sábado, 28 de setembro de 2019

Fome na Junta Militar de Nhongo

Director: Ângelo Munguambe l Editor: Egídio Plácido l Maputo, 26 de Setembro de 2019 l Ano XIV l nº 894 50,00 z E mt Sai às quintas amb Onde a nação se reenc e ontra z Comercial TABELA DE PREÇOS Abertas assinaturas para 2020 MAIS INFORMAÇÕES Cell: 82 45 76 070 | 84 26 98 181 Email: esmelifania2002@gmail.com ZAMBEZE 2.300,00mt 2.900,00mt 4.450,00mt período trimestral semestral ANUal Ataques em Cabo Delgado, segundo estudo do IESE Economia local financia terrorismo Fome na Junta Militar de Nhongo Segundo Adriano Nuvunga Candidatos não têm ideias claras Salvos pelas doações e apoio de deputados Terroristas financiados pela economia local Um estudo tornado público, na semana passada, pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) aponta que os grupos radicais que aterrorizam a província de Cabo Delgado, em especial o distrito de Mocinhos da Praia, eram financiados por dinheiro proveniente de economia local ilícita e doações, e que as transferências dos valores monetários, eram feitas via electrónica: M-pesa, M-kesh, M-mola. Àsemelhança do que acontece em out ro s p a í s e s que enfrentam o extremismo violento, o financiamento do grupo dos Al-Shabaab em Mocínhos da Praia e distritos circunvizinhos, (pelo menos nos momentos iniciais), estava muito ligado a uma economia local ilícita, com ligações a redes clandestinas de tráfico de madeira, carvão vegetal, rubis, marfim, entre outros produtos. Fontes de financiamento De acordo com as entrevistas efectuadas pelo IESE, não só em Mocímboa da Praia como também em Pemba, o tráfico de madeira é uma das actividades ilícitas que tem alimentado o financiamento e a reprodução da violência levada a cabo pelo grupo dos Al-Shabaab. Com efeito, segundo fontes locais, uma rede muito bem estabelecida e com forte poder financeiro na Tanzânia contratava pessoal local para o abate da madeira e seu respectivo processamento em pranchas. Depois do processamento, barcos eram enviados para Macomia, nomeadamente na zona de Quiterajo e/ ou outras ilhas para poder fazer o transporte da madeira para a Tanzânia ou vendê-la junto de compradores chineses. O negócio ilegal da madeira gerava um lucro muito grande para os membros do grupo envolvidos. Só para se ter uma ideia, de acordo com as fontes locais, uma prancha era vendida na Tanzânia por um valor correspondente a 2.500 meticais. Por mês saíam cerca de 50 mil pranchas, o que corresponde a 125 milhões de meticais. Uma insignificante parte destes fundos ficava nas mãos dos líderes locais do grupo dos Al-Shabaab em Mocímboa da Praia e distritos circunvizinhos. A partir destes fundos, eles financiavam actividades de jovens no mercado informal em Mocímboa da Praia, através de esquemas de micro-crédito, como forma de aliciamento, bem como as viagens dos líderes espirituais muçulmanos da Tanzânia para Mocímboa da Praia. Carvão vegetal e rubis Para além da madeira, o grupo dos Al-Shabaa, tal como detalha o estudo, também estava envolvido na produção e comercialização de carvão vegetal. Grandes quantidades de carvão eram transportadas por embarcações artesanais tanzanianas para serem vendidas na Tanzânia, particularmente em Zanzibar ou em outros lugares. De acordo com fontes locais, cada saco de carvão vegetal era vendido na Tanzânia a um valor correspondente a cerca de 2000 meticais, e por semana saíam cerca de 5 a 10 mil sacos. Outra fonte de financiamento era o negócio ligado às actividades de exploração e venda de recursos minerais, particularmente rubis. Grupos de garimpeiros ilegais oriundos da Somália, Etiópia, Tanzânia e região dos Grandes Lagos instalaram-se na região de Montepuez, tendo estabelecido alianças com algumas lideranças religiosas locais via laços de casamento. Estes grupos de garimpeiros controlavam grande parte do comércio informal, não só de pedras preciosas como também de produtos de primeira necessidade, construção civil, combustíveis e peças de carros. Além disso, estes grupos financiavam a actividade religiosa a nível local, através da construção de locais de culto, nomeadamente mesquitas e madrassas. Dado o conflito que se instalou entre os garimpeiros informais e a empresa Montepuez Ruby Mining (MRM), em Fevereiro de 2017, o Estado moçambicano lançou uma grande ofensiva de expulsão dos garimpeiros ilegais nacionais e estrangeiros. Esta ofensiva resultou no abandono dos garimpeiros, tendo muitos deles perdido seus bens. De acordo com fontes locais, havia muita 2 | zambeze Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | destaques | circulação ilegal de armas, que acabaram nas mãos de jovens com ligações ao grupo dos Al- -Shabaab de Mocímboa da Praia. Ideologia No início, o grupo dos Al- -Shabaab era, acima de tudo, uma organização religiosa não militarizada. Gradualmente, o grupo foi-se militarizando sem, no entanto, ter uma elaboração teológica sofisticada nem uma ideologia claramente definida, apesar de reclamar a prática de um Islão fundamentalista. “Todavia, é importante referir que o grupo tinha uma forte propaganda que se estruturava em torno de uma oposição explícita, por um lado, às políticas do Governo e, por outro, às lideranças islâmicas locais. O grupo moveu uma perseguição à ordem islâmica localmente estabelecida e incitou os sectores mais desfavorecidos da população a insurgir-se contra as elites político-administrativas de Mocímboa da Praia”, pode-se ler no documento. Nos seus discursos de mobilização das comunidades locais, os elementos do grupo dos Al-Shabaab também diziam pregar a moral. Um dos entrevistados afirma que “eles [AlShabaab] diziam-nos: cortem o braço ao ladrão, apedrejem o adúltero até à morte e não tenham medo do Governo. Não participem nas cerimónias do Governo”. Além disso, o grupo dos Al- -Shabaab nas suas interacções com a população local (pelo menos nos primeiros momentos) defendia que a solução de problemas como o desemprego, a corrupção generalizada nas esferas oficiais, a exclusão política e as desigualdades sociais residia na adesão à versão puritana do Islão. O grupo também defendia a adesão ao movimento internacional de jihad. A sua liderança partia da premissa segundo a qual era necessário impor à população de Mocímboa da Praia a sharia (lei islâmica). “Eles proibiam que os seus filhos frequentassem as escolas oficiais e que os seus membros tivessem ligações com as autoridades locais, pagassem impostos e participassem em processos eleitorais. Eles proibiam, igualmente, que os seus membros frequentassem os hospitais e vestissem roupas de influência ocidental. De acordo com fontes locais, os seus militantes demonstravam uma fidelidade incomum aos ideais radicais do grupo e quando falavam com os vizinhos, consideravam-se ser os únicos guardiões da forma correcta de rezar e praticar os preceitos do Alcorão”. Para o Sheik Saide Habib há uma clara fragilidade das forças de defesa e segurança em conter a onda de ataques em cabo de Delgado. No entanto, acrescenta que há um trabalho notável feito, particularmente junto das populações embora falta muita por fazer. Acompanhe algumas linhas da conversa entre Sheik Saide Habib e a reportagem do Zambeze: Quem no governo de Moçambique é responsável pela prevenção e combate ao terrorismo? Os responsáveis são as Forças de Defesa e Segurança (FDS), mas o que sucede é que parece que a policia não está a conseguir carregar esse fardo, daí que o Ministério da Defesa está também a fazer a sua parte. Com isso não pretendo dizer que não haja outros actores envolvidos nessa questão. Diversas organizações também desdobram-se no sentido de sensibilizar a juventude que outrora vinha sendo enganada para não enveredar por neste caminho. Os efeitos podem ser lentos e invisíveis. Há um trabalho a ser feito. Há quem diga que há um mal-estar no seio da juventude, claro, mas isso não significa recorrer ao terrorismo para reivindicar qualquer que seja a causa, porque estaríamos a assistir a uma avalanche da juventude não só da província de Cabo Delgado, mas de todo o país, devido ao descontentamento desta classe. Temos uma plataforma inter-religiosa onde interagimos com os jovens para a preservação de modo que não siga as atitudes dos radicais. Sabe de alguns programas que o governo tem no âmbito de prevenção deste mal? Relativamente aos programas do governo não posso precisar. A consciência que o governo tem é colaborar com as comunidades, e o que tem vindo a acontecer pese embora muito tarde porque em tempos lembro que alguns líderes religiosos eram conotados como cúmplices dos insurgentes, mas com a visita do Ministro da Defesa houve mudança, pois notaram que as lideranças também desdobravam-se para a prevenção desse mal. Alguma vez os cidadãos nas zonas de ocorrências dos ataques foram informados sobre a aproximação dos insurgentes? Bom, esta questão é de difícil resposta, pois abandonar o lugar para se fixar noutro é difícil, mas existem certas aldeias que populações abandonaram em busca de locais seguros, falo concretamente da aldeia de Macumo, em Macomia. Só que nesta movimentação, há um porém, ou seja, à medida que as populações abandonam as suas aldeias em busca de locais seguros, e deixar livre o terreno para os malfeitores, isto pode ter um risco dominó, ou seja, por causa deste medo, uma vila pode acabar sendo ocupada por insurgentes. Sei que Moçambique tem estado a equacionar uma coordenação com alguns países da região, mas até que ponto isso está, não tenho conhecimento. Se me questionar sobre a possibilidade de a população aliar-se aos insurgentes para questões de sobrevivência, acho eu que e impossível, porque a sua causa é desconhecida, não há rostos visíveis, e representam um perigo para as próprias populações. Alguma vez as FDS trabalharam com os civis no âmbito do combate aos insurgentes? Penso que sim, até porque a actuação das FDS resume-se com a população. Mas se me questionar até que ponto as relações entre a população e as FDS são saudáveis? Aí já é um outro problema, dado que tem havido exagero por parte das FDS. Exemplo, há algumas reclamações da própria população em relação a actuação das nossas forcas, outra questão prende-se com o facto de alguns líderes religiosos serem conotados como apoiantes dos malfeitores. Redacção Polícia não consegue carregar o fardo Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | destaques | zambeze | 3 4 | zambeze | destaques | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 Eleições em Moçambique Não há ideias claras para mudar a vida das populações Em entrevista a DW África, o director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) de Moçambique, Adriano Nuvunga, fala das diversas metamorfoses da campanha eleitoral e dos processos eleitorais moçambicanos e acusa a polícia de fazer “vista grossa” aos actos praticados por elementos ligados ao partido no poder, a FRELIMO. De seguida e com a devida vénia publicamos a antevista. Acampanha eleitoral vai para o momento crucial, a fase final. Que balanço faz do processo em geral? Há duas questões principais que se colocam. A primeira tem a ver com a integridade do processo eleitoral, até que ponto os órgãos eleitorais vão assegurar que todos os votos contem em igualdade de circunstâncias. A situação de província de Gaza, de estatísticas de manipulação de orçamento eleitoral, levanta dúvidas sobre isso. Há cada vez um pouco mais de confiança nos órgãos eleitorais, mas fica claramente o ponto de interrogação sobre até que ponto as condições estão criadas para que a votação seja livre por forma assegurar a justiça eleitoral. Por outro lado, cada vez que se acompanha essa campanha eleitoral nota-se o vazio de ideias à volta do espectro político moçambicano. Fica a ideia de que os candidatos, partindo do ponto de vista daquilo que estão a transmitir nas campanhas fora do manifesto eleitoral, não há ideias claras e nem estratégias para mudar a vida da população no campo O que está na base da violência eleitoral que se assiste em Moçambique? Há três dimensões de violência que estão a marcar a campanha eleitoral. A primeira, tem a ver com o fato de Moçambique ter uma sociedade marcada por violência politica. Ou seja, o processo eleitoral acontece num quadro marcado por violência política, que apesar de, em 1992, ter terminado o conflito civil que dividia os moçambicanos, através do Acordo geral de Paz, na realidade a sociedade moçambicana não chegou a estar reconciliada no sentido de aceitação mútua para que as pessoas possam conviver de forma sã na democracia. A segunda dimensão, tem a ver com a intolerância política que é cada vez mais movida por aspectos ligados a qualidade governativa em Moçambique. É que cada vez mais fica claro que é nas eleições onde se decide quem vai comer nos cinco anos seguintes e quem vai passar fome...seja na relação interpartidária ou intrapartidária. A título de exemplo, um candidato partidário que é eleito com 52% dos votos, fica com 100% do poder e aquele que teve, por exemplo, 40% dos votos fica com 0% do poder. Isso corresponde a passar fome nos anos seguintes e exacerba os ânimos na campanha eleitoral. A terceira e última dimensão, tem a ver com a forma como os partidos políticos se relacionam com as populações, quando compreende que esta população é favorável ou não a sua orientação politica. Nós temos vários observadores espalhados em todo o país, que estão a reportar casos em que, na chamada campanha porta à porta, quando chega uma aposição e entra na casa da pessoa, esta sai com uma catana a perseguir essa pessoa. É essa intolerância que mostra a dificuldade em aceitar o princípio central do exercício democrático. Mas não esquecer que há uma violência mais estruturada e militarizada em dois pólos do país: no norte em Cabo Delgado, onde em algumas partes já não é possível decorrer a campanha eleitoral porque os ataques estão a aumentar, nos distritos de Macomia e arredores. Mas também há que considerar as ameaças em torno do perímetro de corredor da Beira onde o Mariano Nhongo tem estado a ameaçar que vai colocar pessoas armadas. Isto tudo caracteriza o quadro de violência. A campanha também está a registar um índice muito alto de acidentes fatais. O que explica tantas mortes assim? De facto esta campanha é aquela que mais acidentes mortíferos se regista. Depois do acidente que houve em Nampula ainda não foi investigado, esclarecido e anunciado o número das pessoas que perderam a vida. Nem investigado qual foi a atitude das forças policiais, precisamente como é que se comportaram em relação aos jornalistas. Porque há indicação de que jornalistas foram ameaçados e arrancaram imagens a alguns para não mostram o que realmente aconteceu. Este caso tem que ser investigado e esclarecido. No outro quadro são acidentes um pouco por todo país. Acontece mais na campanha da FRELIMO. É preciso compreender o que é que poderá estar a passar aqui. Como sabe, é uma estrutura muito hierarquizada e uma oportunidade de adjudicar contratos que podem resultar em desleixos e descuidos que acabam em acidentes que matam os inocentes. Mas tem havido também críticas à FRELIMO, que ainda não decretou luto, nem aceita falar publicamente sobre essas mortes? É um claro desrespeito pela vida humana, que é surpreendente porque nunca foi assim na tradição do partido no que diz respeito a forma como olha para a vida humana. Mas pode mostrar também que dentro da FRELIMO há disputas e que as estruturas do comando não estão sintonizadas. O que é urgente fazer para evitar mais casos de violência na fase final da campanha eleitoral? Nesta terceira semana houve decréscimo nos actos de violência. Mas historicamente quanto mais se aproxima do fim da campanha recrudesce a violência. A responsabilidade número um deve ser dos líderes dos partidos políticos que devem claramente posicionar-se contra a violência em público e mostrar que isto não deve ser a forma de actuação. No outro sentido, é actuação da polícia de Moçambique. Infelizmente a polícia tem estado a ser cúmplice, protegendo as pessoas ligadas ao partido FRELIMO e deixar a sua mercê os militantes da oposição. O que tem incentivado os grupos mais radicalizados dentro da FRELIMO a sentirem que a sua violência é acarinhada pela polícia. A polícia faz vista grossa quando estes grupos do  partido  no poder cometer actos de violência. -Adriano Nuvunga à DW Desde o início da revolução, Mariano Nhongo,diz que “os guerrilheiros que apoiam a Junta Militar da Renamo, nas bases do partido, deixaram de receber apoio alimentar e o grupo está a sobreviver de pequenas doações de membros e deputados”. Apartir da Gorongosa em teleconferência, Nhongo, no entanto, não assume os últimos ataques a autocarros de passageiros e de carga nas províncias de Manica, Sofala, Nampula e Niassa “Se parar com a campanha e aceitar que não há voto até próximo ano, nem um tiro não vai se ouvir aqui em Moçambique, se não aceitar isso há tiros”, avisou Mariano Nhongo. Ele advertiu que a “população está preocupada (em saber) quem está a disparar armas, é a Frelimo que está disparar armas, porque não quer coordenar com os partidos políticos”. Mariano Nhongo lembrou que a Renamo continua armada e considerou a continuidade do decurso de campanha eleitoral como um “desprezo” às reivinA Polícia da República de Moçambique (PRM) vai criar uma comissão para averiguar as causas do acidente que culminou com a morte de pelo menos quatro pessoas em Songo, na província de Tete, após um comício. Domingos Mahumane, porta-voz da Polícia de Trânsito em Tete, as autoridades estão neste momento à espera dos resultados preliminares das equipas técnicas. “Mas esperemos pela peritagem técnica para determinar as reais causas do acidente de viação”, disse o porta-voz da Polícia de Transito, citado pela AIM. O acidente ocorreu à saída da vila do Songo, junto à albufeira de Cahora Bassa, com um camião que transportava simpatizantes do partido, na caixa de carga, e que regressavam aos seus locais de origem após terem participado num comício da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). O veículo de mercadorias despistou-se pouco depois de iniciar viagem, saiu da estrada, resvalando para uma encosta onde capotou, segundo um comunicado do Gabinete Provincial de Preparação de Eleições da Frelimo, na província de Tete. A primeira análise da polícia moçambicana apontava para falhas mecânicas. No total, 56 pessoas ficaram feridas, 15 das quais em estado grave. No entanto, até ao início da tarde de segunda- -feira, 12 dos feridos em estado grave já estavam estáveis e receberam alta. Durante um comício também em Tete na segunda-feira, o candidato da Frelimo à presidência e chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, pediu um minuto de silêncio em memória das vítimas do acidente. “O melhor que podemos fazer pelos camaradas nossos que perderam a vida neste acidente é garantir que o seu desejo seja feito, disse Filipe Nyusi, acrescentando que a Frelimo tem estado a apoiar as famílias das vítimas. No dia 11 de Setembro, após um comício da Frelimo em Nampula, dez pessoas morreram quando uma multidão saiu de forma desordenada de um estádio de futebol onde decorria o evento. Comício em Tete Polícia averigua causas do acidente dicações do grupo, que desde Junho contesta a liderança de OssufoMomade e ameaça com acção militar a resistência nas negociações. “Não estamos a partir (assaltar) bancas, nem nada, estamos a exigir a democracia”, precisou Mariano Nhongo, sobre a sua contestação, para depois ameaçar que “se não nos ouvirem, caso as coisas forem piores, vamos procurar sobreviver, porque temos armas”. Ataques não assumidos Na terça-feira, 17, dois camiões de carga foram atacados com um grupo armado em Zimpinga, num troço da Estrada Nacional seis (EN6), que liga o porto da Beira ao interland, ferindo os dois condutores e seus dois ajudantes. Ainda nesta semana, a imprensa moçambicana noticiou o ataque a um autocarro de passageiros por homens munidos de armas de assalto do tipo AK 47, em Malema, na província de Nampula, e um assalto a um comerciante na Gorongosa. Os incidentes antecederam um outro ataque a três viaturas, sendo um autocarro e dois camiões de carga, provocando o ferimento a três pessoas na ponte sobre o rio Pungue, zona limítrofe dos distritos da Gorongosa e Nhamatanda, na província de Sofala. Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | Destaque | zambeze | 5 Mariano Nhongo fala de fome na Junta Militar Sobrevivemos de pequenas doações de membros e deputados 6 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 ANUNCIE NO ZAMBEZE Departamento Comercial Contactos: (+258) 823073450 | (+258) 824576070 | (+258) 842698181 E-mail: zambeze.novomedia@hotmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Comercial A campanha eleitoral para as Eleições Presidenciais, Legislativas e das Assembleias Provinciais, está a praticamente 20 dias, no momento em que escrevo para ti, estimado leitor. Pois, depois desta quinta- -feira (19.9.2019), esta campanha eleitoral está a ensinar ao mundo como os moçambicanos, depois de desavindos, numa guerra de 16 anos e outras que se seguiram, que, na verdade, Filipe Jacinto NYUSI ficará para os anais da história de Moçambique por ter quebrado o tabu e para cumprir a promessa do seu “Juramento”, aquando da investidura. Dizia na presença do então Presidente do Conselho Constitucional, Hermenegildo Gamito, que: “fazia tudo por tudo para que o povo moçambicano tivesse a PAZ!...” Filipe NYUSI foi mais além, pois foi ao encontro do então líder da RENAMO Afonso Dhlakama, para “conversas” na Serra de Gorongosa, uma acção imaginável, para a maioria de todos nós. Mas fê-lo, em amor ao povo moçambicano, para cumprir com a sua promessa: PAZ!... Durante esta campanha, nos 20 dias, a FRELIMO através do seu porta-voz, Caifadine Manasse, considera que o trabalho realizado pelo “batuque e maçaroca” é positivo, pois decorre com o que estava programado. No entanto, José Manteigas, porta-voz da Renamo, enumerou uma série de irregularidades, numa técnica sempre antiga da “Perdiz”, que prepara os eleitores para no fim declarar que: “foram roubados” e “que as eleições não foram livres, nem justas e transparentes…” Basta ver que alguns jornais que desde a primeira hora dizem sempre: “que em mais de 40 anos a FRELIMO não fez nada…” Em contra-partida, esses mesmos jornais NÃO escrevem que: foi a RENAMO com o regime rodesiano do tabaqueiro Ian Smith e do apartheid da África do Sul, de Piter Botha que atrasou a “Pátria Amada” em muitos anos: queimando viaturas, machibombos (com seus passageiros), queimou escolas e centros de saúde, raptando professores e enfermeiros, destruindo pontes, estradas e outras infra-estruturas para cumprir com o que os colonialistas que abandonaram Moçambique diziam: “A FRELIMO, o Governo da FRELIMO só tinha 6 meses para governar…” Curiosamente, não obstante todo o tipo de sabotagem, a FRELIMO governou até hoje. É o que, salvo os entendimentos da PAZ, devemos recordar à nossa juventude que vai votar pela primeira vez: perdoar sim, mas não esquecer… O balanço que o porta-voz do MDM faz é positivo, pois não considera desastrosa, como a RENAMO, os primeiros 19 dias de “caça” ao voto, pelo “galo” incluindo aquela de vitimização do incêndio da casa da mãe de Manuel de Araújo, que se sentindo “invadido” com a popularidade de Pio Matos, Cabeça de Lista da FRELIMO, está até ao lado do seu líder, perante a humildade do carismático Pio. Nestas eleições, Filipe NYUSI, candidato da FRELIMO, promete: TRABALHO, TRABALHO e TRABALHO!... Trabalho sobretudo para os jovens. Emprego… Todavia, Ossufo Momade diz: “Se nós ganharmos, os jovens com 12ª classe não vão vender amendoim…” A propósito um amigo perguntava-me: -“É preciso ter muita lata! Não sabe quantos jovens tem a 12ª classe que não tiveram emprego por causa das destruições da RENAMO durante os 16 anos e outros de “bacela”, mas vem agora com esta, convencidos que todos são papalvos…” Mas sobre promessas Ossufo Momade é campeão: “Vamos construir linha férrea do Rovuma ao Maputo…” O meu amigo perguntava- -me: “O que iria transportar no trajecto Maputo/Inhambane?...” -Talvez coco, rale, tangerinas, laranjas!... – era eu, rindo ele à gargalhadas. -“É preciso ter muita lata. Caça ao voto, mas que meçam as palavras…” Demonstra que não tem sentido de Estado. Por isso, a FRELIMO já está a contra-atacar: “Não respondam as provocações”. – diz Filipe NYUSI, candidato da FRELIMO. -“Estão a mentir!…” – contra-ataca o Secretário-geral da FRELIMO, Roque Silva. -“Sejam moderados na linguagem…” – era o apelo do Secretário-Geral da ACLLN (Associação da Luta de Libertação Nacional), perante o “excesso de insultos”, por parte dalguns líderes, que querem o poder a qualquer preço, incluindo vandalizações como sucedeu quinta-feira em Nacala-Porto, protagonizado pela ingénua RENAMO. É para preparar a chamada “Opinião Pública”, incluindo os “Observadores”, sobretudo esses que deram “dinheiro”, para esforça-los a dizer: “As eleições foram livres, justas e transparentes”, mas cheias de irregularidades. Pretexto para “novas escaramuças”. Este povo Moçambicano está condenado desta forma: PORQUÊ?... Mas aquela do líder da RENAMO, Ossufo Momade, considerar TODOS “professores” e “enfermeiros” “ladrões”, porque ganham pouco, mas ele promete MUNDOS e FUNDOS, fica sem comentários... Do discurso realista da FRELIMO às promessas falsas da RENAMO & queijandos… Maputadas Francisco Rodolfo z “Se nós ganharmos, os jovens com 12ª Classe não vão vender amendoim…” z “Vamos construir linha férrea do Rovuma ao Maputo…” z “Professores e enfermeiros “ladrões”… z Técnica de vitimização da RENAMO para os doadores dizerem que: “as eleições não foram livres, justas e transparentes”, antes delas se realizarem… Campanha Eleitoral em Moçambique: Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | opinião | zambeze | 7 É urgente reduzir os atropelamentos O número de vítimas por atropelamento é muito alto e preocupante. Basta entrar nas enfermarias dos hospitais para comprovar esta realidade, uma vez que as camas estão ocupadas em grande número por feridos graves, vítimas de atropelamentos. Entre os atropelados as crianças estão em maior número. Sabendo-se que o número de atropelados é mais elevado nas cidades, impõe-se um plano de emergência para se poder reduzir as estatísticas sinistras que elas quantificam. Se já tivéssemos um sistema de recolha de dados dos acidentes que se registam nas nossas vias públicas, saberíamos quais as vias e os locais onde os atropelamentos são frequentes e que merecem uma intervenção. Face ao nível de gravidade alto da sinistralidade rodoviária do nosso país, e em especial dos atropelamentos, seria de esperar que os responsáveis pela segurança rodoviária tivessem um plano estratégico para os combater. Se na verdade existe o tal plano, deveria ter sido divulgado, tanto mais que o combate a este fenómeno rodoviário só pode dar resultados positivos se for um plano multi-sectorial, onde os outros parceiros, directa ou indirectamente ligados a esta questão, incluindo os próprios cidadãos, possam dar o seu contributo. Vamos, em seguida, dar alguns contributos que, em nossa opinião, podem ajudar a melhorar o plano de combater os atropelamentos e, eventualmente, virem a ser aproveitados, caso os nossos dirigentes os considerem pertinentes. -Fazer um estudo dedicado ao levantamento exaustivo dos locais mais perigosos para os peões, em Maputo, para depois tomar medidas correctivas; _ Sensibilizar os Conselhos Municipais para colocar passadeiras complementadas por sinais gráficos verticais, advertindo e informando sobre a aproximação de um local frequentado por peões, principalmente próximo das escolas, creches e hospitais, entre outros locais de risco. _ Colocar bandas sonoras em locais de aproximação de perigo de encontrar peões e, nos sítios onde os condutores sistematicamente não obedecem à sinalização de aviso de perigo, colocar lombas; _ Colocar placas de refúgio (também conhecidas por “ilhas de atravessamento”) em vias largas que permitam fazer a travessia em 2 fases. _ Criar percursos pedonais contínuos e seguros com ligação entre paragens de autocarros e escolas; _ Colocar, em locais de maior risco, mais sinais luminosos em que os peões possam accionar o mecanismo que faça acender a luz vermelha do semáforo, obrigando os carros a parar para deixar o pedestre atravessar; _ Colocar barreiras de encaminhamento de peões em locais perigosos; _ Colocar sinais de limite de velocidade que obriguem os condutores a praticar uma velocidade mais baixa próximo de locais de perigo; _ Pintar a vermelho, antes de uma passadeira, a faixa de rodagem constituída por um piso de arrastamento, reforçando também com uma pintura de um sinal de proibição de ultrapassar o limite de velocidade estabelecido nesta referida faixa de rodagem pintada em vermelho, para assim advertir melhor e impor prudência aos condutores de modo a evitar os atropelamentos; _ Promover mais educação rodoviária nas escolas primárias; _ Obrigar todos os condutores que tenham cometido atropelamentos aos peões a fazer um curso de segurança rodoviária para aprender como proceder para os evitar em situações futuras; Estas são algumas das iniciativas que devem ser tomadas para reduzir os atropelamentos. Não fazer nada, ou fingir que se faz alguma coisa, com iniciativas isoladas ou esporádicas, não nos vai ajudar a reduzir a sinistralidade rodoviária. Nesta passividade, continuaremos, serenos e indiferentes, a assistir um espectáculo deprimente de ir vendo gente a ser esmagada ou estropiada, com traumas para toda a vida e a ser morta prematuramente. *DIRECTOR DA ESCOLA DE CONDUÇÃO INTERNACIONAL Sobre o Ambiente Rodoviário Cassamo Lalá* Almadina Sheikh Aminuddin Mohamad Uma palavra à todos os frustrados da vida Há entre nós, muita gente que vive uma situação de desânimo e frustração, devido a constantes infortúnios, a doenças prolongadas, etc. Essa gente indaga sobre as razões para que tudo lhes esteja correndo tão mal. Procuram entender por que razão o destino as “guerreia” de forma tão cruel. Tentam saber por que razão as pessoas as odeiam e conspiram contra elas, daí que algumas de entre essas pessoas, de tão desalentadas que andam, cometem suicídio.Aos desalentados, gostaria de aconselhar a que tenham calma, que não se zanguem exageradamente atirando as culpas do seu infortúnio ao destino, à Terra, ao Céu, à criatura e ao Criador. Gostaria que esse tipo de gente tivesse presente os seguintes pontos: 1 - Não devemos prestar atenção apenas àquilo que não temos e aquilo que nos faz falta. Devemos antes de mais, prestar uma cuidada atenção aos favores com que Deus nos agraciou. Encarando as coisas dessa maneira, concluiremos que afinal o que temos é muito mais do que o que não temos, embora não prestemos a melhor atenção a isso. Observando as coisas dessa maneira a pessoa acabará até revelando alguma gratidão para com aquilo que Deus lhe concedeu. Mas se olhar apenas para aquilo que não tem, então ficará desanimada e agastada, o que em nada a ajuda. 2 - Devido à nossa curta visão, não sabemos o que é bom, nem o que é mau para nós, pois avaliamos quase tudo, sempre na base das aparências e não na base da realidade. Olhamos o presente e não nos preocupamos em conhecer o futuro. Seguimos cegamente as nossas paixões e emoções, e não a nossa consciência. Há coisas que detestamos, mas na realidade elas até são boas para nós. E há outras de que gostamos, mas que na verdade nos são prejudiciais. Só Deus é que é Conhecedor de Tudo. Todos nós conhecemos a história de José, narrada tanto na Bíblia como no Qur’án. Pelas dificuldades e tormentos por que ele passou, quem diria que acabaria tornando-se um dos governantes do Egipto, e que através de si solucionar-se-ia o grave problema da seca que então assolava aquele país e arredores? Nós temos que enfrentar com paciência os problemas e as dores que nos assolam, e não pensarmos que tais situações são um castigo divino. Por vezes tais coisas até provam ser benéficas para nós, pois delas tiramos grandes li¬ções. 3 - Não devemos atirar as culpas dos nossos fracassos apenas ao destino, pois essa forma errada de pensar, em nada nos ajuda, antes pelo contrário. Leva-nos a cruzarmos os braços. Inibe-nos de reagirmos positivamente no sentido de desenvolvermos esforços tendentes a encontrar soluções para os nossos problemas. É bom que assumamos as responsabilidades dos nossos insucessos. Devemos lutar e esforçarmo-nos na direcção certa, pois assim Deus ajudar-nos-á. 4 - O desespero não deve ser qualidade de um verdadeiro crente, pois este nunca desespera da misericórdia de Deus, ainda que o Mundo todo lhe feche as portas, retirando-lhe todos os meios, à semelhança de Jacob, que apesar de durante muitos anos não ter notícias de seu filho José, ainda ordenou aos outros filhos seus, que fossem à procura de seu irmão. Ao lhes pedir isso disse-lhes: “Olha, só desespera da misericórdia de Deus, quem é descrente”. Portanto, aconselho aos desesperados a não perderem a esperança num amanhã melhor que o dia de hoje, pois faz parte da tradição de Deus girar os dias entre as pessoas. A situação no Mundo nunca pode manter-se sempre no mesmo estado, pois bem diz o provérbio: “O tempo são dois dias. Um a teu favor e outro contra ti”. Muitos de nós já vimos gente cuja situação económica mudou de um dia para o outro. Gente que passou da pobreza para a riqueza e vice-versa. Gente que um dia é honrada e no dia seguinte é humilhada, e vice-versa. Gente que vive num ambiente de grandes facilidades e de repente só encontra dificuldades, e vice- -versa. Por isso, Ibn Mass’ud (R.T.A.) dizia: “Se a dificuldade entrar num buraco, a facilidade persegui-la-á onde estiver”. Por outras palavras, por mais longa que a noite seja, nunca ela é eterna, pois a aurora aparecerá impreterivelmente. Portanto, não devemos nem por um momento perder a esperança no amanhã. E devemos saber que, se existe o dia de hoje, existe igualmente o dia de amanhã. Se o céu apresenta alguma nebulosidade, cedo ou tarde ficará limpo. Ontem hoje e amanhã Marcelino Silva – marcelinosilva57@gmail.com Tal como dizia no último parágrafo do texto anterior, é urgente, perante os factos que se apresentam ,a identificação das medidas que devem ser tomadas sem demora para inverter o actual estado das coisas. Os governos dos países de origem dos imigrantes não podem, não devem, contentar-se com os seus discursos de condenação da violência e de “encorajamento” ao governo sul-africano no sentido de responsabilizar os promotores dos ataques aos estrangeiros (negros de alguns países africanos). Espera-se desses governos uma reflexão sobre as consequências destas escaramuças recorrentes, bem como a tomada de medidas para que cada vez mais menos cidadãos nacionais encontrem razões para saírem dos seus países. É do domínio público que geralmente, as pessoas que decidem abandonar os seus países fazem-no com a intenção de procurar melhores condições de vida no país de acolhimento. Encontram razões para assim decidirem na incapacidade dos seus países de oferecerem as condições que seriam de desejar. Movidos por essa desilusão e frustração, decidem sair de “casa” para ver se no “vizinho”, quer seja distante, quer seja próximo, encontra o alimento que não o encontra dentro do seu quintal. No caso concreto dos imigrantes que demandam a África do Sul, está claro que os países de onde são originários não oferecem garantias de que “amanhã” terão razões para não pensarem em saltar a fronteira. Um exemplo em miniatura deste tipo de situações é a imigração interna. Por exemplo, hoje, no nosso país, assistimos, nas cidades capitais – com maior predominância para as cidades como a de Maputo, Beira e Nampula, a milhares de jovens que idos dos seus distritos de origem, procuram a possibilidade de emprego, de negócio e de outras formas de sobrevivência. À pergunta sobre porque é que abandonam as suas aldeias, ou os seus distritos, a resposta é só uma: lá, não se vislumbra nenhuma possibilidade de encontrarem oportunidades para resolverem as dificuldades impostas pela vida. Os processos de imigração são antigos e dividem-se em vários níveis, sendo de destacar dois: o dos pobres, que imigram por uma simples côdea de pão, e o daqueles preocupados em elevar cada vez mais as suas condições de vida (os altamente formados), que anseiam por salários mais elevados, compatíveis com a sua formação e competências técnicas. Ou seja, apesar destas diferenças, todos eles imigram porque têm necessidade de encontrar “noutro lado”, as condições que não encontram no seu lugar de origem. Conclui-se daqui que que as migrações irão continuar. Sempre. É da natureza humana; aliás, é da natureza de todos os seres vivos. Os imigrantes, na maior parte dos casos partem com a ilusão de encontrar nos países de destino, melhores oportunidades do que as dos seus países. Principalmente do ponto de vista económico e de estabilidade política e social. No caso em apreço, e tal como referi no texto anterior, a África do Sul é considerado o “El Dourado” da África, pois detém um dos maiores níveis de desenvolvimento industrial e tecnológico do continente africano. Um desenvolvimento que lhe permite absorver – não apenas em termos oficiais, como também no capítulo informal, uma considerável parte de mão-de-obra proveniente dos países vizinhos e não só. As imagens horrendas de gente esfaqueada, de gente a ser queimada viva, que nos dadas ver através da televisão, são suficientes e violentamente repugnantes para convocarem a nossa sensibilidade para a necessidade e urgência em encontrarem-se soluções para que coisas daquelas não se voltem a repetir. As imagens das tendas montadas nos países de origem dos imigrantes para receberem os desafortunados são suficientemente esclarecedoras do dilema por que passaram os nossos concidadãos e continuarão a passar, até regressarem novamente “ao local do crime” quando as coisas acalmarem. Repetindo-se assim se repetir o ciclo, uma e outra e outra vez… Xenofobia na RAS: Que ilações tirar?