Li os comentários do Sr. Fernando Lima, nas redes sociais, em relação a um artigo de opinião que publiquei na última edição do semanário Savana sob o titulo “O Grande Quadro”. Preocupou-me que ele se tenha concentrado em mim, particularmente, e não no mérito, ou não, da questão que coloco.
Sempre discuti o assunto da EMATUM e das dívidas consideradas não reveladas com frontalidade. Manifestei publicamente a minha opinião, mesmo quando ela não era a opinião da maioria (e não que seja irredutível nas minhas posições).
Hoje, ainda acredito na visão estratégica que norteou a constituição da EMATUM, da MAM e da PROINDICUS, embora discorde dos erros cometidos no processo. Hoje, ainda acredito que a situação de grave crise financeira por que o país passou, e passa, é mais produto de uma manipulação política exagerada, e perigosa (desses eventuais erros), do que uma consequência de factores objectivamente económicos. Manipulação de sectores do partido e do governo, mancomunados com outros interesses, e que visava o presidente Guebuza, “custe o que custar”, e não importando se o preço é a nação.
Os dois adiamentos na divulgação do relatório da auditoria e as recentes declarações da embaixadora cessante da Suécia, ao Savana , podem ser indicadores de que tendo sido o problema uma questão política, então política que seja a sua solução. Irina Nyoni fala de contenção e “gestão de expectativas”, (do público, dos doadores, do FMI) aquilo que Marcelo Mosse, num post recente, chama de montanha que pode ter parido um rato. É claro que o relatório está pronto e se conhece o seu conteúdo (quase di-lo a embaixadora depois de apresentar a sua carta de despedida ao presidente da república, há quase três semanas). Penso que agora as partes, de dentro e de fora (incluindo os parceiros) estão a discutir, em face de tudo, o dano menor e, sobretudo, “como saímos todos de cara lavada” e sem nomes, pelo menos por ora. Não é fora de um contexto de meia-culpa que o Banco Mundial, contrariamente ao que nos tem habituado, anunciou, por iniciativa própria, a retoma da ajuda ao orçamento do Estado, com prazos quase concretos, e já sem a ladainha das pré-condições.
Em relação à operação que resultou em todo este “barulho” a embaixadora (aparentemente, em nome dos doadores) fala do direito de Moçambique à sua defesa militar, embora ressalve “não necessariamente assim”. São muitos os sinais, só não os vê, quem não quer.
Pensar, discutir, problematizar os desafios do meu país, é um dever e um direito meu, como cidadão e como jornalista profissional. Posso até errar muito nas minhas leituras da situação (não sou o paladino da verdade) mas isso não me retira o direito à palavra, em praça pública, ou onde quer que seja. Mesmo se fosse um G40 ou um Guebuzista como o senhor Fernando Lima me chama, ainda assim teria direito à opinião.
Na sua dissertação, ele coloca-me contra o presidente Nyusi (de quem na verdade sou fã e considero-me amigo), por, na minha análise, ter referido o facto de Nyusi ser o ministro da defesa à altura dos acordos com o VTB e o Crédit Suisse, e o papel que, nessa qualidade, ele teria eventualmente jogado. Eu não estou contra o presidente Nyusi e não faço parte de nenhuma cabala contra ele.
Relativamente ao antigo presidente Armando Guebuza, ele é um homem que a história absolverá, quer o Lima goste, quer não. A sua intervenção na economia e na política de Moçambique (sobretudo nos anos do seu consulado) teve, e tem, um alcance fundacional. Hoje regozijamo-nos com 500 mil duats do Terra Segura. Lemos o dossier do MCA e percebemos de onde vem. Apesar disso nunca me considerei daqueles que pensam que Guebuza não cometeu erros.
Sou sócio fundador da Mediacoop (a empresa dona do semanário Savana, do Mediafax e da Rádio Savana) e membro do seu conselho de administração há quase dez anos. Lá acreditamos que nunca se devem pôr algemas nas palavras, acreditamos numa imprensa democrática e plural e não somos nem intolerantes, nem boçais , nem arrogantes em relação à diferença. Discutimos conteúdo e não pessoas. A mensagem, e não o mensageiro. Carlos Cardoso, o ícone que celebramos, era membro proeminente do Juntos pela Cidade quando editava o Mediafax e, mais tarde, o Metical. Era simultaneamente oposição política e editor-chefe de uma publicação mas, mesmo assim isento.(x)
15 comentários
Eunice Matavele Uma verdadeira aula. Parabéns
Gosto · Responder · 2 · 4/4 às 0:18
Monycka Silva Isso percebam duma vez."discutimos conteúdo e não pessoas"
Parem de fazer pergunta de tipo quem é esse?????
