreiras de encaminhamento de peões em locais perigosos;
_ Colocar sinais de limite
de velocidade que obriguem os
condutores a praticar uma velocidade mais baixa próximo de
locais de perigo;
_ Pintar a vermelho, antes
de uma passadeira, a faixa de
rodagem constituída por um
piso de arrastamento, reforçando também com uma pintura
de um sinal de proibição de ultrapassar o limite de velocidade estabelecido nesta referida
faixa de rodagem pintada em
vermelho, para assim advertir
melhor e impor prudência aos
condutores de modo a evitar os
atropelamentos;
_ Promover mais educação
rodoviária nas escolas primárias;
_ Obrigar todos os condutores que tenham cometido atropelamentos aos peões a fazer
um curso de segurança rodoviária para aprender como proceder para os evitar em situações
futuras;
Estas são algumas das iniciativas que devem ser tomadas
para reduzir os atropelamentos.
Não fazer nada, ou fingir que se
faz alguma coisa, com iniciativas isoladas ou esporádicas,
não nos vai ajudar a reduzir a
sinistralidade rodoviária. Nesta passividade, continuaremos,
serenos e indiferentes, a assistir
um espectáculo deprimente de
ir vendo gente a ser esmagada
ou estropiada, com traumas
para toda a vida e a ser morta
prematuramente.
*DIRECTOR DA
ESCOLA DE CONDUÇÃO
INTERNACIONAL
Sobre o Ambiente Rodoviário Cassamo Lalá*
Almadina Sheikh Aminuddin Mohamad
Uma palavra à todos os frustrados da vida
Há entre nós, muita gente que
vive uma situação de desânimo
e frustração, devido a constantes
infortúnios, a doenças prolongadas, etc. Essa gente indaga
sobre as razões para que tudo
lhes esteja correndo tão mal.
Procuram entender por que razão
o destino as “guerreia” de forma
tão cruel. Tentam saber por que
razão as pessoas as odeiam e
conspiram contra elas, daí que
algumas de entre essas pessoas,
de tão desalentadas que andam,
cometem suicídio.Aos desalentados, gostaria de aconselhar a
que tenham calma, que não se
zanguem exageradamente atirando as culpas do seu infortúnio ao
destino, à Terra, ao Céu, à criatura
e ao Criador.
Gostaria que esse tipo de
gente tivesse presente os seguintes
pontos:
1 - Não devemos prestar
atenção apenas àquilo que não
temos e aquilo que nos faz falta.
Devemos antes de mais, prestar
uma cuidada atenção aos favores com que Deus nos agraciou.
Encarando as coisas dessa maneira, concluiremos que afinal
o que temos é muito mais do
que o que não temos, embora
não prestemos a melhor atenção
a isso. Observando as coisas
dessa maneira a pessoa acabará
até revelando alguma gratidão
para com aquilo que Deus lhe
concedeu. Mas se olhar apenas
para aquilo que não tem, então
ficará desanimada e agastada, o
que em nada a ajuda.
2 - Devido à nossa curta visão,
não sabemos o que é bom, nem o
que é mau para nós, pois avaliamos quase tudo, sempre na base
das aparências e não na base da
realidade. Olhamos o presente e
não nos preocupamos em conhecer o futuro. Seguimos cegamente
as nossas paixões e emoções, e
não a nossa consciência.
Há coisas que detestamos,
mas na realidade elas até são boas
para nós. E há outras de que gostamos, mas que na verdade nos
são prejudiciais. Só Deus é que é
Conhecedor de Tudo.
Todos nós conhecemos a
história de José, narrada tanto
na Bíblia como no Qur’án. Pelas
dificuldades e tormentos por
que ele passou, quem diria que
acabaria tornando-se um dos
governantes do Egipto, e que
através de si solucionar-se-ia o
grave problema da seca que então
assolava aquele país e arredores?
Nós temos que enfrentar
com paciência os problemas e
as dores que nos assolam, e não
pensarmos que tais situações são
um castigo divino.
Por vezes tais coisas até provam ser benéficas para nós, pois
delas tiramos grandes li¬ções.
3 - Não devemos atirar as culpas dos nossos fracassos apenas
ao destino, pois essa forma errada
de pensar, em nada nos ajuda,
antes pelo contrário. Leva-nos a
cruzarmos os braços. Inibe-nos
de reagirmos positivamente
no sentido de desenvolvermos
esforços tendentes a encontrar soluções para os nossos problemas.
É bom que assumamos
as responsabilidades dos nossos
insucessos. Devemos lutar e
esforçarmo-nos na direcção certa,
pois assim Deus ajudar-nos-á.
4 - O desespero não deve
ser qualidade de um verdadeiro
crente, pois este nunca desespera
da misericórdia de Deus, ainda
que o Mundo todo lhe feche as
portas, retirando-lhe todos os
meios, à semelhança de Jacob,
que apesar de durante muitos
anos não ter notícias de seu filho
José, ainda ordenou aos outros
filhos seus, que fossem à procura
de seu irmão. Ao lhes pedir isso
disse-lhes: “Olha, só desespera
da misericórdia de Deus, quem
é descrente”.
Portanto, aconselho aos desesperados a não perderem a
esperança num amanhã melhor
que o dia de hoje, pois faz parte
da tradição de Deus girar os dias
entre as pessoas.
A situação no Mundo nunca
pode manter-se sempre no mesmo estado, pois bem diz o provérbio: “O tempo são dois dias.
Um a teu favor e outro contra ti”.
Muitos de nós já vimos gente
cuja situação económica mudou
de um dia para o outro. Gente
que passou da pobreza para a
riqueza e vice-versa. Gente que
um dia é honrada e no dia seguinte é humilhada, e vice-versa.
Gente que vive num ambiente de
grandes facilidades e de repente
só encontra dificuldades, e vice-
-versa.
Por isso, Ibn Mass’ud
(R.T.A.) dizia: “Se a dificuldade
entrar num buraco, a facilidade
persegui-la-á onde estiver”.
Por outras palavras, por mais
longa que a noite seja, nunca ela
é eterna, pois a aurora aparecerá
impreterivelmente.
Portanto, não devemos nem
por um momento perder a
esperança no amanhã. E devemos saber que, se existe o dia
de hoje, existe igualmente o dia
de amanhã. Se o céu apresenta
alguma nebulosidade, cedo ou
tarde ficará limpo.
Ontem hoje e amanhã Marcelino Silva – marcelinosilva57@gmail.com
Tal como dizia no último parágrafo do texto
anterior, é urgente, perante os factos que se
apresentam ,a identificação das medidas que
devem ser tomadas sem
demora para inverter o
actual estado das coisas.
Os governos dos países
de origem dos imigrantes
não podem, não devem,
contentar-se com os seus
discursos de condenação
da violência e de “encorajamento” ao governo
sul-africano no sentido
de responsabilizar os
promotores dos ataques
aos estrangeiros (negros
de alguns países africanos).
Espera-se desses governos uma reflexão sobre as consequências
destas escaramuças recorrentes, bem como a
tomada de medidas para
que cada vez mais menos cidadãos nacionais
encontrem razões para
saírem dos seus países. É
do domínio público que
geralmente, as pessoas
que decidem abandonar
os seus países fazem-no
com a intenção de procurar melhores condições de vida no país de
acolhimento. Encontram
razões para assim decidirem na incapacidade
dos seus países de oferecerem as condições que
seriam de desejar. Movidos por essa desilusão e
frustração, decidem sair
de “casa” para ver se no
“vizinho”, quer seja distante, quer seja próximo,
encontra o alimento que
não o encontra dentro do
seu quintal.
No caso concreto dos
imigrantes que demandam a África do Sul, está
claro que os países de
onde são originários não
oferecem garantias de
que “amanhã” terão razões para não pensarem
em saltar a fronteira. Um
exemplo em miniatura
deste tipo de situações é
a imigração interna. Por
exemplo, hoje, no nosso
país, assistimos, nas cidades capitais – com maior
predominância para as
cidades como a de Maputo, Beira e Nampula,
a milhares de jovens que
idos dos seus distritos de
origem, procuram a possibilidade de emprego,
de negócio e de outras
formas de sobrevivência.
À pergunta sobre porque
é que abandonam as suas
aldeias, ou os seus distritos, a resposta é só uma:
lá, não se vislumbra nenhuma possibilidade de
encontrarem oportunidades para resolverem
as dificuldades impostas
pela vida.
Os processos de imigração são antigos e dividem-se em vários níveis,
sendo de destacar dois: o
dos pobres, que imigram
por uma simples côdea de
pão, e o daqueles preocupados em elevar cada vez
mais as suas condições
de vida (os altamente formados), que anseiam por
salários mais elevados,
compatíveis com a sua
formação e competências
técnicas. Ou seja, apesar
destas diferenças, todos
eles imigram porque têm
necessidade de encontrar
“noutro lado”, as condições que não encontram
no seu lugar de origem.
Conclui-se daqui que que
as migrações irão continuar. Sempre. É da natureza humana; aliás, é da
natureza de todos os seres
vivos.
Os imigrantes, na
maior parte dos casos
partem com a ilusão de
encontrar nos países de
destino, melhores oportunidades do que as dos
seus países. Principalmente do ponto de vista
económico e de estabilidade política e social.
No caso em apreço, e tal
como referi no texto anterior, a África do Sul é
considerado o “El Dourado” da África, pois detém
um dos maiores níveis
de desenvolvimento industrial e tecnológico do
continente africano. Um
desenvolvimento que lhe
permite absorver – não
apenas em termos oficiais, como também no
capítulo informal, uma
considerável parte de
mão-de-obra proveniente
dos países vizinhos e não
só.
As imagens horrendas de gente esfaqueada,
de gente a ser queimada viva, que nos dadas
ver através da televisão,
são suficientes e violentamente repugnantes
para convocarem a nossa
sensibilidade para a necessidade e urgência em
encontrarem-se soluções
para que coisas daquelas
não se voltem a repetir.
As imagens das tendas
montadas nos países de
origem dos imigrantes
para receberem os desafortunados são suficientemente esclarecedoras do
dilema por que passaram
os nossos concidadãos e
continuarão a passar, até
regressarem novamente
“ao local do crime” quando as coisas acalmarem.
Repetindo-se assim se repetir o ciclo, uma e outra
e outra vez…
Xenofobia na RAS:
Que ilações tirar?(2)
8 | zambeze Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
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Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido
e Luís Cumbe
Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá,
Francisco Rodolfo e Samuel Matusse
Colaboradores: Dávio David e Elton da Graça
Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544
(E-mail: munguambe2 @hotmail.com Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002
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| opinião |
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 zambeze | 9
“Aqui trava-se um combate. É duro, mas temos que vencer”. Foi Samora Machel quem disse isso, em 1977, em Cuba.
Samora falava para um grupo de moçambicanos. Estava a adverti-los das dificuldades que ali enfrentariam, e estava a muni-los da
necessária orientação para não desfalecerem perante tais dificuldades. Desde que ouvimos semelhante declaração, na década de 70,
nunca mais dela nos divorciámos, porque em parte alguma conseguimos ler outra frase que superasse tal sabedoria samoriana para
encorajar cidadãos empreendedores a vencer obstáculos e dificuldades na vida. Não é a primeira vez que a usamos em jornais. Já o
fizemos várias vezes. Sentimos
que é a melhor expressão para resumir o que se passa no nosso País. A frase samoriana nunca foi mais actual do que agora. É que
aqui, em Moçambique, trava-se um combate. Ele é duro, mas nós temos que vencer. Trata-se do combate pela afirmação e reafirmação
da nossa identidade moçambicana, do nosso orgulho por este País que nos pertence por direito natural. Nunca houve um momento
tão conturbado como este na nossa questão nacional. Nunca vimos tantos interesses estranhos à pátria a tentarem abocanhar o pouco
que ainda resta do País, como estamos a testemunhar neste momento. Nunca foi tão preciso como agora defendermos a pátria dos
interesses ocultos sempre trazidos com diversos tipos de disfarce. Nunca foi tão importante como agora a clareza nos objectivos, o
posicionamento claro perante questões concretas.
Este não é o momento certo para se ter dúvidas. Este não é o momento certo para se perguntar de que lado é que vamos ficar. Este
não é o momento certo para se tolerar oportunismos e práticas que humilham a nacionalidade e a identidade moçambicanas. Este é o
momento de acção, uma acção vigorosa, mas com os pés bem assentes aqui na terra moçambicana.
Este é o momento certo para se dizer que, no turbilhão vertiginoso de interesses e de agendas em conflito, nós ficamos do lado do
povo moçambicano e apostamos em dar a nossa singela contribuição para a sua promoção e protagonismo. Por isso criámos este jornal,
produto de apoios e contribuições materiais provenientes de diversos quadrantes do público que estava a sentir a falta da nossa voz
no panorama nacional de ideias.
Por isso, escolhemos o 25 de Setembro como o dia do lançamento deste projecto. É que queremos entrar na luta pela porta da frente. Queremo-nos identificar inequívoca e claramente com os objectivos da luta de libertação nacional, iniciada há 54 anos. Estamos
cientes de que a Independência conquistada em 1975 é uma importante base para obtermos a independência real, tanto do ponto de
vista político, como económico e cultural.
O País não se pode considerar independente enquanto o essencial dos seus cidadãos se sentir excluído do sistema económico fundamental, isto é, não existe independência real enquanto os moçambicanos não tiverem o necessário protagonismo no essencial da
economia nacional, no essencial da política nacional e no essencial da cultura nacional.
Os moçambicanos não podem passar a vida a serem chamados de “descapitalizados”, “inexperientes”, “pára-quedistas”, “empresariado
incipiente”, isto é, os moçambicanos não podem passar a vida inteira a serem espectadores, mais ou menos engraçados, de aventureiros
que chegam aqui “com duas cantigas” e se tornam ricos empresários com apelido de “investidores”.
Por outro lado, o País não pode enganar-se a si próprio a pensar que se está a desenvolver porque recebe ajuda externa. Ajuda externa, já o dissemos, é uma boa coisa para nos mantermos onde estamos, mas é coisa que não promove o desenvolvimento sustentável.