(2) 8 | zambeze Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA z E FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA amb Onde a nação se reenc eontra z FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA Grafismo: NOVOmedia, SARL Fotografia: José Matlhombe Revisão: AM Expansão: Adélio Machaieie (Chefe), Cell: 82-578 0802 (PBX) 82-307 3450 Publicidade: Esmeralda do Amaral Cell: 82-457 6070 | 84-269 8181 | 82-307 3450 (PBX) esmelifania2002@yahoo.com.br Impressão: Sociedade do Notícias S.A Editor: Egídio Plácido | Cell: 82 592 4246 ou 84 771 0584 (E-mail. egidioplacidocossa@gmail.com) Redacção: Ângelo Munguambe, Egídio Plácido e Luís Cumbe Colunistas: Sheikh Aminuddin Mohamad, Cassamo Lalá, Francisco Rodolfo e Samuel Matusse Colaboradores: Dávio David e Elton da Graça Director: Ângelo Munguambe | Cell: 84 562 3544 (E-mail: munguambe2 @hotmail.com Registado sob o nº 016/GABINFO-DE/2002 Propriedade da NOVOmedia, SARL Gestora Administrativa Esmeralda do Amaral, Cell: 82-457 6070 | 84-269 8181 esmelifania2002@gmail.com D i r e c ç ã o , R e d a c ç ã o M a q u e t i z a ç ã o e A d m i n i s t r a ç ã o : Av. 25 de Setembro, N. 1676, 1o Andar, Portas 5 e 6 Cell: 82-307 3450 (PBX) zambeze.novomedia@hotmail.com | opinião | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 zambeze | 9 “Aqui trava-se um combate. É duro, mas temos que vencer”. Foi Samora Machel quem disse isso, em 1977, em Cuba. Samora falava para um grupo de moçambicanos. Estava a adverti-los das dificuldades que ali enfrentariam, e estava a muni-los da necessária orientação para não desfalecerem perante tais dificuldades. Desde que ouvimos semelhante declaração, na década de 70, nunca mais dela nos divorciámos, porque em parte alguma conseguimos ler outra frase que superasse tal sabedoria samoriana para encorajar cidadãos empreendedores a vencer obstáculos e dificuldades na vida. Não é a primeira vez que a usamos em jornais. Já o fizemos várias vezes. Sentimos que é a melhor expressão para resumir o que se passa no nosso País. A frase samoriana nunca foi mais actual do que agora. É que aqui, em Moçambique, trava-se um combate. Ele é duro, mas nós temos que vencer. Trata-se do combate pela afirmação e reafirmação da nossa identidade moçambicana, do nosso orgulho por este País que nos pertence por direito natural. Nunca houve um momento tão conturbado como este na nossa questão nacional. Nunca vimos tantos interesses estranhos à pátria a tentarem abocanhar o pouco que ainda resta do País, como estamos a testemunhar neste momento. Nunca foi tão preciso como agora defendermos a pátria dos interesses ocultos sempre trazidos com diversos tipos de disfarce. Nunca foi tão importante como agora a clareza nos objectivos, o posicionamento claro perante questões concretas. Este não é o momento certo para se ter dúvidas. Este não é o momento certo para se perguntar de que lado é que vamos ficar. Este não é o momento certo para se tolerar oportunismos e práticas que humilham a nacionalidade e a identidade moçambicanas. Este é o momento de acção, uma acção vigorosa, mas com os pés bem assentes aqui na terra moçambicana. Este é o momento certo para se dizer que, no turbilhão vertiginoso de interesses e de agendas em conflito, nós ficamos do lado do povo moçambicano e apostamos em dar a nossa singela contribuição para a sua promoção e protagonismo. Por isso criámos este jornal, produto de apoios e contribuições materiais provenientes de diversos quadrantes do público que estava a sentir a falta da nossa voz no panorama nacional de ideias. Por isso, escolhemos o 25 de Setembro como o dia do lançamento deste projecto. É que queremos entrar na luta pela porta da frente. Queremo-nos identificar inequívoca e claramente com os objectivos da luta de libertação nacional, iniciada há 54 anos. Estamos cientes de que a Independência conquistada em 1975 é uma importante base para obtermos a independência real, tanto do ponto de vista político, como económico e cultural. O País não se pode considerar independente enquanto o essencial dos seus cidadãos se sentir excluído do sistema económico fundamental, isto é, não existe independência real enquanto os moçambicanos não tiverem o necessário protagonismo no essencial da economia nacional, no essencial da política nacional e no essencial da cultura nacional. Os moçambicanos não podem passar a vida a serem chamados de “descapitalizados”, “inexperientes”, “pára-quedistas”, “empresariado incipiente”, isto é, os moçambicanos não podem passar a vida inteira a serem espectadores, mais ou menos engraçados, de aventureiros que chegam aqui “com duas cantigas” e se tornam ricos empresários com apelido de “investidores”. Por outro lado, o País não pode enganar-se a si próprio a pensar que se está a desenvolver porque recebe ajuda externa. Ajuda externa, já o dissemos, é uma boa coisa para nos mantermos onde estamos, mas é coisa que não promove o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável do País há-de provir de políticas inteligentes e realistas gizadas para combinar a promoção do investimento nacional com o investimento estrangeiro, tendo como pano de fundo a priorização e inclusão do cidadão moçambicano no processo fundamental de mudanças no seu País. O protagonista principal tem de ser o cidadão moçambicano, se o objectivo é desenvolver Moçambique através dos moçambicanos. O País tem idade suficiente para pensar seriamente numa estratégia realista e inclusiva de desenvolvimento. O País tem idade suficiente para concluir que os donativos e ajudas são importantes, mas não são essenciais para a promoção do desenvolvimento sustentável. O País tem idade suficiente para ver que com os actuais índices de corrupção não é possível promover-se um desenvolvimento que beneficie o povo. É que a corrupção deve ser encarada como um dos inimigos principais do desenvolvimento de Moçambique, como um entrave fundamental do almejado protagonismo dos moçambicanos nas esferas económicas, sociais e culturais do seu País! Não podemos aceitar continuarmos a ser conhecidos como um dos países onde a corrupção é epidémica e fonte principal da alimentação do crime organizado. Não podemos aceitar continuarmos a ser um País esquisito em que abunda o crime, mas não há criminosos, há roubos, mas não há ladrões, há corrupção, mas não se conhecem os corruptos. Por isso estamos aqui para continuar a levantar a nossa voz como forma de participarmos na construção de um Moçambique melhor, um Moçambique em que os moçambicanos sejam protagonistas principais do seu destino. Tal como antes, seremos críticos para connosco mesmos e estaremos sempre abertos à participação e às contribuições dos nossos queridos leitores. Bem-haja o povo moçambicano que recusou de forma enérgica as tentativas de nos silenciarem. Aqui estamos, de novo e para sempre! 17 anos é obra! Editorial assinado por Salomão Moyana na edição primeira do ZAMBEZE. Editorial | opinião | 17 anos de combate! 10 | zambeze | opinião | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 Jornal Publico-Pt Gustavo Mavie gustavomavie@gmail.com “Dai-me a liberdade absoluta de pensar, falar e argumentar de acordo com a minha consciência, acima de todas as liberdades’’, John Milton, escritor inglês que viveu neste mundo entre 1607 e 1779. A falsa tese que tem sido veiculada pelas potências ocidentais e seus servos nos países que são governados por regimes que ousaram lutar pelos direitos dos seus povos, como é o caso da FRELIMO, está sendo mais ecoada agora que o país está em campanha eleitoral, porque esperam com isso persuadir cada vez mais moçambicanos a votarem contra este partido liderado agora pelo pragmático e pacifista Filipe Nyusi. Para os que não estão familiarizados pelos truques a que as potências ocidentais têm recorrido para justiçar a sua intenção de mudar os regimes que não são do seu agrado, facilmente se deixam levar com a tal tese de que não pode haver desenvolvimento enquanto um país for governado pelo mesmo partido durante muito tempo, como é o caso de Moçambique que está a 44 anos nas mãos da FRELIMO. O que é pior é que é disseminada cegamente em ponto grande por políticos e certos membros da dita Sociedade Civil moçambicanas. Repetem também a tal falsa tese de que não pode haver desenvolvimento em Moçambique, enquanto não haver a tal ALTERNÂNCIA POLÍTICA! Isto é, a mudança da FRELIMO por outro partido da oposição! Trata-se duma falsa tese amiúde usada pelas nações ocidentais e os tais seus servos da Quinta Coluna para afastarem do poder os governos ou regimes que não servem os seus interesses hegemónicos. O que prova que é uma tese falsa a todas as luzes é que há muitos países por esse mundo fora que se desenvolveram à velocidade da luz até e outros que se estão desenvolvendo sem que nunca tenha tido uma alternância política ou tenha havido uma ascensão de um outro partido em substituição de um anterior. SINGAPURA E CHINA SÃO ALGUNS DOS PAÍSES QUE PROVAM QUE FALTA DE ALTERENÂNCIA NÃO IMPEDE O DESENVOLVIMENTO Entre os vários países que agora me vêm à memoria são a Singapura e a China, que há mais de 50 anos são governados pelos mesmos partidos, mas que registaram ao longo desse mais de meio século maior desenvolvimento à tal velocidade da luz que aqueles têm tido a tal alternância. No caso da Singapura, não só tem estado a ser governado pelo mesmo Partido de Acção Popular (PAP) desde 1959, ou seja, um anos antes de Nyusi nascer, como tem sido governada por uma mesma e única família por recorrente vontade do seu povo expressa nas urnas. Por isso, o actual primeiro-ministro da Singapura responde sempre aos apelos da oposição no sentido de não mais votarem no PAP, instando os seus compatriotas a tomarem as suas decisões baseando-se no que o PAP fez para eles e não na falácia dos que estão sedentos pelo poder. “Caros compatriotas, olharem para o desempenho do PAP em vez de tomarem em consideração as exigências de reformas que são feitas pela Oposição’’, disse durante a campanha que antecedeu as últimas eleições. É uma asserção que bem pode ser usada pelos dirigentes e membros da FRELIMO, já que também eles têm um grande palmarés de desempenho que só não é visto por quem não tem olhos para ver como dizia Jesus Cristo ou pelos que usam óculos de madeira como dizia Fidel Castro. É um desempenho tão grande, não obstante as destruições das infra-estruturas e interrupções ao desenvolvimento causadas por um dos partidos da Oposição com um ADN belicista, que estranhamente tem sido tolerado e beneficiado do “apoio dos de fora’’, citando agora o conceituado académico moçambicano, Elísio Macamo. Quando a FRELIMO proclamou a independência em 1975, mais de 90% dos 10 milhões de moçambicanos que perfaziam a população do país eram analfabetos. Só havia escolas secundárias na capital e uma única e pequena universidade também só na capital, contra mais de 40 que agora foram construídas pelas 10 províncias do país. Para Elísio Macamo, os tais de fora deviam era isolar tal partido, como o têm feito nos seus próprios países sempre que se guiam por políticas de jaez militar ou que actuem contra as leis e normas. Por incrível que pareça, mesmo que tal partido cometa atrocidades, nunca o repreendem sequer e mantêm o seu apoio, incluindo em termos financeiros e materiais. Nestas eleições, por exemplo, estão a dar a esse partido com um ADN belicista muitos dólares e euros, como uma das formas de garantir que ganhe as eleições de 15 de Outubro próximo. É um apoio que espanta os que não dominam a política hegemonista dos tais de fora de que fala o compatriota Macamo. Esperam reaver tais dólares porque o novo líder do tal partido jurou que, caso ganhe, irá criar condições todas as especiais julgadas necessárias para eles, para que os seus futuros investimentos em Moçambique tenham um retorno dobrado ou mesmo triplicado. Apurei de fontes dignas de crédito, que o novo líder desse partido, que agora está numa grande crise no seu seio familiar que se resume a duas alas tribais, reiterou essa promessa quando na deslocação secreta que fez a Portugal, pouco antes do arranque da presente campanha eleitoral. É mesmo por isso que tudo fazem para desalojar a FRELIMO do poder, alegando que já está governar há muito tempo. É como disse uma alegação, porque se assim fosse regra para todos, deviam aplicá-la também para o PAP que voltou a ganhar esmagadoramente as últimas eleições gerais realizadas na Singapura, renovando assim a sua permanência no poder que detém há 56 anos já. O PAP ganhou 83 dos 89 assentos do Parlamento singaporiano, o que catapultou Lee Hsien Loong, filho do antigo líder independentista e primeiro-ministro Lee Kuan Yew, à liderança daquele país-Cidade, por sinal, um dos mais prósperos da Ásia e do Mundo. Nestas últimas eleições multipartidárias, o principal partido da oposição ganhou apenas três lugares, menos um que nas anteriores. O fundador da Singapura e pai do actual primeiro- -ministro governou aquele país desde a sua independência até à sua morte a 23 de Março deste ano, com 91 anos de idade. Apesar de que Lee Kuan Yew ter ficado no poder por muitas décadas, juntamente com o seu partido dominante PAP, tal como a FRELIMO, é porque é dominante politicamente e não por recorrerem à força de qualquer tipo ou meio, não foi contudo posto em causa pelos países ocidentais, e nunca conseguiram explicar como é que ele e o seu PAP desmentiram com factos e obras prestadas essa sua tese de que “sem alternância não há desenvolvimento económico’’. A política de Singapura é caracterizada por um sistema de partido dominante. Como já disse, o PAP domina por mérito próprio os processos políticos da República parlamentarista à luz duma Constituição em vigor desde 1959. Isto fica evidente pelo facto de que obteve 82 dos 84 acentos do Parlamento nas eleições de 2006. Além do PAP, existem ainda o partido dos Trabalhadores de Singapura (WP) e o Democrático de Singapura (SDP), entre outros. O actual presidente da Singapura é Halimah Yacob desde 2017, enquanto e o primeiro- -ministro Lee Hsien Loong está desde 2004, ou seja, há 15 anos. Na Singapura não há limitação de mandatos como aqui em Moçambique e noutros países como os EUA e a França. Essa limitação cabe ao povo, o mesmo acontecendo em vários outros como a Grã-Bretanha. Outro dos países que é um desmentido ou que desqualifica esta tese ocidental é a China, que neste caso tem estado a ser governada pelo mesmo Partido Comunista desde 1949, ou seja, há 70 anos já. Com efeito, a China registou um espectacular desenvolvimento em tão pouco tempo sob a liderança do mesmo Partido, não obstante tenha também sido tão hostilizado pelos mesmos países ocidentais. Este país amigo de Moçambique conseguiu em apenas 30 anos um fabuloso desempenho económico, principalmente a seguir às reformas iniciadas por Deng Xiaoping em 1978. Hoje a China é a Fábrica do Mundo e é virtualmente a Primeira Economia Mundial 70 anos após ter sido criada por Mao Tse Tung faz este mês 70 anos. Quem diria! A partir deste ano, o PIB manteve um crescimento real médio anual de 10% - que se compara com uma taxa de 3,7% para o período 1960- 1977 - ao mesmo tempo que a sua inflação média mantinha- -se nos 6% ao ano. Esse crescimento foi um dos factores por trás da sua gigantesca redução da pobreza. Segundo o PNUD, a China conseguiu reduzir o número de pobres tinham apenas um rendimento de menos de US$1 por dia, de 490 milhões para apenas 88 milhões entre 1990 e 2002, ou seja, em 12 anos! O PIB per capita (PPP) cresceu quase dez vezes em 26 anos entre 1978 e 2004, de acordo com o Center for International Comparisons of Production, Income and Prices, da Universidade da Pensilvânia. De acordo ainda com dados do PNUD, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da China passou de 0,53 em 1975 para 0,78 em 2006. O grau de urbanização também foi impressionante. A população urbana, que representava cerca de 18% do total em 1978, passou a ser agora de quase 44% em 2006. Por certo que agora é