domingo, 21 de maio de 2017

Especulação de nomes pós-Temer inclui Cármen, e Meirelles e Maia


Alan Marques/Folhapress
Cármen Lúcia se reúne com presidentes dos tribunais de Justiça dos estados, Henrique Meirelles (Fazenda) e Gilmar Mendes (TSE)
Cármen Lúcia, presidente do STF, em reunião com o ministro Henrique Meirelles (Fazenda)


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Com a incerteza brutal sobre as condições de Michel Temer de permanecer à frente da Presidência, forças políticas aliadas ao governo estudam nomes e cenários possíveis. Emergem como eventuais substitutos de Temer numa eleição indireta Cármen Lúcia (STF) e Henrique Meirelles (Fazenda), além de outros nomes como o do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na noite de quarta (17), um interlocutor de Temer ouviu o presidente dizer que "não sairia de jeito nenhum" do cargo devido ao escândalo gravação da JBS.
Nesta manhã de quinta (18), esse mesmo político disse "não ter certeza se isso se manteria" com o nervosismo previsível do mercado financeiro e o bombardeio contínuo com a operação destruiu o que sobrou da imagem do principal fiador do pacto PSDB-PMDB, o senador afastado Aécio Neves.
Por fim, o discurso incisivo de Temer negando a renúncia, na tarde da quinta. Com todas essas idas e vindas , surgem com mais frequência alguns nomes para a eventualidade da renúncia ou cassação de Temer, algo que poderá ocorrer no Tribunal Superior Eleitoral.
O primeiro é o da ministra Cármen, presidente do STF e que tem conversado ativamente com representantes do alto empresariado e políticos nos últimos meses. Mineira, silenciosa, ela já mostrou que pode jogar além dos limites institucionais estreitos em episódios como no apaziguamento de um Renan Calheiros que havia desobedecido à Justiça, por exemplo.
A vantagem óbvia: é um nome do "partido da toga", magistrada associada à lisura em tempos de Lava Jato, uma raridade. Desvantagem incerta: qual seria a posição dela em relação às reformas que, se são impopulares, são consenso nesta mesma elite político-econômica que a apoiaria. Isso gera resistência a seu nome, em especial no abalroado PSDB.
Aqui entra um segundo nome especulado: o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Em seu favor, ele seria o candidato ideal para o PIB, o "homem das reformas" ou algo do gênero. Seria impopular, talvez como Temer, mas até aí 2018 está na esquina.
O problema para ele é sua associação com a JBS. Tendo sido presidente do conselho da holding que controla o frigorífico e outras empresas de 2012 a 2016, há dúvidas na classe política e entre empresários sobre o que poderia ser dito sobre Meirelles pelos irmãos delatores.
Cabe lembrar que até aqui o ministro só falou à Lava Jato na condição de testemunha de defesa de Luiz Inácio Lula da Silva, e não pesa nada que saiba contra ele. Meirelles tem ótimo trânsito empresarial e já foi do PSDB, estando hoje no PSD de Gilberto Kassab.
Fosse a eleição direta, nenhum dos dois poderia ser candidato. Cármen não é filiada a partidos e Meirelles teria de ter se desincompatibilizado do cargo seis meses antes do pleito. Ocorre que, se a eleição for indireta, não há regras escritas sobre seus procedimentos —exceto a necessidade de 30 dias de Presidência interina pelo chefe da Câmara, no caso Rodrigo Maia, para daí convocar um Colégio Eleitoral de 594 parlamentares.
O Supremo de Cármen poderia ser instado a definir as regras, como fez no caso dos impeachments de Fernando Collor e Dilma Rousseff. Caso sejam mantidas as regras e excluídos os nomes que circulam, Maia ganha força por gravidade: é um presidente de Poder com bom trânsito na enorme base aliada de Temer.
Contra ele pesam suspeitas na Lava Jato, uma vez que ele foi citado em delação como alguém que vendeu sua atuação parlamentar. Ele nega, mas o selo de "enrolado" na operação parece ser uma sentença de morte nesses dias.
Outros nomes nos últimos dias, antes do agravamento da crise, eram os do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e do ex-ministro Nelson Jobim (PMDB). Nenhum deles, contudo, parece estar no páreo, por motivos diversos.
Todos esses cenários descontam a demanda por um pleito direto. Para tanto, seria necessária a aprovação de uma emenda constitucional, algo improvável na turbulência congressual atual. Fora que os parlamentares, muitos deles enrolados na Lava Jato, não vão querer abrir mão de manter algum controle sobre o processo político.
O fator que pode mudar isso é a chamada rua: se saírem do gueto do "Fora, Temer" de sindicatos e movimentos à esquerda, os gritos pelas "Diretas Já" podem ecoar no Congresso. Até aqui, contudo, isso não se materializou, apesar de aqui e ali surgirem chamamentos de líderes do movimento que pediu a cabeça de Dilma Rousseff (PT) em 2016.


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