O desenvolvimento sustentável do País há-de provir de políticas inteligentes e realistas gizadas para combinar a promoção do investimento nacional com o investimento estrangeiro, tendo como pano de fundo a priorização e inclusão do cidadão moçambicano no
processo fundamental de mudanças no seu País. O protagonista principal tem de ser o cidadão moçambicano, se o objectivo é desenvolver Moçambique através dos moçambicanos. O País tem idade suficiente para pensar seriamente numa estratégia realista e inclusiva
de desenvolvimento. O País tem idade suficiente para concluir que os donativos e ajudas são importantes, mas não são essenciais para
a promoção do desenvolvimento sustentável. O País tem idade suficiente para ver que com os actuais índices de corrupção não é possível promover-se um desenvolvimento que beneficie o povo. É que a corrupção deve ser encarada como um dos inimigos principais
do desenvolvimento de Moçambique, como um entrave fundamental do almejado protagonismo dos moçambicanos nas esferas económicas, sociais e culturais do seu País! Não podemos aceitar continuarmos a ser conhecidos como um dos países onde a corrupção é
epidémica e fonte principal da alimentação do crime organizado. Não podemos aceitar continuarmos a ser um País esquisito em que
abunda o crime, mas não há criminosos, há roubos, mas não há ladrões, há corrupção, mas não se conhecem os corruptos.
Por isso estamos aqui para continuar a levantar a nossa voz como forma de participarmos na construção de um Moçambique melhor, um Moçambique em que os moçambicanos sejam protagonistas principais do seu destino. Tal como antes, seremos críticos para
connosco mesmos e estaremos sempre abertos à participação e às contribuições dos nossos queridos leitores.
Bem-haja o povo moçambicano que recusou de forma enérgica as tentativas de nos silenciarem.
Aqui estamos, de novo e para sempre! 17 anos é obra!
Editorial assinado por Salomão Moyana na edição primeira do ZAMBEZE.
Editorial
| opinião |
17 anos de combate!
10 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
Jornal Publico-Pt Gustavo Mavie gustavomavie@gmail.com
“Dai-me a liberdade absoluta de pensar, falar e argumentar de acordo com a minha
consciência, acima de todas as
liberdades’’, John Milton, escritor inglês que viveu neste
mundo entre 1607 e 1779.
A falsa tese que tem sido
veiculada pelas potências ocidentais e seus servos nos países
que são governados por regimes
que ousaram lutar pelos direitos
dos seus povos, como é o caso
da FRELIMO, está sendo mais
ecoada agora que o país está em
campanha eleitoral, porque esperam com isso persuadir cada
vez mais moçambicanos a votarem contra este partido liderado
agora pelo pragmático e pacifista Filipe Nyusi.
Para os que não estão familiarizados pelos truques a
que as potências ocidentais têm
recorrido para justiçar a sua
intenção de mudar os regimes
que não são do seu agrado, facilmente se deixam levar com a
tal tese de que não pode haver
desenvolvimento enquanto um
país for governado pelo mesmo
partido durante muito tempo,
como é o caso de Moçambique
que está a 44 anos nas mãos da
FRELIMO. O que é pior é que
é disseminada cegamente em
ponto grande por políticos e
certos membros da dita Sociedade Civil moçambicanas. Repetem também a tal falsa tese
de que não pode haver desenvolvimento em Moçambique,
enquanto não haver a tal ALTERNÂNCIA POLÍTICA! Isto
é, a mudança da FRELIMO por
outro partido da oposição!
Trata-se duma falsa tese
amiúde usada pelas nações ocidentais e os tais seus servos da
Quinta Coluna para afastarem
do poder os governos ou regimes que não servem os seus
interesses hegemónicos. O que
prova que é uma tese falsa a
todas as luzes é que há muitos
países por esse mundo fora que
se desenvolveram à velocidade
da luz até e outros que se estão
desenvolvendo sem que nunca
tenha tido uma alternância política ou tenha havido uma ascensão de um outro partido em
substituição de um anterior.
SINGAPURA E CHINA
SÃO ALGUNS DOS PAÍSES
QUE PROVAM QUE FALTA DE ALTERENÂNCIA
NÃO IMPEDE O DESENVOLVIMENTO
Entre os vários países que
agora me vêm à memoria são
a Singapura e a China, que há
mais de 50 anos são governados
pelos mesmos partidos, mas
que registaram ao longo desse
mais de meio século maior desenvolvimento à tal velocidade
da luz que aqueles têm tido a tal
alternância.
No caso da Singapura, não
só tem estado a ser governado
pelo mesmo Partido de Acção
Popular (PAP) desde 1959, ou
seja, um anos antes de Nyusi
nascer, como tem sido governada por uma mesma e única
família por recorrente vontade
do seu povo expressa nas urnas.
Por isso, o actual primeiro-ministro da Singapura responde
sempre aos apelos da oposição
no sentido de não mais votarem no PAP, instando os seus
compatriotas a tomarem as suas
decisões baseando-se no que o
PAP fez para eles e não na falácia dos que estão sedentos pelo
poder.
“Caros compatriotas, olharem para o desempenho do PAP
em vez de tomarem em consideração as exigências de reformas
que são feitas pela Oposição’’,
disse durante a campanha que
antecedeu as últimas eleições.
É uma asserção que bem pode
ser usada pelos dirigentes e
membros da FRELIMO, já que
também eles têm um grande
palmarés de desempenho que
só não é visto por quem não tem
olhos para ver como dizia Jesus
Cristo ou pelos que usam óculos de madeira como dizia Fidel
Castro. É um desempenho tão
grande, não obstante as destruições das infra-estruturas e interrupções ao desenvolvimento
causadas por um dos partidos
da Oposição com um ADN belicista, que estranhamente tem
sido tolerado e beneficiado do
“apoio dos de fora’’, citando
agora o conceituado académico
moçambicano, Elísio Macamo.
Quando a FRELIMO proclamou a independência em 1975,
mais de 90% dos 10 milhões de
moçambicanos que perfaziam a
população do país eram analfabetos. Só havia escolas secundárias na capital e uma única e
pequena universidade também
só na capital, contra mais de
40 que agora foram construídas pelas 10 províncias do país.
Para Elísio Macamo, os tais de
fora deviam era isolar tal partido, como o têm feito nos seus
próprios países sempre que se
guiam por políticas de jaez militar ou que actuem contra as
leis e normas.
Por incrível que pareça,
mesmo que tal partido cometa
atrocidades, nunca o repreendem sequer e mantêm o seu
apoio, incluindo em termos financeiros e materiais. Nestas
eleições, por exemplo, estão a
dar a esse partido com um ADN
belicista muitos dólares e euros,
como uma das formas de garantir que ganhe as eleições de
15 de Outubro próximo. É um
apoio que espanta os que não
dominam a política hegemonista dos tais de fora de que fala
o compatriota Macamo. Esperam reaver tais dólares porque
o novo líder do tal partido jurou
que, caso ganhe, irá criar condições todas as especiais julgadas
necessárias para eles, para que
os seus futuros investimentos
em Moçambique tenham um retorno dobrado ou mesmo triplicado. Apurei de fontes dignas
de crédito, que o novo líder desse partido, que agora está numa
grande crise no seu seio familiar que se resume a duas alas
tribais, reiterou essa promessa
quando na deslocação secreta
que fez a Portugal, pouco antes
do arranque da presente campanha eleitoral.
É mesmo por isso que tudo
fazem para desalojar a FRELIMO do poder, alegando que já
está governar há muito tempo.
É como disse uma alegação,
porque se assim fosse regra
para todos, deviam aplicá-la
também para o PAP que voltou
a ganhar esmagadoramente as
últimas eleições gerais realizadas na Singapura, renovando
assim a sua permanência no poder que detém há 56 anos já. O
PAP ganhou 83 dos 89 assentos
do Parlamento singaporiano, o
que catapultou Lee Hsien Loong, filho do antigo líder independentista e primeiro-ministro
Lee Kuan Yew, à liderança
daquele país-Cidade, por sinal,
um dos mais prósperos da Ásia
e do Mundo.
Nestas últimas eleições multipartidárias, o principal partido
da oposição ganhou apenas três
lugares, menos um que nas anteriores. O fundador da Singapura e pai do actual primeiro-
-ministro governou aquele país
desde a sua independência até à
sua morte a 23 de Março deste
ano, com 91 anos de idade.
Apesar de que Lee Kuan
Yew ter ficado no poder por
muitas décadas, juntamente
com o seu partido dominante
PAP, tal como a FRELIMO, é
porque é dominante politicamente e não por recorrerem à
força de qualquer tipo ou meio,
não foi contudo posto em causa
pelos países ocidentais, e nunca
conseguiram explicar como é
que ele e o seu PAP desmentiram com factos e obras prestadas essa sua tese de que “sem
alternância não há desenvolvimento económico’’.
A política de Singapura é
caracterizada por um sistema
de partido dominante. Como já
disse, o PAP domina por mérito
próprio os processos políticos
da República parlamentarista à
luz duma Constituição em vigor
desde 1959. Isto fica evidente pelo facto de que obteve 82
dos 84 acentos do Parlamento
nas eleições de 2006. Além do
PAP, existem ainda o partido
dos Trabalhadores de Singapura (WP) e o Democrático de
Singapura (SDP), entre outros.
O actual presidente da Singapura é Halimah Yacob desde
2017, enquanto e o primeiro-
-ministro Lee Hsien Loong está
desde 2004, ou seja, há 15 anos.
Na Singapura não há limitação
de mandatos como aqui em
Moçambique e noutros países como os EUA e a França.
Essa limitação cabe ao povo, o
mesmo acontecendo em vários
outros como a Grã-Bretanha.
Outro dos países que é um
desmentido ou que desqualifica esta tese ocidental é a China, que neste caso tem estado
a ser governada pelo mesmo Partido Comunista desde
1949, ou seja, há 70 anos já.
Com efeito, a China registou
um espectacular desenvolvimento em tão pouco tempo
sob a liderança do mesmo Partido, não obstante tenha também sido tão hostilizado pelos
mesmos países ocidentais.
Este país amigo de Moçambique conseguiu em apenas 30
anos um fabuloso desempenho
económico, principalmente a
seguir às reformas iniciadas
por Deng Xiaoping em 1978.
Hoje a China é a Fábrica do
Mundo e é virtualmente a Primeira Economia Mundial 70
anos após ter sido criada por
Mao Tse Tung faz este mês 70
anos. Quem diria!
A partir deste ano, o PIB
manteve um crescimento real
médio anual de 10% - que se
compara com uma taxa de
3,7% para o período 1960-
1977 - ao mesmo tempo que a
sua inflação média mantinha-
-se nos 6% ao ano. Esse crescimento foi um dos factores
por trás da sua gigantesca
redução da pobreza. Segundo
o PNUD, a China conseguiu
reduzir o número de pobres
tinham apenas um rendimento
de menos de US$1 por dia, de
490 milhões para apenas 88
milhões entre 1990 e 2002, ou
seja, em 12 anos! O PIB per
capita (PPP) cresceu quase
dez vezes em 26 anos entre
1978 e 2004, de acordo com o
Center for International Comparisons of Production, Income and Prices, da Universidade da Pensilvânia.
De acordo ainda com dados
do PNUD, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da
China passou de 0,53 em 1975
para 0,78 em 2006. O grau de
urbanização também foi impressionante. A população urbana, que representava cerca
de 18% do total em 1978, passou a ser agora de quase 44%
em 2006. Por certo que agora
é muito mais, já que passam
mais 13 anos de 2006 para cá.
Não é por acaso que o presidente chinês, Xi Jinping, diz
que a China está mais próxima
de atingir a prosperidade, o
ponto mais alto do bem-estar-
-comum dum povo. Nem os
EUA que é visto como o país
onde todos os seus cidadãos
têm pão, leite e mel nas suas
mesas são uma nação próspera, porque o somatório da sua
riqueza está concentrada em
poucas mãos e não na maioria dos seus cidadãos. Para os
singapurianos não se muda um
partido ou líder só por mudar.
Eles se guiam pela tese que
reza que não se muda um cavalo que corre bem. Pior quando aquele que se aponta como
sendo alternativa seja tão ruim
ou pior que um burro.
Desmentindo a tese de que o desenvolvimento
só é possível quando há alternância política
Sublinha Nova Democracia
Queremos libertar Moçambique
do colonialismo negro
O partido Nova Democracia (ND) reservou oúltimo sábado para esclarecer ao eleitorado da cidade e província
de Maputoquea governação
alternativacredível, que tanto defende, deve emergir do
parlamento, com base no
combate àquilo que chamou
de colonialismo negro, acarinhado pelo parlamento que
há muito deixou de debater
questões dos moçambicanos.
Estas declarações
constituíram foco
do partido ND,
durante suas intervenções, nos
principais pontos de maior
concentração da população da
cidade e província de Maputo.
Na capital, a ND frisou durante
o contacto interpessoal com o
eleitorado, que o partido visa
criar equilíbrio na AR, defendendo ideias e leis centradas
nos direitos do cidadão.
Urge reduzir a arrogância
de que caracteriza o partido
no poder, sublinhou a ND, que
encontra confiança no apoio do
povo.
Aos vários e sucessivos
programas falhados, a Nova
Democracia indicou que, uma
vez eleito defenderá, na casa
do povo, cortedas regalias dos
dirigentes incluindo dos deputados, banimento de carros luxuosos, os famosos Mercedes
Benz, a conversão do luxo e
regalias desde ministros, governadores e administradores
em luz e água para o cidadão,
bem como para a importação
de machibombos para a população moçambicana.
Ainda no parlamento, a
ND diz pretender exigir, com
urgência, a responsabilização
daqueles que considera inimigos do povo, envolvidos em
escândalos de corrupção e que
mandam o cidadão pacato pagar. “Urge exigir que todo o infractor pague e só depois a sua
detenção”.
Um outro ponto a merecer
destaque da ND,na AR, incidirá sobre a causa dos médicos.
Segundo este partido, os médicos devem ser continuamente
elevados a sua moral, com base
em incentivo salarial, o que poderá reverter o quadro negro
que caracteriza a classe em particular.
“A ND servia de arma para
desarmar o clientelismo selvagem do governo do dia, que é
campeão no jogo da corrupção,
enquanto o povo ganha troféus da
miséria. As instituições do Estado
deverão ser património comum de
todos os moçambicanos. Portanto,
defenderemos um parlamento que
conceda oportunidades para todo o
cidadão de acordo com suas habilidades e responsabilidades”, argumentou Salomão Muchanga, líder
fundador da ND.
A receptividade do partido era
notória a medir pelo número da
população que aglomerou o mercado grossista do Zimpeto, onde
os candidatos daquele partido à
AR, indicaram a necessidade de
que seja o cidadão comum a ascender ao parlamento e defender a
causa do grupo dos excluídos.
“A Nova democracia é você
no parlamento, é levar o cidadão
comum para a Assembleia da República, e este tenha espaço para
erguer a sua voz, porque já nos
cansamos do mesmo papo”, afunilou Quitéria Guirenguene, candidata a deputada da Assembleia da
República pelo círculo eleitoral da
cidade de Maputo.
