Confidencial
Quando tentavam filmar imagens no HCN após o incidente que matou 10 pessoas no Estádio 25 de Junho
REPÓRTERES DE IMAGEM AMEAÇADOS COM ARMA DE FOGO E DANIFICADA UMA DAS CÂMARAS E IMAGENS APAGADAS
O MISA Moçambique mostra-se preocupado com a informação que denuncia a ameaça a três repórteres, um de imagem da TV Haq, com recurso a arma de fogo, e a danificação parcial de equipamento de trabalho de outros dois repórteres da TV Sucesso , acto ocorrido, no princípio da noite desta quarta-feira (11.09), no Hospital Central de Nampula.
Os actos de ameaças ocorreram durante a cobertura que os jornalistas faziam da entrada, ao Hospital Central Nampula, de vítimas de tumulto que teria resultado em 10 mortos e 85 feridos.
Vale lembrar que o incidente ocorreu à saída do Estádio 25 de Junho, na Cidade de Nampula, onde o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, orientava um comício popular no âmbito da campanha eleitoral em curso no país.
“O Núcleo Provincial de Nampula reportou que os membros e simpatizantes da Frelimo impediram os jornalistas de captar as imagens ou de colher qualquer informação durante o incidente, alegadamente para “não manchar o partido e criar aproveitamento político” por parte dos seus adversários”, refere o Misa num comunicado enviado para o Confidencial.
Segundo o Misa Moçambique, o repórter de imagem da Haq TV, uma estação televisiva islâmica com sede em Nampula, escapou de agressão física de membros da Frelimo, graças à intervenção de outros membros do mesmo partido, no entanto, um indivíduo desconhecido ter-lhe-ia apontado com uma arma de fogo como forma de lhe impedir de continuar com a captação de imagens.
O outro repórter de imagem da TV Sucesso, uma nova estação televisiva privada nacional, viu, na companhia do seu colega, a sua câmera parcialmente danificada e forçado a apagar imagens que tinha captado da entrada de vítimas ao Hospital Central.
O MISA Moçambique lamenta que os membros da Frelimo encontrem em jornalistas os culpados pela sua negligência e condena, a todos os títulos, todo o tipo de ameaça, danificação e apagamento das imagens captadas pelos repórteres durante o incidente.
“É responsabilidade dos organizadores tomar precauções e medidas de segurança em grandes em eventos. Aos jornalistas cabem-lhes o papel para o qual foram convidados para o evento, nomeadamente de reportar e registar todas as incidências do comício popular, dentro e fora do Estádio: os discursos, o espectáculo, até ao incidente que viria a ocorrer à saída do Estádio.
A proibição de cobertura do incidente, as ameaças com armas de fogo, a danificação do equipamento de trabalho e as ordens para apagar as imagens captadas configuram atentados à integridade física e censura aos jornalistas, que são crimes contra a Liberdade de Imprensa”, lê-se no comunicado do Misa que apela às instituições da justiça a apurar os responsáveis pelos actos e responsabilizá-los exemplarmente. (Jornal Confidencial).
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