Os grandes pensadores discutem ideias e não pessoas
Fernando Chiconela Discutimos a mensagem e não o mensageiro.
Júlio Mutisse Mano (se me permite) Lets move on
Jose Mani Samuel Nao li o artigo no savana e nem o do Lima.acabo apenas de ler o post ao qual comento. Encontro me na posicao diametralmente oposta dos que acham que a ematum era estrategica. Atencao nao incluo imam e nem a proindicus pois de questoes militares entendo boi. O cerne da questao é compliance com os procedimentos e a nao aderencia a eles deve levar consigo consequencias? Ja agora que a ematum esta envolta em turbulencia social de tao eetrategica que é nao pode aparecer alguem para estabelecer uma PPP
Milton Machel isto é bom, salutar e democrático! Bem, Tio Mindinho, confesso näo li nem um (seu texto) nem outro (o texto-réplica do FLima). agora, vou ler retrospectiva e sequencialmente
Milton Machel Júlio Mutisse és um fujäo!
Júlio Mutisse Nada Milton. Sou não. Perdemos muito tempo nestas classificações que perdemos o foco do essencial. Há um truque de quem foge do verdadeiro debate que consiste em diacutir e ou assassinar o carácter para matar assunto... estamos constantemente nisto. Farta
Gosto · Responder · 1 · 4/4 às 8:03
Lenon Arnaldo Boa limada.
Gosto · Responder · 1 · 4/4 às 9:25
Sidonio Pedro Interessante...
Gabriel Muthisse Esse sujeito está convencido de que tem o rei na barriga. As verdades são as que são ditas pela boca dele. Todos aqueles que têm opinião diferente devem manter-se calados. Se se atreveram a falar, toca a qualifica-los negativamente, a chamar-lhes G40, um termo inventado para calar todos os que se atrevem a pensar diferente. Ou toca a sugerir que são amigos ou seguidores de Guebuza! Armindo Chavana, mesmo que fosse verdade, que és seguidor de Guebuza, continuarias a ter direito à palavra na mesma. Não é só Fernando Lima que tem direito a debitar as suas verdades, semana sim, semana sim. Também somos filhos de Deus!
Gosto · Responder · 8 · 4/4 às 18:08
Jose Mani Samuel Nao vejo problema nenhum em alguem ser amigo de alguem e para mim o amigo nao é obrigado a concordar com o amigo quando estiver Errado.
Quanto a guerra com Fernando Lima (away from me). Continuo a nao acreditar na viabilidade da da EMATUM e é ai que discordo com Armindo Chavana. Uma empresa viavel tem sempre pretendentes a comprar pelo valor real e se o valor declarado como investido na ematum representa effectivamente o patrimonio actual a solucao é vender a empresa e com o dinheiro pagar a divida correspondente. Se vendermos por mais melhor.
Quanto a imam e proindicus (onde entram chibamos e estrategias de seguranca ja disse que nao entendo nada.
Gostaria de ouvir a vossa opiniao
Gosto · Responder · 1 · 4/4 às 18:20
Armindo Chavana Caríssimo, o meu ponto é e foi sempre o seguinte: foi estrategica e visionaria a idea de constituir a Ematum. Se no processo da constituiçäo e da operacionalizaçäo houve desvios é outro problema. Acho que deviamos separar o bebé da água suja.
Gosto · Responder · 1 · 4/4 às 19:19
Jose Mani Samuel O termo visao no estrito sentido de businesses leadership é vasto. Houve é haverao tantas visoes. Houve a cesta basica houve a jatrofa para so para citar alguns exemplos. O erro foi de varios lambe botas entao que aceitaram o delirio é deveneios de alguem e construiram elefante branco. Ponto de questao: quanto vale o elefante branco hoje financeiramente hoje para o vendermos nem que seja por um boi para alimentar os famintos. Ninguem abre o bico
Gosto · Responder · 1 · 4/4 às 19:54
Sidonio Pedro jose Mani Samuel, há tipos prevesiveis! Sempre que se propõe a comentar qualquer que se seja o assunto, repetem a mesma ladainha( fanfarronice) de jetrofas, cestas básicas, lambe botas, etc. Livrem-se desse ridículo, elaborem mais nos vossos comentsrios e sobretudo comentem o conteúdo dos posts.
Gosto · Responder · 1 · 4/4 às 22:44
Jose Mani Samuel Sidonio Pedro respeito a sua opiniao mas lembre se que o todo vem da some das partes. Casmurrice leva ao descalabro. Tomarei em consideracao o seu posicionamento mas repito na questao da viabilidade financeira ou economica da ematum como queiras chamar e deixo a questao juridico legal a vos entendidos no assunto com tanta lábia de argumentacao. Vamos esquecer a jatrofa e a cesta basica que foi um sucesso. Vamos nao falar do G40 que nunca existiu e nem lambe botas que vamos atribuir ao meu delirio pessoal. Estas sao as hipoteses de partida. Problema: ematum é viavel ou nao?