Luís CCumbe
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 11
Comercial
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Nyusi promete acabar com a poeira de Moatize
E diz que Tete “está na moda”
O candidato do partido Frelimo, Filipe Nyusi, prometeu
acabar com o crónico problema de poeiras no distrito de Moatize na província de Tete. Segundo Nyusi, caso vença as eleições de 15 de Outubro, a sua aposta será em acelerar o processo da industrialização do país, bem como a diversificação da
economia nacional como forma de aumentar valor a produção
nacional e mobilizar investimento internacional.
Apesar de Nyusi reconhecer
que há vários
projectos de
desenvolvi -
mento em curso na província
de Tete, diz que um dos grandes problemas de Moatize é
a paz, mas também “é o problema da poeira”, disse efusivamente aplaudido pelos
presentes.
De seguida, Nyusi, mesmo reconhecendo o problema
de falta de comida, na época
das calamidades naturais,
o governo da Frelimo está a
trabalhar nesses assuntos.
“Aposto que acompanharam que assinamos um Acordo de Paz e de Reconciliação,
então estamos a trabalhar ou
não?”, questionou Nyusi.
Sobre o assunto de poeiras que fustigam a vila de
Moatize, Nyusi explicou que
“me disseram que reduziu
um pouco, porque a empresa trouxe mais um equipamento novo que abafa um
pouco mas ainda estamos a
trabalhar com a empresa para
melhorar mais ainda”, disse
Filipe Nyusi.
Paralelamente, o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi,
sublinhou que sobre o fornecimento da água naquela
parcela do país. “Eu pessoalmente, vim lançar o projecto
de construção de sistema de
água para Moatize e Tete,
está a sair um bocado a água,
mas vai sair muito mais, porque vai em fases, na fase
mais adiantada terão muito
mais água do que agora”.
Vamos periodizar a diversificação da economia
“Quero agora partilhar
um pensamento (...), quando
apresentei o meu compromisso em Nampula, falámos que
vamos aumentar a agricultura, vamos potenciar a industrialização, melhorar o transporte e muito mais coisas”,
prometeu Nyusi, para de seguida acrescentar que “aqui
em Moatize, quero falar do
projecto no qual a Frelimo
vai priorizar a diversificação
da actividade económica”.
Nyusi disse que é preciso diversificar a actividade
económica, não só porque
o carvão pode acabar, mas
também porque não se pode
ficar dependente de uma só
economia.
A título de exemplo, Nyusi recordou que, quando o
preço do carvão baixou no
mundo, começou haver pouco negócio, as mineradoras
mandaram as pessoas para
esperarem na sua casa. Por
isso mesmo, apelou que não
podemos continuar a pensar
que a população de Moatize
e de Tete só pode viver de
carvão.
“Temos de arranjar mais
oportunidades para a nossa
economia de modo a termos
a capacidade de empregar
mais moçambicanos, esse é
que é o projecto do próximo
ciclo. Mais emprego e mais
trabalho, por isso mesmo,
definimos que uma das áreas
que vamos priorizar, durante
a nossa governação, será a industrialização, Moçambique
deve ser mais industrializado”, frisou Nyusi.
Para Nyusi, existem muitas oportunidades para diversificar a economia nacional.
“Temos, aqui, recursos minerais, carvão, mas também
tem granito, o ferro e não só,
aqui na província de Tete tem
peixe, o turismo, aqui é terra de criação de todo tipo de
gado e a província de Tete é
muito rica em agricultura, na
produção de batata,em Tsangano, cebola em Angónia e
tomate que se vende a um
preço muito barato”.
A aposta de Nyusi para
os próximos cinco anos, segundo disse durante seu showmício em Moatize, é industrializar o país, para além da
necessidade de aumentar a
produtividade. Nesta óptica,
Nyusi desafiou que a produção nacional deve competir
no mercado internacional,
defendendo que quer o produto nacional colocado no
Malawi, na Zâmbia, no Zimbabwe, até na Alemanha.
“O nosso objectivo com a
industrialização é para atrair
mais investimento. Tenho
estado a andar por todo lado
do mundo, a mobilizar investimentos para Moçambique
e estão a vir esses investidores. Por isso que declaramos “zona franca” a algumas
zonas aqui da província de
Tete. Com a industrialização,
vamos aumentar o emprego,
porque aquilo que produzimos na nossa machamba,
ao invés de produzirmos de
forma bruta, como matéria
prima será transformada aqui
em Moçambique”, explicou
Nyusi.
Para Nyusi, a industrialização do país vai ajudar a
equilibrar a “nossa” balança
comercial, o que significa que
as importações serão menores, segundo Nyusi é inaceitável comprarmos tomate da
Enswuatini e da África do sul.
Ainda na província de
Tete, o candidato da Frelimo
pediu votos nos distritos de
Chifunde, Chiuta, Angónia,
Tsangano, Macanga e Cahora
Bassa em Songo.
Nyusi explicou na “escaldante” cidade de Tete que,
depois de ter trabalhado em
Songo, tomou conhecimento que uma das viaturas que
levava parte dos militantes,
simpatizantes e camaradas da
Frelimo, teve acidente e que
perderam camaradas lá.
“Alguns estão de baixa no
Hospital provincial de Tete e
em homenagem a esses camaradas pedimos que observemos um minuto de silêncio. O
partido organizou-se, esteve
com as famílias e temos estado a dar todo o apoio possível
para o conforto das famílias”,
assegurou Filipe Nyusi.
Homenagem aos mártires de
Inhaminga
O showmício de Nyusi estava previsto para iniciar por
volta das 14 horas desta segunda-feira, mas só começou
por volta das 16 horas, Nyusi
explicou que o seu atraso se
deveu a sua ida a província
de Sofala, onde foi prestar
homenagem aos mártires de
Inhaminga.
Segundo Nyusi, fazem
exactamente 45 anos, erguemos um monumento a altura
dessa homenagem. Foi um
lugar onde milhares de moçambicanos foram assassinados entre os anos de 1971
até 1974, sobretudo, porque
Inhaminga foi o último massacre daquela envergadura.
Conforme recordou ainda Nyusi, quando a luta colonial penetrou na província
de Manica e Sofala naquela
altura, os portugueses intensificarem os assassinatos por
causa do “desespero” torturavam moçambicanos e até davam choques eléctricos.
“Então, em homenagem a
esses moçambicanos, o dia é
exactamente hoje, dia 23 de
Setembro, fomos fazer esse
ritual, deixamos lá erguido
um monumento que dignifica
o acto e aqueles que passarem por Cheringoma poderão
observar a história do nosso
país”, enfatizou Filipe Nyusi.
DÁVIO DAVID
12 | zambeze | NACIONAL | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
Elton da Graça
A Frelimo no distrito de Mapai, a norte da província de
Gaza, faz um balanço positivo da campanha eleitoral e entende que o eleitorado está compreender a mensagem que vem
sendo divulgada pelos camaradas que enaltecem os feitos do
candidato presidencial, Filipe Nyusi.
Segundo o porta-voz distrital do partido Frelimo, Paulo
Chauque, a campanha eleitoral
já abrangeu todos os distritos,
considerando que nos postos
administrativos, localidades e
aldeias,há comités de círculos
que tem estado a fazer sua parte divulgando mais o manifesto
do partido Frelimo e a divulgação dos feitosdo candidato
presidencial Filipe Nyusi que é
o garante do desenvolvimento
do país.
“Sentimos calor e muito apoio dos eleitores”, disse
Chauque, considerando que
o distrito de Mapai projecta
para o próximo quinquénio de
governação, caso seja eleito o
partido Frelimo, o aumento da
rede de abastecimento de água,
expansão da rede eléctrica que
já é uma realidade, construção
de escolas e aumento da rede
de saúde.
Paulo Chauque refuta informações segundo as quais alguns membros da Frelimo tem
atacado as caravanas de outros
partidos da oposição, afirmando
que no distrito de Mapai não há
registo de violência entre as caravanas.
Para Chauque, o que acontece são cruzamentos esporádicos
entre as caravanas do partido
Frelimo e da Renamo, este último notório naquele distrito.
Contudo, nunca houve violência.
Relativamente a educação
cívica eleitoral, a fonte entende
que os órgãos eleitorais fizeram
sua parte. Mas o partido dentro
daquilo que é o seu trabalho tem
também lembrado aos eleitores
sobre como votar e se apresentar
no dia de voto.
Refira-se que o distrito de
Mapai tem um assento para a assembleia provincial e conta com
um universo de 15560 (quinze
mil e quinhentos e sessenta) eleitores. É primeira vez que esta
unidade administrativa vai a um
escrutínio eleitoral com este estatuto dado que, no passado,Mapai
era um posto administrativo
agregado ao extenso distrito de
Chicualacuala.
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 13
Com instabilidade na RSA
Moçambique tem oportunidade
portuária competitiva na região
Moçambique foi corredor
de trânsito portuário de exportação de mercadorias ao nível
da região da Comunidade de
Desenvolvimento da África
Austral (SADC). Contudo, com
a guerra de desestabilização,
muitos países abandonaram o
uso do Porto de Maputo,tendo
celebrado contratos longos
com a África do Sul, através do
Porto de Durban.
A província de Mpumalanga e Limpompo, a norte
da África do Sul, exportavam
seus produtos aproveitando-se
das proximidades geográficas
com o porto de Maputo. Hoje,
muitos países da região já não
usam o corredor portuário de
Moçambique como corredor
para o trânsito de mercadorias,
mesmo com a proximidade geográfica da cadeia portuária nacional. O presidente da Câmara
dos Despachantes Aduaneiros
(CDA), Dixon Chongo, diz que
a instabilidade (Xenofobia) que
se vive na África do Sul é uma
oportunidade para que Moçambique se posicione e tome lugar
ao nível da região aproveitando
daquilo que a África do Sul está
a destruir.
“As Repúblicas da Zâmbia,
Zimbabué, Reino de E-swatinee a RD Congo usam o porto
de Durban. Contudo, a olhar
pela geografia comparando
com os portos de Moçambique
pode-se concluir que o Porto de
Durban é distante”explicou.
Dixon Chongo afirma que
chegou a hora de o país olhar
para o trânsito portuário e tornar a apresentar a questão de
segurança como alternativa
fundamental porque Moçambique está em condições de tornar a ser o centro de passagem
de mercadorias ao nível da região. Mas, para materialização
desta pretensão, a que a cadeia
dos portos melhorar e oferecer
melhores serviços.
“Reabilitamos os portos
de Maputo, Beira e Nacala-
-porto. Já não faz sentido que
continuemos a ser derrotados
pelo porto de Durban” constatou, acrescentando que “onde
há uma dificuldade para um
(África do Sul), há oportunidade para o outro neste caso Moçambique”.
Num outro desenvolvimento, o presidente da câmara dos despachantes aduaneiros sublinhou ser preocupante
a disparidade de preços de
desembaraço de mercadorias
nos portos nacionais, o que,
no seu entender, já foi muito debatido faltando agora a
apresentação de uma proposta
ao governo sobre a necessidade de se criar uma entidade
reguladora dos portos e fronteiras de Moçambique.
A cadeia portuária nacional, nas condições em que se
encontra não há regras que
regulem os operadores portuários dos portos da Beira,
Maputo e Nacala, respectivamente porque os procedimentos de desembaraço aduaneiro
não estão concentrados no
mesmo local,ou seja, são diferentes. Para o nosso entrevistado, a única forma de controlar e trazer mais rendimento
na cadeia portuária nacional é
criar uma entidade reguladora
fronteiriça e portuária.
“Isso trará um alento, pois
facilitará o controlo e determinará as regras de funcionamento dos portos de forma
uniforme” disse, acrescentando que só com essa alternativa é que a cadeia portuária se
pode tornar competitiva.
Subida de Preços
Num outro desenvolvimento, Dixon Chongo afirmou que, caso a instabilidade
continue na vizinha África
do Sul, o país poderá assistir
a uma subida galopante dos
preços dos produtos na sua
maioria importados para o
território nacional, embora
saliente ainda que o governo
sul-africano está a desdobrar-
-se com vista a reverter a situação que a cada dia leva a
uma perda de pouco mais de
dois milhões de dólares para
aquele país. “Espero que África do Sul se reencontre, não
há nenhuma economia que
queira perder este dinheiro
diariamente” disse.
Elton da Graça
Província de Gaza
Frelimo promete alargar
serviços sociais em Mapai
14 | zambeze Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
José Matlhombe Zoom
| NACIONAL |
Superada meta de empregos activos para jovens
No â m bit o d a
implementação
da Política de
Emprego (PE),
o Ministério do
Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS) gerou em
2018, 85 porcento de empregos
activos para jovens, superando a meta do quinquénio de
um milhão e quinhentos mil
(1.500.000) postos de trabalho.
A informação foi tornada pública, na segunda-feira, 23 de
Setembro, em Maputo, por
Marta Maté, directora nacional do Trabalho, que falava à
margem da reunião de avaliação e monitoria da PE do
MITESS, alargada aos directores de planificação, técnicos
e parceiros de cooperação.
Marta Maté disse, na ocasião,
que a reunião tinha, também,
por objectivo analisar a elaboração do Informe Anual da
PE, preparar o Informe Semestral da PE de 2019, analisar
os indicadores de emprego a
serem adoptados na monitoria da PE, a orçamentação e
fazer ainda a advocacia para
a orçamentação pró-emprego.
“Nós temos alguns desafios em
relação à qualidade de dados e
descriminação de actividades e
apreciação de alguns indicadores e orçamentação. A Política
de Emprego e o Plano de Acção
cabem dentro do instrumento
de planificação. Estamos a dar
os primeiros passos para a elaboração de um informe relativo
ao segundo ano da implementação da PE 2019. Temos tido
encontros trimestrais com os
pontos focais de vários ministérios e estamos a ver se o relatório
remetido ao Conselho de Ministros, pode ser melhorado. Neste
workshop, estamos igualmente
a analisar os orçamentos dos
sectores prioritários no pilar
três da Política de Emprego e a
desenhar a estrutura do próximo relatório, não obstante este
ano ter apresentado resultados
positivos”, explicou Marta Maté.
Por sua vez, Edmundo Werna,
representante da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), disse que a reunião serve
de catalisadora para as várias organizações e braços parceiros do
MITESS, na avaliação e análise
dos tópicos para a elaboração
do informe anual da PE e
dos indicadores de emprego.
“Esta reunião é uma oportunidade para se discutir o
andamento da Política de
Emprego com os parceiros
do Governo, para ver como
eles podem potencializar a
criação de emprego nas suas
determináveis e diversas políticas”, referiu Edmundo Werna.
Importa referir que a reunião
contou com a participação de
representantes dos ministérios
envolvidos na PE, parceiros
sociais, Banco de Moçambique,
OIT, entre outros.
Edil de Angoche e funcionários
em rota de colisão
Membros da Frelimo, no distrito de Angoche, província
de Nampula, acusam o edil de Angoche, Ossufo Rajá da
Renamo, de fazer vida negra aos camaradas. Segundo a
Frelimo, em Angoche, Ossufo Rajá se recusa a pagar o 13º
salário do ano passado e de Janeiro do presente ano.
