Tremida participação da
ENH no gás do Rovuma
Efeitos das dívidas escondidas
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TEMA DA SEMANA 2 Savana 19-05-2017
Nem sequer terminou
a Ponte Maputo-
-KaTembe, a tal que
vai dinamizar o desenvolvimento
do distrito municipal
da KaTembe, na outra
margem da capital do país, mas
a nomenklatura frelimista (e filhos)
já se adiantou no terreno.
São no total 175 titulares, desde
generais das Forças de Defesa e
Segurança (FDS) até camaradas
do partido no poder, que já têm
em mão Direitos de Uso e Aproveitamento
de Terra (DUAT´s)
numa área de elite, anteriormente,
pertencente ao famoso
Quartel de Djidjidji.
Numa altura em que KaTembe
transforma-se no centro das aten-
ções, o Quartel de Djidjidji viu a
sua área reduzida para acomodar
os apetites da nomenklatura.
Djidjidji foi um estratégico quartel
das forças governamentais durante
a guerra civil dos 16 anos
que, por várias vezes, a Renamo
tentou tomá-la de assalto.
Um documento que o SAVANA
interceptou, intitulado “Plano
de Urbanização do Quartel de
Djidjidji” e assinado pelo director
da Escola Prática de Artilharia
Terrestre da KaTembe (EPAT),
o coronel Alberto José Djedje,
revela a corrida desenfreada da
nomenklatura frel para lá do lado
do outro lado da margem.
E não é para menos. Com a construção
da estrada que liga KaTembe
à vila de Bela Vista, sede
do distrito de Matutuine, província
de Maputo, bem assim a construção
da ponte que liga aquele
distrito municipal ao centro da
cidade capital, KaTembe tornou-
-se uma terra apetitosa, onde todos
os interesses convergem.
A corrida é maior e a elite nacional
lá está posicionada à espera
dos novos tempos que se anunciam.
Ao que o SAVANA apurou, os
DUAT´s dos 175 talhões foram
emitidos nos finais do primeiro
mandato de David Simango
como edil da capital moçambicana.
David Simango, que já vai
ao fim do seu segundo mandato,
tornou-se edil de Maputo nas autárquicas
de 2008 cujo mandato
de cinco anos vigorou até 2013.
Ora, os últimos anos do primeiro
mandato de Simango coincidem
com o fim do reinado de Armando
Guebuza que, como chefe de
Estado, era também o comandante
em Chefe das Forcas de Defesa
e Segurança (FDS). Filipe Nyusi,
o actual presidente da República,
era, na altura, o ministro da Defesa
Nacional, o pelouro que lida
com os quartéis. Nem mais. Os novos donos da
KaTembe incluem, justamente, o
então ministro da Defesa Nacional
e estão todos espalhados por
uma espaçosa parcela de elite com
a referência 147.
Na planta topográfica a que o
SAVANA teve acesso, Filipe
Nyusi ocupa o talhão 85. Está entre
Aires Ali, que ocupa o talhão
84 e Filipe Paúnde, que ocupa o
talhão 86.
Antigo governador, ministro da
Educação e Primeiro-ministro
entre 2010 e 2012, Aires Ali foi
nomeado, em Junho de 2016, por
Filipe Nyusi, como embaixador
moçambicano junto à República
Popular da China.
Enquanto isso, Filipe Paúnde é
um antigo governador e, entre
2006 e 2014, assumiu o cargo de
secretário-geral (SG) da Frelimo,
o segundo posto mais importante
na hierarquia do partido no poder.
Como tal, trabalhava directamente
com Armando Guebuza,
enquanto presidente do partido.
Paúnde ficou conhecido como
o “homem das vírgulas” quando
disse a jornalistas que não retirava
nenhuma vírgula, ou seja,
Filipe Nyusi, Alberto Vaquina
e José Pacheco seriam os únicos
candidatos para as eleições internas
da Frelimo rumo às últimas
presidenciais, uma profecia que
não se materializou, visto que
Luísa Diogo entrou na corrida e
baralhou as contas, forçando uma
segunda volta com Filipe Nyusi.
Mas o número um da lista dos
novos donos da KaTembe chama-se
Lagos Henriques Lidimo,
o temido general que, em Janeiro
deste ano, foi nomeado pelo
conterrâneo Filipe Nyusi para o
cargo de director-geral do Servi-
ço de Informação e Segurança do
Estado (SISE). Lidimo, um ex-
-chefe do Estado Maior General
das Forças Armadas de Defesa de
Moçambique (FADM), ocupa o
talhão 97.
Tobias Joaquim Dai, antigo ministro
da Defesa, ocupa o talhão
87. Actualmente presidente do
Conselho da Administração
(PCA) do Banco Letsego, Tobias
Dai é irmão de Maria da Luz
Dai Guebuza, esposa do antigo
presidente Armando Guebuza.
Major General das FADM, Dai
foi ministro da Defesa entre 2000
e 2008, ano em que foi substituído
no cargo por Filipe Nyusi.
Quando sai do ministério da Defesa,
foi deputado da Frelimo na
Assembleia da República, onde
desempenhou o cargo de relator
da bancada parlamentar do partido
de que era membro do Comité
Central.
Paulino Macaríngue, chefe
do Estado Maior General das
FADM, entre 2008 e 2013, faz
parte da equipa de generais e altos
oficiais que tomaram de assalto
a KaTembe.
Indicado em 2015 pelo presidente
Filipe Nyusi para alto-
-comissário de Moçambique
junto da África do Sul. Segue, na
longa lista, o major general Graça
Chongo, chefe do Estado Maior
General das FADM desde 2013.
José Mandra, antigo vice-ministro
do Interior e actual reitor da
Academia de Ciências Policiais
(ACIPOL) tomou o talhão 72.
O dono do talhão 93 é Mateus
Ngonhamo, também antigo vice
chefe do Estado Maior General
das FADM, no quadro dos acordos
de Roma.
No talhão 73 está o contra-almirante
Lázaro Herinques Menete,
antigo comandante da Marinha
de Guerra de Moçambique, entre
2011-2016, que exerce, desde Junho
do ano passado, o cargo de
comandante do exército.
Por sua vez, o general e contra almirante
Joaquim Mangrasse, comandante
da Casa Militar, detém
o talhão 95.
Joaquim Matarruca, que já desempenhou
as funções de director
Nacional dos Recursos Humanos
e porta-voz no Ministério
da Defesa Nacional (MDN), é
titular do talhão 15, enquanto
o espaço com o número 130
Os novos donos da KaTembe
Por Armando Nhantumbo
Nomenklatura frelimista assalta a nova terra prometida
Paulino Macaringue José Mandra Mateus Ngonhamo Hermenegildo Infante
Parte dos novos donos da KaTembe
TEMA DA SEMANA Savana 19-05-2017 3
ficou com Eugénio Chongo, um
militar que agora está na presidência
do clube Madjedje.
Altino Filipe Mauze, com o talhão
81, é brigadeiro no Estado-
-Maior General das FADM.
Quem também não ficou para
trás é o comandante da EPAT da
KaTembe, o assinante do Plano
de Urbanização do Quartel Djidjidji.
Alberto José Djedje é titular
do talhão 45, um dos mais espa-
çosos da nobre parcela 147.
)LOKRVHFDPDUDGDV
Para além de generais e outros
altos oficiais das FDS, a lista dos
novos donos da KaTembe inclui
seus descendentes e membros do
partido Frelimo.
Para além do “homem das vírgulas”,
desponta na lista, pela Frelimo,
o antigo primeiro secretário
do partido dos camaradas na cidade
de Maputo, Hermenegildo
Infante.
Hoje deputado da Frelimo na
Assembleia da República, onde
é ainda membro da Comissão
Permanente, Infante está com o
talhão número 133, na mesma
parcela de generais e altos oficiais.
O talhão 44 está com Claudina
Filipe Jacinto Nyusi, filha do
actual estadista. Claudina é vizinha
de Djedje, o comandante da
EPAT. Guguiana Raimundo Pachinuapa,
filha do antigo combatente
Raimundo Pachinuapa, está
com o talhão 75.
Estranhamente, o director de Comunicação do Ministé-
rio da Defesa Nacional (MDN), Bernardo Nakatembo,
diz que nunca ouviu falar desse assunto, ao mesmo
tempo que jura de pés juntos que nenhum quartel da
KaTembe está a ser redimensionado.
“Todos os quartéis da KaTembe estão lá onde estão e não
tenho nenhuma informação de que algum quartel vai ser
requalificado”, disse Nakatembo, alegando que o SAVANA
não lhe estava a dar oportunidade para se informar.
Demos-lhe tempo e, quando voltamos a contactá-lo, a reacção
não podia ser mais escandalosa ainda: “não consegui nada (…)
não consegui mesmo”.
Por sua vez, o município de Maputo nega que haja um Plano
de Urbanização do Quartel de Djidjidji, contrariando assim
um documento assinado pelo coronel Alberto José Djedje,
comandante da EPAT.
Na sua versão, a edilidade, na voz do vereador de Planeamento
Urbano e Ambiente, Luís Nhaca, explicou que, em tempos,
desanexou-se uma área militar pertencente ao Quartel, que
foi convertida em área civil. “Nessa área civil fez-se um plano
urbanístico com base no qual se fez a atribuição dos DUAT´s”,
disse, sem precisar as dimensões.
Confrontado com a presença massiva da nomenklatura na lista
dos titulares dos DUAT´s, Lucas Nhaca minimizou o caso,
indicando que, para além da parte que foi atribuída a militares,
há uma outra que foi atribuída à população no geral.
Luís Nhaca diz que o Quartel não irá desaparecer, até porque
nunca foi equacionada a sua saída. Mas ao que o SAVANA
apurou, o resultado final é a desactivação do quartel e o espaço
será entregue a interesses privados.
A versão do município
3ODQWDWRSRJUiÀFDTXHLQGLFDDGLVWULEXLomRGRVWHUUHQRVGDnomenklatura
TEMA DA SEMANA 4 Savana 19-05-2017
Odrama das chamadas
dívidas escondidas encerra
uma ironia também
melodramática, de
acordo com uma análise do portal
noticioso Zitamar.