muito mais, já que passam mais 13 anos de 2006 para cá. Não é por acaso que o presidente chinês, Xi Jinping, diz que a China está mais próxima de atingir a prosperidade, o ponto mais alto do bem-estar- -comum dum povo. Nem os EUA que é visto como o país onde todos os seus cidadãos têm pão, leite e mel nas suas mesas são uma nação próspera, porque o somatório da sua riqueza está concentrada em poucas mãos e não na maioria dos seus cidadãos. Para os singapurianos não se muda um partido ou líder só por mudar. Eles se guiam pela tese que reza que não se muda um cavalo que corre bem. Pior quando aquele que se aponta como sendo alternativa seja tão ruim ou pior que um burro. Desmentindo a tese de que o desenvolvimento só é possível quando há alternância política Sublinha Nova Democracia Queremos libertar Moçambique do colonialismo negro O partido Nova Democracia (ND) reservou oúltimo sábado para esclarecer ao eleitorado da cidade e província de Maputoquea governação alternativacredível, que tanto defende, deve emergir do parlamento, com base no combate àquilo que chamou de colonialismo negro, acarinhado pelo parlamento que há muito deixou de debater questões dos moçambicanos. Estas declarações constituíram foco do partido ND, durante suas intervenções, nos principais pontos de maior concentração da população da cidade e província de Maputo. Na capital, a ND frisou durante o contacto interpessoal com o eleitorado, que o partido visa criar equilíbrio na AR, defendendo ideias e leis centradas nos direitos do cidadão. Urge reduzir a arrogância de que caracteriza o partido no poder, sublinhou a ND, que encontra confiança no apoio do povo. Aos vários e sucessivos programas falhados, a Nova Democracia indicou que, uma vez eleito defenderá, na casa do povo, cortedas regalias dos dirigentes incluindo dos deputados, banimento de carros luxuosos, os famosos Mercedes Benz, a conversão do luxo e regalias desde ministros, governadores e administradores em luz e água para o cidadão, bem como para a importação de machibombos para a população moçambicana. Ainda no parlamento, a ND diz pretender exigir, com urgência, a responsabilização daqueles que considera inimigos do povo, envolvidos em escândalos de corrupção e que mandam o cidadão pacato pagar. “Urge exigir que todo o infractor pague e só depois a sua detenção”. Um outro ponto a merecer destaque da ND,na AR, incidirá sobre a causa dos médicos. Segundo este partido, os médicos devem ser continuamente elevados a sua moral, com base em incentivo salarial, o que poderá reverter o quadro negro que caracteriza a classe em particular. “A ND servia de arma para desarmar o clientelismo selvagem do governo do dia, que é campeão no jogo da corrupção, enquanto o povo ganha troféus da miséria. As instituições do Estado deverão ser património comum de todos os moçambicanos. Portanto, defenderemos um parlamento que conceda oportunidades para todo o cidadão de acordo com suas habilidades e responsabilidades”, argumentou Salomão Muchanga, líder fundador da ND. A receptividade do partido era notória a medir pelo número da população que aglomerou o mercado grossista do Zimpeto, onde os candidatos daquele partido à AR, indicaram a necessidade de que seja o cidadão comum a ascender ao parlamento e defender a causa do grupo dos excluídos. “A Nova democracia é você no parlamento, é levar o cidadão comum para a Assembleia da República, e este tenha espaço para erguer a sua voz, porque já nos cansamos do mesmo papo”, afunilou Quitéria Guirenguene, candidata a deputada da Assembleia da República pelo círculo eleitoral da cidade de Maputo. Luís CCumbe Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 11 Comercial ANUNCIE NO ZAMBEZE Departamento Comercial Contactos: (+258) 823073450 | (+258) 824576070 | (+258) 842698181 E-mail: zambeze.novomedia@hotmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Nyusi promete acabar com a poeira de Moatize E diz que Tete “está na moda” O candidato do partido Frelimo, Filipe Nyusi, prometeu acabar com o crónico problema de poeiras no distrito de Moatize na província de Tete. Segundo Nyusi, caso vença as eleições de 15 de Outubro, a sua aposta será em acelerar o processo da industrialização do país, bem como a diversificação da economia nacional como forma de aumentar valor a produção nacional e mobilizar investimento internacional. Apesar de Nyusi reconhecer que há vários projectos de desenvolvi - mento em curso na província de Tete, diz que um dos grandes problemas de Moatize é a paz, mas também “é o problema da poeira”, disse efusivamente aplaudido pelos presentes. De seguida, Nyusi, mesmo reconhecendo o problema de falta de comida, na época das calamidades naturais, o governo da Frelimo está a trabalhar nesses assuntos. “Aposto que acompanharam que assinamos um Acordo de Paz e de Reconciliação, então estamos a trabalhar ou não?”, questionou Nyusi. Sobre o assunto de poeiras que fustigam a vila de Moatize, Nyusi explicou que “me disseram que reduziu um pouco, porque a empresa trouxe mais um equipamento novo que abafa um pouco mas ainda estamos a trabalhar com a empresa para melhorar mais ainda”, disse Filipe Nyusi. Paralelamente, o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, sublinhou que sobre o fornecimento da água naquela parcela do país. “Eu pessoalmente, vim lançar o projecto de construção de sistema de água para Moatize e Tete, está a sair um bocado a água, mas vai sair muito mais, porque vai em fases, na fase mais adiantada terão muito mais água do que agora”. Vamos periodizar a diversificação da economia “Quero agora partilhar um pensamento (...), quando apresentei o meu compromisso em Nampula, falámos que vamos aumentar a agricultura, vamos potenciar a industrialização, melhorar o transporte e muito mais coisas”, prometeu Nyusi, para de seguida acrescentar que “aqui em Moatize, quero falar do projecto no qual a Frelimo vai priorizar a diversificação da actividade económica”. Nyusi disse que é preciso diversificar a actividade económica, não só porque o carvão pode acabar, mas também porque não se pode ficar dependente de uma só economia. A título de exemplo, Nyusi recordou que, quando o preço do carvão baixou no mundo, começou haver pouco negócio, as mineradoras mandaram as pessoas para esperarem na sua casa. Por isso mesmo, apelou que não podemos continuar a pensar que a população de Moatize e de Tete só pode viver de carvão. “Temos de arranjar mais oportunidades para a nossa economia de modo a termos a capacidade de empregar mais moçambicanos, esse é que é o projecto do próximo ciclo. Mais emprego e mais trabalho, por isso mesmo, definimos que uma das áreas que vamos priorizar, durante a nossa governação, será a industrialização, Moçambique deve ser mais industrializado”, frisou Nyusi. Para Nyusi, existem muitas oportunidades para diversificar a economia nacional. “Temos, aqui, recursos minerais, carvão, mas também tem granito, o ferro e não só, aqui na província de Tete tem peixe, o turismo, aqui é terra de criação de todo tipo de gado e a província de Tete é muito rica em agricultura, na produção de batata,em Tsangano, cebola em Angónia e tomate que se vende a um preço muito barato”. A aposta de Nyusi para os próximos cinco anos, segundo disse durante seu showmício em Moatize, é industrializar o país, para além da necessidade de aumentar a produtividade. Nesta óptica, Nyusi desafiou que a produção nacional deve competir no mercado internacional, defendendo que quer o produto nacional colocado no Malawi, na Zâmbia, no Zimbabwe, até na Alemanha. “O nosso objectivo com a industrialização é para atrair mais investimento. Tenho estado a andar por todo lado do mundo, a mobilizar investimentos para Moçambique e estão a vir esses investidores. Por isso que declaramos “zona franca” a algumas zonas aqui da província de Tete. Com a industrialização, vamos aumentar o emprego, porque aquilo que produzimos na nossa machamba, ao invés de produzirmos de forma bruta, como matéria prima será transformada aqui em Moçambique”, explicou Nyusi. Para Nyusi, a industrialização do país vai ajudar a equilibrar a “nossa” balança comercial, o que significa que as importações serão menores, segundo Nyusi é inaceitável comprarmos tomate da Enswuatini e da África do sul. Ainda na província de Tete, o candidato da Frelimo pediu votos nos distritos de Chifunde, Chiuta, Angónia, Tsangano, Macanga e Cahora Bassa em Songo. Nyusi explicou na “escaldante” cidade de Tete que, depois de ter trabalhado em Songo, tomou conhecimento que uma das viaturas que levava parte dos militantes, simpatizantes e camaradas da Frelimo, teve acidente e que perderam camaradas lá. “Alguns estão de baixa no Hospital provincial de Tete e em homenagem a esses camaradas pedimos que observemos um minuto de silêncio. O partido organizou-se, esteve com as famílias e temos estado a dar todo o apoio possível para o conforto das famílias”, assegurou Filipe Nyusi. Homenagem aos mártires de Inhaminga O showmício de Nyusi estava previsto para iniciar por volta das 14 horas desta segunda-feira, mas só começou por volta das 16 horas, Nyusi explicou que o seu atraso se deveu a sua ida a província de Sofala, onde foi prestar homenagem aos mártires de Inhaminga. Segundo Nyusi, fazem exactamente 45 anos, erguemos um monumento a altura dessa homenagem. Foi um lugar onde milhares de moçambicanos foram assassinados entre os anos de 1971 até 1974, sobretudo, porque Inhaminga foi o último massacre daquela envergadura. Conforme recordou ainda Nyusi, quando a luta colonial penetrou na província de Manica e Sofala naquela altura, os portugueses intensificarem os assassinatos por causa do “desespero” torturavam moçambicanos e até davam choques eléctricos. “Então, em homenagem a esses moçambicanos, o dia é exactamente hoje, dia 23 de Setembro, fomos fazer esse ritual, deixamos lá erguido um monumento que dignifica o acto e aqueles que passarem por Cheringoma poderão observar a história do nosso país”, enfatizou Filipe Nyusi. DÁVIO DAVID 12 | zambeze | NACIONAL | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 Elton da Graça A Frelimo no distrito de Mapai, a norte da província de Gaza, faz um balanço positivo da campanha eleitoral e entende que o eleitorado está compreender a mensagem que vem sendo divulgada pelos camaradas que enaltecem os feitos do candidato presidencial, Filipe Nyusi. Segundo o porta-voz distrital do partido Frelimo, Paulo Chauque, a campanha eleitoral já abrangeu todos os distritos, considerando que nos postos administrativos, localidades e aldeias,há comités de círculos que tem estado a fazer sua parte divulgando mais o manifesto do partido Frelimo e a divulgação dos feitosdo candidato presidencial Filipe Nyusi que é o garante do desenvolvimento do país. “Sentimos calor e muito apoio dos eleitores”, disse Chauque, considerando que o distrito de Mapai projecta para o próximo quinquénio de governação, caso seja eleito o partido Frelimo, o aumento da rede de abastecimento de água, expansão da rede eléctrica que já é uma realidade, construção de escolas e aumento da rede de saúde. Paulo Chauque refuta informações segundo as quais alguns membros da Frelimo tem atacado as caravanas de outros partidos da oposição, afirmando que no distrito de Mapai não há registo de violência entre as caravanas. Para Chauque, o que acontece são cruzamentos esporádicos entre as caravanas do partido Frelimo e da Renamo, este último notório naquele distrito. Contudo, nunca houve violência. Relativamente a educação cívica eleitoral, a fonte entende que os órgãos eleitorais fizeram sua parte. Mas o partido dentro daquilo que é o seu trabalho tem também lembrado aos eleitores sobre como votar e se apresentar no dia de voto. Refira-se que o distrito de Mapai tem um assento para a assembleia provincial e conta com um universo de 15560 (quinze mil e quinhentos e sessenta) eleitores. É primeira vez que esta unidade administrativa vai a um escrutínio eleitoral com este estatuto dado que, no passado,Mapai era um posto administrativo agregado ao extenso distrito de Chicualacuala. Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 13 Com instabilidade na RSA Moçambique tem oportunidade portuária competitiva na região Moçambique foi corredor de trânsito portuário de exportação de mercadorias ao nível da região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Contudo, com a guerra de desestabilização, muitos países abandonaram o uso do Porto de Maputo,tendo celebrado contratos longos com a África do Sul, através do Porto de Durban. A província de Mpumalanga e Limpompo, a norte da África do Sul, exportavam seus produtos aproveitando-se das proximidades geográficas com o porto de Maputo. Hoje, muitos países da região já não usam o corredor portuário de Moçambique como corredor para o trânsito de mercadorias, mesmo com a proximidade geográfica da cadeia portuária nacional. O presidente da Câmara dos Despachantes Aduaneiros (CDA), Dixon Chongo, diz que a instabilidade (Xenofobia) que se vive na África do Sul é uma oportunidade para que Moçambique se posicione e tome lugar ao nível da região aproveitando daquilo que a África do Sul está a destruir. “As Repúblicas da Zâmbia, Zimbabué, Reino de E-swatinee a RD Congo usam o porto de Durban. Contudo, a olhar pela geografia comparando com os portos de Moçambique pode-se concluir que o Porto de Durban é distante”explicou. Dixon Chongo afirma que chegou a hora de o país olhar para o trânsito portuário e tornar a apresentar a questão de segurança como alternativa fundamental porque Moçambique está em condições de tornar a ser o centro de passagem de mercadorias ao nível da região. Mas, para materialização desta pretensão, a que a cadeia dos portos melhorar e oferecer melhores serviços. “Reabilitamos os portos de Maputo, Beira e Nacala- -porto. Já não faz sentido que continuemos a ser derrotados pelo porto de Durban” constatou, acrescentando que “onde há uma dificuldade para um (África do Sul), há oportunidade para o outro neste caso Moçambique”. Num outro desenvolvimento, o presidente da câmara dos despachantes aduaneiros sublinhou ser preocupante a disparidade de preços de desembaraço de mercadorias nos portos nacionais, o que, no seu entender, já foi muito debatido faltando agora a apresentação de uma proposta ao governo sobre a necessidade de se criar uma entidade reguladora dos portos e fronteiras de Moçambique. A cadeia portuária nacional, nas condições em que se encontra não há regras que regulem os operadores portuários dos portos da Beira, Maputo e Nacala, respectivamente porque os procedimentos de desembaraço aduaneiro não estão concentrados no mesmo local,ou seja, são diferentes. Para o nosso entrevistado, a única forma de controlar e trazer mais rendimento na cadeia portuária nacional é criar uma entidade reguladora fronteiriça e portuária. “Isso trará um alento, pois facilitará o controlo e determinará as regras de funcionamento dos portos de forma uniforme” disse, acrescentando que só com essa alternativa é que a cadeia portuária se pode tornar competitiva. Subida de Preços Num outro desenvolvimento, Dixon Chongo afirmou que, caso a instabilidade continue na vizinha África do Sul, o país poderá assistir a uma subida galopante dos preços dos produtos na sua maioria importados para o território nacional, embora saliente ainda que o governo sul-africano está a desdobrar- -se com vista a reverter a situação que a cada dia leva a uma perda de pouco mais de dois milhões de dólares para aquele país. “Espero que África do Sul se reencontre, não há nenhuma economia que queira perder este dinheiro diariamente” disse. Elton da Graça Província de Gaza Frelimo promete alargar serviços sociais em Mapai 14 | zambeze Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 José Matlhombe Zoom | NACIONAL | Superada meta de empregos activos para jovens No â m bit o d a implementação da Política de Emprego (PE), o Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS) gerou em 2018, 85 porcento de empregos activos para jovens, superando a meta do quinquénio de um milhão e quinhentos mil (1.500.000) postos de trabalho. A informação foi tornada pública, na segunda-feira, 23 de Setembro, em Maputo,   por Marta Maté, directora nacional do Trabalho, que falava à margem da reunião de avaliação e monitoria da PE do MITESS, alargada aos directores de planificação, técnicos e parceiros de cooperação. Marta Maté disse, na ocasião, que a reunião tinha, também, por objectivo analisar a elaboração do Informe Anual da PE, preparar o Informe Semestral da PE de 2019, analisar os indicadores de emprego a serem adoptados na monitoria da PE, a orçamentação e fazer ainda a advocacia para a orçamentação pró-emprego. “Nós temos alguns desafios em relação à qualidade de dados e descriminação de actividades e apreciação de alguns indicadores e orçamentação. A Política de Emprego e o Plano de Acção cabem dentro do instrumento de planificação. Estamos a dar os primeiros passos para a elaboração de um informe relativo ao segundo ano da implementação da PE 2019. Temos tido encontros trimestrais com os pontos focais de vários ministérios e estamos a ver se o relatório remetido ao Conselho de Ministros,  pode ser melhorado. Neste workshop, estamos igualmente a analisar os orçamentos dos sectores prioritários no pilar três da Política de Emprego e a desenhar a estrutura do próximo relatório, não obstante este ano ter apresentado resultados positivos”, explicou Marta Maté. Por sua vez, Edmundo Werna, representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), disse que a reunião serve de catalisadora para as várias organizações e braços parceiros do MITESS, na avaliação e análise dos tópicos para a elaboração do informe anual da PE e dos indicadores de emprego. “Esta reunião é uma oportunidade para se discutir o andamento da Política de Emprego com os parceiros do Governo, para ver como eles podem potencializar a criação de emprego nas suas determináveis e diversas políticas”, referiu Edmundo Werna. Importa referir que a reunião contou com a participação de representantes dos ministérios envolvidos na PE, parceiros sociais, Banco de Moçambique, OIT, entre outros.  