Lázaro Machanga,
funcionário da
autarquia da cidade de Angoche, “
jura-de-pés” que
o edil Ossufo Rajá se recusa a
pagar o 13º salário do ano passado e nem do mês de Janeiro
do ano corrente.
“Ele cortou-me o salário do
mês de Julho, enquanto trabalhei 30 dias. Gostaria de saber
qual é o problema do meu salário”, questionou Muchanga.
Conta ainda Machanga que
teve um acidente e, quando levou o atestado médico para o
serviço, o edil disse que não
tinha nada a ver, porque ele é
membro do partido Frelimo.
“Não tenho nenhuma explicação plausível, a primeira vez,
ele disse-me que não queria
falar comigo, mas como funcionário quero saber sobre o
pagamento do salarial do 13º
e do mês de Janeiro”, indagou
Muchanga.
Perante a insistência de
Machanga, segundo ele, o edil
Rajá disse-lhe que o edil cessante é que “consumiu o nosso
salário e que ele não tem nada
a ver”.
Entretanto, o nosso entrevistado disse que gostava que
o vencedor nas eleições de 15
de Outubro construísse mais
hospitais e escolas para os estudantes. “No mês antepassado, vi 500 novos graduados em
Maputo, gostaria que graduassem mais em todo o país”, disse
Machanga.
Por seu turno, Ali Sulemane, outro natural de Angoche,
disse ao Zambeze que em Angoche o presidente eleito “deve
ajudar-nos a por as nossas
crianças a estudar e aumentar
emprego para os nossos filhos,
aqui em Angoche não temos
emprego também”, desabafou
Sulemane.
“Nós trabalhadores da Conselho Autárquico de Angoche,
por sermos membros da Frelimo, estamos a passar mal,
queremos que Nyusi nos ajude
e fale com as pessoas que estão a nossa frente, para termos
um bom salário, porque aqui
em Angoche, estamos mal”, lamentou ainda Sulemane.
Angoche pede mais estradas
A vila municipal de Angoche é famosa na produção agrícola, sobretudo, na produção de
castanha de caju, mas, de acordo com os nativos, produz-se
muita comida, mas já não existem fábricas, o que faz com que
os produtores recolham o caju
e vendam noutras paragens longínquas.
Para além de caju, em Angoche, também há muito peixe
“mas a nossa estrada também
está mal e há muita poeira”,
acrescentou Sulemane.
Omar Obede, outro funcionário de Conselho Autárquico de Angoche e membro do
partido Frelimo naquele ponto
de país, em entrevista ao Zambeze, explicou que tem quatro
filhos, mas infelizmente lamenta que três deles não conseguiram estudar nesse ano,
alegadamente porque o salário
que recebe no Conselho Autárquico é pouco.
“O nosso presidente Filipe
Jacinto Nyusi trabalha bem e
a população de Angoche gosta muito dele, o problema que
temos é falta de estradas”,
disse Obede para de seguida
acrescentar que “apostamos
em Nyusi, porque ele trabalha
para a população a nível nacional, Nyusi construiu muitas
estradas desde a Zambézia,
Beira até Maputo”.
Para o nosso interlocutor,
o Acordo de Paz assinado com
a Renamo também não passa despercebido no primeiro
mandato de Filipe Nyusi, aliás, Obede garante que “agradecemos bastante, passávamos sempre mal por causa
da guerra, mas agora, graças
a Alah e a Nyusi, temos paz,
agradecemos muito. No próximo mandato queremos que ele
faça mais daquilo que já fez,
queremos estradas para Angoche e emprego para os nossos
filhos”, defendeu Obede.
Refira-se que ainda na vila
autárquica de Angoche, Filipe Nyusi explicou que o seu
partido estava a confortar as
famílias que perderam os seus
familiares no trágico acidente
do Showmício da cidade de
Nampula.
Segundo disse Nyusi na
ocasião, a Frelimo está a trabalhar no sentido de também
localizar os familiares dos
dois membros da Frelimo que
estavam perdidos na sequência
do referido incidente “o nosso
secretário-geral está no terreno
juntamente com o nosso chefe
da brigada central da província
de Nampula, foram as casas
das famílias dos óbitos. O partido Frelimo está a tomar iniciativas no sentido de apoiar
todo o processo e as brigadas
estão nas casas dos nossos irmãos para confortar as famílias e uma das formas que temos é honrar a palavra que os
nossos camaradas tinham, ou
seja cumprir o desejo deles”,
explicou Nyusi.
Aliás, Filipe Nyusi alegou
ainda que pediu também as autoridades moçambicanas para
averiguar o que teria acontecido em Nampula e como tudo
aconteceu.
Nyusi disse ainda que, em
2014, a cidade de Angoche havia prometido votar nele, mas
segundo ele próprio “depois
não vi nada” explicou ainda
que aceitou candidatar-se para
mais um mandato porque há
muita coisa “que realizamos,
começamos com a distribuição
de água nos cinco postos administrativos, o único problema
que falta resolver é levar também a água para localidades e
povoações, então, eu disse que
não valia a pena eu fugir”.
“Aceitei também porque a
ideia de construir represas de
água está a dar certo, em Naluco, já há mais água que dá para
a pastagem mas também para
irrigação para continuarmos
a produzir. Aceitei também
porque o centro de transferência de tecnologias para a produção de arroz, está aberto,
mas queremos mais centros,
mas também para transferir
mais conhecimento”, sentenciou Nyusi.
DÁVIO DAVID
Nós trabalhadores da Conselho
Autárquico de
Angoche, por
sermos membros
da Frelimo, estamos a passar mal,
queremos que
Nyusi nos ajude e
fale com as pessoas que estão a
nossa frente, para
termos um bom
salário, porque
aqui em Angoche, estamos mal
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 15
16 | zambeze | CENTRAIS| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
Dia 25 de Setembro
Recordar o troar das armas em tempo de paz
Comemora-se no dia 25 de Setembro, feriado nacional, o dia
das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Reza a História
de Moçambique que foi nesta data, no ano de 1964, que guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO),
encabeçados por Alberto Chipande, assaltaram o Posto Administrativo do Chai, Província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, iniciando a Luta Armada de Libertação Nacional.
“Opolícia
veio e
estacionou à
porta da
casa do chefe de posto, sentado
numa cadeira. Era branco. Eu
aproximei-me do polícia para o
atacar. O meu tiro era o sinal para
os outros camaradas atacarem. O
ataque teve lugar às 21 horas.
Quando ouviu os tiros, o chefe
de posto abriu a porta e saiu –
foi morto por um tiro. Para além
dele seis outros portugueses foram mortos no primeiro ataque.
A explicação dada pelas autoridades portuguesas foi “morte
por acidente”. Retirámos. No dia
seguinte fomos perseguidos por
algumas tropas – mas nesse momento já estávamos longe e não
nos encontraram.”
Alberto Chipande, que conduziu uma dúzia de homens,
descreveu assim no seu relatório
a ocorrência naquela noite de 25
de Setembro de 1964.
O Chai, o lugar escolhido
pela Frelimo para desencadear a
luta armada de libertação nacional, era uma pequena localidade
do interior de Cabo Delgado que
pertencia administrativamente a
Macomia. Uma dúzia de construções povoava aquele lugar: a
casa do chefe do posto, uma secretaria anexa, a casa do gerente
da Companhia Algodoeira do
Sagal, dois estabelecimentos comerciais, um pequeno hospital,
a cadeia, as casernas dos soldados e as residências dos polícias
brancos e dos sipaios negros.
No dia seguinte, o Comité
Central da Frelimo, baseado em
Dar-es-Salam, capital da Tanzânia, lançou a palavra de ordem
histórica de desencadeamento
da insurreição armada do povo
moçambicano contra o colonialismo português.
“Em Vosso nome a Frelimo proclama hoje, solenemente, a insurreição geral armada
do povo moçambicano contra
o colonialismo português, para
a conquista total e completa de
Moçambique. O nosso combate
não cessará senão com a liquidação total e completa do colonialismo português.”
Depois foi o que se sabe: a
guerra de libertação nacional
durou dez anos, até Setembro
de 1974, com a entrada em vigor dos chamados “Acordos de
Lusaca, que previam a independência do país para o dia 25 de
Junho de 1975, data em que se
completaria mais um aniversário
da fundação da Frelimo.
Em Moçambique, o conflito
começou em 1964, resultado da
frustração e agitação entre os
cidadãos moçambicanos, contra
a forma de administração estrangeira, que defendia os interesses económicos portugueses na
região. Muitos moçambicanos
ressentiam-se das políticas portuguesas em relação aos nativos.
Influenciados pelos movimentos
de autodeterminação africanos
do pós-guerra, muitos moçambicanos tornaram-se, progressivamente, nacionalistas e, de forma
crescente, frustrados pelo contínuo servilismo da sua nação às
regras exteriores. Por outro lado,
aqueles moçambicanos mais
cultos, e integrados no sistema
social português implementado
em Moçambique, em particular
os que viviam nos centros urbanos, reagiram negativamente
à vontade, cada vez maior, de
independência. Os portugueses
estabelecidos no território, que
incluíam a maior parte das autoridades, responderam com
um incremento da presença
militar e com um aumento de
projectos de desenvolvimento.
Um exílio em massa de
políticos da intelligentsia de
Moçambique para países vizinhos providenciou-lhes um
ambiente ideal no qual radicais
moçambicanos podiam planear
acções, e criar agitação política, no seu país de origem. Do
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 |CENTRAIS | zambeze | 17
Dia 25 de Setembro
Recordar o troar das armas em tempo de paz
O Centro de Integridade Pública de Moçambique denunciou
casos de corrupção na emissão
de cartas de condução no Instituto Nacional de Transporte Terrestre em Maputo, num esquema
fraudulento que chega a render
cerca de 30 milhões de meticais
por ano.
De acordo com uma investigação da organização divulgada
num documento distribuído à
imprensa, o esquema envolve
funcionários do Instituto Nacional de Transporte Terrestre, em
que são cobrados cerca de 50 mil
meticais para a emissão de uma
carta de condução, sem que, no
entanto, o titular tenha passado
por uma escola de condução,
como determina a legislação.
O CIP, que simulou interesse
em ter o documento, apresenta
com detalhes passos para obter
a carta, começando por identificar o “homem que faz parte do
esquema”, que começa nas escolas de condução e vai até aos
agentes do Instituto Nacional de
Transporte Terrestre, entidade
que emite as cartas de condução.
A carta comprada é, em tudo, semelhante à original.
A ONG diz ainda que cidadãos nigerianos e chineses são
os maiores beneficiários dos esquemas de falsificação de cartas
de condução.
“Em Dezembro de 2018, um
cidadão nigeriano foi interpelado por funcionários do INATTER quando ia levantar a carta
[…] e não falava, nem entendia a língua portuguesa, factor
este que aumentou os níveis de
desconfiança de que a carta foi
emitida de forma ilegal”, contou
um colaborador do Instituto Nacional de Transporte Terrestre
ao CIP.
Os acidentes de viação estão entre as principais causas da
mortalidade em Moçambique,
um país paradoxalmente com
um parque automóvel muito
baixo. Dados consultados pelo
CIP indicam uma discrepância
entre os candidatos examinados
e emitidos, o que denota que há
um “número elevado” de cartas
de condução a circular com cidadãos inabilitados.
O CIP diz que morrem por
semana 30 pessoas vítimas de
acidente de viação, posicionando Moçambique entre os 20 países do mundo com a taxa mais
elevada de mortes por acidentes de viação.
“Há que ter em conta o facto de grande número de condutores se fazer à estrada sem ter
passado por exames de condução, seja de aptidão física, seja
do domínio das regras de trânsito ou de habilidade prática
para conduzir”, justifica o CIP.
Os acidentes de viação estão entre as principais causas
da mortalidade em Moçambique, um país paradoxalmente com um parque automóvel
muito baixo.
Emissão de cartas de condução
CIP denuncia “indústria de corrupção”
ponto de vista militar, o contingente militar português foi
sempre superior durante todo
o conflito contra as forças de
guerrilha. Embora em desvantagem, as forças da FRELIMO
saíram vitoriosas, após a Revolução dos Cravos em Lisboa, a
25 de Abril de 1974, que acabou com o regime ditatorial em
Portugal.
Moçambique acabaria por
obter a sua independência em
25 de Junho de 1975, após mais
de 400 anos de presença portuguesa nesta região de África.
De acordo com alguns historiadores da Revolução Portuguesa
do 25 de Abril, este golpe de
Estado militar foi impulsionado principalmente pelo esforço
de guerra e impasses políticos
nos diversos territórios ultramarinos de Portugal, pelo desgaste do regime então vigente e
pela pressão internacional.
Independência
As primeiras tentativas de
negociação de paz datam de Setembro de 1973, ano em que Jorge Jardim, empresário há muito
estabelecido em Moçambique
e com contactos privilegiados,
tanto em Portugal como em
África, se encontra com Kenneth Kaunda, líder zambiano,
para analisar um esboço de um
“acordo de paz.” No entanto, a
apresentação desta proposta ao
governo presidido por Marcelo
Caetano não é bem recebida. Novamente, em Junho de 1974, depois do golpe de estado, Portugal
faz nova tentativa de acordo de
paz e cessar-fogo, numa reunião
em Lusaka, em que estiveram
presentes o presidente Kaunda, Mário Soares (Ministro dos
Negócios Estrangeiros), Otelo
Saraiva de Carvalho (MFA) e
Samora Machel; o encontro não
correu bem, e a proposta não foi
aceite pela FRELIMO que, dada
a instabilidade e desorganização
militar em Moçambique, atacava as propriedades dos cidadãos
brancos. Só em Agosto é que a
FRELIMO cessaria a sua actividade militar contra os portugueses.
As negociações entre a administração portuguesa, através
do MFA, e a FRELIMO culminaram na assinatura dos Acordos
de Lusaka em 7 de Setembro de
1974 na Tanzânia, com a transferência de soberania para as
mãos da organização moçambicana. No entanto, a situação dos
colonos não ficou bem definida, principalmente no que dizia
respeito às suas propriedades,
restantes bens e situação profissional, o que levou a uma insatisfação generalizada entre estes,
dando origem a uma série de levantamentos. A formalização da
independência de Moçambique
ficou, finalmente, estabelecida
em 25 de Junho de 1975, o 13º
aniversário da fundação da FRELIMO.
Sector Agrário
Fragilidade das leis coloca o
país vulnerável a pragas
A falta de um quadro legal para agricultura coloca Moçambique numa situação de vulnerabilidade à entrada de
pragas e doenças invasivas, uma vez que não existe, no país,
instrumento legal que facilite tomada de decisão apropriada a
tempo útil. No entanto, este cenário pode agravar-se mais num
contexto de mudanças climáticas.