Os empréstimos ilegais foram
supostamente investidos em empresas
criadas para aproveitar
as oportunidades geradas pelas
multinacionais do gás. Contudo,
a turbulência financeira criada
pelos empréstimos pode resultar
em consequências negativas para
o negócio do gás no que toca à
participação moçambicana.
“Numa altura em que a crise financeira
em Moçambique complica a
já melindrosa situação financeira
dos projectos de LNG (Gás Natural
Liquefeito), pode ser que os
negócios em torno da EMATUM,
ProÍndicus e MAM tenham comprometido
exactamente os mesmos
projectos que pretendiam proteger”,
refere o portal.
O incumprimento do Governo no
pagamento das dívidas a que prestou
aval, a favor das três empresas,
vai tornar mais difícil a arrecadação
de dinheiro necessário para permitir
que a Empresa Nacional de
Hidrocarbonetos (ENH) realize a
sua parte de investimento nos projectos
de gás natural na Bacia do
Rovuma.
As concessionárias das Áreas 1 e 4
nos blocos de gás natural da bacia
do Rovuma comprometeram-se a
financiar a entrada da ENH nos
financiamentos dos referidos projectos,
mas esse esforço financeiro
será altamente oneroso para a
companhia que representa o Estado
moçambicano na extracção dos
recursos energéticos.
A Zitamar estima em 2.5 biliões
dólares o montante do ingresso da
ENH nos projectos de produção
de GNL nas Áreas 1 e 4, assinalando
que esse valor poderá mostrar-
-se insuportável em ser angariado
junto da banca.
“Dependerá de quanto e da rapidez
com que os projectos de gás come-
çarem a gerar dividendos”, lê-se na
matéria.
A ENH, diz o texto, lançou recentemente
um concurso para a contratação
de assessoria legal e financeira,
visando ajudar a refinanciar
a sua participação nos projectos
de gás, tendo em conta um quadro
mais favorável.
Mas essa missão, prossegue a Zitamar,
não será fácil e as opções são
limitadas.
A Anadarko, cujo consórcio opera
a Área 1, terá de mobilizar 15 mil
milhões de dólares para o seu projecto.
A maioria do financiamento
virá de agências de crédito às exportações,
mas parte significativa
será suportada por bancos comerciais.
“Ninguém estará disposto a emprestar
dinheiro, enquanto Mo-
çambique estiver em incumprimento.
Todos estão atentos ao que
o Fundo Monetário Internacional
irá fazer, quanto é que irá emprestar
ao país, isso vai abrir as portas”,
considera um banqueiro, citado
pela Zitamar.
Um novo programa do FMI não é
pré-condição para o financiamento
dos projectos de gás, mas esta entidade
tem estado em contactos com
as empresas, acrescenta.
Nos recentes encontros com o
Governo de Moçambique em Washington,
o FMI deu contribuições
positivas em vários aspectos, que
são necessários para a prossecução
dos projectos.
A Zitamar observa que as companhias
de gás estão protegidas de
qualquer deriva nas acções do Governo
e dos enormes desafios que
as operações enfrentam em Mo-
çambique. Elas operam como os
chamados “enclaves”, com os seus
próprios projectos de lei, elaborados
para garantir a exequibilidade
dos projectos financeiros.
A estrutura financeira dos projectos
foi delineada para blindá-los
de riscos “on shore”, com contas
domiciliadas “off shore” e os “special
vehicles purpose” (SVP), visando
proteger os fluxos de caixa, como
tem sido padrão neste tipo de projectos
em países emergentes.
“O financiamento dos projectos
estará inteiramente dependente
dos contratos de exportação de
GNL e dos credores e é quase acidental
que o gás natural esteja em
Moçambique”, considera Stewart
Smith, da firma de advogados Bracewell,
de Londres.
Nessa perspectiva, os progressos
nos projectos de gás vão depender
da procura na Ásia do que dos desenvolvimentos
em Moçambique,
de acordo com Mark Bohlund,
economista para África da Bloomberg
Intelligence.
Até ao momento, a Anadarko conseguiu
contratos de venda não vinculativos
para oito milhões de toneladas
por ano, mas vai precisar de
conseguir 10 milhões de toneladas
anuais em contratos efectivos, para
alcançar o fecho financeiro nas negociações
dos projectos.
Uma vez que peritos da indústria
de gás não projectam um aumento
da procura antes de meados de
2020, espera-se que a decisão final
de investimento (FID) demore
mais um ano, pelo menos.
O projecto da plataforma flutuante
de LNG da ENI será o primeiro a
ser implementado, mas o consórcio
não conseguiu anunciar em Março
a FID orçada em 9000 milhões de
dólares.
De acordo com a Zitamar, não
foram indicadas as razões para o
adiamento, mas fontes ligadas a
bancos apontam a complexidade
do projecto como motivo do incumprimento,
observando que o
projecto é o maior no mundo envolvendo
pela primeira vez uma
plataforma flutuante.
A ENI assegurou, entretanto, a
aprovação da companhia chinesa
CNPC, que detém 20% no consórcio,
mas que esteve condicionada a
uma pesada burocracia por parte
do Governo da China, para realizar
o seu capital no empreendimento.
*RYHUQRDSURYDÀQDQFLD- mento da ENI
Num outro desenvolvimento, o
Governo moçambicano aprovou,
na terça-feira, a estrutura de financiamento
do projecto de constru-
ção de uma plataforma flutuante
para a produção de gás natural pelo
consórcio liderado pela ENI, na
Área 4 da Bacia do Rovuma, norte
do país.
Em conferência de imprensa no fi-
nal da sessão semanal do Conselho
de Ministros, o porta-voz do órgão,
Mouzinho Saíde, declarou que o
projecto da plataforma flutuante
está orçado em 4,6 mil milhões de
dólares.
Na mesma sessão, o Conselho de
Ministros aprovou ainda o Acordo
Directo de Financiamento do
Projecto FLNG Coral sul, que será
desenvolvido pelo consórcio dirigido
pela ENI.
Mouzinho Saíde afirmou que a
aprovação vai permitir ao consórcio
o início das operações na Área
4 da bacia do Rovuma.
Com a decisão tomada nesta terça-
-feira pelo Conselho de Ministros,
espera-se que o consórcio tome
a decisão final de investimento
(FID) nas próximas semanas.
Apesar de estar presente no consórcio
da ENI, através da ENH,
o Governo moçambicano não vai
realizar a sua parte do capital no
investimento, devido à incapacidade
financeira para o efeito, estando
ainda por negociar as formas de
compensação desse esforço financeiro,
que poderá incluir a renúncia
aos dividendos durante algum período.
Segundo a Zitamar, a ENI
ainda não tem finalizado o financiamento
para a construção da plataforma
flutuante nos estaleiros da
Samsung, na Coreia do Sul.
(IHLWRGDVGtYLGDVHVFRQGLGDV
Quase dois meses depois de ter agravado
o preço dos combustíveis, o Governo
cumpriu, esta semana, a sua promessa
de reajustar, mensalmente, o preço
destes produtos, como forma de adequá-los ao
preço real.
Entretanto, diferentemente dos últimos reajustes,
em que se verificava o agravamento dos pre-
ços, desta vez, o executivo decidiu rever em baixa
os preços de uns e em alta dos outros.
Assim, desde a última quarta-feira, tornou-se
mais barato comprar a gasolina, o gasóleo e o petróleo
de iluminação, tendo ficado mais caro adquirir
o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), vulgo
gás da cozinha e o Gás Natural Veicular (GNV).
O gás da cozinha subiu quase 10 meticais por
quilograma, passando a custar 70,32 meticais
contra os anteriores 61,08. Portanto, com a actual
tabela, as garrafas de 11 kg (as de maior circula-
ção) passam a custar 773,50 meticais contra os
anteriores 671,99.
Enquanto isso, a gasolina saiu dos 56,06 para
os actuais 53,57 meticais por litro e o gasóleo
custa 51,71 meticais contra os anteriores 51,86.
Por sua vez, o petróleo de iluminação passou de
41,61 para 37,88 meticais e o gás comprimido
passou de 25.59 para 26.34 meticais.
Contactado pelo SAVANA para explicar as razões
da nova tabela de preços, o Director Nacional
de Combustíveis, Moisés Paulino, justificou
que esta deriva da promessa feita em Março,
aquando da última actualização, sobre a necessidade
de se ajustar, mensalmente, os preços.
Paulino afirma que a descida da gasolina e do
gasóleo deveu-se, entre outras razões, à valorização
do metical face ao dólar e à descida do
preço deste produto, no mercado internacional,
enquanto o “preço do gás no mercado internacional
não ajudou muito, apesar da valorização
da nossa moeda”.
Entretanto...
A nova tabela de preços dos combustíveis chega
numa altura em que se verifica a escassez do gás
da cozinha, nas cidades de Maputo e Matola, um
produto cada vez mais utilizado pelas famílias
moçambicanas.
Há mais de quatro semanas, que citadinos das
duas cidades percorrem longas distâncias à procura
daquele combustível, mas sem sucesso.
Na manhã desta quarta-feira, o SAVANA fez
uma ronda pelos principais pontos de venda de
gás da cozinha, ao nível da Cidade de Maputo,
tendo constatado a inexistência deste produto.
A nossa reportagem escalou as bombas de abastecimento
de combustível da GALP (principal
revendedor deste produto), localizadas na Praça
da OMM e nas Avenidas Karl Marx e Eduardo
Mondlane. Nos três pontos, a resposta foi a mesma:
não temos gás.
Entretanto, os responsáveis pela venda deste
produto, nos três postos de abastecimento de
combustível, divergem quanto às causas. Eduardo
Simbine, das bombas da OMM e Carlos
Mandlate, da Karl Marx, garantem que não há
escassez de gás, na capital, havendo apenas uma
maior procura, nos últimos tempos.
“Todos os dias recebemos gás”, disse Simbine,
secundado por Mandlate: “o que acontece é que,
ultimamente, tem havido muita procura, mas
nunca houve ruptura no fornecimento de gás”,
afirma Mandlate.