Perguntas:
1. Com tanta viabilidade porque é que ematum nao pesca?
2. Se a ematum tem por objectivo a pesca como justificar que a quase 4 anos os barcos estejam a enferrujar no cais?
Voces que justificam com unhas e dentes este projecto devem deter alguma informacao (quem sabe vos sois insider traiders) nao tenho acesso and " please remember that without information I can't make informed decision neither do any informed opinion"
Sidonio Pedro Muito bem José Samuel, já é alguma coisa aceitares exorcizar os teus fantasmas, e passares a te concentrar no essencial das questões. Continue assim que es capaz.
Jose Mani Samuel Como defensor da ematum ainda nao respondeste as perguntas que eu claramente coloquei. Coloquei as ponto a ponto e os eruditos senhores se remetem ao mutismo. É esse tipo de debate de ideias onde apenas diz que " visionario e bla bla bla ...." e nao consubstancia com factos.
A ideia é visionaria vista da sua trinvheira! Fine. Convenca me respondendo as minhas duvidas pois respondidas essas quiça desvanessa a minha nao concordancia.
Mas falar por falar para transformarmos esta discussao em SOFALA nao me interessa e deixa me dizer claramente: pelo menos enquanto as perguntas que coloquei nao forem respondidas "all is bulshit" and period.
Sidonio Pedro Jose Samuel, a resposta ja lhe foi dada. " Caríssimo, o meu ponto é e foi sempre o seguinte: foi estrategica e visionaria a idea de constituir a Ematum. Se no processo da constituiçao e da operacionalização houve desvios é outro problema..." agora o que é queres que a gente te diga mais? Não somos adivinhos, e nem temos uma bola de cristal, contrariamente a você, que é dono de uma verdade inabalavel de que aquilo tudo, é obra de lambe botas. Não somos as pessoas indicadas para responder a essas perguntas, pois mesmo nós gostariamos de saber porque é que a empresa está inactiva. O que defendemos repito, é que a idea de se constituir a empresa, foi boa, visionária. Quanto ao resto, pergunte aos gestores ou aos mentores da empresa.
Jose Mani Samuel Em que te baseias para vislumbrar esse visonalismo se tambem nao tens dados e nem evidencias? Para se aferir o visionismo de uma ideia ve se os resultados e estes nao existem. Mandela visionou fim do apartheid e vimos o fim do apartheid. Mindlane visionou independencia e vimos a independencia. Agora voces visionam a pesca do atum e nada esta ser feito para pescar atum. Sera que um dia com o's barcos a putrificarem farao isso? Assim pareces mais um adivinho contradizendo com a sua negacao de nao o ser.
O ponto: em que te baseias para afirmar que foi visionaria a ideia?
Deixa de ladainha e responda a questao que especificamente dirijo a ti
Sidonio Pedro Jose Samuel, você de facto é dono de verdades inabalaveis! Quem foi que lhe disse que os barcos da Ematum nunca iriam pescar? Quem deve ter uma bola de cristal é você. A viabilizaçao de um recursso tao carro ao país como é o Atum, não lhe parece estratégico, não lhe parece uma idea visionária? O que é estratégico para si? É andar por ai a achincalhar compatriotas que pesam diferente, que tem ideas, que querem viabilizar sonhos, sem apresentar nada como alternativa?
Jose Mani Samuel Temos visoes diferentes e espero para ver os redultados da sua visao. Eu disse que nao tinha informacao e pedi a si visionario que me fornecesse mas como resultado recebo bla bla bla.
Pergunta simples; se vao pescar entao quando? Assim ajudariam a pagar a divida mas em contrapartida apenas bulshit talking. I give up
Sidonio Pedro Estás a ser repetitivo, e obrigas que eu também seja: o que eu defendo, é que a idea de se constituir a Ematum, foi visionaria. Quanto ao resto meu amigo, vá bater noutra porta!
Bruno de Mello 👏👏👏👏👏👏
Jose Mani Samuel Bruno de Mello nao consegui ler o que escreveste
Gosto · Responder · 2 · 4/4 às 18:47
Bruno de Mello Escrevendo. ..
Jose Mani Samuel Bruno de Mello escrevendo como escreves em linguagem nao inteligivel para mim we can't talk para evitar que eu amanha comece a escrever em assembler "uma linguagem de maquina e automatos" que eu cinheco mas que suspeito nao conheceres. Ensine nos a sua lingua
Macandja Felix Um bom artigo. Vou let os dois artigos. Samuel Magaia veja este artigo.
Gosto · Responder · 1 · 5/4 às 7:35
Sem comentários:
Enviar um comentário