Edil de Angoche e funcionários em rota de colisão Membros da Frelimo, no distrito de Angoche, província de Nampula, acusam o edil de Angoche, Ossufo Rajá da Renamo, de fazer vida negra aos camaradas. Segundo a Frelimo, em Angoche, Ossufo Rajá se recusa a pagar o 13º salário do ano passado e de Janeiro do presente ano. Lázaro Machanga, funcionário da autarquia da cidade de Angoche, “ jura-de-pés” que o edil Ossufo Rajá se recusa a pagar o 13º salário do ano passado e nem do mês de Janeiro do ano corrente. “Ele cortou-me o salário do mês de Julho, enquanto trabalhei 30 dias. Gostaria de saber qual é o problema do meu salário”, questionou Muchanga. Conta ainda Machanga que teve um acidente e, quando levou o atestado médico para o serviço, o edil disse que não tinha nada a ver, porque ele é membro do partido Frelimo. “Não tenho nenhuma explicação plausível, a primeira vez, ele disse-me que não queria falar comigo, mas como funcionário quero saber sobre o pagamento do salarial do 13º e do mês de Janeiro”, indagou Muchanga. Perante a insistência de Machanga, segundo ele, o edil Rajá disse-lhe que o edil cessante é que “consumiu o nosso salário e que ele não tem nada a ver”. Entretanto, o nosso entrevistado disse que gostava que o vencedor nas eleições de 15 de Outubro construísse mais hospitais e escolas para os estudantes. “No mês antepassado, vi 500 novos graduados em Maputo, gostaria que graduassem mais em todo o país”, disse Machanga. Por seu turno, Ali Sulemane, outro natural de Angoche, disse ao Zambeze que em Angoche o presidente eleito “deve ajudar-nos a por as nossas crianças a estudar e aumentar emprego para os nossos filhos, aqui em Angoche não temos emprego também”, desabafou Sulemane. “Nós trabalhadores da Conselho Autárquico de Angoche, por sermos membros da Frelimo, estamos a passar mal, queremos que Nyusi nos ajude e fale com as pessoas que estão a nossa frente, para termos um bom salário, porque aqui em Angoche, estamos mal”, lamentou ainda Sulemane. Angoche pede mais estradas A vila municipal de Angoche é famosa na produção agrícola, sobretudo, na produção de castanha de caju, mas, de acordo com os nativos, produz-se muita comida, mas já não existem fábricas, o que faz com que os produtores recolham o caju e vendam noutras paragens longínquas. Para além de caju, em Angoche, também há muito peixe “mas a nossa estrada também está mal e há muita poeira”, acrescentou Sulemane. Omar Obede, outro funcionário de Conselho Autárquico de Angoche e membro do partido Frelimo naquele ponto de país, em entrevista ao Zambeze, explicou que tem quatro filhos, mas infelizmente lamenta que três deles não conseguiram estudar nesse ano, alegadamente porque o salário que recebe no Conselho Autárquico é pouco. “O nosso presidente Filipe Jacinto Nyusi trabalha bem e a população de Angoche gosta muito dele, o problema que temos é falta de estradas”, disse Obede para de seguida acrescentar que “apostamos em Nyusi, porque ele trabalha para a população a nível nacional, Nyusi construiu muitas estradas desde a Zambézia, Beira até Maputo”. Para o nosso interlocutor, o Acordo de Paz assinado com a Renamo também não passa despercebido no primeiro mandato de Filipe Nyusi, aliás, Obede garante que “agradecemos bastante, passávamos sempre mal por causa da guerra, mas agora, graças a Alah e a Nyusi, temos paz, agradecemos muito. No próximo mandato queremos que ele faça mais daquilo que já fez, queremos estradas para Angoche e emprego para os nossos filhos”, defendeu Obede. Refira-se que ainda na vila autárquica de Angoche, Filipe Nyusi explicou que o seu partido estava a confortar as famílias que perderam os seus familiares no trágico acidente do Showmício da cidade de Nampula. Segundo disse Nyusi na ocasião, a Frelimo está a trabalhar no sentido de também localizar os familiares dos dois membros da Frelimo que estavam perdidos na sequência do referido incidente “o nosso secretário-geral está no terreno juntamente com o nosso chefe da brigada central da província de Nampula, foram as casas das famílias dos óbitos. O partido Frelimo está a tomar iniciativas no sentido de apoiar todo o processo e as brigadas estão nas casas dos nossos irmãos para confortar as famílias e uma das formas que temos é honrar a palavra que os nossos camaradas tinham, ou seja cumprir o desejo deles”, explicou Nyusi. Aliás, Filipe Nyusi alegou ainda que pediu também as autoridades moçambicanas para averiguar o que teria acontecido em Nampula e como tudo aconteceu. Nyusi disse ainda que, em 2014, a cidade de Angoche havia prometido votar nele, mas segundo ele próprio “depois não vi nada” explicou ainda que aceitou candidatar-se para mais um mandato porque há muita coisa “que realizamos, começamos com a distribuição de água nos cinco postos administrativos, o único problema que falta resolver é levar também a água para localidades e povoações, então, eu disse que não valia a pena eu fugir”. “Aceitei também porque a ideia de construir represas de água está a dar certo, em Naluco, já há mais água que dá para a pastagem mas também para irrigação para continuarmos a produzir. Aceitei também porque o centro de transferência de tecnologias para a produção de arroz, está aberto, mas queremos mais centros, mas também para transferir mais conhecimento”, sentenciou Nyusi. DÁVIO DAVID Nós trabalhadores da Conselho Autárquico de Angoche, por sermos membros da Frelimo, estamos a passar mal, queremos que Nyusi nos ajude e fale com as pessoas que estão a nossa frente, para termos um bom salário, porque aqui em Angoche, estamos mal Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 15 16 | zambeze | CENTRAIS| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 Dia 25 de Setembro Recordar o troar das armas em tempo de paz Comemora-se no dia 25 de Setembro, feriado nacional, o dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Reza a História de Moçambique que foi nesta data, no ano de 1964, que guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), encabeçados por Alberto Chipande, assaltaram o Posto Administrativo do Chai, Província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, iniciando a Luta Armada de Libertação Nacional. “Opolícia veio e estacionou à porta da casa do chefe de posto, sentado numa cadeira. Era branco. Eu aproximei-me do polícia para o atacar. O meu tiro era o sinal para os outros camaradas atacarem. O ataque teve lugar às 21 horas. Quando ouviu os tiros, o chefe de posto abriu a porta e saiu – foi morto por um tiro. Para além dele seis outros portugueses foram mortos no primeiro ataque. A explicação dada pelas autoridades portuguesas foi “morte por acidente”. Retirámos. No dia seguinte fomos perseguidos por algumas tropas – mas nesse momento já estávamos longe e não nos encontraram.” Alberto Chipande, que conduziu uma dúzia de homens, descreveu assim no seu relatório a ocorrência naquela noite de 25 de Setembro de 1964. O Chai, o lugar escolhido pela Frelimo para desencadear a luta armada de libertação nacional, era uma pequena localidade do interior de Cabo Delgado que pertencia administrativamente a Macomia. Uma dúzia de construções povoava aquele lugar: a casa do chefe do posto, uma secretaria anexa, a casa do gerente da Companhia Algodoeira do Sagal, dois estabelecimentos comerciais, um pequeno hospital, a cadeia, as casernas dos soldados e as residências dos polícias brancos e dos sipaios negros. No dia seguinte, o Comité Central da Frelimo, baseado em Dar-es-Salam, capital da Tanzânia, lançou a palavra de ordem histórica de desencadeamento da insurreição armada do povo moçambicano contra o colonialismo português. “Em Vosso nome a Frelimo proclama hoje, solenemente, a insurreição geral armada do povo moçambicano contra o colonialismo português, para a conquista total e completa de Moçambique. O nosso combate não cessará senão com a liquidação total e completa do colonialismo português.” Depois foi o que se sabe: a guerra de libertação nacional durou dez anos, até Setembro de 1974, com a entrada em vigor dos chamados “Acordos de Lusaca, que previam a independência do país para o dia 25 de Junho de 1975, data em que se completaria mais um aniversário da fundação da Frelimo. Em Moçambique, o conflito começou em 1964, resultado da frustração e agitação entre os cidadãos moçambicanos, contra a forma de administração estrangeira, que defendia os interesses económicos portugueses na região. Muitos moçambicanos ressentiam-se das políticas portuguesas em relação aos nativos. Influenciados pelos movimentos de autodeterminação africanos do pós-guerra, muitos moçambicanos tornaram-se, progressivamente, nacionalistas e, de forma crescente, frustrados pelo contínuo servilismo da sua nação às regras exteriores. Por outro lado, aqueles moçambicanos mais cultos, e integrados no sistema social português implementado em Moçambique, em particular os que viviam nos centros urbanos, reagiram negativamente à vontade, cada vez maior, de independência. Os portugueses estabelecidos no território, que incluíam a maior parte das autoridades, responderam com um incremento da presença militar e com um aumento de projectos de desenvolvimento. Um exílio em massa de políticos da intelligentsia de Moçambique para países vizinhos providenciou-lhes um ambiente ideal no qual radicais moçambicanos podiam planear acções, e criar agitação política, no seu país de origem. Do Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 |CENTRAIS | zambeze | 17 Dia 25 de Setembro Recordar o troar das armas em tempo de paz O Centro de Integridade Pública de Moçambique denunciou casos de corrupção na emissão de cartas de condução no Instituto Nacional de Transporte Terrestre em Maputo, num esquema fraudulento que chega a render cerca de 30 milhões de meticais por ano. De acordo com uma investigação da organização divulgada num documento distribuído à imprensa, o esquema envolve funcionários do Instituto Nacional de Transporte Terrestre, em que são cobrados cerca de 50 mil meticais para a emissão de uma carta de condução, sem que, no entanto, o titular tenha passado por uma escola de condução, como determina a legislação. O CIP, que simulou interesse em ter o documento, apresenta com detalhes passos para obter a carta, começando por identificar o “homem que faz parte do esquema”, que começa nas escolas de condução e vai até aos agentes do Instituto Nacional de Transporte Terrestre, entidade que emite as cartas de condução. A carta comprada é, em tudo, semelhante à original. A ONG diz ainda que cidadãos nigerianos e chineses são os maiores beneficiários dos esquemas de falsificação de cartas de condução. “Em Dezembro de 2018, um cidadão nigeriano foi interpelado por funcionários do INATTER quando ia levantar a carta […] e não falava, nem entendia a língua portuguesa, factor este que aumentou os níveis de desconfiança de que a carta foi emitida de forma ilegal”, contou um colaborador do Instituto Nacional de Transporte Terrestre ao CIP. Os acidentes de viação estão entre as principais causas da mortalidade em Moçambique, um país paradoxalmente com um parque automóvel muito baixo. Dados consultados pelo CIP indicam uma discrepância entre os candidatos examinados e emitidos, o que denota que há um “número elevado” de cartas de condução a circular com cidadãos inabilitados. O CIP diz que morrem por semana 30 pessoas vítimas de acidente de viação, posicionando Moçambique entre os 20 países do mundo com a taxa mais elevada de mortes por acidentes de viação. “Há que ter em conta o facto de grande número de condutores se fazer à estrada sem ter passado por exames de condução, seja de aptidão física, seja do domínio das regras de trânsito ou de habilidade prática para conduzir”, justifica o CIP. Os acidentes de viação estão entre as principais causas da mortalidade em Moçambique, um país paradoxalmente com um parque automóvel muito baixo. Emissão de cartas de condução CIP denuncia “indústria de corrupção” ponto de vista militar, o contingente militar português foi sempre superior durante todo o conflito contra as forças de guerrilha. Embora em desvantagem, as forças da FRELIMO saíram vitoriosas, após a Revolução dos Cravos em Lisboa, a 25 de Abril de 1974, que acabou com o regime ditatorial em Portugal. Moçambique acabaria por obter a sua independência em 25 de Junho de 1975, após mais de 400 anos de presença portuguesa nesta região de África. De acordo com alguns historiadores da Revolução Portuguesa do 25 de Abril, este golpe de Estado militar foi impulsionado principalmente pelo esforço de guerra e impasses políticos nos diversos territórios ultramarinos de Portugal, pelo desgaste do regime então vigente e pela pressão internacional. Independência As primeiras tentativas de negociação de paz datam de Setembro de 1973, ano em que Jorge Jardim, empresário há muito estabelecido em Moçambique e com contactos privilegiados, tanto em Portugal como em África, se encontra com Kenneth Kaunda, líder zambiano, para analisar um esboço de um “acordo de paz.” No entanto, a apresentação desta proposta ao governo presidido por Marcelo Caetano não é bem recebida. Novamente, em Junho de 1974, depois do golpe de estado, Portugal faz nova tentativa de acordo de paz e cessar-fogo, numa reunião em Lusaka, em que estiveram presentes o presidente Kaunda, Mário Soares (Ministro dos Negócios Estrangeiros), Otelo Saraiva de Carvalho (MFA) e Samora Machel; o encontro não correu bem, e a proposta não foi aceite pela FRELIMO que, dada a instabilidade e desorganização militar em Moçambique, atacava as propriedades dos cidadãos brancos. Só em Agosto é que a FRELIMO cessaria a sua actividade militar contra os portugueses. As negociações entre a administração portuguesa, através do MFA, e a FRELIMO culminaram na assinatura dos Acordos de Lusaka em 7 de Setembro de 1974 na Tanzânia, com a transferência de soberania para as mãos da organização moçambicana. No entanto, a situação dos colonos não ficou bem definida, principalmente no que dizia respeito às suas propriedades, restantes bens e situação profissional, o que levou a uma insatisfação generalizada entre estes, dando origem a uma série de levantamentos. A formalização da independência de Moçambique ficou, finalmente, estabelecida em 25 de Junho de 1975, o 13º aniversário da fundação da FRELIMO. Sector Agrário Fragilidade das leis coloca o país vulnerável a pragas A falta de um quadro legal para agricultura coloca Moçambique numa situação de vulnerabilidade à entrada de pragas e doenças invasivas, uma vez que não existe, no país, instrumento legal que facilite tomada de decisão apropriada a tempo útil. No entanto, este cenário pode agravar-se mais num contexto de mudanças climáticas. Estas constatações foram feitas durante o seminário sobre Desenvolvimento Agrário e Mudanças Climáticas em Moçambique. Outro desafio apontado prende-se a deficiência na implantação de leis no país para agricultura, não só na produção, mas também na avaliação de qualidade dos alimentos. Moçambique tem sido invadido ciclicamente por diversas pragas oriundas de países vizinhos, ainda assim o Governo continua com sérios desafios para a prevenção, detenção, erradicação e mitigação de principais problemas que enferma o sector agrário, desde diagnóstico de doenças de plantas, identificação de pragas agrícolas, de plantas infestantes, entre outros. De acordo com António Gomes, da Banana Moz, mais do que o Governo apontar falta de recursos financeiros para dar cobertura a algumas acções de monitoria, inspecção, construção de infraestruturas, é preciso trabalhar para o cumprimento de instrumentos legais, dando como exemplo a existência da Lei de Sementes e Mudas que, embora seja relevante na resolução de muitos problemas do sector,é inutilizada. Questiona-se sustentabilidade dos projectos de investigação Os parques agrários são apontados como apresentando deficiência na provisão de assistência técnica de serviços agrários,uma vez quea investigação pressupõe trazer soluções. No entanto, Domingos Cugala, da faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF),diz que tem sido emit idas,atempadamente,recomen dações dos vários problemas, que enfermam o sector agrário, ao Governo. Fez notar que é ao Governoque cabe a implementação para reduzirpossíveis complicações, “porque não podemos procurar projectos que implementem soluções, mas sim para investigar”, argumentou Cugala. De acordo com Norberto Mahalambe, da Bayer Moçambique, o país continua longe de soluções razoáveis para promover uma agricultura biotecnológica, uma produção com rendimentos viáveis com uso das tecnologias biológicas, a olhar pelo número de vezes que se tem registado, um pouco pelo país, casos de intoxicação de alimentos que, não raras vezes, terminam em mortes. Entende Mahalambeque o país precisa ganharexperiência de outros países de referência na produção biológica, a exemplo da vizinha África do Sul, Brasil, Argentina, Austrália, EUA, entre outros países, e adaptar à realidade do país. “Estamos preocupados com o uso de químicos, e é uma preocupação natural, porque, se o químico não for usado de acordo com o seu rotulo, é perigoso, porque é preciso saber em que cultura, contra que praga ou doença, à que dosagem e qual é o intervalo de segurança. A interrogação que os químicos de agricultura têm nos países desenvolvidos é maior do que a interrogação que os medicamentos humanos têm, porque os medicamentos humanos a gente usa só quando está doente, mas os produtos alimentares usamos todos os dias, o risco de exposição é maior”, precisou Gomes. Orçamento agrícola aquém do desejável De acordo com o Governo,os problemas conjunturais e estruturais têm estado na origem dos vários problemas que afectam o sector agrário, desde escassos recursos financeiros e de recursos humanos altamente qualificados. No entanto, o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) diz ser fundamental que outras esferas do sector pensem na criação de capacidades de resiliência contra esta tendência de fenómenos. Por outro lado, o MASA lamenta o facto de nos últimos anos o sector de agricultura não atingir um mínimo de 10% da parte do Orçamento do Estado, sendo este sector crucial, que se pretende que seja a base do desenvolvimento do país. Mais ainda, o governo diz que os parceiros que o país tem não incidem seu apoio na construção de infraestruturas, sobretudo ao sector agrário, limitando-se em assuntos de advocacia dos direitos humanos, entre outras áreas. As mudanças climáticas,secunda Pedro Zucula, director Nacional da Agricultura e Piscicultura doMASA, constituem um dos grandes vectores para a eclosão de novas invasões, a medida em que as temperaturas tendem a aumentar, ao mesmo tempo que a variação da humidade, o que, de acordo com Zucula, cria no nosso país ambiente favorável para a vulnerabilidade. “Esperamos que no próximo mandato consigamos no mínimo 10% do financiamento necessário para a agricultura. Por outro lado, temos aconselhado aos nossos parceiros a apoiarem questões fundamentais de acordo com as políticas do Governo e as infraestruturas fazem parte das prioridades do Governo”, argumentou Zucula. Estamos preocupados com o uso de químicos, e é uma preocupação natural, porque, se o químico não for usado de acordo com o seu rotulo, é perigoso, porque é preciso saber em que cultura, contra que praga ou doença, à que dosagem e qual é o intervalo de segurança. 