Porém, se nas bombas de combustível da OMM
e da Karl Marx não há escassez do gás, o mesmo
não se pode dizer das bombas da Eduardo Mondlane,
onde não recebiam aquele combustível há
mais de 24 horas.
“Não recebemos gás há um dia e não sabemos
quando irá chegar. O problema está no nosso
distribuidor, que não nos fornece com regularidade”,
diz José Muianga.
Apesar da escassez de gás verificar-se na maior
parte dos pontos de venda, apenas as bombas da
Karl Marx registavam um número considerável
de cidadãos à espera daquele combustível, enquanto
as outras encontravam-se vazias.
“O gás está a sofrer pressão”, Moisés Paulino
O Director Nacional de Combustíveis reconheceu
a escassez do gás, nas cidades de Maputo e
Matola, no entanto, garantiu que a mesma não se
deve à ausência deste combustível no país, mas à
“ruptura nos retalhistas por causa desta pressão”.
“O gás está sofrendo uma pressão maior porque
o carvão vegetal atingiu preços insustentáveis
(cerca de dois mil meticais por cada saco). Portanto,
as pessoas preferem gastar esse valor em
duas garrafas que num saco de carvão, que também
não é sustentável”, disse.
Moisés Paulino explicou que as empresas responsáveis
pela distribuição do gás da cozinha
(Petrogal e Petrogás) “não estavam preparadas”
para fazer esta transição, porém, garante que o
governo tem estado a interagir com as mesmas,
no sentido de aumentarem os turnos e as botijas
que fornecem ao mercado.
Referir que o gás ocupa o quarto lugar na lista
das importações do combustível, atrás da gasolina,
gasóleo e petróleo de iluminação.
Pelos seis meses, em que dura o contrato, este
combustível gasta cerca de nove milhões de dó-
lares. Enquanto, os combustíveis líquidos consomem,
por mês, USD 60 milhões.
Gás doméstico cada vez mais caro e escasso
Tremida participação da ENH no gás do Rovuma
Por Abílio Maolela
TEMA DA SEMANA Savana 19-05-2017 5
6 Savana 19-05-2017 SOCIEDADE
Embora publicamente ainda
não se conheça o conteúdo
dos resultados da auditoria
às dívidas ocultas, cujo relatório
foi, última sexta-feira, entregue
à Procuradoria-Geral da República
(PGR), pela Kroll, uma firma internacional
especializada em perseguir
fortuna roubada, o presidente mo-
çambicano já está a colocar a conclusão
da auditoria na mesa como a
moeda de troca para a retomada do
apoio financeiro pelos doadores. É a
nova pedra de arremesso de um presidente
que, esta semana, voou para
Holanda, de onde quererá trazer um
balão de oxigénio para aliviar a difícil
situação económica que o país atravessa.
Depois de três adiamentos, o tão
aguardado relatório sobre as dívidas
ocultas deu entrada, na passada
sexta-feira, à PGR e, na sua primeira
reacção, o presidente moçambicano
pediu aos parceiros de cooperação
para retomarem o apoio financeiro a
Moçambique.
Em declarações à Imprensa, no distrito
de Angoche, no final da visita
presidencial de três dias à província
de Nampula, Filipe Nyusi disse ao
país e ao mundo que a PGR saberá
dar continuidade aos procedimentos
subsequentes, no âmbito do seu mandato
e competências.
“Reafirmamos a disponibilidade do
Governo em continuar a conceder
todo o apoio necessário para a conclusão
deste processo conduzido pela
Procuradoria-Geral da República”,
disse Nyusi, citado pelo matutino
“Notícias”.
Diferentemente do que pode transparecer
à primeira, o presidente
Nyusi está num jogo político-diplomático.
Está, simplesmente, a colocar,
na mesa com os investidores, a conclusão
da auditoria como a moeda
de troca para o restabelecimento do
apoio financeiro.
Por sua vez, há muito que a comunidade
internacional já deixou claro
que a responsabilização dos precursores
do endividamento será um elemento
crítico na retomada da ajuda.
Não foi por acaso que Filipe Nyusi
precisou que “as conclusões do relatório
irão contribuir para o aprimoramento
das acções do Governo, já
em curso, no que concerne aos mecanismos
de gestão e transparência de
contas públicas e responsabilização”.
Era o recado do momento aos donos
da mola por parte de um Governo
que mais presta contas aos parceiros
que aos moçambicanos.
E, esta quarta-feira, o presidente iniciou
uma visita oficial de três dias
àquele Reino dos Países Baixos, a
convite do Rei Willem Alexander, o
mesmo monarca que, ano passado,
cancelou a visita de Nyusi ao seu país,
alegando motivos de agenda.
Justamente, por causa do “fantasma”
das dívidas ocultas, Nyusi viu goradas
as suas pretensões de fazer um périplo
por Holanda, Suécia e Itália, em
Setembro do ano passado.
A justificação oficial foi a “falta de
disponibilidade” por parte dos estadistas
daqueles três países europeus
para receber o Chefe do Estado mo-
çambicano, mas o SAVANA soube
que aquelas Nações cancelaram as
visitas por estarem “desapontadas”
com a intransigência do Governo
moçambicano em não aceitar a auditoria
internacional forense às dívidas
contraídas pela administração do
presidente Guebuza.
Nyusi acabou cedendo e em finais do
ano foi anunciado o início da auditoria.
A Holanda, onde Nyusi está esta
semana, é o país onde está sedeado
em forma de empresa, o veículo fi-
nanceiro que representa a eurobond
de USD850 milhões emitida a favor
da Empresa Moçambicana de Atum
(EMATUM).
Ao que apurámos, na altura, o monarca
Willem Alexander terá sido
aconselhado a não receber o PR mo-
çambicano, devido ao “potencial de
problemas políticos que tal causaria
no seio do Parlamento, media e sociedade
civil”.
Foi no Parlamento holandês onde
se desencadeou, ano passado, um intenso
debate sobre o facto de a firma
por via da qual se viabilizou o financiamento
à EMATUM se encontrar
registada naquele país europeu.
“Não podemos estar associados a este
tipo de escândalos”, consideraram, na
altura, alguns influentes deputados
holandeses.
E, depois das negas, Nyusi faz hoje
três dias de visita oficial à Holanda.
E o presidente quererá jogar com o
relatório para a retomada do apoio,
depois de a auditoria ter sido o ponto
de desencontro na frente político-
-diplomática.
Para além do encontro com o monarca
holandês, Nyusi foi recebido pelo
ministro holandês dos Negócios Estrangeiros,
Bert Koenders,presidentes
das duas câmaras do parlamento, nomeadamente,
Ankie Broekers Knol
(Senado) e Khadija Arib (câmara
dos deputados), entre vários outros
encontros de índole político, empresarial
e social.
A descoberta, em Maio do ano passado,
das dívidas escondidas a favor da
ProIndicus (USD 622 mil milhões) e
da Mozambique Assets Managment
(MAM; USD 535 mil milhões) que
se juntaram aos USD 850 mil milhões
da Empresa Moçambicana de
Atum (EMATUM), irritou a comunidade
internacional que, em bloco,
suspendeu os seus programas de
apoio financeiro a Moçambique.
A auditoria, que foi imposta pelos
donos do dinheiro, a contragosto dos
sectores mais conservadores da Frelimo,
foi financiada pela Suécia, um
dos maiores financiadores de Mo-
çambique.
Na sexta-feira, a PGR confirmou ter
comunicado o relatório, mas disse
que primeiro quer proceder à sua verificação
e análise com vista a aferir a
sua conformidade com os termos de
referência.
“Finda a análise, a Procuradoria-geral
da República irá, o mais breve possí-
vel, partilhar com o público os resultados
da auditoria, com a salvaguarda
do segredo da justiça (N.E: não serão
divulgados os nomes dos implicados),
uma vez que o processo, em sede do
qual a auditoria foi solicitada, ainda
se encontra em instrução preparató-
ria” refere a PGR.
E as reacções não tardaram. A embaixada
da Suécia, os donos da mola,
diz “aguardar a partilha do resumo do
relatório com o público moçambicano
pela Procuradoria-geral da Repú-
blica de Moçambique, o mais breve
possível e subsequente publicação do
relatório completo”.
Mais determinado foi a organização
dirigida por Christine Lagarde, a
senhora de ferro que já disse publicamente
que suspendeu apoio a Mo-
çambique por suspeitas de corrupção
na contratação das dívidas ocultas.
Para o Fundo Monetário Internacional
(FMI), o resumo do relatório
deve ser divulgado até finais de Maio
em curso. “Esperamos a publicação
de um resumo do relatório até o final
do mês e, no devido tempo, do relató-
rio completo”, refere o FMI.
Os três empréstimos, avalizados pelo
Governo a favor de empresas teoricamente
privadas, mas detidas pelo
Estado através dos serviços secretos
moçambicanos, foram contraídos
entre 2013 e 2014 na recta final do
segundo e último mandato do presidente
Armando Guebuza.
Conclusão da auditoria às dívidas ocultas
A nova pedra de arremesso de Nyusi
Por Armando Nhantumbo
SOCIEDADE Savana 19-05-2017 7
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8 Savana 19-05-2017 SOCIEDADE SOCIEDADE
Éuma vitória do sector privado.
O ministro que tutela o
pelouro do Trabalho já não
pode anular unilateralmente
contratos de trabalho de cidadãos estrangeiros
em Moçambique e expulsá-los
sem direito à defesa.
Em causa está a deliberação do
Conselho Constitucional (CC) que,
através do Acórdão nrº 1/CC/2017,
declarou inconstitucional a norma
contida no nrº 7 do artigo 27 do
Regulamento dos Mecanismos e
Procedimentos para a Contratação
de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira,
aprovada pelo Decreto nrº
37/2016 de 31 de Agosto.
Concluiu o CC que aquela norma
contraria os princípios constitucionais
de segurança jurídica, do contraditório,
da protecção efectiva e
do direito ao trabalho constantes da
Constituição da República.
O pedido de inconstitucionalidade
da norma foi levantado em 2012 pela
Associação de Comércio, Indústria e
Serviços (ACIS) sedeada na Beira.