Estas constatações
foram feitas durante o seminário
sobre Desenvolvimento Agrário e
Mudanças Climáticas em Moçambique. Outro desafio apontado prende-se a deficiência na
implantação de leis no país para
agricultura, não só na produção, mas também na avaliação
de qualidade dos alimentos.
Moçambique tem sido invadido ciclicamente por diversas
pragas oriundas de países vizinhos, ainda assim o Governo
continua com sérios desafios
para a prevenção, detenção, erradicação e mitigação de principais problemas que enferma
o sector agrário, desde diagnóstico de doenças de plantas,
identificação de pragas agrícolas, de plantas infestantes, entre
outros.
De acordo com António
Gomes, da Banana Moz, mais
do que o Governo apontar falta
de recursos financeiros para dar
cobertura a algumas acções de
monitoria, inspecção, construção de infraestruturas, é preciso
trabalhar para o cumprimento
de instrumentos legais, dando
como exemplo a existência da
Lei de Sementes e Mudas que,
embora seja relevante na resolução de muitos problemas do
sector,é inutilizada.
Questiona-se sustentabilidade
dos projectos de investigação
Os parques agrários são
apontados como apresentando deficiência na provisão de
assistência técnica de serviços
agrários,uma vez quea investigação pressupõe trazer soluções.
No entanto, Domingos
Cugala, da faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal
(FAEF),diz que tem sido emit
idas,atempadamente,recomen
dações dos vários problemas,
que enfermam o sector agrário,
ao Governo. Fez notar que é
ao Governoque cabe a implementação para reduzirpossíveis
complicações, “porque não podemos procurar projectos que
implementem soluções, mas
sim para investigar”, argumentou Cugala.
De acordo com Norberto
Mahalambe, da Bayer Moçambique, o país continua longe de
soluções razoáveis para promover uma agricultura biotecnológica, uma produção com rendimentos viáveis com uso das
tecnologias biológicas, a olhar
pelo número de vezes que se
tem registado, um pouco pelo
país, casos de intoxicação de
alimentos que, não raras vezes,
terminam em mortes.
Entende Mahalambeque o
país precisa ganharexperiência
de outros países de referência na produção biológica, a
exemplo da vizinha África do
Sul, Brasil, Argentina, Austrália, EUA, entre outros países,
e adaptar à realidade do país.
“Estamos preocupados
com o uso de químicos, e é
uma preocupação natural, porque, se o químico não for usado de acordo com o seu rotulo,
é perigoso, porque é preciso
saber em que cultura, contra
que praga ou doença, à que dosagem e qual é o intervalo de
segurança.
A interrogação que os químicos de agricultura têm nos
países desenvolvidos é maior
do que a interrogação que os
medicamentos humanos têm,
porque os medicamentos humanos a gente usa só quando
está doente, mas os produtos
alimentares usamos todos os
dias, o risco de exposição é
maior”, precisou Gomes.
Orçamento agrícola aquém do
desejável
De acordo com o
Governo,os problemas conjunturais e estruturais têm estado
na origem dos vários problemas que afectam o sector agrário, desde escassos recursos
financeiros e de recursos humanos altamente qualificados.
No entanto, o Ministério da
Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) diz ser fundamental que outras esferas
do sector pensem na criação
de capacidades de resiliência
contra esta tendência de fenómenos.
Por outro lado, o MASA
lamenta o facto de nos últimos anos o sector de agricultura não atingir um mínimo de
10% da parte do Orçamento do
Estado, sendo este sector crucial, que se pretende que seja
a base do desenvolvimento do
país. Mais ainda, o governo
diz que os parceiros que o país
tem não incidem seu apoio na
construção de infraestruturas,
sobretudo ao sector agrário,
limitando-se em assuntos de
advocacia dos direitos humanos, entre outras áreas.
As mudanças
climáticas,secunda Pedro Zucula, director Nacional da
Agricultura e Piscicultura doMASA, constituem um dos
grandes vectores para a eclosão
de novas invasões, a medida
em que as temperaturas tendem
a aumentar, ao mesmo tempo
que a variação da humidade,
o que, de acordo com Zucula,
cria no nosso país ambiente favorável para a vulnerabilidade.
“Esperamos que no próximo mandato consigamos no
mínimo 10% do financiamento
necessário para a agricultura.
Por outro lado, temos aconselhado aos nossos parceiros a
apoiarem questões fundamentais de acordo com as políticas
do Governo e as infraestruturas
fazem parte das prioridades do
Governo”, argumentou Zucula.
Estamos preocupados com o uso
de químicos, e é
uma preocupação natural, porque, se o químico
não for usado
de acordo com
o seu rotulo, é
perigoso, porque
é preciso saber
em que cultura,
contra que praga
ou doença, à que
dosagem e qual
é o intervalo de
segurança.
18 | zambeze |NACIONAL| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
LUÍS CUMBE
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | comercial| zambeze | 19
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20 | zambeze |DESPORTO| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
Moçambola
Eva Nga, o demolidor do Moçambola
O melhor goleador da
época desportiva Moçambola
2019, até então, Eva Nga, está
de vento em pompa. Semana-
-a-semana, está a marcar golos, colocando a sua equipa a
vencer os seus adversários e
permanecer no topo da tabela
classificativa.
No último fim-de-semana,
no jogo frente ao Incomáti, Eva
Nga voltou a demonstrar que é
o candidato certo para o prémio
de melhor marcador, edição
2019, ao marcar dois valiosos
golos, ainda na primeira parte
do jogo.
Os canarinhos estão a comandar a tabela classificativa,
seguidos da União Desportiva do Songo que temum jogo
a menos e, caso vença o jogo
de atraso contra o Maxaquene,
que está numa situação delicada na tabela, terá a mesma pontuação, partilhando, por isso, a
liderança com o Costa do Sol.
A nossa reportagem foi assistir ao jogo do Costa do Sol
contra o Incomáti e viu a pujança da Eva Nga sobre os adversários.
Homem alto,forte e perigoso na área, melhor avançado da
actualidade do nosso campeonato e quando se trata de rematar para baliza...
Aliás,Nga quando apanha a
bola não faz dribles, como outros, e não demora com a bola
nos seus pés, nem mesmo a dar
a bola ao colega. Ele não é malabarista, mas homem de bom
remate e certeiro.
Recordar que o melhor
marcador deve marcar, no mínimo, vinte golos e Eva Nga
pode ultrapassar essa meta.
Em entrevista, Nga disse que
queria marcar mais golos que a
meta definida.
A pergunta que se faz é:
porque é que não conseguiu
singrar no futebol profissional
em Portugal onde esteve por algum tempo, a fazer testes?
Outros dizem que Eva Nga
é jogador para Moçambola,
verdade ou não,Nga é o melhor e está decidido a levar o
prémiode uma viatura zero
quilómetros. Recordar que no
ano passado, o prémio foi para
Telinho, então jogador da Liga
Desportiva de Maputo, actualmente jogador da União Desportiva do Songo.
José Matlhombe
Associação de combate ao racismo pede castigo para Bernardo Silva
“Estamos chocados”
uma associação de combate ao
racismo, de usar um “estereótipo racista” e disse ter ficado
“extremamente desapontada”
pela publicação do português,
pedindo medidas à Federação
Inglesa.
“Os estereótipos racistas
nunca são aceitáveis como
‘brincadeiras’. Estamos chocados que alguém que é um
exemplo para milhões não tenha entendido a natureza discriminatória do seu ‘post’. A
FA [Federação Inglesa] foi
notificada e acreditamos que
medidas retrospetivas devem
ser tomadas, incluindo a educação obrigatória - que é vital
para combater comportamentos ofensivos como este”, pode
ler-se num comunicado citado
pelo The Guardian.
A Federação, que já está a
investigar o caso, já contactou
o Manchester City para obter
uma reação. Segundo os regulamentos, caso seja culpado de
racismo, Bernardo Silva incorre uma pena mínima de seis jogos de suspensão.
O português fez duas publicações nas redes sociais dirigidas a Mendy, com quem já
protagonizou momentos de boa
disposição - a final da Taça da
Liga, em que o defesa beijou
Bernardo, foi um deles - e foi
acusado de racismo.
Na primeira, o internacional
português partilhou um vídeo
de Mendy no Instagram com
uma camisola preta, afirmando que tinha acabado de ver o
companheiro de equipa “completamente nu”. Comentário
que não caiu bem entre os internautas, que acusaram o português de racismo, obrigando-o
a apagar a publicação.
Já este domingo, no Twitter, Bernardo Silva comparou o
francês aos bombons “Conguito”. O colega de equipa levou
a publicação como uma brincadeira, respondendo “1-0 para ti,
veremos”, mas surgiram novas
críticas e acusações de racismo,
levando o extremo português
novamente a apagar a publicação, sem antes deixar uma
mensagem: “Hoje em dia não
se pode brincar com um amigo.
Estas pessoas...”.
A brincadeira de Bernardo
Silva com o colega de equipa
Benjamin Mendy continua a
dar polémica e, esta segunda-
-feira, a associação de combate
ao racismo “Kick it Out” pediu
medidas para o português.
O que não passava de uma
brincadeira pode trazer um
castigo pesado para Bernardo
Silva. O jogador português foi
acusado pela “Kick it Out”,
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 zambeze | 21
Messi levou a melhor sobre
Cristiano Ronaldo e Van Dijk
e, esta segunda-feira, venceu o
prémio “The Best” em Milão.
O argentino foi considerado
o melhor jogador do ano pela
sexta vez na carreira.
Está feito o desempate. Lionel Messi e Cristiano Ronaldo
haviam sido considerados cinco vezes o melhor jogador do
mundo e, esta segunda-feira, o
argentino ficou em vantagem.
O jogador do Barcelona bateu o
craque português e o holandês
Van Dijk, considerado o jogador do ano pela UEFA, e juntou
o primeiro “The Best” às cinco
Bolas de Ouro (2009, 2010,
2011, 2012 e 2015), prémio
FIFA antes atribuído em conjunto com a France Football.
Sem Cristiano Ronaldo na
plateia, o astro argentino conseguiu um feito inédito e agradeceu à família e aos companheiros de equipa do Barcelona.
“Quero agradecer a todos os
que decidiram que eu deveria
ganhar este prémio. Mas continuo a dizer que o prémio individual é secundário, primeiro está
o colectivo. É uma noite especial para mim. É a primeira vez
|desporto |
Klopp vai doar 1% do salário
“Esta bolha em que
vivemos não é o mundo real”
O treinador do Liverpool,
considerado o melhor do ano
para a FIFA, explica por que
passará a doar 1% do salário à
Common Goal.
Através de um testemunho ao “The players tribune”,
Jurgen Klopp confirmou que
vai doar parte do salário anual à
Common Goal, um movimento
de caridade reservado às pessoas do futebol para ajudar os mais
desfavorecidos, e explica a decisão como “uma responsabilidade
dos privilegiados”.
“Vamos ser honestos: nós
somos extremamente felizardos.
É nossa responsabilidade, como
pessoas privilegiadas, dar alguma coisa de volta às crianças de
todo o Mundo que só precisam
de uma oportunidade. Não nos
devemos esquecer como era
quando tínhamos problemas a
sério. Esta bolha em que vivemos
não é o mundo real. Desculpem,
mas qualquer coisa que aconteça
num campo de futebol não é um
problema a sério. Deve haver um
maior propósito para este jogo do
que receitas e troféus, não?”, escreveu o treinador do Liverpool.
De acordo com Klopp, a
Common Goal, iniciativa de
Juan Mata, jogador do Manchester United, já juntou mais de 120
futebolistas e ajuda a suportar
programas para o futebol jovem em países como Zimbabué,
Camboja ou Índia.
Messi considerado o
melhor jogador do mundo
Veja a lista completa de vencedores:
Golo do ano: Dániel Zsóri
Melhor treinador: Klopp (Liverpool)
Melhor guarda-redes feminina: Sari van Veenendaal (Atlético de Madrid)
Prémio fair-play: Marcelo Bielsa
Onze do ano feminino: Sari van Veenendaal, Lucy Bronze,
Wendie Renard, Nilla Fischer (Suéci), Kelley O’Hara, Amandine Henry, Julie Ertz, Marta, Rose Lavelle, Megan Rapinoe
e Alex Morgan.
Melhor guarda-redes: Alisson (Liverpool)
Melhor treinadora: Jill Ellis
Onze do ano masculino: Alisson; Marcelo, Sergio Ramos,
De Ligt e Van Dijk; Modric e Frenkie de Jong; Mbappé, Messi, Hazard e Ronaldo
Melhor jogador: Messi
Melhor jogadora: Megan Rapinoe
que tenho a minha mulher e os
meus filhos, é muito especial.
Para mim é algo único. Muito
obrigado a todos”, disse no Teatro Scala, em Milão.
Em 2018/19, Lionel Messi foi campeão espanhol pelo
Barcelona, venceu a Supertaça,
foi o melhor marcador da liga
espanhola e ficou em terceiro
lugar da Copa América pela
selecção argentina. O holandês Van Dijk, do Liverpool,
tido como favorito à conquista
do prémio, depois de ter sido
considerado o jogador do ano
pela UEFA, conquistou a Liga
dos Campeões, foi considerado
o melhor jogador em Inglaterra
e ainda chegou à final da Liga
das Nações. Já Cristiano Ronaldo ganhou a liga italiana e a Supertaça com a Juventus, além
de ter conquistado a primeira
edição da Liga das Nações por
Portugal.
Empresária angolana
Isabel dos Santos vai continuar
a investir em Portugal
À margem do Fórum Internacional sobre Mobilidade
e Inovação, organizado pela
Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras
da CE-CPLP, onde participou, Isabel dos Santos lembrou que investiu há mais de
dez anos em Portugal “quando seguramente havia menos
pessoas interessadas” e disse
continuar a acreditar na economia portuguesa.
“Eu acredito na economia
portuguesa”, afirmou a empresária, filha do antigo presidente
de Angola, José Eduardo dos
Santos, acrescentando: “Portugal tem muito talento, gosto
muito de trabalhar com jovens
portugueses, com as universidades portuguesas e há muita
inovação e nós investimos muito no sector da pesquisa e desenvolvimento”.
“Portanto criar emprego em
Portugal e dar oportunidade
aos jovens portugueses é algo
em que vou continuar a apostar
e que vou continuar a fazer”,
garantiu aos jornalistas, sem
porém querer adiantar em que
sectores iria apostar.
Em Portugal, Isabel dos
Santos detém importantes participações em empresas como
a Galp, Zon Multimédia, EFACEC ou Banco BIC Português.