18 | zambeze |NACIONAL| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 LUÍS CUMBE Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | comercial| zambeze | 19 Zambeze.info disponível Caro leitor, o leito do Zambeze está cada vez mais navegável. Acompanhe, diariamente, as últimas notícias on line no seguinte endereço: www.zambeze.info 20 | zambeze |DESPORTO| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 Moçambola Eva Nga, o demolidor do Moçambola O melhor goleador da época desportiva Moçambola 2019, até então, Eva Nga, está de vento em pompa. Semana- -a-semana, está a marcar golos, colocando a sua equipa a vencer os seus adversários e permanecer no topo da tabela classificativa. No último fim-de-semana, no jogo frente ao Incomáti, Eva Nga voltou a demonstrar que é o candidato certo para o prémio de melhor marcador, edição 2019, ao marcar dois valiosos golos, ainda na primeira parte do jogo. Os canarinhos estão a comandar a tabela classificativa, seguidos da União Desportiva do Songo que temum jogo a menos e, caso vença o jogo de atraso contra o Maxaquene, que está numa situação delicada na tabela, terá a mesma pontuação, partilhando, por isso, a liderança com o Costa do Sol. A nossa reportagem foi assistir ao jogo do Costa do Sol contra o Incomáti e viu a pujança da Eva Nga sobre os adversários. Homem alto,forte e perigoso na área, melhor avançado da actualidade do nosso campeonato e quando se trata de rematar para baliza... Aliás,Nga quando apanha a bola não faz dribles, como outros, e não demora com a bola nos seus pés, nem mesmo a dar a bola ao colega. Ele não é malabarista, mas homem de bom remate e certeiro. Recordar que o melhor marcador deve marcar, no mínimo, vinte golos e Eva Nga pode ultrapassar essa meta. Em entrevista, Nga disse que queria marcar mais golos que a meta definida. A pergunta que se faz é: porque é que não conseguiu singrar no futebol profissional em Portugal onde esteve por algum tempo, a fazer testes? Outros dizem que Eva Nga é jogador para Moçambola, verdade ou não,Nga é o melhor e está decidido a levar o prémiode uma viatura zero quilómetros. Recordar que no ano passado, o prémio foi para Telinho, então jogador da Liga Desportiva de Maputo, actualmente jogador da União Desportiva do Songo. José Matlhombe Associação de combate ao racismo pede castigo para Bernardo Silva “Estamos chocados” uma associação de combate ao racismo, de usar um “estereótipo racista” e disse ter ficado “extremamente desapontada” pela publicação do português, pedindo medidas à Federação Inglesa. “Os estereótipos racistas nunca são aceitáveis como ‘brincadeiras’. Estamos chocados que alguém que é um exemplo para milhões não tenha entendido a natureza discriminatória do seu ‘post’. A FA [Federação Inglesa] foi notificada e acreditamos que medidas retrospetivas devem ser tomadas, incluindo a educação obrigatória - que é vital para combater comportamentos ofensivos como este”, pode ler-se num comunicado citado pelo The Guardian. A Federação, que já está a investigar o caso, já contactou o Manchester City para obter uma reação. Segundo os regulamentos, caso seja culpado de racismo, Bernardo Silva incorre uma pena mínima de seis jogos de suspensão. O português fez duas publicações nas redes sociais dirigidas a Mendy, com quem já protagonizou momentos de boa disposição - a final da Taça da Liga, em que o defesa beijou Bernardo, foi um deles - e foi acusado de racismo. Na primeira, o internacional português partilhou um vídeo de Mendy no Instagram com uma camisola preta, afirmando que tinha acabado de ver o companheiro de equipa “completamente nu”. Comentário que não caiu bem entre os internautas, que acusaram o português de racismo, obrigando-o a apagar a publicação. Já este domingo, no Twitter, Bernardo Silva comparou o francês aos bombons “Conguito”. O colega de equipa levou a publicação como uma brincadeira, respondendo “1-0 para ti, veremos”, mas surgiram novas críticas e acusações de racismo, levando o extremo português novamente a apagar a publicação, sem antes deixar uma mensagem: “Hoje em dia não se pode brincar com um amigo. Estas pessoas...”. A brincadeira de Bernardo Silva com o colega de equipa Benjamin Mendy continua a dar polémica e, esta segunda- -feira, a associação de combate ao racismo “Kick it Out” pediu medidas para o português. O que não passava de uma brincadeira pode trazer um castigo pesado para Bernardo Silva. O jogador português foi acusado pela “Kick it Out”, Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 zambeze | 21 Messi levou a melhor sobre Cristiano Ronaldo e Van Dijk e, esta segunda-feira, venceu o prémio “The Best” em Milão. O argentino foi considerado o melhor jogador do ano pela sexta vez na carreira. Está feito o desempate. Lionel Messi e Cristiano Ronaldo haviam sido considerados cinco vezes o melhor jogador do mundo e, esta segunda-feira, o argentino ficou em vantagem. O jogador do Barcelona bateu o craque português e o holandês Van Dijk, considerado o jogador do ano pela UEFA, e juntou o primeiro “The Best” às cinco Bolas de Ouro (2009, 2010, 2011, 2012 e 2015), prémio FIFA antes atribuído em conjunto com a France Football. Sem Cristiano Ronaldo na plateia, o astro argentino conseguiu um feito inédito e agradeceu à família e aos companheiros de equipa do Barcelona. “Quero agradecer a todos os que decidiram que eu deveria ganhar este prémio. Mas continuo a dizer que o prémio individual é secundário, primeiro está o colectivo. É uma noite especial para mim. É a primeira vez |desporto | Klopp vai doar 1% do salário “Esta bolha em que vivemos não é o mundo real” O treinador do Liverpool, considerado o melhor do ano para a FIFA, explica por que passará a doar 1% do salário à Common Goal. Através de um testemunho ao “The players tribune”, Jurgen Klopp confirmou que vai doar parte do salário anual à Common Goal, um movimento de caridade reservado às pessoas do futebol para ajudar os mais desfavorecidos, e explica a decisão como “uma responsabilidade dos privilegiados”. “Vamos ser honestos: nós somos extremamente felizardos. É nossa responsabilidade, como pessoas privilegiadas, dar alguma coisa de volta às crianças de todo o Mundo que só precisam de uma oportunidade. Não nos devemos esquecer como era quando tínhamos problemas a sério. Esta bolha em que vivemos não é o mundo real. Desculpem, mas qualquer coisa que aconteça num campo de futebol não é um problema a sério. Deve haver um maior propósito para este jogo do que receitas e troféus, não?”, escreveu o treinador do Liverpool. De acordo com Klopp, a Common Goal, iniciativa de Juan Mata, jogador do Manchester United, já juntou mais de 120 futebolistas e ajuda a suportar programas para o futebol jovem em países como Zimbabué, Camboja ou Índia. Messi considerado o melhor jogador do mundo Veja a lista completa de vencedores: Golo do ano: Dániel Zsóri Melhor treinador: Klopp (Liverpool) Melhor guarda-redes feminina: Sari van Veenendaal (Atlético de Madrid) Prémio fair-play: Marcelo Bielsa Onze do ano feminino: Sari van Veenendaal, Lucy Bronze, Wendie Renard, Nilla Fischer (Suéci), Kelley O’Hara, Amandine Henry, Julie Ertz, Marta, Rose Lavelle, Megan Rapinoe e Alex Morgan. Melhor guarda-redes: Alisson (Liverpool) Melhor treinadora: Jill Ellis Onze do ano masculino: Alisson; Marcelo, Sergio Ramos, De Ligt e Van Dijk; Modric e Frenkie de Jong; Mbappé, Messi, Hazard e Ronaldo Melhor jogador: Messi Melhor jogadora: Megan Rapinoe que tenho a minha mulher e os meus filhos, é muito especial. Para mim é algo único. Muito obrigado a todos”, disse no Teatro Scala, em Milão. Em 2018/19, Lionel Messi foi campeão espanhol pelo Barcelona, venceu a Supertaça, foi o melhor marcador da liga espanhola e ficou em terceiro lugar da Copa América pela selecção argentina. O holandês Van Dijk, do Liverpool, tido como favorito à conquista do prémio, depois de ter sido considerado o jogador do ano pela UEFA, conquistou a Liga dos Campeões, foi considerado o melhor jogador em Inglaterra e ainda chegou à final da Liga das Nações. Já Cristiano Ronaldo ganhou a liga italiana e a Supertaça com a Juventus, além de ter conquistado a primeira edição da Liga das Nações por Portugal. Empresária angolana Isabel dos Santos vai continuar a investir em Portugal À margem do Fórum Internacional sobre Mobilidade e Inovação, organizado pela Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da CE-CPLP, onde participou, Isabel dos Santos lembrou que investiu há mais de dez anos em Portugal “quando seguramente havia menos pessoas interessadas” e disse continuar a acreditar na economia portuguesa. “Eu acredito na economia portuguesa”, afirmou a empresária, filha do antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, acrescentando: “Portugal tem muito talento, gosto muito de trabalhar com jovens portugueses, com as universidades portuguesas e há muita inovação e nós investimos muito no sector da pesquisa e desenvolvimento”. “Portanto criar emprego em Portugal e dar oportunidade aos jovens portugueses é algo em que vou continuar a apostar e que vou continuar a fazer”, garantiu aos jornalistas, sem porém querer adiantar em que sectores iria apostar. Em Portugal, Isabel dos Santos detém importantes participações em empresas como a Galp, Zon Multimédia, EFACEC ou Banco BIC Português. Questionada pelos jornalistas sobre o que achava que o actual Presidente angolano, João Lourenço, poderia fazer para melhorar o desenvolvimento do seu país, Isabel dos Santos procurou fugir à questão. “Angola é uma grande nação, porque tem um percurso histórico que o justifica e é um país que joga um grande papel em África. Mas não há dúvidas que em África os países ainda têm bastantes desafios. E quando olhamos para a África como um todo, todos nós os africanos, independentemente do país de onde viemos, sabemos que ainda temos muito trabalho pela frente e muitas coisas a conquistar”, respondeu. Quanto ao papel das mulheres em África, a empresária angolana considerou que “há cada vez mais mulheres africanas que têm esta coragem de empreender”, mas referiu que ser empreendedora no continente africano ainda não é uma tarefa fácil. “Não é ainda um desafio fácil, porque efectivamente é muito difícil ter acesso a questões básicas, como por exemplo, o financiamento bancário ou até ter crédito suficiente para iniciar o seu negócio, ou até a confiança da própria sociedade em nós. Mas as mulheres africanas são muito batalhadoras e acredito que podemos continuar a conquistar este espaço que é um espaço que deve ser nosso”, defendeu. Na sua opinião, a mobilidade no espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “pode criar um ambiente favorável” para o intercâmbio que pode haver entre aqueles países. E lembrou: “Nós somos um grande mercado, um mercado que fala português. Isto é um mercado muito grande,mas efectivamente ainda temos alguns constrangimentos. É claro que estes temas nunca são fáceis. Mas não há dúvida que havendo intercâmbios maiores entre os empresários dos diferentes países da CPLP nós podemos ter um mercado muito maior”. “Com tempo”, Isabel dos Santos considera que esta mobilidade e intercâmbio são “exequíveis”. (Lusa) Trump goza com Greta Thunberg em lágrimas “Parece uma jovem muito feliz” Donald Trump, o presidente dos EUA, publicou um tweet sarcástico na manhã de terça-feira, dirigido a Greta Thunberg, a activista climática de 16 anos. No comentário, ao qual juntou o excerto do discurso da jovem sueca na Cimeira do Clima, Trump escreveu: “Parece uma jovem muito feliz que ambiciona um futuro maravilhoso. Tão bom de se ver!” Em Nova Iorque, Trump e Greta cruzaram-se por breves instantes, quando o presidente dos Estados Unidos  estava a entrar para uma reunião sobre liberdade religiosa. Donald Trump decidiu não participar na Cimeira do Clima que decorreu no mesmo dia. Observando Trump a passar por ela, a expressão de Greta captou a atenção do candidato democrático à presidência norte-americana, Julián Castro, que, no Twitter, se manifestou solidário. “Penso que muitos de nós conseguem rever-se [naquele olhar]”, escreveu. A activista sueca disse aos líderes mundiais na cimeira das Nações Unidas que não são “maduros o suficiente para serem frontais”. “Estão a falhar-nos. Mas os jovens estão a começar a entender a vossa traição.” Com os olhos em lágrimas, Greta Thunberg continuou.   “Vocês roubaram-me os sonhos e a minha infância com as vossas palavras vazias. Os olhos de todas as futuras gerações estão postos em vocês. Se escolherem falhar-nos, nunca vos vamos perdoar. Não vos vamos deixar sair impunes. Aqui e agora é onde nós fixamos o limite”, afirmou a activista que começou o movimento global School Strike. Greta Thunberg inspirou milhões de pessoas em todo o mundo - especialmente jovens - a participarem na Greve Global Climática e a exigirem mudanças concretas para lutar contra as alterações climáticas. Nobel da Paz para... Trump O tweet de Donald Trump sobre Greta não foi a única polémica do dia. O presidente dos EUA afirmou, também, que merecia receber o Prémio Nobel da Paz por “várias coisas”, mas que ainda não foi galardoado porque o prémio não é atribuído de forma justa. Eu acho que poderia receber o Prémio Nobel por várias coisas se eles o dessem de forma justa, que não dão”, afirmou Trump durante uma reunião com primeiro- -ministro do Paquistão, Imran Khan, nas Nações Unidas. Trump também criticou a decisão de terem entregado o Nobel da Paz a Barack Obama, em 2009. “Deram um ao Obama”, disse Trump, afirmando que o ex-presidente “não faz ideia” porque o recebeu “Essa era a única coisa que ele e eu concordávamos.” 22 | zambeze | Internacional | Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 O Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS), através da Delegação do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) da cidade de Maputo, reuniu, recentemente em Maputo, com as confissões religiosas, os contabilistas e gestores de recursos humanos, para abordar sobre os objectivos da Segurança Social Obrigatória, e o papel dos contabilistas na prossecução dos objectivos da Segurança Social Obrigatória em Moçambique, em particular para a Cidade de Maputo. Oencontro com os representantes das confissões religiosas tinha como principal objectivo sensibilizá-los a integrar os seus trabalhadores no Sistema de Segurança Social obrigatória, pese embora algumas confissões já o fazem. Em relação ao encontro com os contabilistas e gestores de recursos humanos, pretendeu-se com esta iniciativa, sensibilizar esta classe de profissionais a colaborar com o INSS, com vista à redução da dívida de contribuições ao Sistema de Segurança Social, uma vez que são um dos maiores actores no relacionamento entre o Instituto e os contribuintes. De acordo com Jafar Buana, director do Trabalho, Emprego e Segurança Social da cidade de Maputo, “os grupos com os quais reunimos são muito influentes no que se refere às contribuições para a Segurança Social, uma vez que a nossa preocupação central é de não comprometer o futuro dos trabalhadores e seus dependentes”. O sistema, conforme sustentou Jafar Buana, está preparado para abarcar todos os grupos de trabalhadores pelo que devemos coordenar as nossas acções para não influenciar negativamente na cobrança da dívida, assim como a própria canalização das contribuições, pois não basta apenas inscrever os trabalhadores no sistema, mas também a canalização das contribuições para poder usufruir dos benefícios. “O nosso objectivo é a criação de condições para a apreensão do espírito do regulamento da Segurança Social Obrigatória e o seu alcance em termos de benefícios”, frisou Jafar Buana. Por sua vez, Rui Guimarães, delegado do INSS da cidade de Maputo, disse que os seminários acontecem numa altura em que o Sistema de Segurança Social faz 30 anos e que devem servir de reflexão, devendo saírem deste seminário respostas sobre como integrar os trabalhadores das comunidades religiosas no Sistema que não fazem parte do seu efectivo, mas prestando serviços a estas. O delegado do INSS da cidade de Maputo explicou que as congregações religiosas devem aderir ao Sistema, pois são instituições que envolvem trabalhadores, alguns dos quais são considerados activistas, cujo enquadramento não cabe no regime de Trabalhadores por Conta Própria. Para o representante da Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique (OCAM), Inssa Monjane, a abertura do INSS constitui o reconhecimento da OCAM no apoio à cobrança de contribuições e a sua