A organização diz que, nos últimos
cinco anos, pelo menos 30 cidadãos
estrangeiros que trabalhavam no país
e filiados entre as 240 empresas que
compõem a agremiação foram expulsos
de Moçambique pelos ministros
que superintendem a área do Trabalho.
Deste número, não se inclui o antigo
treinador do Costa do Sol, Diamantino
Miranda, que também viu
o seu contrato de trabalho revogado
pela mão dura da então ministra do
Trabalho Maria Helena Taipo, pelo
facto de o clube não ser membro da
associação.
Mas da lista faz parte o ex-representante
do BES no Conselho de Administração
do Moza Banco, José
Alexandre Pinto Ribeiro, expulso
por alegados insultos e maus tratos
a trabalhadores moçambicanos.
Nos casos mais mediáticos consta
a directora do Pemba Beach Hotel,
Claudine Moodley, uma militante do
ANC da África do Sul, a directora
dos Recursos Humanos da Açucareira
de Marromeu, Ana Fernandinho
(decisão de expulsão revogada por ser
casada com moçambicano e com um
filho menor) e os administradores da
G4S, John Mortimer e Cassie Van
der Merwe, invariavelmente acusados
de racismo e maus tratos aos trabalhadores.
O administrador do grupo
Maeva teve a sua expulsão revogada
depois de os trabalhadores apelarem
junto do ministério.
Preocupada com a contínua aplica-
ção da norma em causa, que, no seu
entender, estava a deteriorar os índices
de confiança dos investidores em
Moçambique, resultando no encerramento
de empresas, perturbação do
ambiente laboral nas empresas, com
o agravante dos visados não terem o
direito à defesa, a ACIS solicitou um
estudo jurídico especializado sobre o
assunto, que depois submeteu à Procuradoria
Geral da República (PGR).
Segundo Carlos Henriques, presidente
da ACIS, o pedido da revisão
da norma contida nrº 7 do artigo
27 do decreto nrº 37/2016 de 31
de Agosto foi objecto de apreciação
pela PGR numa reunião específica
do Conselho Técnico, que produziu
um parecer favorável à sua agremia-
ção, mas que depois foi barrado pelo
Conselho de Ministros, por não ver
nenhuma ilegalidade.
O documento ficou engavetado durante
quatro anos e em 2016 a ACIS
voltou à carga, via Provedor de Justiça,
que, em menos de duas semanas,
fez um despacho solicitando a
intervenção do CC, que, por sua vez,
requereu, uma vez mais, o pronunciamento
do Conselho de Ministros.
O Conselho de Ministros reiterou
que não via nenhuma anormalidade
e fez aprovar um novo documento legal,
mantendo os poderes de expulsão
conferidos ao ministro do Trabalho.
Mas, desta vez, o entendimento do
Governo foi contrariado pelo CC,
que, a 9 de Maio corrente, exarou o
seu primeiro acórdão, declarando a
inconstitucionalidade daquela norma.
“ Aquilo que nós pretendemos é que
haja um bom ambiente de negócios,
que as leis sejam claras para que nós
as possamos implementar devidamente
e fazer progredir o país e o
emprego. Isto mostra que há espaço
para o pronunciamento de todas as
camadas da sociedade e há espaço
para que todos encontremos melhores
formas de trabalhar para que
Moçambique progrida”, disse Carlos
Henriques, esta terça-feira, numa
conferência de imprensa convocada
para reagir à deliberação do CC.
Faltava clareza da lei
O sector privado entende que o debate
do Decreto 55/2008, que regula
os mecanismos e procedimentos para
contratação de cidadãos estrangeiros
em Moçambique, tinha como foco a
simplificação das exigências processuais
e a negociação do âmbito de
regimes de quotas.
Nesse sentido, foi introduzido o nr.5
do artigo 22 no Regulamento de
Contratação de Cidadãos de Nacionalidade
Estrangeira, mas o mesmo
enfermava de vícios, tal como estabelece
que:
“Em caso de violação dos princípios
plasmados na Constituição da Repú-
blica e demais leis e normas vigentes
no país, o exercício do direito ao
trabalho por parte do estrangeiro em
causa pode ser interdito por despacho
Acórdão do CC
Por Argunaldo Nhampossa
Com a deliberação do CC, a ACIS
considera que foi reposta a justiça,
abrindo-se espaço para interposi-
ção de recurso. Doravante, nenhum
trabalhador estrangeiro será expulso
sem um processo instruído como
emana a lei.
CC revoga nova norma
O pedido de declaração de inconstitucionalidade
enviado pelo Provedor
de Justiça ao CC visava o nr 5 do artigo
22 do decreto 55/2008, de 30 de
Dezembro que aprova o Regulamento
relativo aos Mecanismos e Procedimentos
para Contratação de Cidadãos
de Nacionalidade Estrangeira.
Notificado, o Governo negou a
existência de inconstitucionalidade,
apontando que uma eventual anomalia
decorre da interpretação que se
atribui à expressão “interditar”.
O executivo fundamentou também
com o argumento de que a interpretação
do conceito interdição extravasa
em larga medida o sentido original
que o legislador quis dar ao conferir
poderes do Ministro de Trabalho
para autorizar, em determinadas circunstâncias,
que cidadãos estrangeiros
possam trabalhar em Moçambique.
Nesse contexto, o Governo ensaia
uma fuga para frente, aprovando um
novo Regulamento para Contratação
de cidadãos de nacionalidade Estrangeira,
através do decreto 37/2016,
de 31 de Agosto, e revoga o Decreto
nrº55/2008 de 30 de Dezembro.
Compulsado o novo decreto, o CC
conclui que, apesar de ligeira transformação
do texto, o conteúdo continuava
o mesmo do dispositivo
revogado, dado que o ministro que
superintende a área do Trabalho ainda
detinha poderes para, de forma
discricionária, revogar o acto administrativo
que permitiu a contratação
do trabalhador estrangeiro.
Com a revogação da anterior norma,
o CC centrou as suas atenções na
nova norma constante do nrº 7 do
artigo 27 do decreto nrº37/2016 de
31 de Agosto, tendo, por isso, conclu-
ído que um despacho revogatório do
ministro do Trabalho, que põe termo
ao contrato privado, sem antes abrir
espaço para, em tempo útil, o visado
se defender, está a violar flagrantemente
o princípio do contraditório,
que se mostra essencial num estado
de direito.
Juristas contactados pelo SAVANA
consideram que os visados pelas expulsões
dos ministros do Trabalho
podem agora intentar uma acção
contra o Estado. Os mesmos juristas
consideram ser necessário questionar
igualmente os poderes do ministro
do Interior que pode igualmente
expulsar cidadãos estrangeiros com
visto de trabalho ou de residência
sem que possam articular a sua defesa.
Foi nessas circunstâncias que foi
expulsa de Moçambique a activista
espanhola Eva Moreno, envolvida na
controversa medida do ex-ministro
da Educação, Jorge Ferrão, que fez
baixar o comprimento das saias nos
uniformes escolares.
do ministro que superintende a área
do trabalho”.
É com base neste entendimento, segundo
Carlos Henriques, que desde
2008, os titulares do pelouro do Trabalho
têm usado dos poderes conferidos
no nrº5 do artigo 22 do decreto
55/2008 para interditar o direito ao
trabalho para estrangeiro, por via de
despachos que concediam o tempo
máximo de 48 horas, sendo recusado
aos visados novos pedidos de autorização
de trabalho. O Governo foi
forçado a revogar o decreto 55/2008
mas voltou à carga com o 37/2016.
Ministro do Trabalho proibido de expulsar estrangeiros
Discursando na passada
segunda-feira (15), durante
a Quarta Sessão
Ordinária da Quarta
Legislatura do Parlamento Pan-
-Africano (PPA) que hoje (19) termina,
em Midrand, província de
Gauteng, na vizinha África do Sul,
Maria Ivone Soares, primeira vice-
-presidente da Juventude no Parlamento
Pan Africano, defendeu
a necessidade de garantir a participação
plena e efectiva da mulher e
a igualdade de oportunidades para
a liderança em todos os níveis de
tomada de decisão na vida política
económica e social.
De acordo com Soares, a mulher,
sobretudo, a jovem, olhando para
os desafios que os países africanos
enfrentam nos dias que correm,
deve estar no centro das atenções
na definição de políticas, legislação,
campanhas de sensibilização e educação
cívica, pois, ela representa a
maioria da população.
Avançou que, para a materialização
deste desiderato, afigura-se indispensável
que internamente cada
Estado membro da União Africana
(UA) promova Planos Nacionais
de Acção consentâneos com os
instrumentos jurídicos internacionais
e em particular continentais de
protecção da mulher.
“É necessário garantir a participa-
ção plena e efectiva das mulheres e
a igualdade de oportunidades para
a liderança em todos os níveis de
tomada de decisão na vida política,
económica e pública, adoptar e
fortalecer políticas sólidas e legislação
aplicável para a promoção da
igualdade de género e o empoderamento
de todas as mulheres e meninas
em todos os níveis”, defendeu
Soares.
Mais adiante, Soares atacou a velho
problema da exclusão a que a
mulher jovem, sobretudo a africana,
tem sido sujeita. Nisto, apontou
que a exclusão da mulher nos mecanismos
de reconstrução limita o
acesso a oportunidades de recuperação,
de obtenção de justiça para
os abusos dos direitos humanos e
para participar na formação das reformas
legais, bem como, das instituições
públicas.
Prosseguiu referindo que a mulher
deve assumir um papel activo na
capacitação e treinamento missões
humanitárias, missões de paz e de
manutenção da paz; firmar parcerias
para prevenção do HIV/SIDA,
luta contra a violência sexual, violência
doméstica e de todas as formas
de discriminação das mulheres;
a integração voluntária de mais
mulheres nas Forças Armadas, desempenhando
actividades nos diversos
ramos do exército, sem discriminação
quanto à ocupação de
cargos de comando e de direcção
e, por fim, lutar pela igualdade de
direitos e oportunidades entre mulheres
e homens.