Questionada pelos jornalistas sobre o que achava que o actual Presidente angolano, João
Lourenço, poderia fazer para
melhorar o desenvolvimento
do seu país, Isabel dos Santos
procurou fugir à questão.
“Angola é uma grande nação, porque tem um percurso
histórico que o justifica e é um
país que joga um grande papel
em África. Mas não há dúvidas
que em África os países ainda
têm bastantes desafios. E quando olhamos para a África como
um todo, todos nós os africanos, independentemente do
país de onde viemos, sabemos
que ainda temos muito trabalho
pela frente e muitas coisas a
conquistar”, respondeu.
Quanto ao papel das mulheres em África, a empresária
angolana considerou que “há
cada vez mais mulheres africanas que têm esta coragem de
empreender”, mas referiu que
ser empreendedora no continente africano ainda não é uma
tarefa fácil.
“Não é ainda um desafio
fácil, porque efectivamente é
muito difícil ter acesso a questões básicas, como por exemplo, o financiamento bancário
ou até ter crédito suficiente para
iniciar o seu negócio, ou até a
confiança da própria sociedade
em nós. Mas as mulheres africanas são muito batalhadoras e
acredito que podemos continuar a conquistar este espaço que
é um espaço que deve ser nosso”, defendeu.
Na sua opinião, a mobilidade no espaço da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) “pode criar um ambiente favorável” para o intercâmbio
que pode haver entre aqueles países.
E lembrou: “Nós somos um
grande mercado, um mercado
que fala português. Isto é um
mercado muito grande,mas efectivamente ainda temos alguns
constrangimentos. É claro que
estes temas nunca são fáceis.
Mas não há dúvida que havendo
intercâmbios maiores entre os
empresários dos diferentes países da CPLP nós podemos ter um
mercado muito maior”.
“Com tempo”, Isabel dos
Santos considera que esta mobilidade e intercâmbio são “exequíveis”. (Lusa)
Trump goza com Greta Thunberg em lágrimas
“Parece uma jovem muito feliz”
Donald Trump, o presidente dos EUA, publicou um
tweet sarcástico na manhã de
terça-feira, dirigido a Greta
Thunberg, a activista climática de 16 anos.
No comentário, ao qual
juntou o excerto do discurso
da jovem sueca na Cimeira do
Clima, Trump escreveu: “Parece uma jovem muito feliz que
ambiciona um futuro maravilhoso. Tão bom de se ver!”
Em Nova Iorque, Trump e
Greta cruzaram-se por breves
instantes, quando o presidente
dos Estados Unidos estava a
entrar para uma reunião sobre
liberdade religiosa. Donald
Trump decidiu não participar
na Cimeira do Clima que decorreu no mesmo dia.
Observando Trump a passar por ela, a expressão de
Greta captou a atenção do
candidato democrático à presidência norte-americana,
Julián Castro, que, no Twitter,
se manifestou solidário.
“Penso que muitos de nós
conseguem rever-se [naquele
olhar]”, escreveu.
A activista sueca disse aos
líderes mundiais na cimeira
das Nações Unidas que não
são “maduros o suficiente para
serem frontais”.
“Estão a falhar-nos. Mas
os jovens estão a começar a
entender a vossa traição.”
Com os olhos em lágrimas,
Greta Thunberg continuou.
“Vocês roubaram-me os
sonhos e a minha infância
com as vossas palavras vazias.
Os olhos de todas as futuras
gerações estão postos em vocês. Se escolherem falhar-nos,
nunca vos vamos perdoar. Não
vos vamos deixar sair impunes. Aqui e agora é onde nós
fixamos o limite”, afirmou a
activista que começou o movimento global School Strike.
Greta Thunberg inspirou
milhões de pessoas em todo
o mundo - especialmente jovens - a participarem na Greve
Global Climática e a exigirem
mudanças concretas para lutar
contra as alterações climáticas.
Nobel da Paz para... Trump
O tweet de Donald Trump
sobre Greta não foi a única
polémica do dia. O presidente
dos EUA afirmou, também, que
merecia receber o Prémio Nobel
da Paz por “várias coisas”, mas
que ainda não foi galardoado
porque o prémio não é atribuído
de forma justa.
Eu acho que poderia receber o
Prémio Nobel por várias coisas se
eles o dessem de forma justa, que
não dão”, afirmou Trump durante uma reunião com primeiro-
-ministro do Paquistão, Imran
Khan, nas Nações Unidas.
Trump também criticou a
decisão de terem entregado o
Nobel da Paz a Barack Obama,
em 2009.
“Deram um ao Obama”, disse
Trump, afirmando que o ex-presidente “não faz ideia” porque o
recebeu “Essa era a única coisa
que ele e eu concordávamos.”
22 | zambeze | Internacional | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
O Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS),
através da Delegação do Instituto Nacional de Segurança Social
(INSS) da cidade de Maputo, reuniu, recentemente em Maputo,
com as confissões religiosas, os contabilistas e gestores de recursos
humanos, para abordar sobre os objectivos da Segurança Social
Obrigatória, e o papel dos contabilistas na prossecução dos objectivos da Segurança Social Obrigatória em Moçambique, em
particular para a Cidade de Maputo.
Oencontro com os
representantes
das confissões
religiosas tinha
como principal
objectivo sensibilizá-los a integrar os seus trabalhadores no
Sistema de Segurança Social
obrigatória, pese embora algumas confissões já o fazem.
Em relação ao encontro com
os contabilistas e gestores de
recursos humanos, pretendeu-se
com esta iniciativa, sensibilizar
esta classe de profissionais a colaborar com o INSS, com vista à redução da dívida de contribuições
ao Sistema de Segurança Social,
uma vez que são um dos maiores
actores no relacionamento entre
o Instituto e os contribuintes.
De acordo com Jafar Buana,
director do Trabalho, Emprego
e Segurança Social da cidade
de Maputo, “os grupos com
os quais reunimos são muito
influentes no que se refere às
contribuições para a Segurança
Social, uma vez que a nossa
preocupação central é de não
comprometer o futuro dos trabalhadores e seus dependentes”.
O sistema, conforme sustentou
Jafar Buana, está preparado
para abarcar todos os grupos de
trabalhadores pelo que devemos
coordenar as nossas acções para
não influenciar negativamente
na cobrança da dívida, assim
como a própria canalização das
contribuições, pois não basta
apenas inscrever os trabalhadores no sistema, mas também a canalização das contribuições para
poder usufruir dos benefícios.
“O nosso objectivo é a criação
de condições para a apreensão
do espírito do regulamento da
Segurança Social Obrigatória
e o seu alcance em termos de
benefícios”, frisou Jafar Buana.
Por sua vez, Rui Guimarães,
delegado do INSS da cidade
de Maputo, disse que os seminários acontecem numa altura
em que o Sistema de Segurança
Social faz 30 anos e que devem
servir de reflexão, devendo
saírem deste seminário respostas sobre como integrar os
trabalhadores das comunidades
religiosas no Sistema que não
fazem parte do seu efectivo,
mas prestando serviços a estas.
O delegado do INSS da cidade de
Maputo explicou que as congregações religiosas devem aderir ao
Sistema, pois são instituições que
envolvem trabalhadores, alguns
dos quais são considerados activistas, cujo enquadramento não
cabe no regime de Trabalhadores
por Conta Própria.
Para o representante da Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique (OCAM),
Inssa Monjane, a abertura do
INSS constitui o reconhecimento
da OCAM no apoio à cobrança
de contribuições e a sua canalização ao Sistema, de modo a que
os trabalhadores possam obter os
benefícios concedidos.
“É uma parceria que vem
desde há dois anos, que prevê
o desenho de um memorando
de entendimento entre ambas
as instituições, com o objectivo
de fortalecer os mecanismos de
controlo”, sublinhou.
O processo de canalização das
contribuições, segundo explicou
Inssa Monjane, é uma questão
de gestão financeira das empresas. O papel fundamental dos
contabilistas é fazer a liquidação
da contribuição da empresa por
forma a obedecer adequadamente
ao regulamento dentro do que a
norma estabelece.
Por sua vez, Luísa Quilambo,
pastora e chefe dos recursos humanos da Igreja Metodista Unida,
disse acreditar que a partir desta
interacção muitas dúvidas foram
esclarecidas, pois “conversámos
acerca das vantagens que o Sistema oferece, uma vez que já
estamos inscritos”.
Na igreja, conforme sustentou, têm rendimentos todos aqueles que prestam serviços: “dentro
de uma congregação religiosa, é
normal que haja actividades relacionadas com a assistência social,
comissões que tratam da vida dos
pastores, dos idosos e de crianças
órfãs”, explicou, acrescentando
que fazem, igualmente, trabalho remunerável as pessoas que
desempenham cargos pastorais,
secretários, administrativos e
todos os que estão nos escritórios, escolas, universidades e
orfanatos.
INSS quer contributo das igrejas
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 23
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24 | zambeze | CIÊNCIA E TECNOLOGIA| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
Tecnologia 5G
NATO alerta para riscos vindos da
China por “influência política”
Uma especialista em cibersegurança da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (NATO) alertou, recentemente,
para os riscos associados à tecnologia móvel de quinta geração (5G), desenvolvida na China e aplicada na União Europeia
(UE), pedindo “medidas urgentes” de segurança.
“Existe, obviamente, uma
influência legal e política do
Estado chinês e do Partido Comunista na indústria tecnológica. Sabemos que as leis chinesas de cibersegurança requerem
que as empresas cooperem com
os serviços secretos fornecendo
informações, estando prevista
protecção estatal às companhias que o façam”, afirmou a
investigadora do Centro Cooperativo de Excelência em
Defesa Cibernética da NATO,
Vénus pode ter sido
habitável com clima
semelhante ao da Terra
Um novo estudo publicado
pela NASA revela que Vénus
pode ter sido, há milhares de
milhões de anos, um planeta
habitável com 80% da superfície coberta por água.
“A nossa hipótese é que
Vénus pode ter tido um clima
estável durante milhares de milhões de anos. É possível que
um evento transformador tenha
sido responsável pela transformação de um clima semelhante
ao da Terra no inferno que vemos hoje em dia”, escreve um
dos responsáveis pelo estudo,
Michael Way.
A conclusão do estudo foi
obtida depois de serem feitas
cinco simulações com diferentes configurações da superfície
do planeta, tendo verificado
que em todas Vénus já teve outrora um clima estável.
“Algo aconteceu em Vénus
para que uma grande quantidade de gás tenha sido lançado
para a atmosfera e não pode ser
absorvido pelas rochas”, nota
Way.
Kadri Kaska.
Falando numa conferência
sobre resiliência digital promovida pelo centro de reflexão
The Lisbon Council, em Bruxelas, a especialista assinalou
que “uma das preocupações
centra-se no facto de a Huawei
estar a liderar a inovação no
desenvolvimento da tecnologia
5G”.
“A Huawei tornou-se numa
das maiores fornecedoras de
tecnologia em todo o mundo e
é, inclusive, a única companhia
que disponibiliza rede 5G desta
escala”, reforçou a responsável.
Kadri Kaska vincou, assim,
que “as ligações das companhias tecnológicas ao Estado
[...] tornam necessário que os
Estados adotem medidas de
segurança”, nomeadamente na
UE.
“Controlar uma infraestrutura desta dimensão significa
controlar uma série de dados
[...], o que cria vulnerabilidades
e riscos [para outros países],
para as quais são necessárias
medidas urgentes”, adiantou.
Ainda assim, Kadri Kaska
reconheceu que, apesar das várias suspeitas de espionagem
que têm recaído sobre a Huawei, nomeadamente referentes
à instalação de portas traseiras
nos equipamentos 5G para captação de dados, “nunca houve
provas de que a empresa está
a usar a tecnologia em prol do
Estado chinês”.
“Também temos de ter presente o facto de que nenhuma
tecnologia pode ser 100% segura”, disse.
Presente na ocasião, o comissário europeu para a União
da Segurança, Julian King, referiu que “a tecnologia é, hoje
em dia, uma questão geopolítica”.
“Precisamos de ter uma
abordagem europeia para proteger a segurança das redes europeias de 5G porque implica
uma massiva troca de dados”,
notou.
Em causa estão, segundo
o comissário, “infraestruturas
críticas da UE”.
Assumida como uma prioridade desde 2016, a aposta no
5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão
Europeia, em março deste ano,
a fazer recomendações de atuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir
empresas ‘arriscadas’ dos seus
mercados.
Bruxelas pediu, ainda, que
cada país analisasse os riscos
nacionais com o 5G, o que
aconteceu até junho passado,
seguindo-se uma avaliação geral em toda a UE para, até final
do ano, se encontrarem medidas comuns de mitigação das
ameaças.
A Comissão Europeia está
agora a ultimar a “avaliação
coletiva” do riscos encontrados
pelos Estados-membros, devendo publicar esta informação
num relatório que será divulgado “nas próximas semanas”,
revelou Julian King.
“Depois, avançaremos para
a terceira fase [do processo],
que é identificar ferramentas para mitigar estes riscos”,
adiantou.
A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China.
De um total de 50 licenças que
a empresa detém para o 5G, 28
são para operadoras europeias.
Austrália quer apanhar
condutores a usarem o telemóvel
Oestado de New South
Wales na Austrália planeia começar a multar motoristas que
usem smartphones enquanto
conduzem, com o ministro
dos Transportes e Estradas,
Andrew Constance, a propor
a introdução de câmaras nas
estradas.
“No que me diz respeito,
não há dúvidas que conduzir
embriagado está no mesmo nível que utilização de telemóveis e é por isso que queremos
que todos estejam conscientes
que vão ser apanhados a fazer
isto onde e quando quer que
seja”, afirmou Constance à
Australian Broadcasting Corp
de acordo com a Time.
Como parte deste plano,
Constance partilhou planos
para lançar um total de 45
câmaras para apanhar condutores que usem o smartphone
enquanto conduzem.
O maior vulcão da lua Io
de Júpiter está prestes a entrar
em europção e os investigadores estão atentos para reunir todos os dados e detalhes
do evento. O vulcão, de nome
Loki, tem sido alvo de uma
observação atenta da parte dos
investigadores, que identificaram até um padrão nas erupções do vulcão.
De acordo com o ‘paper’
publicado pela cientista planetária Julie Rathburn do Instituto de Ciência Planetária,
as erupções do Loki tinham
um ciclo de 530 dias. O ‘paper’ em questão foi fruto de
observações feitas entre 1988
e 2000, com os investigadores
a notarem que, no início da
erupção, o vulcão se iluminava e permanecia neste estado
durante 230 dias até voltar a
apagar-se.