canalização ao Sistema, de modo a que os trabalhadores possam obter os benefícios concedidos. “É uma parceria que vem desde há dois anos, que prevê o desenho de um memorando de entendimento entre ambas as instituições, com o objectivo de fortalecer os mecanismos de controlo”, sublinhou. O processo de canalização das contribuições, segundo explicou Inssa Monjane, é uma questão de gestão financeira das empresas. O papel fundamental dos contabilistas é fazer a liquidação da contribuição da empresa por forma a obedecer adequadamente ao regulamento dentro do que a norma estabelece. Por sua vez, Luísa Quilambo, pastora e chefe dos recursos humanos da Igreja Metodista Unida, disse acreditar que a partir desta interacção muitas dúvidas foram esclarecidas, pois “conversámos acerca das vantagens que o Sistema oferece, uma vez que já estamos inscritos”. Na igreja, conforme sustentou, têm rendimentos todos aqueles que prestam serviços: “dentro de uma congregação religiosa, é normal que haja actividades relacionadas com a assistência social, comissões que tratam da vida dos pastores, dos idosos e de crianças órfãs”, explicou, acrescentando que fazem, igualmente, trabalho remunerável as pessoas que desempenham cargos pastorais, secretários, administrativos e todos os que estão nos escritórios, escolas, universidades e orfanatos. INSS quer contributo das igrejas Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | NACIONAL | zambeze | 23 CONTACTOS: 823073450/ 847714280 ZAMBEZE Comercial ZAMBEZE ANUNCIE NO Departamento Comercial Contactos: (+258) 82 307 3450 (+258) 824576070 | (+258) 84 269 8181 E-mail: esmelifania2002@gmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br A NOVOMÉDIA, SARL, PROCURA AGENTES PARA VENDER O JORNAL EM TODAS AS PROVÍNCIAS DO PAÍS 24 | zambeze | CIÊNCIA E TECNOLOGIA| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 Tecnologia 5G NATO alerta para riscos vindos da China por “influência política” Uma especialista em cibersegurança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) alertou, recentemente, para os riscos associados à tecnologia móvel de quinta geração (5G), desenvolvida na China e aplicada na União Europeia (UE), pedindo “medidas urgentes” de segurança. “Existe, obviamente, uma influência legal e política do Estado chinês e do Partido Comunista na indústria tecnológica. Sabemos que as leis chinesas de cibersegurança requerem que as empresas cooperem com os serviços secretos fornecendo informações, estando prevista protecção estatal às companhias que o façam”, afirmou a investigadora do Centro Cooperativo de Excelência em Defesa Cibernética da NATO, Vénus pode ter sido habitável com clima semelhante ao da Terra Um novo estudo publicado pela NASA revela que Vénus pode ter sido, há milhares de milhões de anos, um planeta habitável com 80% da superfície coberta por água. “A nossa hipótese é que Vénus pode ter tido um clima estável durante milhares de milhões de anos. É possível que um evento transformador tenha sido responsável pela transformação de um clima semelhante ao da Terra no inferno que vemos hoje em dia”, escreve um dos responsáveis pelo estudo, Michael Way. A conclusão do estudo foi obtida depois de serem feitas cinco simulações com diferentes configurações da superfície do planeta, tendo verificado que em todas Vénus já teve outrora um clima estável. “Algo aconteceu em Vénus para que uma grande quantidade de gás tenha sido lançado para a atmosfera e não pode ser absorvido pelas rochas”, nota Way. Kadri Kaska. Falando numa conferência sobre resiliência digital promovida pelo centro de reflexão The Lisbon Council, em Bruxelas, a especialista assinalou que “uma das preocupações centra-se no facto de a Huawei estar a liderar a inovação no desenvolvimento da tecnologia 5G”. “A Huawei tornou-se numa das maiores fornecedoras de tecnologia em todo o mundo e é, inclusive, a única companhia que disponibiliza rede 5G desta escala”, reforçou a responsável. Kadri Kaska vincou, assim, que “as ligações das companhias tecnológicas ao Estado [...] tornam necessário que os Estados adotem medidas de segurança”, nomeadamente na UE. “Controlar uma infraestrutura desta dimensão significa controlar uma série de dados [...], o que cria vulnerabilidades e riscos [para outros países], para as quais são necessárias medidas urgentes”, adiantou. Ainda assim, Kadri Kaska reconheceu que, apesar das várias suspeitas de espionagem que têm recaído sobre a Huawei, nomeadamente referentes à instalação de portas traseiras nos equipamentos 5G para captação de dados, “nunca houve provas de que a empresa está a usar a tecnologia em prol do Estado chinês”. “Também temos de ter presente o facto de que nenhuma tecnologia pode ser 100% segura”, disse. Presente na ocasião, o comissário europeu para a União da Segurança, Julian King, referiu que “a tecnologia é, hoje em dia, uma questão geopolítica”. “Precisamos de ter uma abordagem europeia para proteger a segurança das redes europeias de 5G porque implica uma massiva troca de dados”, notou. Em causa estão, segundo o comissário, “infraestruturas críticas da UE”. Assumida como uma prioridade desde 2016, a aposta no 5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em março deste ano, a fazer recomendações de atuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas ‘arriscadas’ dos seus mercados. Bruxelas pediu, ainda, que cada país analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até junho passado, seguindo-se uma avaliação geral em toda a UE para, até final do ano, se encontrarem medidas comuns de mitigação das ameaças. A Comissão Europeia está agora a ultimar a “avaliação coletiva” do riscos encontrados pelos Estados-membros, devendo publicar esta informação num relatório que será divulgado “nas próximas semanas”, revelou Julian King. “Depois, avançaremos para a terceira fase [do processo], que é identificar ferramentas para mitigar estes riscos”, adiantou. A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias. Austrália quer apanhar condutores a usarem o telemóvel Oestado de New South Wales na Austrália planeia começar a multar motoristas que usem smartphones enquanto conduzem, com o ministro dos Transportes e Estradas, Andrew Constance, a propor a introdução de câmaras nas estradas. “No que me diz respeito, não há dúvidas que conduzir embriagado está no mesmo nível que utilização de telemóveis e é por isso que queremos que todos estejam conscientes que vão ser apanhados a fazer isto onde e quando quer que seja”, afirmou Constance à Australian Broadcasting Corp de acordo com a Time. Como parte deste plano, Constance partilhou planos para lançar um total de 45 câmaras para apanhar condutores que usem o smartphone enquanto conduzem. O maior vulcão da lua Io de Júpiter está prestes a entrar em europção e os investigadores estão atentos para reunir todos os dados e detalhes do evento. O vulcão, de nome Loki, tem sido alvo de uma observação atenta da parte dos investigadores, que identificaram até um padrão nas erupções do vulcão. De acordo com o ‘paper’ publicado pela cientista planetária Julie Rathburn do Instituto de Ciência Planetária, as erupções do Loki tinham um ciclo de 530 dias. O ‘paper’ em questão foi fruto de observações feitas entre 1988 e 2000, com os investigadores a notarem que, no início da erupção, o vulcão se iluminava e permanecia neste estado durante 230 dias até voltar a apagar-se. Porém, como conta o Science Alert, o ciclo encurtou em 2013 e verificou que em vez dos 530 dias a duração era agora de 475 dias. É este novo ciclo que leva os investigadores a acreditarem que o Loki entrará em erupção ainda durante este mês. “Os vulcões são tão difíceis de prever porque são muito complicados. Há muitas coisas que podem influenciar as erupções vulcânicas, incluindo a taxa de abastecimento de magma, a composição do magma – em particular a presença de bolhas no magma, o tipo de rocha em que o vulcão se encontra, o estado fraturado da rocha e muitas outras questões”, indica Rathburn. “Consideramos que o Loki pode ser previsível porque é tão grande. Devido ao seu tamanho, as físicas básicas provavelmente dominam-no quando entra em erupção, por isso as complicações pequenas que afetam os vulcões pequenos provavelmente não afetam muito o Loki. Corredor de Nacala junta Moçambique, Malawi e Zâmbia Equipas multissectoriais de Moçambique, Malawi e Zâmbia discutem esta semana mecanismos para o reforço da cooperação no âmbito do Corredor do Desenvolvimento de Nacala. Nos próximos três dias, deverá ser finalizada a proposta do acordo sobre postos fronteiriços de paragem única entre Moçambique e Malawi, também entre Moçambique e Zâmbia. O chefe do departamento de Cooperação Bilateral no Ministério dos Transportes e Comunicações, Horácio Parquinio, explicou ao “Notícias” que a ideia de criação de postos fronteiriços de paragem única foi, primeiramente, apresentada pelo Malawi, contudo, nos últimos dias surgiu também uma proposta da Zâmbia. A ideia inicial era que os acordos sobre os postos fronteiriços de paragem única fossem assinados ainda este ano, num encontro a ter lugar em Maputo. No entanto, devido a questões de agenda, este memorando só poderá ser assinado no próximo ano. No encontro de Malawi, as delegações dos três países deverão harmonizar os documentos, razão porque foram constituídas equipas de técnicos de diversas instituições que intervêm na movimentação de pessoas e bens. O acordo geral sobre o Corredor de Desenvolvimento de Nacala foi assinado no ano 2000 entre Moçambique e Malawi, mas em 2003 foi assinado um segundo memorando que passou a integrar a Zâmbia. Depois de vários anos de letargia, Moçambique decidiu, no ano passado, voltar a dinamizar os três corredores de desenvolvimento existes no país, nomeadamente Maputo, Beira e Nacala. No caso específico de Nacala, de Abril do ano passado a esta parte foram realizados dois encontros envolvendo Moçambique, Malawi e Zâmbia. O primeiro encontro teve lugar em Maputo e o segundo em Fevereiro deste ano na Zâmbia. Horácio Parquinio considera que o encontro que começa amanhã no Malawi também deverá abordar questões iniciadas na última reunião da Zâmbia, que incluem a necessidade de se ter um novo acordo que responda às preocupações actuais dos três Estados. Apontou que nos debates anteriores, os três Estados chegaram a entendimento sobre a necessidade, por exemplo, de um novo acordo específico sobre o transporte rodoviário entre os três países que partilham o Corredor de Desenvolvimento de Nacala. Horácio Parquinio referiu que apesar de estar a funcionar desde a sua criação, o Corredor de Nacala enferma ainda de algumas lacunas previstas aquando da sua idealização. “Um dos grandes dilemas que temos é que temos o Corredor a funcionar, mas não existe um secretariado do corredor e os acordos de 2000 e 2003 prevêem um comité e um secretariado que deviam lidar com assuntos do dia-a-dia, e os ministros deviam reunir-se uma vez por ano para falar sobre a infra-estrutura, mas isso não esta a acontecer”. Acrescentou que o não funcionamento destas entidades faz com que quando ocorrem anomalias na fronteira falte quem intervir, com autoridade, para solucionar imediatamente o problema, que por vezes acaba por se transformar numa polémica entre os Estados. (RM/Notícias) Para estimular economia China não vai reduzir taxas de juro O governador do banco central da China diz que a política monetária do país permanecerá “estável e saudável”, sugerindo que Pequim não seguirá os Estados Unidos e a Europa, que reduziram as taxas de juro. Em conferência de imprensa, Yi Gang garantiu que o Banco do Povo Chinês vai evitar um “estímulo massivo”, apesar do impacto da guerra comercial entre Pequim e Washington. O país asiático registou, nos últimos anos, um ‘boom’ na dívida corporativa e dos governos locais, reflectindo um modelo económico assente no investimento em grandes obras públicas, como forma de assegurar altas taxas de crescimento económico após a crise financeira global de 2008. Pequim tenta agora controlar o nível de endividamento, depois de várias agências de notação financeira terem reduzido a classificação de crédito da China. “Acreditamos que, para a nossa política monetária, devemos permanecer comprometidos com o nosso próprio curso e seguir uma direção estável e saudável”, disse Yi. Em 2018, a economia chinesa cresceu 6,6%, o ritmo mais lento dos últimos trinta anos, colocando pressão em Pequim para adotar novas medidas de estímulo. A liderança chinesa está a encetar uma transição no modelo económico do país, visando uma maior preponderância do setor dos serviços e do consumo, em detrimento das exportações e construção de obras públicas. Mas a desaceleração tem sido mais acentuada do que o previsto, levando Pequim a reduzir as restrições no acesso ao crédito e a aumentar a despesa pública, visando evitar a destruição de empregos, o que poderia resultar em instabilidade social. Os reguladores consideram que controlar a dívida das empresas e das famílias é uma prioridade. “Não devemos adotar pacotes grandes de estímulo”, disse Yi. “Precisamos de garantir que a taxa de endividamento permanece estável, para que o nível total de dívida permaneça sustentável”, disse. A ascensão ao poder de Donald Trump em Washington ditou também o início de uma guerra comercial, com os dois países a aumentarem as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um. A liderança norte-americana, que teme perder o domínio industrial global à medida que Pequim tenta transformar as firmas estatais do país em importantes atores em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial ou robótica, acusa a China de práticas comerciais injustas. Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 |ECONOMIA| zambeze | 25 Programa de Desenvolvimento Empresarial Trinta PME’s preparam-se para os desafios do mercado Representantes de trinta Pequenas e Médias Empresas (PME’s), provenientes da zona sul do país, participaram, recentemente, na cidade de Maputo, num programa de imersão empresarial promovido pelo Standard Bank e pela multinacional Eni Rovuma Basin, com o objectivo de apoiar este segmento de empresas na validação dos seus modelos de negócio, e, por via disso, contribuir para a sua sustentabilidade e escalabilidade no mercado, que está a tornar-se cada vez mais competitivo e com maiores e melhores oportunidades. Ainiciativa, denominada #Ideate Bootcamp PME, insere-se no Programa de Desenvolvimento Empresarial, implementado pelo Standard Bank, através da sua incubadora de negócios, e pela Eni Rovuma Basin, com vista à promoção de ligações empresariais e de oportunidades para as PME. Para o Standard Bank, o #Ideate Bootcamp PME afigura-se como uma plataforma de empoderamento e fortalecimento deste segmento de empresas, que desempenha um papel importante na economia do país. Nesse sentido, o banco espera que esta iniciativa contribua para a criação e estabelecimento de um quadro de empreendedorismo desejável e ecossistema necessário para prestar o devido apoio às PME’s, de modo a que alcancem a inclusão, a estabilidade e a escalabilidade esperadas. “Nós acreditamos nas PME’s e pretendemos, através desta iniciativa, contribuir para que tenham acesso às oportunidades que o mercado oferece, principalmente no sector de petróleo e gás”, explicou Arsénio Jorge, director de Canais e Distribuição do Standard Bank. Mais do que transmitir conhecimentos que permitem o aprimoramento das ideias de negócio, acrescentou Arsénio Jorge, esta iniciativa facilita a conexão de PME’s que têm produtos e serviços para oferecer às grandes companhias. “Uma das coisas que incentivamos nesta plataforma é a troca de experiência, partilha de ideias e criação de sinergias entre as Pequenas e Médias Empresas para que, amanhã, possam juntar forças e participar em grandes oportunidades”, referiu o director de Canais e Distribuição do Standard Bank. Os participantes do #Ideate Bootcamp PME mostraram-se satisfeitos por fazerem parte do segundo grupo de beneficiários desta iniciativa, que lhes permitiu adquirir ferramentas que em muito vão ajudar a transformar os seus negócios. Abel Viageiro é um empreendedor que actua na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), estando, neste momento, a desenvolver um projecto de modernização da gestão dos sistemas de abastecimento de água. Para si, a formação foi muito útil, pois “pude perceber que tudo parte de uma ideia, mas isso só não basta. Para partir para a concretização e implementação há técnicas e ferramentas que nos foram transmitidas pelos facilitadores e que devem ser usadas para que as nossas soluções sejam bem acolhidas pelo nosso público- -alvo. É um processo muito interessante que parte de uma simples ideia até a uma solução que responda às necessidades do mercado”. Quem também participou nesta formação, destinada às PME’s, é Maria Taverna, que se dedica à produção de galinhas poedeiras e à comercialização e distribuição de ovos. Para esta empreendedora, o #Ideate Bootcamp PME tem ajudado a mudar a mentalidade dos empreendedores, principalmente dos principiantes, que almejam estabelecer-se e singrar no mercado. “Esta iniciativa vai alavancar o nosso desempenho no mercado, pois nos dá a oportunidade de adquirir ferramentas que podem ser aplicadas no nosso dia-a-dia. Isso nos ajuda a melhorar a nossa forma de actuação, inclusive na identificação do público-alvo, que é muito fundamental para o negócio”, disse Maria Taverna. O que acontece, segundo acrescentou a participante, “é que no início de uma jornada de empreendedorismo, temos muitas ideias mas precisamos de nos organizar e criar bases seguras que nos levem ao sucesso, e aqui na formação pude receber orientações sobre o que devo fazer para atingir os meus objectivos”. Importa realçar que o #Ideate Bootcamp PME é ministrado pela ideiaLab e consiste numa imersão de três dias, durante os quais os participantes têm a oportunidade de utilizar metodologias que irão permitir avaliar, melhorar, desenhar e comunicar os seus