Participaram da quarta-sessão ordinária
PPA, que decorre desde o
passado dia 8 de Maio, para além
de Maria Ivone Soares, a Presidente
da Assembleia da República, Verónica
Macamo, e os deputados e
Membros do Grupo Nacional junto
do PPA, nomeadamente, Eduardo
Joaquim Mulembwe, Manuel
Bissopo e Francisca Domingos
Tomás.
Soares defende inclusão da mulher jovem
Por Ilódio Bata
Na tomada de decisão na vida política, económica e social
Carlos Henriques considera que a deliberação do CC trouxe justiça ao processo
Savana 19-05-2017
9
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10 Savana 19-05-2017 SOCIEDADE
As companhias aéreas registadas
em Moçambique foram
retiradas da lista negra que,
desde 2011, as inibia de voar
o espaço aéreo europeu. O anúncio foi
dado a conhecer no final da tarde desta
terça-feira, pela vice-Ministra dos
Transportes e Comunicações, Manuela
Rebelo, que, na ocasião, preferiu não
embandeirar em grandes aventuras.
Sublinhou que o principal desafio passa
por consolidar as operações domésticas
quer com as operadoras nacionais
existentes, bem como as que estão por
vir.
A decisão da União Europeia abre espaço
para que qualquer companhia
registada no país possa voar naquele
espaço aéreo. Mas, para tal, segundo a
vice-ministra dos Transportes e Comunicações,
Manuela Rebelo, é preciso
que sejam celebrados acordos de autorização
com os países para onde se deseja
voar. Assim, pode se cogitar que a
França poderá ser um dos destinos a ser
escalado pelas companhias nacionais e
vice-versa, tomando em consideração
o acordo recentemente assinado pelos
dois governos que estabelece a base jurídica
para as ligações aéreas regulares
entre os dois países.
Se o principal motivo do banimento
das companhias nacionais de voarem o
espaço europeu eram “as graves defici-
ências detectadas na área da segurança”,
passados seis anos, Manuela Rebelo diz
que a segurança área é inegociável e
avança que o Governo continuará engajado
na promoção de mecanismos de
segurança aérea em Moçambique, em
conformidade com as normas estabelecidas
pela comissão europeia de segurança
aérea e outras. Esta afirmação é
corroborada pelo presidente do Instituto
Nacional de Aviação Civil (IACM),
João de Abreu, que recentemente, numa
entrevista a um semanário da praça,
afiançou que por vezes a certificação
das condições de seguranças constitui
uma das causas dos atrasos dos vôos da
companhia de bandeira nacional.
“Queremos tratar os assuntos de segurança
aérea com rigor merecido porque
a aviação é uma matéria delicada, que
deve ser tratada com base em padrões
muito elevados, quer do ponto de vista
de recursos humanos, tecnológicos,
sistemas de documentação, regulação e
capacitação institucional”, disse Rebelo.
Para o Governo, o levantamento do banimento
resulta das diversas reformas
que estão sendo feitas no sector com
destaque para o planeamento, estruturação,
formação e desenvolvimento da
força de trabalho, tomando em consideração
que estas acções estavam sendo
monitoradas e inspeccionadas pela
União Europeia e pela Organização Internacional
de Aviação Civil (ICAO),
tendo em alguns anos ditado a manutenção
da proibição.
Segundo a governante, isto não implica
que o país deve relaxar, pelo contrário,
há mais desafios pela frente como a
constante melhoria da qualidade dos
serviços prestados, a melhoria organizacional
do IACM, sem com isso descurar
o aperfeiçoamento das medidas
de segurança.
Consolidar mercado nacional
Para a vice-ministra dos Transportes e
Comunicações, a liberalização do espa-
ço aéreo europeu para as companhias
nacionais não significa que de imediato
vai se priorizar os vôos para aquele continente.
Antes de mais, frisou que é preciso
consolidar as operações domésticas
quer com as operadoras nacionais existentes,
bem como com as que estão por
vir, sem deixar de lado as companhias
que sobrevoam o território nacional.
Pode concorrer para esta acção o recente
anúncio do Governo de busca de
um parceiro para rentabilizar as Linhas
Áreas de Moçambique, sem com isso
descurar o concurso público para exploração
de rotas aéreas domésticas e
regionais.
Reage o Governo à readmissão para voar na europa
Apontou ainda a governante, a necessidade
de consolidação dos vôos regionais,
buscar a excelência e só depois
disto se pode começar a pensar estrategicamente
numa expansão para a Europa
e outros destinos.
Quanto à liberalização do espaço aéreo
nacional, com vista a melhorar os serviços
daquele sector, criando concorrência
à LAM que na prática detém o
monopólio dos serviços, o comandante
João de Abreu negou que o IACM esteja
a criar obstáculos para entrada de
novos operadores. Prosseguindo, referiu
que o que acontece na verdade é que
há muitos candidatos que manifestam
interesse em operar no espaço aéreo
nacional, mas não conseguem cumprir
com requisitos.
Fez notar que as regras não são exclusivas
de Moçambique, mas sim internacionais.
Tomou como exemplo a
companhia Fly África que, segundo o
mesmo, faliu já na fase quatro e não foi
capaz de demonstrar um corpo técnico,
capaz de realizar as operações com segurança
entre outros.
Espaço
Arquitectura
Crescimento p ç
Construções Utilidades
Co s Sine
r
Dimensões
Caminhos Ident
Animado
Gestão
Integrações Gestão
Pedestres
Visual
Zonas
Zonas
Locais
Necessi
d
a
des
Vastos
Diferente
Regeneração Cidades
Sinais
Tráfego Estilos
Idade Ambiente Utilida
Planeamento
Inter-cultural
Origens
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LAM deve fortalecer o mercado nacional
Por Argunaldo Nhampossa
Savana 19-05-2017 11 PUBLICIDADE SOCIEDADE
12 Savana 19-05-2017 SOCIEDADE SOCIEDADE
Se desta vez nada mudar, à
hora que o estimado leitor
tiver em mão a nossa
próxima edição, já será
conhecido o novo homem forte
da Confederação das Associações
Económicas de Moçambique
(CTA). A votação terá lugar na
quinta-feira, 25 e, estes últimos
dias, têm sido de tudo ou nada por
parte de Quessanias Matsombe
e Agostinho Vuma que estão na
estrada a namorar os empresá-
rios com olhos postos no pleito
da próxima semana. Mas afinal o
que cada candidato se propõe fazer
caso seja eleito presidente da
CTA? O SAVANA compulsou
os dois manifestos e tenta aqui
descortinar as duas propostas,
das quais uma será sufragada para
ser a base do plano estratégico da
CTA para os próximos três anos.
Depois de uma atribulada gestão
do processo eleitoral, que inclusivamente
saiu caro à própria CTA,
pela polémica reprovação da candidatura
do candidato Quessanias
Matsombe, agora os dois candidatos
jogam os últimos cartuchos na
corrida à presidência daquela organização
empresarial.
Entre a continuidade e a ruptura
com o passado, os dois concorrentes
procuram, a todo o custo, convencer
a classe empresarial a lhes
confiar o seu voto no pleito que
daqui a seis dias irá definir o futuro
na família empresarial.
Matsombe promete uma
nova CTA
Com o lema “todos juntos fazemos
a CTA”, Quessanias Matsombe
propõe-se a dirigir uma Confederação
das Associações Económicas
que emparelhe, com o Governo, na
remoção de barreiras e obstáculos
que impedem o crescimento acelerado
das empresas e da economia
no geral.
Garante respeitar e fazer respeitar
os Estatutos da CTA, inspirado
no fundamento que norteou a sua
criação, nomeadamente, o associativismo
e prestação de serviço
ao membro, com as associações a
constituírem o ponto de partida e
de chegada de toda a acção governativa
e de gestão diária da Confederação.
Empresário de longa data no
mundo empresarial, Quessanias
Matsombe diz que pretende ainda
resgatar e reposicionar a imagem e
prestígio institucional da CTA no
seio de seus associados, parceiros
e Governo, participando, proactivamente,
no processo de reformas
económicas e legais, tendo sempre
como foco a melhoria do ambiente
de negócios e o posicionamento de
Moçambique no ranking “Doing
Business”.
Depois de, inicialmente, ter visto
a sua candidatura reprovada pela
Comissão Eleitoral (CE) da CTA
que, segundo ele, havia sido constituída
de forma irregular e com
o único propósito de prejudicá-lo,
Matsombe promete democratizar
e profissionalizar os métodos de
trabalho e de actuação, através da
indução de práticas de boa governação,
transparência, eficiência e
responsabilidade na gestão do bem
comum e em todos os actos administrativos.
Descentralizar a acção da CTA pelas
províncias, através da adopção
de práticas de diálogo e inclusão, a
partir do distrito, para que os anseios
de todas as associações empresariais
moçambicanas estejam
plasmados na agenda do sector privado,
é outra linha orientadora da
sua candidatura.
Formado em Gestão e Administração
de Empresas e, actualmente,
presidente da Federação Moçambicana
de Turismo e Hotelaria
(FEMOTUR), o candidato assegura
que, caso seja eleito no dia 25
próximo, irá constituir uma direc-
ção executiva com competência e
experiência técnicas à medida dos
actuais desafios da CTA, orientando
e focalizando a sua acção para
resultados tangíveis em tempo real.
Promete ainda um conselho directivo
que reflicta os sectores que
constituem pilares-base de desenvolvimento
económico, nomeadamente,
Agricultura, Indústria,
Transportes, Construção, Turismo,
Comércio e Serviços.
E, para garantir maior representatividade,
descentralização e inclusão
de todo o sector empresarial
nacional, assegura a criação do que
chama de três antenas regionais,
dirigidas por presidentes com assento
no conselho directivo, antenas
essas que terão como funções
e atribuições a gestão e supervisão
das delegações provinciais da CTA
e de toda a actividade empresarial
e associativa, bem como a condu-
ção do diálogo público-privado nas
províncias a si adstritas.
“A acção da CTA deverá alcançar
o empresário e o agente económico
que opera no distrito”, entende o
candidato que jura ainda promover
e proteger os interesses genuínos do
empresariado nacional, com destaque
para o jovem empreendedor, a
mulher empresária e as Pequenas e
Médias Empresas (PME´s), através
de políticas que privilegiem o
conteúdo local, estimulando, deste
modo, o seu rápido crescimento.