Porém, como conta o
Science Alert, o ciclo encurtou em 2013 e verificou que
em vez dos 530 dias a duração
era agora de 475 dias. É este
novo ciclo que leva os investigadores a acreditarem que o
Loki entrará em erupção ainda
durante este mês.
“Os vulcões são tão difíceis de prever porque são
muito complicados. Há muitas
coisas que podem influenciar
as erupções vulcânicas, incluindo a taxa de abastecimento de magma, a composição do
magma – em particular a presença de bolhas no magma, o
tipo de rocha em que o vulcão
se encontra, o estado fraturado
da rocha e muitas outras questões”, indica Rathburn. “Consideramos que o Loki pode ser
previsível porque é tão grande.
Devido ao seu tamanho, as físicas básicas provavelmente
dominam-no quando entra em
erupção, por isso as complicações pequenas que afetam
os vulcões pequenos provavelmente não afetam muito o
Loki.
Corredor de Nacala junta
Moçambique, Malawi e Zâmbia
Equipas multissectoriais
de Moçambique, Malawi e
Zâmbia discutem esta semana mecanismos para o reforço da cooperação no âmbito
do Corredor do Desenvolvimento de Nacala.
Nos próximos três
dias, deverá ser
finalizada a proposta do acordo
sobre postos
fronteiriços de paragem única
entre Moçambique e Malawi,
também entre Moçambique e
Zâmbia. O chefe do departamento de Cooperação Bilateral
no Ministério dos Transportes
e Comunicações, Horácio Parquinio, explicou ao “Notícias”
que a ideia de criação de postos
fronteiriços de paragem única
foi, primeiramente, apresentada pelo Malawi, contudo, nos
últimos dias surgiu também
uma proposta da Zâmbia.
A ideia inicial era que os
acordos sobre os postos fronteiriços de paragem única fossem
assinados ainda este ano, num
encontro a ter lugar em Maputo. No entanto, devido a questões de agenda, este memorando só poderá ser assinado
no próximo ano. No encontro
de Malawi, as delegações dos
três países deverão harmonizar
os documentos, razão porque
foram constituídas equipas de
técnicos de diversas instituições que intervêm na movimentação de pessoas e bens. O
acordo geral sobre o Corredor
de Desenvolvimento de Nacala
foi assinado no ano 2000 entre
Moçambique e Malawi, mas
em 2003 foi assinado um segundo memorando que passou
a integrar a Zâmbia. Depois de
vários anos de letargia, Moçambique decidiu, no ano passado, voltar a dinamizar os três
corredores de desenvolvimento
existes no país, nomeadamente
Maputo, Beira e Nacala.
No caso específico de Nacala, de Abril do ano passado a
esta parte foram realizados dois
encontros envolvendo Moçambique, Malawi e Zâmbia. O primeiro encontro teve lugar em
Maputo e o segundo em Fevereiro deste ano na Zâmbia.
Horácio Parquinio considera que o encontro que começa
amanhã no Malawi também deverá abordar questões iniciadas
na última reunião da Zâmbia,
que incluem a necessidade de
se ter um novo acordo que responda às preocupações actuais
dos três Estados. Apontou que
nos debates anteriores, os três
Estados chegaram a entendimento sobre a necessidade, por
exemplo, de um novo acordo
específico sobre o transporte
rodoviário entre os três países
que partilham o Corredor de
Desenvolvimento de Nacala.
Horácio Parquinio referiu que
apesar de estar a funcionar desde a sua criação, o Corredor de
Nacala enferma ainda de algumas lacunas previstas aquando
da sua idealização.
“Um dos grandes dilemas
que temos é que temos o Corredor a funcionar, mas não existe
um secretariado do corredor e
os acordos de 2000 e 2003 prevêem um comité e um secretariado que deviam lidar com
assuntos do dia-a-dia, e os ministros deviam reunir-se uma
vez por ano para falar sobre a
infra-estrutura, mas isso não
esta a acontecer”.
Acrescentou que o não funcionamento destas entidades
faz com que quando ocorrem
anomalias na fronteira falte
quem intervir, com autoridade,
para solucionar imediatamente
o problema, que por vezes acaba por se transformar numa polémica entre os Estados.
(RM/Notícias)
Para estimular economia
China não vai reduzir taxas de juro
O governador do banco
central da China diz que a
política monetária do país
permanecerá “estável e saudável”, sugerindo que Pequim não seguirá os Estados
Unidos e a Europa, que reduziram as taxas de juro.
Em conferência de imprensa, Yi Gang garantiu que
o Banco do Povo Chinês vai
evitar um “estímulo massivo”,
apesar do impacto da guerra
comercial entre Pequim e Washington.
O país asiático registou,
nos últimos anos, um ‘boom’
na dívida corporativa e dos
governos locais, reflectindo
um modelo económico assente no investimento em grandes
obras públicas, como forma de
assegurar altas taxas de crescimento económico após a crise
financeira global de 2008.
Pequim tenta agora controlar o nível de endividamento,
depois de várias agências de
notação financeira terem reduzido a classificação de crédito
da China.
“Acreditamos que, para a
nossa política monetária, devemos permanecer comprometidos com o nosso próprio curso
e seguir uma direção estável e
saudável”, disse Yi.
Em 2018, a economia chinesa cresceu 6,6%, o ritmo
mais lento dos últimos trinta
anos, colocando pressão em
Pequim para adotar novas medidas de estímulo.
A liderança chinesa está a
encetar uma transição no modelo económico do país, visando uma maior preponderância
do setor dos serviços e do consumo, em detrimento das exportações e construção de obras
públicas.
Mas a desaceleração tem
sido mais acentuada do que
o previsto, levando Pequim a
reduzir as restrições no acesso
ao crédito e a aumentar a despesa pública, visando evitar a
destruição de empregos, o que
poderia resultar em instabilidade social.
Os reguladores consideram que controlar a dívida das
empresas e das famílias é uma
prioridade. “Não devemos adotar pacotes grandes de estímulo”, disse Yi.
“Precisamos de garantir
que a taxa de endividamento
permanece estável, para que o
nível total de dívida permaneça
sustentável”, disse.
A ascensão ao poder de
Donald Trump em Washington
ditou também o início de uma
guerra comercial, com os dois
países a aumentarem as taxas
alfandegárias sobre centenas de
milhões de dólares de produtos
de cada um.
A liderança norte-americana, que teme perder o domínio industrial global à medida
que Pequim tenta transformar
as firmas estatais do país em
importantes atores em setores
de alto valor agregado, como
inteligência artificial ou robótica, acusa a China de práticas
comerciais injustas.
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 |ECONOMIA| zambeze | 25
Programa de Desenvolvimento Empresarial
Trinta PME’s preparam-se para os
desafios do mercado
Representantes de trinta Pequenas e Médias Empresas (PME’s), provenientes da zona sul
do país, participaram, recentemente, na cidade de Maputo, num programa de imersão empresarial promovido pelo Standard Bank e pela multinacional Eni Rovuma Basin, com o objectivo
de apoiar este segmento de empresas na validação dos seus modelos de negócio, e, por via disso,
contribuir para a sua sustentabilidade e escalabilidade no mercado, que está a tornar-se cada
vez mais competitivo e com maiores e melhores oportunidades.
Ainiciativa, denominada #Ideate Bootcamp
PME, insere-se
no Programa de
Desenvolvimento Empresarial,
implementado pelo Standard
Bank, através da sua incubadora de negócios, e pela Eni
Rovuma Basin, com vista à
promoção de ligações empresariais e de oportunidades para
as PME.
Para o Standard Bank, o
#Ideate Bootcamp PME afigura-se como uma plataforma
de empoderamento e fortalecimento deste segmento de empresas, que desempenha um
papel importante na economia
do país.
Nesse sentido, o banco espera que esta iniciativa
contribua para a criação e estabelecimento de um quadro
de empreendedorismo desejável e ecossistema necessário
para prestar o devido apoio às
PME’s, de modo a que alcancem a inclusão, a estabilidade e
a escalabilidade esperadas.
“Nós acreditamos nas
PME’s e pretendemos, através
desta iniciativa, contribuir para
que tenham acesso às oportunidades que o mercado oferece,
principalmente no sector de
petróleo e gás”, explicou Arsénio Jorge, director de Canais e
Distribuição do Standard Bank.
Mais do que transmitir conhecimentos que permitem o
aprimoramento das ideias de
negócio, acrescentou Arsénio
Jorge, esta iniciativa facilita
a conexão de PME’s que têm
produtos e serviços para oferecer às grandes companhias.
“Uma das coisas que incentivamos nesta plataforma é
a troca de experiência, partilha
de ideias e criação de sinergias
entre as Pequenas e Médias
Empresas para que, amanhã,
possam juntar forças e participar em grandes oportunidades”, referiu o director de Canais e Distribuição do Standard
Bank.
Os participantes do #Ideate
Bootcamp PME mostraram-se
satisfeitos por fazerem parte do
segundo grupo de beneficiários
desta iniciativa, que lhes permitiu adquirir ferramentas que em
muito vão ajudar a transformar
os seus negócios.
Abel Viageiro é um empreendedor que actua na área das
Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC), estando,
neste momento, a desenvolver
um projecto de modernização
da gestão dos sistemas de abastecimento de água.
Para si, a formação foi muito útil, pois “pude perceber que
tudo parte de uma ideia, mas
isso só não basta. Para partir
para a concretização e implementação há técnicas e ferramentas que nos foram transmitidas pelos facilitadores e
que devem ser usadas para que
as nossas soluções sejam bem
acolhidas pelo nosso público-
-alvo. É um processo muito
interessante que parte de uma
simples ideia até a uma solução
que responda às necessidades
do mercado”.
Quem também participou
nesta formação, destinada às
PME’s, é Maria Taverna, que
se dedica à produção de galinhas poedeiras e à comercialização e distribuição de ovos.
Para esta empreendedora, o
#Ideate Bootcamp PME tem
ajudado a mudar a mentalidade
dos empreendedores, principalmente dos principiantes, que almejam estabelecer-se e singrar
no mercado.
“Esta iniciativa vai alavancar o nosso desempenho no
mercado, pois nos dá a oportunidade de adquirir ferramentas
que podem ser aplicadas no
nosso dia-a-dia. Isso nos ajuda
a melhorar a nossa forma de actuação, inclusive na identificação do público-alvo, que é muito fundamental para o negócio”,
disse Maria Taverna.
O que acontece, segundo
acrescentou a participante, “é
que no início de uma jornada de
empreendedorismo, temos muitas ideias mas precisamos de nos
organizar e criar bases seguras
que nos levem ao sucesso, e aqui
na formação pude receber orientações sobre o que devo fazer
para atingir os meus objectivos”.
Importa realçar que o #Ideate Bootcamp PME é ministrado
pela ideiaLab e consiste numa
imersão de três dias, durante
os quais os participantes têm a
oportunidade de utilizar metodologias que irão permitir
avaliar, melhorar, desenhar e
comunicar os seus modelos de
negócio.
Moçambique vai exportar cerca de oitenta milhões
de toneladas de Gás Liquefeito por ano, com o início
da actividade de exploração,
previsto para 2024.
O Presidente do Conselho de Administração da
Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, Omar Mithá,
destacou que o facto vai
tornar Moçambique num
dos maiores exportadores
do Gás Natural Liquefeito a
nível mundial, nos próximos
sete anos.
Omar Mithá falava no
seminário sobre Preços de
Transferência como Mecanismo de Saída Ilícita do
Sector Extractivo.
O PCA da ENH apontou
alguns desafios para Moçambique, neste sector.
Já o Director Executivo
do Centro de Integridade
Pública, Edson Cortês, chama atenção para os riscos
da transferência de preços
no sector de hidrocarbonetos.
O seminário sobre Preços de Transferência como
Mecanismo de Saída Ilícita
do Sector Extractivo decorre sob lema: Riscos por detrás dos Projectos da Bacia
do Rovuma. (RM)
Moçambique exporta cerca
de oitenta milhões toneladas
Gás liquefeito
26 | zambeze |ECONOMIA| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 zambeze | 27
ZAMBEZE
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Comercial
Teresa Taimo faz regressar o descontente
No âmbito das celebrações do dia das Forças Armadas da Defesa Nacional, a jovem escritora, Teresa Taimo,
integrada nas fileiras militares lançou, recentemente, no
Clube Militar de Maputo, a
sua primeira obra intitulada
“O Regresso do descontente”.
Trata-se de um romance
que tem a missão de apelar aos
jovens para uma responsabilidade e foco ao ingressar na instrução militar em Moçambique.
Segundo a autora, Teresa
Taimo, este livro narra a história da superação de vida de
jovens com mundos totalmente
diferentes e que se cruzam na
vida militar, onde há partilha
de hábitos e costumes. “Esta é
uma obra de carisma multicultural que se insere na história
das forças armadas, porque
traz à superfície a história de
dois jovens que se conhecem
no centro de instrução militar
e que se vêem na contingência
de partilhar os valores culturais adquiridos no contexto da
família, depois conhecem destinos diferentes” disse Taimo.
Mais adiante, a nossa interlocutora disse que o desconte
retratado nesta obra é um jovem que sai da zona rural para
o centro de instrução militar,
“quando chega no local encontra-se com um jovem que sai de
uma família abastada e acaba
por influenciar o jovem pobre,
acabando este por perder o seu
foco, que é treinamento militar
e é expulso das fileiras militares por causa de indisciplina”,
explicou a escritora.
Quando é expulso, ele não
conseguiu dizer a família e esta
que aguardava pela cerimónia
de enceramento do curso e outras notícias positivas e não ao
contrário”, frisou a fonte.
A primeira obra literária,
com o tema “O regresso do
descontente”, reflecte também
aquilo que são mitos, tabus e
algumas crenças militares, que
o tempo não conseguiu apagar.
Retrata igualmente a revelia
como forma de preservar o
mosaico cultural da vida militar. Teresa Taimo para além de
escritora é pesquisadora sociocultural e membro efectivo das
FADM, fundadora da iniciativa
“Teresa Taimo e Amigos”. Exceptuando várias crónicas que a
autora do “Regresso do descontente” escreveu e publicou, esta
é a primeira viagem no mundo
literário feita em setenta e duas
páginas, correspondentes a
quatro capítulos.
Alberto Mazanga
| CULTURA|
28 | zambeze | CULTURA| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019
Está patente desde sexta-
-feira, 20 de Setembro, no Espaço Cultural Moçambique
Telecom (Tmcel), localizado
no recinto do IFT-Instituto de
Formação das Telecomunicações, a exposição intitulada
“Eterno Recomeço”, alusiva
aos 40 anos de carreira do artista plástico moçambicano Pedro Mourana, ou simplesmente
PMourana.