modelos de negócio. Moçambique vai exportar cerca de oitenta milhões de toneladas de Gás Liquefeito por ano, com o início da actividade de exploração, previsto para 2024. O Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, Omar Mithá, destacou que o facto vai tornar Moçambique num dos maiores exportadores do Gás Natural Liquefeito a nível mundial, nos próximos sete anos. Omar Mithá falava no seminário sobre Preços de Transferência como Mecanismo de Saída Ilícita do Sector Extractivo. O PCA da ENH apontou alguns desafios para Moçambique, neste sector. Já o Director Executivo do Centro de Integridade Pública, Edson Cortês, chama atenção para os riscos da transferência de preços no sector de hidrocarbonetos. O seminário sobre Preços de Transferência como Mecanismo de Saída Ilícita do Sector Extractivo decorre sob lema: Riscos por detrás dos Projectos da Bacia do Rovuma. (RM) Moçambique exporta cerca de oitenta milhões toneladas Gás liquefeito 26 | zambeze |ECONOMIA| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 zambeze | 27 ZAMBEZE ANUNCIE NO Departamento Comercial Contactos: (+258) 82 307 3450 (+258) 824576070 | (+258) 84 269 8181 E-mail: esmelifania2002@gmail.com esmelifania2002@yahoo.com.br Comercial Teresa Taimo faz regressar o descontente No âmbito das celebrações do dia das Forças Armadas da Defesa Nacional, a jovem escritora, Teresa Taimo, integrada nas fileiras militares lançou, recentemente, no Clube Militar de Maputo, a sua primeira obra intitulada “O Regresso do descontente”. Trata-se de um romance que tem a missão de apelar aos jovens para uma responsabilidade e foco ao ingressar na instrução militar em Moçambique. Segundo a autora, Teresa Taimo, este livro narra a história da superação de vida de jovens com mundos totalmente diferentes e que se cruzam na vida militar, onde há partilha de hábitos e costumes. “Esta é uma obra de carisma multicultural que se insere na história das forças armadas, porque traz à superfície a história de dois jovens que se conhecem no centro de instrução militar e que se vêem na contingência de partilhar os valores culturais adquiridos no contexto da família, depois conhecem destinos diferentes” disse Taimo. Mais adiante, a nossa interlocutora disse que o desconte retratado nesta obra é um jovem que sai da zona rural para o centro de instrução militar, “quando chega no local encontra-se com um jovem que sai de uma família abastada e acaba por influenciar o jovem pobre, acabando este por perder o seu foco, que é treinamento militar e é expulso das fileiras militares por causa de indisciplina”, explicou a escritora. Quando é expulso, ele não conseguiu dizer a família e esta que aguardava pela cerimónia de enceramento do curso e outras notícias positivas e não ao contrário”, frisou a fonte. A primeira obra literária, com o tema “O regresso do descontente”, reflecte também aquilo que são mitos, tabus e algumas crenças militares, que o tempo não conseguiu apagar. Retrata igualmente a revelia como forma de preservar o mosaico cultural da vida militar. Teresa Taimo para além de escritora é pesquisadora sociocultural e membro efectivo das FADM, fundadora da iniciativa “Teresa Taimo e Amigos”. Exceptuando várias crónicas que a autora do “Regresso do descontente” escreveu e publicou, esta é a primeira viagem no mundo literário feita em setenta e duas páginas, correspondentes a quatro capítulos. Alberto Mazanga | CULTURA| 28 | zambeze | CULTURA| Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 Está patente desde sexta- -feira, 20 de Setembro, no Espaço Cultural Moçambique Telecom (Tmcel), localizado no recinto do IFT-Instituto de Formação das Telecomunicações, a exposição intitulada “Eterno Recomeço”, alusiva aos 40 anos de carreira do artista plástico moçambicano Pedro Mourana, ou simplesmente PMourana. A exposição, que está patente até o próximo dia 20 de Outubro, representa os 40 anos de percurso do PMourana, que diz ter sido de muito aprendizado. Nas obras, os amantes das artes podem encontrar uma diversidade de temas abordados pelo artista, particularmente a “A arte não pode ser algemada” Pedro Mourana sobre os 40 anos da sua carreira: mulher e as suas ramificações. “Falo da mulher mas o homem está lá incluído porque é a mulher que nos traz ao mundo. É uma exposição que fala de temas sociais. Fala da valorização do trabalho do homem, do trabalho que é ignorado e de pessoas que tiveram bons feitos”, explica o artista. Relativamente ao seu percurso, PMourana diz ter sido feito por períodos difíceis, principalmente na década de 1980, no que diz respeito aos aspectos materiais, bem como à percepção do público e da crítica. “A arte não pode ser algemada. O público tem que perceber que o artista tem que ter espaço, não pode estar confinado. Ele precisa de estar livre de se expressar da maneira que preferir e que melhor conhece. Foram períodos difíceis, mas fomos crescendo, o País também cresceu. Enfim, cá estamos”, sublinha PMourana, cuja exposição conta com o apoio da Tmcel. Na cerimónia de inauguração da exposição, o presidente do Conselho de Administração da Tmcel, Mahomed Rafique Jusob, referiu que, ao prestar este apoio, a empresa está a contribuir para a elevação e valorização da cultura, em particular as artes plásticas, na sociedade. “Não podemos falar da cultura sem falar de uma sociedade, de um povo e da identidade moçambicana. São valores que estão reflectidos na imagem corporativa da Tmcel pois acreditamos no legado que os seus feitos deixam para as gerações vindouras”, considerou Mahomed Rafique Jusob, para quem o sector da cultura constitui uma ferramenta fundamental no processo de desenvolvimento socioeconómico do País. Por seu turno, o representante do Ministério da Cultura e Turismo, Fernando Fanheiro, afirmou que o Estado está a trabalhar com as associações e núcleos com vista à valorização dos artistas e da cultura. “Não se sintam abandonados pelo Estado e pelo Governo, há coisas que estão a ser feitas, e muito brevemente colheremos os frutos”, assegurou Fernando Fanheiro, que aproveitou a ocasião para felicitar PMourana pelos 40 anos de carreira e pela exposição. Bruce Springsteen e os 70 anos de vida…musical Bruce Springsteen completou 70 anos segunda-feira (23). Para celebrar o aniversário do artista, que nem sempre foi um astro da música — até o lançamento do seu terceiro disco, “Born To Run”, de 1975, pouca gente sabia quem ele era. Cantor, compositor e guitarrista, Bruce Frederick Joseph Springsteen nasceu em Freehold, New Jersey, Estados Unidos, e é considerado uma das figuras mais importantes do rock a surgir nos anos 70. Em 1965, se apresentava no Greenwich Village em New York formando bandas como Steel Mill e Dr. Zoom and The Sonic Boom. Nesta época foi preso tentando pular os muros da mansão Graceland de seu grande ídolo, Elvis Presley. Seu primeiro álbum, “Greetings from Asbury Park” (1973) não foi um sucesso comercial mas chamou a atenção dos críticos que o compararam a Bob Dylan. Seu segundo disco, “The Wild, The Innocent and the E. Street Shuffle” (1973), teve a mesma resposta do anterior. Em 1974, Bruce já tinha solidificado seu grupo, o “E Street Band” com Roy Bittan, Danny Federeci, Clarence Clemmons, Gary Tallent, Max Weinberg e mais tarde, Steve Van Zandt. Acompanhado de enorme campanha publicitária, o lançamento do álbum “Born To Run” (1975) finalmente lhe trouxe o sucesso, provando-o como um compositor e performer. Disputas judiciais o impediram de lançar seu álbum seguinte, “Darkness on the Edge of Town”, até 1978. “The River” (1980) foi mais um sucesso de crítica e público. Deixando um pouco de lado suas características de super-produção, Bruce fêz do álbum “Nebraska” (1982) um disco introspectivo com instrumentos acústicos (violão e harmônica) e sem sua banda tradicional que voltaria no mundialmente aclamado “Born in the U.S.A.” (1984), que elevou Bruce à categoria de porta voz musical dos trabalhadores. “Dancing in the Dark”, um single deste álbum, garantiu-lhe o Grammy de melhor vocalista de rock em 1985. O álbum “Bruce Springsteen & the Street Band” atingiu o tôpo das paradas no final de 1986. Álbuns posteriores importantes incluem “Tunnel of love” (1987), “Chimes of Freedom” (1988) e “Human Touch” (1992), além do “Unplugged” gravado para a MTV. Seus álbuns mais recentes são “Devils & Dust” (2005), “Born to Run” 30th Anniversary Edition (2005), “Hammersmith Odeon London ‘75” (2006) e “We Shall Overcome The Seeger Sessions” (2006). Até hoje, o álbum “Born to Run” (1975) com a “E Street Band”, é considerado pela crítica o mais importante de sua trajetória. Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 | CULTURA| zambeze | 29 Marrabenta: evolução e estilização 1950-2002 (1) A Marrabenta é o principal ritmo musical de Moçambique, bem no coração da sua identidade. Ritmo urbano, a sua estilização deve-se a pessoas urbanizadas que, distantes do seu meio social e cultural e sujeitos à influência da cultura ocidental, criaram este ritmo, pegando noutros já existentes como a Magika, Xingombela e Zukuta. Começou no final dos anos 30, mas será na década 50 que se tornaria popular com conjuntos como Djambu, Hulla-Hoope Harmonia. A marrabenta incorporou vários ritmos folclóricos, é produto da miscegenação cultural das gentes do Sul do Save, e da dinâmica sócio-cultural. A sua estilização verificou-se nas Associações de Naturais que tiveram um papel importante na defesa da cultura e identidade cultural dos africanos no período colonial caracterizado pela supressão sistemática de qualquer manifestação cultural por parte dos nativos, consideradas folclóricas. Assim, as Associações, Associação Africana (AA) e o Centro Associativo dos Negros da Província de Moçambique (CANPM) vão contribuir para o resgate da identidade e cultura moçambicana apesar da obrigatoriedade de cantar e dançar músicas e ritmos portugueses entre 1912 a 1975, aquando da Independência. Para a adopção e promoção da cultura moçambicana, destaque-se o trabalho de José Craveirinha (Associação Africana) e Samuel Dabula Nkumbula (Centro Associativo dos Negros) que, devido à consciência politica e cultural, contribuem para a adopção e promoção de ritmos, músicas e danças africanas nas associações. A Marrabenta passou por várias fases. Origens da Marrabenta A Marrabenta terá tido origem na região sul de Moçambique como demonstrado pela língua utilizada e pela maioria dos seus praticantes que são todos oriundos desta região que comporta Maputo, Gaza e Inhambane. O nome Marrabenta provem de rebenta, associada ao dançar em excesso. Nas décadas de 30 e 40 na Mafalala, um dos principais bairros suburbanos da então Lourenço Marques, terá surgido o nome Marrabenta . Na Mafalala, na Associação Beneficiente Comoreana, sala de recreação e diversão, então conhecida pelos locais como ‘Comoreanos’ terá surgido o nome ‘Marrabenta’. O local era assim chamado pelo facto dos seus associados serem provenientes das Ilhas Comores. O ‘Comoreanos’ era um Cabaré onde a população suburbana se divertia. Então, um dos ritmos que se dançava ali era a ‘Marrabenta’ que até então, anos 1930, não tinha nome. Factores que contribuiram para a estilização da Marrabenta A estilização da Marrabenta terá resultado da combinação do movimento migratório de Moçambique para a África do Sul e vice-versa, realizado predominantemente por indivíduos de origem rural que emigravam para as minas sul-africanas à procura de melhores condições de vida. No seu regresso, introduziam ritmos, aparelhos, discos e músicas apreendidas e ouvidas na África do Sul junto às suas famílias. Desta forma faziam com que estes entrassem no meio rural ou suburbano de Lourenço Marques, provocando a familiarização do meio sócio-cultural com estas novas expressões culturais, levando à gradual aculturação dos seus familiars mais próximos e habitantes. A rádio contribuiu bastante para a propagação destes ritmos devido à preferência da população africana por esta fonte de informação dado que a maioria da população era analfabeta e sem acesso à informação escrita. As bandas americanas e suf-africanas também tiveram a sua influência. As bandas americanas tinham adeptos junto de um público africano mais evoluído que escutava as bandas americanas de jazz, enquanto que as bandas sul-africanas eram preferidas pelos emigrantes moçambicanos que estavam em contacto directo com a música negra sul-africana. Assim, a vinda de bandas sul-africanas a Moçambique vai despertar nos moçambicanos a vontade de as imitar. Pois, em 1951, chega a Moçambique o agrupamento sul-africano ‘Zonk’, constituído por negros. Foi a primeira vez que se viu e ouviu uma guitarra eléctrica em Moçambique tocada por negros . Isto teve um enorme impacto sobre a população negra, como se pode imaginar. As associações contribuíram para o surgimento e desenvolvimento de uma consciência cultural, social e politíca, apesar das restrições impostas pelo Estado colonial Português. Ao permitir a sua criação e surgimento, o Estado colonial tinha em vista o controlo, orientação e a introdução de elementos da cultura portuguesa no seio destes grupos e, ao mesmo tempo, impedir a formação de uma frente comum por parte dos colonizados. O surgimento da Marrabenta nas associações foi o culminar do processo de ‘Regresso às Origens’, iniciado na década de 1940 por vários pensadores e dirigentes africanos. Este movimento foi liderado por um grupo de intelectuais e usava como armas a culinária, a poesia, a música, o desporto e arte para afirmar valores e a identidade africana. Deste periodo destacam-se poetas como Rui de Noronha, com o poema ‘Surge et Ambula’, publicado em 1936, e Noémia de Sousa com ‘Sangue Negro’ de 1949. O momento mais celebrado deste movimento acontecerá em 1959, com a realização do espectáculo musical denominado ‘Concerto de Música Folclórica’ envolvendo as bandas ‘Hulla-Hoop’, ‘Harmonia’ e ‘Djambu’ na AA. Este evento foi o primeiro da história da música negra moçambicana segundo o ‘Brado Africano’ , que o apelidou ‘O Concerto Musical do Ano’. A experiência serviu para confirmar a viabilidade da execução de números folclóricos. Os agrupamentos musicais contribuíram, por seu turnom para a difusão da música ligeira entre a população africana, para a divulgação dos ritmos moçambicanos e a sua penetração no seio da população colonial. A dinâmica exibida pelas associações na segunda metade da década de 50 na defesa e promoção da cultura africana deveu-se às duas importantes figuras: Craveirinha na AA e Dabula no CAN. Estilização da Marrabenta 1950-1960 A estilização da Marrabenta verificou-se pela interpretação de músicas populares com instrumentos de origem européia. Este processo deu-se a 1958/9 com a realização do primeiro espectáculo de música negra em Moçambique, como fizemos referência na secção anterior. O espectáculo foi um sucesso, pois os espectadores vibraram do princípio ao fim. Era a primeira vez que assistiam a um concerto cuja temática era apenas a música local. Neste processo destaca- -se a Orquestra Djambu que se encontrava sediada no CAN, o Conjunto Hulla Hoop, mais tarde João Domingos e o Conjunto Harmonia. Young Issufo Jazz Band foi o primeiro conjunto Mocambicano constituído por indivíduos de raça negra. Foi fundado em 1956 por Young Issufo como um quarteto passando a sexteto em 1957. A ideia de Young Issufo era criar um grupo africano que fizesse frente às bandas sul-Africanas que vinham actuar em Moçambique na década de 50. A formação original era constituída por Domingos Mabombo, Manuel Hassane, Orlando, Jose Manuel, Moises Manjate e Young Issufo . Orquestra Djambu forma- -se em 1958 após a dissolução do Young Issufo Jazz Band em 1957. A banda integra-se ao CAN sob a direcção do professor Samuel Dabula. Inicialmente tocam Blues e Jazz, só mais tarde tocam marrabenta. Conjunto Joao Domingos, fundado por Young Issufo e Hassiade Mumino (Gonzana) em 1958 como Hulla-Hoop passa a João Domingos em 1960. Fica associado à Associação Africana (AA) sob a liderança de José Craveirinha. Conjunto Harmonia, provável data da sua formação é 1958. Na sua formação participaram Rachide e Miguel Mabote na Mafalala, também integram-se na AA. Orquestra Djambu em plena actuação Quinta-feira, 26 de Setembro de 2019 |zambeze rir| zambeze | 31 Ver, ouvir... e não calar Ângelo Munguambe Homenagem ao Ângelo de Oliveira Comercial Renovação de assinaturas para 2020 z Av. 25 de Setembro, Nr. 1676 amb Onde a naçã l Cell: 82 30 73 450 o se reenc l esmelifania2002@gmail.com e ontra zl Maputo E Comercial Renovação de assinaturas para 2020 Em tempo de comemorações, quem faz 17 anos é o ZAMBEZE! OJornal Zambeze completou, ontem, 17 anos de vida. Uma vida prenhe de acontecimentos que foram fazendo eco em todo o país, ribombando em todos os sentidos. Por palavras outras, podemos assumir que o leito do rio galgou margens e invadiu espaços outrora pouco conhecidos. Falamos dedivulgação de informação pertinente ao desenvolvimento do país, informaçãoque ao longo do tempo era vedada ao público por força das algemas nas palavras! O tempo foi passando, o rio onde a nação se reencontra fez das suas, e hoje, para gáudio de todos, continuamos a irrigar de informação corações ávidos em cultivar a notícia, ombreando com garbo junto dos outros colegas da área. Caso para dizer: por mais modestos que sejam os seus fazedores, resta sempre um motivo de orgulho. Orgulho de ser um rio navegável e aniversariante. Nasimagens, o editorEgídioPlácido, o director ÂngeloMunguambe, os jornalistas Elton Da Graça, Luís Cumbee o paginador Jorge Neves, exibem a juventude que o jornal transpira. As fotos são do fotojornalista D.Kware, ou simplesmente José Leão, o nosso homem do Zoom. Bem-haja! Os acompanhantes do aniversariante exibem acoreografia do saber sentar, saber marchar, e saber estar na vida. Uma vida feita de altos e baixos, mas que não deixa de ser vivida com intensidade. Intensidade que engrandece um rio e um país nos seus mais diversos desígnios.

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