Garante um serviço personalizado
e dedicado aos membros do Conselho
Empresarial Nacional, através
da criação de um Gabinete específico
e unicamente orientado para
atender as suas necessidades.
No seu longo e ambicioso manifesto
eleitoral, Quessanias Matsombe,
cuja candidatura é suportada pela
FEMOTUR, promete descontinuar
os actuais Conselhos Empresariais
Provinciais, por entender
que não são abrangentes. E, para o
seu lugar, serão criadas Delegações
Provinciais da CTA, cujo dirigente
passará, obrigatoriamente, por um
pleito eleitoral.
A Delegação Provincial da CTA,
explica, terá orçamento próprio
para seu funcionamento, sendo sua
tarefa principal assegurar o cumprimento
da agenda do sector privado
na província, cuja matriz servirá de
instrumento de trabalho e de avaliação
periódica de seu desempenho.
“Uma nova abordagem deve conduzir
o processo de desenvolvimento
do associativismo empresarial,
em todas as provinciais, o qual
deverá contribuir para o crescimento
das empresas e melhoria do ambiente
de negócios no nosso País”,
defende Matsombe, destacando
que a decisão de se candidatar à
presidência da CTA resultou de um
trabalho de auscultação às associa-
ções, um trabalho que lhe permitiu
perceber os reais entraves, desafios
e anseios da classe empresarial.
Vuma é pela consolidação
das realizações
Por sua vez, Agostinho Vuma, cujo
lema da sua candidatura é “Pela
Melhoria do Ambiente de Negó-
cios, Somos Um” diz que se candidata
à presidência da CTA para
consolidar as realizações iniciadas
há seis anos em que vem assumindo
o cargo de vice-presidente do
organismo.
Assegura que, nestes dois mandatos
que coadjuva Rogério Manuel
na presidência da organização, tem
vivido, intensamente, e participado
nas grandes realizações que nos últimos
anos elevaram o estatuto da
CTA a um patamar de importante
interlocutor do empresariado junto
do Governo e de parceiros internacionais.
“Porém, ainda há espaço bastante
para melhorar, por isso que a minha
candidatura baseia-se no princípio
da consolidação e aperfeiçoamento”,
explica o candidato.
Concretamente, é pelo desenvolvimento
equilibrado das câmaras
de comércio, associações e federa-
ções económicas e por uma maior
participação dos Conselhos Empresariais
Provinciais (CEP’s) na
tomada de decisões na CTA; é
pela descentralização do Conselho
de Monitoria do Ambiente de Negócios
(CMAN) que confira maior
legitimidade aos CEP’s perante os
associados e os governos provinciais,
ao mesmo tempo que é por
uma crescente federalização sectorial
por especialidade que concorra
para o fortalecimento das associa-
ções empresariais e da CTA no seu
todo.
Trata-se de uma candidatura que
se inspira, ainda, na necessidade da
promoção de uma relação de parcerias,
e não de subordinação, com
o Governo de Moçambique e com
todos os parceiros, onde a CTA se
apresente em pé de igualdade na
promoção do diálogo público-privado
e de todos os mecanismos de
cooperação.
Vuma, que cumpre o terceiro mandato
como deputado da Frelimo na
Assembleia da República, assegura
que, caso na próxima quinta-feira
seja eleito sucessor de Rogério Manuel,
vai reafirmar a centralidade
dos vários sectores da economia
e a participação do sector privado
em todos os processos de tomada
de decisão sobre o associativismo
e a agenda nacional de desenvolvimento
de Moçambique; que vai
diversificar a economia, valorizar
os saberes adquiridos na promo-
ção da produtividade na agricultura,
nas pescas, na indústria, no
comércio, na construção, na busca
de melhores soluções para o transporte
de pessoas e bens quer seja
urbano, fluvial, marítimo, rodovi-
ário ou ferroviário; que estará na
primeira linha do combate contra
a corrupção, o clientelismo, o tráfi-
co de influências, a mediocridade e
todas as manifestações que perigam
a economia e retardam o desenvolvimento,
bem assim lutar contra o
despesismo e dotar a CTA de mais
critérios de rentabilidade e respeito
pelo bem colectivo.
Engenheiro de construção civil e
actualmente presidente da Federa-
ção Moçambicana de Empreiteiros
(FME), o candidato da continuidade
garante ainda promover boas
práticas e melhorar a gestão e prestação
de contas e a recuperação da
credibilidade institucional da CTA.
Para tal, é pela realização de algumas
reformas na CTA, reestruturar
e fortificar os CEP’s, tornando-os
mais legítimos, representativos e
interventivos, pôr em prática ac-
ções que elevem a produtividade e
competitividade das empresas nacionais,
fortificar e consolidar um
capital institucional que influencie
políticas económicas que garantam
a consolidação do papel das
empresas na economia nacional,
promover acções que garantam a
competitividade das empresas nacionais,
bem como a sua actuação
num quadro de boa governação,
fortificar e consolidar organizações
empresariais inclusivas, proactivas e
representativas e promover acções
de capacity building das organiza-
ções e das empresas.
Depois da tempestade...
É uma destas propostas que, quando
no calendário for 25 de Maio
de 2017, será sufragada para os
três anos da CTA. Trata-se de uma
votação que acontece depois de um
barulho interno na família empresarial,
resultante da reprovação da
candidatura de Quessanias Matsombe
por uma Comissão Eleitoral
indicada pela actual direcção, da
qual o candidato Agostinho Vuma
faz parte.
Inconformado com o que considerou
como evidente interesse da
Comissão Eleitoral da CTA em
prejudicar a sua candidatura, Matsombe
recorreu ao Tribunal Judicial
de KaMpfumo, na cidade de Maputo,
onde ganhou a primeira batalha,
que consistiu na suspensão das
eleições inicialmente agendadas
para 4 de Maio.
E, o verdadeiro teste das eleições
que ficaram conhecidas como as
mais barulhentas de sempre na história
da CTA será feito esta próxima
quinta, esse dia do tira-teimas.
Corrida à presidência da CTA ao rubro
Depois da tempestade, jogam-se os últimos cartuchos
Por Armando Nhantumbo
Uma nova abordagem deve conduzir o processo de desenvolvimento
do associativismo empresarial, Quessanias Matsombe
A minha candidatura baseia-se no princípio da consolida-
ção e aperfeiçoamento, Agostinho Vuma
Savana 19-05-2017 13 PUBLICIDADE SOCIEDADE
14 Savana 19-05-2017 Savana 19 -05-2017 15
NO CENTRO DO FURACÃO
ta terra, qualquer problema de enxugo
ou de drenagem por gravidade, seja ela
de carácter pluvial, seja de natureza
sanitária, especialmente pela ausência
quase absoluta de altitude e de desní-
veis naturais aproveitáveis, bem como
pela falta de capacidade de absorção de
um solo e de um subsolo praticamente
saturados de água durante todo o ano.
Dadas as características acima mencionadas,
o volume de precipitação
não tem possibilidades naturais de ser
conduzido ao Púngoè ou directamente
ao oceano entre duas marés altas consecutivas.
Criam-se assim, durante a
época das chuvas, extensos lençóis de
água sobre o terreno, que apenas parcialmente
se evaporavam ao longo da
estação seca, permanecendo algumas
depressões com água estagnada desde
cada estação chuvosa até à seguinte,
mantendo-se deste modo, durante
todo o ano, condições propícias à postura
e desenvolvimento de mosquitos e
propagação de cólera.
Eis a razão da necessidade de retalhamento
da cidade por uma rede de
canais de drenagem convergentes com
saída para o mar, para se garantir a melhoria
notável na salubridade do meio.
Portanto, o sistema de drenagem é
complexo que requer estudos especializados,
daí que se deve ter em conta
vários aspectos condicionantes tais
como a estrutura de escoamento que se
encontrava insuficiente e num estado
precário de conservação; a Geomorfologia:
terrenos planos e áreas com
altitude abaixo do nível do mar; Geologia:
terrenos impermeáveis e níveis
freáticos elevados; a Precipitação elevada
com fenómenos frequentes de elevada
intensidade e duração; o Clima:
sujeição a fenómenos do tipo ciclone;
Marés: variações importantes com amplitudes
máximas de até 7.10 metros e
as alterações climáticas: Intensificação
dos fenómenos de precipitação (aumento
aproximadamente 20 por cento
em 25 anos), aumento do nível médio
do mar (aumento aproximadamente.
14 centímetros em 25 anos), intensifi-
cação dos fenómenos de erosão costeira
e aumento da frequência de fenómenos
do tipo ciclone.
…. alguma solução?
Há várias soluções complementares
que podem ser tomadas, mas para a
melhoria notável na salubridade do
meio, é importante para nós o alargamento
das secções dos canais que
se vão subdividir em reperfilamento,
revestimento e construção de bacias
de armazenamento. No entanto, neste
processo ainda se seguem novos pontos
de descarga estrategicamente localizados;
segmentação da rede de drenagem
para dispersão e repartição dos caudais
colectados e a gestão integrada dos diversos
segmentos de redes com instala-
ção de pontos de conexão interna para
recurso e segurança e para optimização
dos caudais de descarga.
Por questões económicas e oportunidades
e de acordo com os resultados,
estabelecemos a construção e a reabilitação
do sistema de drenagem em três
fases de intervenção:
A primeira fase, ou seja Fase 1, consistiu
na intervenção nos canais A0, A2
e A4, construção da Bacia de Armazenamento
da Maraza, obras de benefi-
ciação urgentes na rede secundária de
drenagem na zona da Mananga; (intervenção
ditada por razões sociais e de
custo-benefício e limitada pelos fundos
disponíveis);
A segunda fase consistirá na interven-
ção nos canais A1 e A3, construção da
bacia de armazenamento da Chota-
-Estoril, beneficiação e extensão da
rede secundária de drenagem na Zona
da Chota (que mais valoriza as intervenções
realizadas na 1ª Fase); e Fase
três que é a construção dos sistemas
de drenagem das zonas do Alto da
Manga, Munhava e Maraza, e terminação
das obras de beneficiação na
zona da Chota.