A exposição, que está patente até o próximo dia 20 de
Outubro, representa os 40 anos
de percurso do PMourana, que
diz ter sido de muito aprendizado. Nas obras, os amantes das
artes podem encontrar uma diversidade de temas abordados
pelo artista, particularmente a
“A arte não pode ser algemada”
Pedro Mourana sobre os 40 anos da sua carreira:
mulher e as suas ramificações.
“Falo da mulher mas o homem está lá incluído porque é a
mulher que nos traz ao mundo.
É uma exposição que fala de
temas sociais. Fala da valorização do trabalho do homem,
do trabalho que é ignorado e de
pessoas que tiveram bons feitos”, explica o artista.
Relativamente ao seu percurso, PMourana diz ter sido
feito por períodos difíceis, principalmente na década de 1980,
no que diz respeito aos aspectos
materiais, bem como à percepção do público e da crítica.
“A arte não pode ser algemada. O público tem que perceber que o artista tem que ter
espaço, não pode estar confinado. Ele precisa de estar livre
de se expressar da maneira que
preferir e que melhor conhece.
Foram períodos difíceis, mas
fomos crescendo, o País também cresceu. Enfim, cá estamos”, sublinha PMourana, cuja
exposição conta com o apoio da
Tmcel.
Na cerimónia de inauguração da exposição, o presidente
do Conselho de Administração
da Tmcel, Mahomed Rafique
Jusob, referiu que, ao prestar
este apoio, a empresa está a
contribuir para a elevação e
valorização da cultura, em particular as artes plásticas, na sociedade.
“Não podemos falar da cultura sem falar de uma sociedade, de um povo e da identidade
moçambicana. São valores que
estão reflectidos na imagem
corporativa da Tmcel pois acreditamos no legado que os seus
feitos deixam para as gerações
vindouras”, considerou Mahomed Rafique Jusob, para quem
o sector da cultura constitui
uma ferramenta fundamental
no processo de desenvolvimento socioeconómico do País.
Por seu turno, o representante do Ministério da Cultura
e Turismo, Fernando Fanheiro, afirmou que o Estado está a
trabalhar com as associações e
núcleos com vista à valorização
dos artistas e da cultura.
“Não se sintam abandonados pelo Estado e pelo Governo, há coisas que estão a ser
feitas, e muito brevemente colheremos os frutos”, assegurou
Fernando Fanheiro, que aproveitou a ocasião para felicitar
PMourana pelos 40 anos de
carreira e pela exposição.
Bruce Springsteen e os 70 anos de vida…musical
Bruce Springsteen completou 70 anos segunda-feira
(23). Para celebrar o aniversário do artista, que nem sempre
foi um astro da música — até
o lançamento do seu terceiro disco, “Born To Run”, de
1975, pouca gente sabia quem
ele era. Cantor, compositor e
guitarrista, Bruce Frederick
Joseph Springsteen nasceu em
Freehold, New Jersey, Estados
Unidos, e é considerado uma
das figuras mais importantes do
rock a surgir nos anos 70. Em
1965, se apresentava no Greenwich Village em New York
formando bandas como Steel
Mill e Dr. Zoom and The Sonic Boom. Nesta época foi preso tentando pular os muros da
mansão Graceland de seu grande ídolo, Elvis Presley. Seu primeiro álbum, “Greetings from
Asbury Park” (1973) não foi
um sucesso comercial mas chamou a atenção dos críticos que
o compararam a Bob Dylan.
Seu segundo disco, “The Wild,
The Innocent and the E. Street
Shuffle” (1973), teve a mesma
resposta do anterior. Em 1974,
Bruce já tinha solidificado seu
grupo, o “E Street Band” com
Roy Bittan, Danny Federeci, Clarence Clemmons, Gary
Tallent, Max Weinberg e mais
tarde, Steve Van Zandt. Acompanhado de enorme campanha
publicitária, o lançamento do
álbum “Born To Run” (1975)
finalmente lhe trouxe o sucesso, provando-o como um compositor e performer. Disputas
judiciais o impediram de lançar seu álbum seguinte, “Darkness on the Edge of Town”,
até 1978. “The River” (1980)
foi mais um sucesso de crítica
e público. Deixando um pouco de lado suas características
de super-produção, Bruce fêz
do álbum “Nebraska” (1982)
um disco introspectivo com
instrumentos acústicos (violão
e harmônica) e sem sua banda tradicional que voltaria no
mundialmente aclamado “Born
in the U.S.A.” (1984), que elevou Bruce à categoria de porta
voz musical dos trabalhadores.
“Dancing in the Dark”, um single deste álbum, garantiu-lhe o
Grammy de melhor vocalista de
rock em 1985. O álbum “Bruce
Springsteen & the Street Band”
atingiu o tôpo das paradas no
final de 1986. Álbuns posteriores importantes incluem “Tunnel of love” (1987), “Chimes
of Freedom” (1988) e “Human
Touch” (1992), além do “Unplugged” gravado para a MTV.
Seus álbuns mais recentes são
“Devils & Dust” (2005), “Born
to Run” 30th Anniversary Edition (2005), “Hammersmith
Odeon London ‘75” (2006) e
“We Shall Overcome The Seeger Sessions” (2006). Até hoje,
o álbum “Born to Run” (1975)
com a “E Street Band”, é considerado pela crítica o mais importante de sua trajetória.
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | CULTURA| zambeze | 29
Marrabenta: evolução e estilização 1950-2002 (1)
A Marrabenta é o principal ritmo musical de Moçambique, bem no coração da sua identidade. Ritmo urbano, a sua
estilização deve-se a pessoas urbanizadas que, distantes do
seu meio social e cultural e sujeitos à influência da cultura
ocidental, criaram este ritmo, pegando noutros já existentes
como a Magika, Xingombela e Zukuta. Começou no final dos
anos 30, mas será na década 50 que se tornaria popular com
conjuntos como Djambu, Hulla-Hoope Harmonia. A marrabenta incorporou vários ritmos folclóricos, é produto da miscegenação cultural das gentes do Sul do Save, e da dinâmica
sócio-cultural. A sua estilização verificou-se nas Associações
de Naturais que tiveram um papel importante na defesa da
cultura e identidade cultural dos africanos no período colonial
caracterizado pela supressão sistemática de qualquer manifestação cultural por parte dos nativos, consideradas folclóricas.
Assim, as Associações,
Associação Africana (AA) e o
Centro Associativo dos Negros
da Província de Moçambique
(CANPM) vão contribuir para
o resgate da identidade e cultura moçambicana apesar da obrigatoriedade de cantar e dançar
músicas e ritmos portugueses
entre 1912 a 1975, aquando da
Independência. Para a adopção
e promoção da cultura moçambicana, destaque-se o trabalho
de José Craveirinha (Associação Africana) e Samuel Dabula
Nkumbula (Centro Associativo dos Negros) que, devido à
consciência politica e cultural,
contribuem para a adopção e
promoção de ritmos, músicas
e danças africanas nas associações. A Marrabenta passou por
várias fases.
Origens da Marrabenta
A Marrabenta terá tido
origem na região sul de Moçambique como demonstrado
pela língua utilizada e pela
maioria dos seus praticantes
que são todos oriundos desta
região que comporta Maputo,
Gaza e Inhambane. O nome
Marrabenta provem de rebenta, associada ao dançar em
excesso. Nas décadas de 30 e
40 na Mafalala, um dos principais bairros suburbanos da
então Lourenço Marques, terá
surgido o nome Marrabenta .
Na Mafalala, na Associação
Beneficiente Comoreana, sala
de recreação e diversão, então
conhecida pelos locais como
‘Comoreanos’ terá surgido o
nome ‘Marrabenta’. O local
era assim chamado pelo facto dos seus associados serem
provenientes das Ilhas Comores. O ‘Comoreanos’ era
um Cabaré onde a população
suburbana se divertia. Então,
um dos ritmos que se dançava
ali era a ‘Marrabenta’ que até
então, anos 1930, não tinha
nome.
Factores que contribuiram para
a estilização da Marrabenta
A estilização da Marrabenta terá resultado da combinação
do movimento migratório de
Moçambique para a África do
Sul e vice-versa, realizado predominantemente por indivíduos de origem rural que emigravam para as minas sul-africanas
à procura de melhores condições de vida. No seu regresso,
introduziam ritmos, aparelhos,
discos e músicas apreendidas e
ouvidas na África do Sul junto
às suas famílias. Desta forma
faziam com que estes entrassem no meio rural ou suburbano de Lourenço Marques,
provocando a familiarização
do meio sócio-cultural com estas novas expressões culturais,
levando à gradual aculturação
dos seus familiars mais próximos e habitantes.
A rádio contribuiu bastante
para a propagação destes ritmos
devido à preferência da população africana por esta fonte de
informação dado que a maioria
da população era analfabeta e
sem acesso à informação escrita. As bandas americanas e
suf-africanas também tiveram a
sua influência. As bandas americanas tinham adeptos junto de
um público africano mais evoluído que escutava as bandas
americanas de jazz, enquanto
que as bandas sul-africanas
eram preferidas pelos emigrantes moçambicanos que estavam
em contacto directo com a música negra sul-africana. Assim,
a vinda de bandas sul-africanas
a Moçambique vai despertar
nos moçambicanos a vontade
de as imitar. Pois, em 1951,
chega a Moçambique o agrupamento sul-africano ‘Zonk’,
constituído por negros. Foi a
primeira vez que se viu e ouviu
uma guitarra eléctrica em Moçambique tocada por negros .
Isto teve um enorme impacto
sobre a população negra, como
se pode imaginar.
As associações contribuíram para o surgimento e desenvolvimento de uma consciência
cultural, social e politíca, apesar das restrições impostas pelo
Estado colonial Português. Ao
permitir a sua criação e surgimento, o Estado colonial tinha
em vista o controlo, orientação
e a introdução de elementos da
cultura portuguesa no seio destes grupos e, ao mesmo tempo,
impedir a formação de uma
frente comum por parte dos colonizados.
O surgimento da Marrabenta nas associações foi o culminar do processo de ‘Regresso
às Origens’, iniciado na década de 1940 por vários pensadores e dirigentes africanos.
Este movimento foi liderado
por um grupo de intelectuais e
usava como armas a culinária,
a poesia, a música, o desporto
e arte para afirmar valores e a
identidade africana. Deste periodo destacam-se poetas como
Rui de Noronha, com o poema
‘Surge et Ambula’, publicado
em 1936, e Noémia de Sousa
com ‘Sangue Negro’ de 1949.
O momento mais celebrado
deste movimento acontecerá
em 1959, com a realização do
espectáculo musical denominado ‘Concerto de Música Folclórica’ envolvendo as bandas
‘Hulla-Hoop’, ‘Harmonia’ e
‘Djambu’ na AA. Este evento
foi o primeiro da história da
música negra moçambicana segundo o ‘Brado Africano’ , que
o apelidou ‘O Concerto Musical do Ano’. A experiência
serviu para confirmar a viabilidade da execução de números
folclóricos. Os agrupamentos
musicais contribuíram, por seu
turnom para a difusão da música ligeira entre a população
africana, para a divulgação dos
ritmos moçambicanos e a sua
penetração no seio da população colonial. A dinâmica exibida pelas associações na segunda metade da década de 50 na
defesa e promoção da cultura
africana deveu-se às duas importantes figuras: Craveirinha
na AA e Dabula no CAN.
Estilização da Marrabenta
1950-1960
A estilização da Marrabenta verificou-se pela interpretação de músicas populares
com instrumentos de origem
européia. Este processo deu-se
a 1958/9 com a realização do
primeiro espectáculo de música negra em Moçambique,
como fizemos referência na
secção anterior. O espectáculo
foi um sucesso, pois os espectadores vibraram do princípio
ao fim. Era a primeira vez que
assistiam a um concerto cuja
temática era apenas a música
local. Neste processo destaca-
-se a Orquestra Djambu que se
encontrava sediada no CAN, o
Conjunto Hulla Hoop, mais tarde João Domingos e o Conjunto Harmonia.
Young Issufo Jazz Band foi
o primeiro conjunto Mocambicano constituído por indivíduos
de raça negra. Foi fundado em
1956 por Young Issufo como
um quarteto passando a sexteto
em 1957. A ideia de Young Issufo era criar um grupo africano que fizesse frente às bandas
sul-Africanas que vinham actuar em Moçambique na década de 50. A formação original
era constituída por Domingos
Mabombo, Manuel Hassane,
Orlando, Jose Manuel, Moises
Manjate e Young Issufo .
Orquestra Djambu forma-
-se em 1958 após a dissolução
do Young Issufo Jazz Band em
1957. A banda integra-se ao
CAN sob a direcção do professor Samuel Dabula. Inicialmente tocam Blues e Jazz, só
mais tarde tocam marrabenta.
Conjunto Joao Domingos,
fundado por Young Issufo e
Hassiade Mumino (Gonzana)
em 1958 como Hulla-Hoop
passa a João Domingos em
1960. Fica associado à Associação Africana (AA) sob a
liderança de José Craveirinha.
Conjunto Harmonia, provável
data da sua formação é 1958.
Na sua formação participaram
Rachide e Miguel Mabote na
Mafalala, também integram-se
na AA.
Orquestra Djambu em plena actuação
Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 |zambeze rir| zambeze | 31
Ver, ouvir... e não calar
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para 2020
Em tempo de comemorações,
quem faz 17 anos é o ZAMBEZE!
OJornal Zambeze
completou, ontem, 17 anos de
vida. Uma vida
prenhe de acontecimentos que foram fazendo eco
em todo o país, ribombando em
todos os sentidos. Por palavras
outras, podemos assumir que
o leito do rio galgou margens e
invadiu espaços outrora pouco
conhecidos. Falamos dedivulgação de informação pertinente ao
desenvolvimento do país, informaçãoque ao longo do tempo era
vedada ao público por força das
algemas nas palavras!
O tempo foi passando, o rio
onde a nação se reencontra fez
das suas, e hoje, para gáudio de
todos, continuamos a irrigar de
informação corações ávidos em
cultivar a notícia, ombreando
com garbo junto dos outros colegas da área. Caso para dizer: por
mais modestos que sejam os seus
fazedores, resta sempre um motivo de orgulho. Orgulho de ser um
rio navegável e aniversariante.
Nasimagens, o editorEgídioPlácido, o director ÂngeloMunguambe, os jornalistas Elton Da Graça,
Luís Cumbee o paginador Jorge
Neves, exibem a juventude que o
jornal transpira. As fotos são do
fotojornalista D.Kware, ou simplesmente José Leão, o nosso homem do Zoom. Bem-haja!
Os acompanhantes do aniversariante exibem acoreografia
do saber sentar, saber marchar, e
saber estar na vida. Uma vida feita de altos e baixos, mas que não
deixa de ser vivida com intensidade. Intensidade que engrandece
um rio e um país nos seus mais
diversos desígnios.
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