O desafio neste momento é mobilizar
recursos para as fases dois e três, o que
de certo modo vai melhorar a salubridade.
Para nós, é fundamental que as
outras duas fases aconteçam.
A quantas é que anda o projecto de
infra-estruturas verdes. Tem pés para
andar?
Tem sim fundos confirmados pelos
dois financiadores, o Banco Mundial e
a KFW, estamos em processo técnico
de empreitada, oportunamente as obras
irão começar com objectivo claro de
proteger os ecossistemas do Chiveve e
arredores (urbanização, poluição); melhorar
a adaptação baseada nos ecossistemas;
protecção contra inundação
e tempestade, purificação do ar, água e
solo; balanceamento de temperaturas
no centro da cidade e outros benefícios
correlacionados, como oportunidades
para emprego devido às actividades
económicas (mercados, restaurantes
e quiosques), turismo, lazer devido ao
anfiteatro e espaços verdes, segurança
devido à protecção, saúde devido ao
circuito de manutenção e educação
oportunidade realização de palestras e
descobertas de diversas plantas e naturalmente
estudo do ecossistema.
Um dos projectos inseridos no Masterplan
é a estrada do acesso directo
ao Porto. Em que estágio estamos?
Sim temos a estrada de acesso directo
ao Porto da Beira, neste momento
estão assegurados os custos de estudos
de viabilidade e do traçado financiado
pela embaixada da Holanda. Na semana
passada esteve entre nós o consórcio
que está a trabalhar nesta matéria. Esperamos
que entre Dezembro e Fevereiro
do próximo ano tenhamos tudo
pronto e comecemos a mobilizar mais
recursos, uma vez que estão garantidos
45 por cento do valor da obra que será
financiado pelo FMO, uma instituição
financeira holandesa. Isso quer dizer
que temos de trabalhar com as autoridades
centrais, sector privado e outras
instituições na mobilização desses recursos.
A construção da estrada é por nós rotulada
como uma das prioridades no
quadro do Masterplan, a sua construção
irá contribuir para o desenvolvimento
sustentável da cidade da Beira. Pois a
construção de uma nova estrada vai redireccionar
o tráfego, especialmente o
tráfego pesado, criando condições para
fluidez do trânsito e redução dos custos
de manutenção das estradas urbanas da
cidade.
O Conselho Municipal já respondeu
ao inquérito levado a cabo pelo consórcio
e temos esperança, à semelhança
do que fizemos na elaboração do Master
Plan, em envolver vários actores de
mudança, o mesmo estamos a fazer
para a estrada de acesso directo, que
naturalmente vai ser um grande factor
e vector de desenvolvimento, na medida
em que vai influenciar positivamente
na nossa economia.
Na sessão da Assembleia Municipal
falou das estratégias que pretende em
relação ao cadastramento e registos
de terrenos. Pode desenvolver mais.
O cadastro de Beira é herdado da época
colonial. Isso significa que é quase
inteiramente no papel. As operações
ocorrem não com base na localização
ou nome (sobrenomes registados em
banco de dados municipal), mas com
base na transacção (DUAT - Direito
do Uso e Aproveitamento da Terra).
Como um sistema em si para controlo
e registo é desatualizado. E porque
o arquivamento é feito ao nível
dos postos administrativos e a própria
secretaria do cadastro, mas bastante
aleatório, os dados não são facilmente
acessíveis. Daí ser necessário inverter
este cenário caduco e não fiável, recorrendo-se
a várias técnicas de registos
mais modernos e informatizados.
Tendo sido efectuado o diagnóstico era
preciso quebrar com as práticas anteriores,
o Município da Beira consciente
das consequências disto, priorizou a
reorganização e digitalização do cadastro
devido ao aumento dramático da
demanda de terrenos para os diversos
fins económicos e sociais e pelo facto
de não estarmos satisfeitos com a forma
como está organizado e nas condi-
ções em que funciona, desde o arquivo
e a forma precária de controlo. Daí
contactamos o cadastro holandês, que
por sinal apresenta novas tecnologias e
métodos de controlo eficiente, embora
internamente estávamos a iniciar um
processo mesmo assim estava longe de
ser o que queríamos, daí a parceria com
as autoridades do cadastro, de modo a
garantir a eficiência e eficácia funcional,
apresentamos o que de facto queríamos
e juntos desenhamos o pacote
que consideramos ser um passo importante
para as soluções dos problemas.
Temos objectivos de criação de capacidades
profissionais para a gestão do
solo urbano no Município, através da
introdução do sistema digitalizado de
cadastro; assegurar a introdução de
rotinas técnicas e administrativas que
possam garantir uma maior celeridade
no atendimento ao público de forma
geral e na tramitação de requerimentos
e melhor a organização do uso do solo
nas áreas de intervenção.
Por outro lado, a digitalização vai permitir
fazer interligação e cruzamento
nos bancos de dados de controlo de receitas,
num sistema de gestão financeira
concebida pelo Município, vai permitir
melhorar a informação do sistema de
endereçamento e facultar o sistema de
controlo financeiro do Município toda
informação complementar para fontes
de receitas e tributação.
Haverá algum projecto que lhe tira
sono?
Não sei o que lhe dizer, mas os meus
olhos devem dizer sim, tenho orgulho
de ser beirense e de servir esta cidade,
tudo o que toca a Beira mexe com a
minha parte. Um dos projectos que vai
dinamizar o desenvolvimento e a economia
de Moçambique é a empresa de
desenvolvimento de terras.
Estamos empenhados no sentido de
dinamizar e melhorar a nossa administração
municipal com dois propósitos:
o controlo e a demanda financeira por
um lado e, por outro, dar resposta à
procura de espaços para diversos fins.
O Conselho Municipal da Beira vem
definindo políticas de reestruturação
do Município e de dinamização da
gestão autárquica, conforme definido
no seu programa de acção. Nesse contexto,
vem assumindo um exercício de
interpretação de como governar uma
edilidade num cenário de descentralização.
E as tónicas fundamentais centram-se
em quatro vectores, que são modelo de
administração reestruturado; interven-
ção dirigida e directa no que respeita
à resolução de problemas concretos;
abertura à dinamização de associações
e parcerias com investidores privados
e a utilização plena das possibilidades
facultadas pela autonomia financeira e
patrimonial.
Tal Programa de Gestão Municipal Integrada
preconiza e compatibiliza uma
lógica de intervenções a curto, médio
e longo prazo, identificando as acções
a ela ligadas, bem como as motivações
e objectivos enquadráveis. As parcerias
a eleger deverão ter uma participação
financeira de carácter diferenciado.
É com este propósito e visão, decidimos
fazer a empresa de desenvolvimento
de terras, que ainda esta na sua
fase de constituição, tudo vai depender
do estágio e das autorizações que esperamos
do Maputo para a viabilização
do projecto de interesse público. Os
estudos de viabilidades foram feitos e
estudados cinco métodos de dragagem,
o que realmente queremos é ter a permissão
no mar para extrairmos material
que vai servir de aterros às várias
áreas identificadas no Masterplan, o
que pode ser feito duma forma directa
com parceiros privados ou públicos
como a Emodraga e outros já temos
reservados 500 hectares para o desenvolvimento
da zona industrial e de 500
para o desenvolvimento de áreas de
habitação, esperamos com essas novas
áreas de desenvolvimento garantir as
cotas mínimas de aterros, a construção
de infra-estruturas de água, de energia,
de esgotos, de drenagem de estradas e
assim os munícipes estarão a construir
em condições seguras.
Por outro lado, devido a elevados custos
de obras de protecção costeira, queremos
é usar o material dragado para
reposição das dunas, com custos extremamente
baixos, com oportunidade de
alargamento das nossas praias e consequentemente
oportunidade para infraestruturas
turísticas e do turismo em si.
Com estes procedimentos, vamos integrar
a equidade na agenda do desenvolvimento
da Autarquia, que por sinal
é uma questão de justiça social, assegurar
o acesso à esfera pública, estendendo
as oportunidades e aumentando
a igualdade.
Montar um projecto envolvente e estruturado
com impactos positivos a diversos
níveis: Qualidade arquitectónica
e urbanística; impactos sociais positivos
e criação de modelos integrados de
operação; proporcionar situações que
resolvam de forma natural, problemas
de equilíbrio ambiental, com consequências
directas na redução de custos
de investimento futuro do CMB, nomeadamente
no que se refere à infraestruturas
públicas e de erosão costeira.
Criar oportunidades de negócio e
postos de empregos durante e a jusante
Daviz Simango explica o estágio do projecto
Masterplan já mexe na Beira
Por Domingos Bila e Narciso Rindze
do projecto, com impactos directos no
abaixamento dos custos unitários de
construção civil.
Garantir o reordenamento e requali-
ficação das diversas zonas informais, e
naturalmente a redução do desenvolvimento
dos assentamentos informais
evitando ocupações ilegais e inadequadas.
Com este progresso quererá dizer que
a conferência de investidores está a
produzir resultados?
Bom, enquanto pessoa muito envolvida
por dentro e conhecendo os desafios
todos de afirmação e de desenvolvimento,
digo-lhe de que estou muito
Satisfeito que o Plano Director/Beira
MasterPlan está a ter uma função de
coordenação e mobilização de fundos
para investimento na Beira.
Estou também ciente de que a realização
do MasterPlan vai requerer mais
investimento e que a Beira precisa de
investir na adaptação às mudanças climáticas
o mais rapidamente possível.
Tenho esperança que os parceiros actuais
possam continuar os seus investimentos
no futuro, e tenho também
esperança que outros parceiros de investimento
possam ser identificados
com ajuda dos presentes e das pessoas
de bem.
Naturalmente estamos disponíveis e
continuaremos a assumir um papel
activo nos contactos com potenciais
investidores e financiadores internacionais,
e como não deixaria de ser a nível
nacional a todos os níveis de decisão.
Esperamos realizar mais uma conferência
do género ainda este ano, e queremos
continuar a contar com todos os
parceiros especialmente os Caminhos
de Ferro de Moçambique (CFM), que
de mãos dadas demos um exemplo de
que quando há vontades e empenho
é possível sim organizar com sucesso,
bem como os nossos consultores holandeses
que foram impecáveis na assistência
técnica e institucional.
rado que optimizasse
a economia
de
aglomeração,
u m a
densidade
sustentável, que promovesse a
diversidade social e o uso misto da terra,
fomentando inclusão, maximizando
heterogeneidade, promovendo espaços
públicos sociáveis, e duma forma integrada
garantir projectos de drenagens,
protecção costeira, instalações industriais,
comerciais, habitação, de água,
de saneamento, de estradas, de energia,
turismo entre outros, e, dessa maneira,
tornando a cidade mais funcional,
mantendo o equilíbrio ambiental.
Queremos melhorar o nosso sistema
fiscal local, endurecer a nossa capacidade
interna de receitas e da gestão das
mesmas, de modo a serem um real vector
de desenvolvimento.
Queremos assegurar os investimentos
em serviços urbanos básicos, pois
o planeamento apropriado permite a
provisão de serviços urbanos básicos
mais baratos tais como água, saneamento,
maior resiliência, mitigação e
adaptação das mudanças climáticas,
redução da pobreza e políticas voltadas
aos mais necessitados.
Quais são os grandes parceiros neste
momento da Beira?
São vários. Os holandeses estiveram
desde a primeira hora a liderar a assistência
técnica e financeira em relação
ao Masterplan, e estão neste momento
a trabalhar com o Município na assistência
e financiamento do cadastro, na
estrada de acesso ao porto, no abastecimento
de água, por outro lado, temos
cooperação Alemã, o KFW e GIZ, que
muito tem feito desde a mitigação das
mudanças climáticas, resíduos sólidos,
as infra-estruturas verdes, o rio Chiveve
que volta ao convívio com a cidade.
O Banco Mundial que trabalha connosco
também na assistência técnica e
financiamento temos o registo da reabilitação
das valas do Chiveve, as obras
de infra-estruturas verdes que oportunamente
começarão, de certeza a
constituir o maior parque de género
em África, no saneamento e na promoção
de gestão de lamas fecais conhecida
que é a nossa vulnerabilidade,
no abastecimento de água, e agora
há uma janela para o campo dos transportes
e desenvolvimento portuário e
temos muitos outros como a União
Europeia, UN Habitat, Real Equity
For All, PRODIA, PRODEM,
o Dialogo entre outros parceiros
fundamentais.
Que avaliação faz sobre a
operacionalidade do Rio
Chiveve face às últimas
chuvas registadas na
Beira, que destruíram
infra-estruturas, sobretudo
as estradas
Não sei se se lembra
de que o fecho do
Chiveve trouxe grandes
desafios para a cidade.
Houve degradação
do ecossist
e m a ,
ausência de drenagem natural que
trouxe vulnerabilidade acrescida a
inundações, altos níveis de poluição
devido ao depósito de resíduos sólidos
e fecalismo, contaminação da água e do
solo com graves riscos à saúde pùblica,
foco de esconderijo de criminosos e
com consequências graves a segurança.
Portanto, com a abertura do Chiveve,
ampliou-se o leito do Rio, criou-se
uma lagoa de retenção, aumentamos
a retenção das águas de 61.600 metros
cúbicos para 247.000 metros cúbicos,
houve reflorestamento dos mangais,
construiu-se comportas para regulação
de marés, para além de se ter dragado
cais de pescas, naturalmente todo
o cenário negativo que tínhamos faz
parte do passado, as chuvas que recentemente
caíram, o sistema do Chiveve
funcionou e se comportou bem, todas
as áreas que drenam para esta bacia o
fizeram com eficiência, portanto estamos
satisfeitos com os resultados.
E as obras de reabilitação do Chiveve.
Gostaria de trazer à memória o problema
de drenagem e saneamento da Beira,
uma Cidade plana e de muita baixa
altitude, o que proporciona condições
naturais de deficiência de drenagem e
elevado risco de inundações.
Notando que as preia-mares de águas
vivas atingem 7,10 metros e que alguns
locais o leito de certos arruamentos e
quintais se situa 20 ou 30 centímetros
abaixo dos 7,00 metros, não falando
dos terrenos livres onde há cotas inferiores
a 6,00 metros, logo se compreende
a existência de nível freático
elevado, influenciado pela oscilação
das marés, e avaliamos as dificuldades
extraordinárias de que se reveste, nesserviços
e mobilização dos munícipes,
busca de uma melhor coordenação de
intervenções e de parcerias inteligentes
e atraçcão de oportunidades para o
sector privado.
Face a esta missão e uma visão para
que a Beira se torne numa cidade próspera,
segura, saudável, empreendedora,
atractiva, empregadora e bonita; bem
como a combinação de desenvolvimento
socioeconómico e oportunidades
para o sector privado,
tivemos de iniciar o processo
de desenvolvimento
do Master
plan da Cidade
da Beira 2035
colocando em
estudo vários
aspectos a saber:
Antecedentes,
situação
actual,
iniciativas
económicas
e as suas
consequências
espaciais,
escolhas
estratégicas e possibilidades de
vários cenários e indicadores, escala
regional e respectivas oportunidades,
vários módulos de simulação de vários
cenários corelacionados com as mudanças
climáticas e variações do nível
do mar, agenda e projectos.
Para tal, tivemos de trabalhar com vá-
rios interlocutores e agentes de mudanças,
criamos uma equipa de gestão
composta pelos técnicos e gestores do
Município, um conselho consultivo
composto por vários extractos sociais
da Beira e por uma equipa técnica do
projecto composta por consultores holandeses
e nacionais. No fim submetemos
a Assembleia Municipal, cuja
aprovação foi em 2014.
Quais são os conteúdos do MasterPlan?
Bom, tivemos de realizar uma série
de combinações e interdependências
dos conteúdos tendo em conta várias
actividades, tais como industriais e
comerciais, o uso do solo e da agricultura,
o Porto da Beira, infra-estruturas
vitais que possam impulsionar a economia,
a energia, o turismo, aspectos
de urbanização, a demografia e social,
o reassentamento, os serviços públicos,
aspectos ambientais, protecção costeira,
abastecimento urbano de água, gestão
de bacia hidrográfica, a gestão da
água, gestão de resíduos e saneamento,
paisagem e ecologia, recursos naturais
entre outros.
Naturalmente esse exercício todo foi
feito porque precisávamos obter resultados
que podiam satisfazer um plano
de urbanização que garantisse soluções
técnicas diversas e as questões ambientais.
Um planeamento urbano revigorado
que optimizasse
a economia
de
a g l o -
m e -
ra ç ão,
u m a
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financiamento temos o registo da rea
bilitação das valas do Chiveve, as obra
de infra-estruturas verdes que opor
tunamente começarão, de certeza
constituir o maior parque de género
em África, no saneamento e na pro
moção de gestão de lamas fecais co
nhecida que é a nossa vulnerabilida
de, no abastecimento de água, e agor
há uma janela para o campo dos trans
portes e desenvolvimento portuário
temos muitos outros como a União
Europeia, UN Habitat, Real Equity
For All, PRODIA, PRODEM
o Dialogo entre outros par
ceiros fundamentais.
Que avaliação faz sobre a
operacionalidade do Rio
Chiveve face às última
chuvas registadas na
Beira, que destruíram
infra-estruturas, so
bretudo as estradas
Não sei se se lembr
de que o fecho do
Chiveve trouxe gran
des desafios para a ci
dade. Houve degra
dação do ecossis
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erviços e mobilização dos munícipes,
usca de uma melhor coordenação de
ntervenções e de parcerias inteligenes
e atraçcão de oportunidades para o
ector privado.
Face a esta missão e uma visão para
que a Beira se torne numa cidade próspera,
segura, saudável, empreendedora,
tractiva, empregadora e bonita; bem
omo a combinação de desenvolvimento
socioeconómico e oportunidades
para o sector privado,
ivemos de iniciar o proesso
de desenvolvimento
do Master
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da Beira 2035
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Antecedentes,
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ção actual,
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conómicas
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o n s e -
quências
s p a -
iais,
s -
Opresidente do Conselho
Municipal da Beira, Daviz
Simango, disse em entrevista
ao SAVANA que o Master
Plan, concebido colectivamente
por vários sectores da sociedade e
parceiros da edilidade, constitui um
dos instrumentos basilares para a
edificação de uma Beira sustentável.
Nesta conversa aborda os contornos
do referido plano, os resultados da
conferência de investidores ocorrida
em Setembro de 2015 e ainda se
projecta mais um outro evento internacional
com vista a atrair potenciais
investidores que se interessem pelos
projectos da urbe. Falou da necessidade
de se juntar sinergias para
desembaraçar barreiras e, para tal,
conta com o apoio de todos, desde o
Governo central e provincial. Presta
vénia aos governos da Holanda, Alemanha
e Banco Mundial por seu envolvimento
técnico em projectos em
carteira.
O Conselho Municipal da Beira
(CMB) tem usado o MasterPlan
como sua bandeira, afinal qual foi a
motivação da concepção deste plano?
Agradecemos a este semanário por esta
oportunidade que nos dão para nos debruçarmos
em torno deste importante
projecto. Devo dizer que somos daqui
e vivemos aqui, o que nos impõe que
comecemos a preparar o futuro de forma
sustentável. A cidade da Beira está
localizada no delta do Rio Púnguè.
Este curso de água desagua no Oceano
Indico e, como deve perceber, este
processo natural e outras conjunturas
fazem com que a nossa urbe enfrente
muitas mudanças, primeiro devido ao
crescimento económico e da popula-
ção, o que influencia profundamente
na demanda de ocupação de novos
espaços, isto é, a procura de terra para
edificação de infra-estruturas, por um
lado, e, por outro, têm como desafios
provocados pelas mudanças climáticas
e escassez de recursos.
Embora haja uma forte e positiva correlação
entre crescimento económico
e urbanização, esse potencial relacionamento
não é espontâneo e nem se
desenvolve por si mesmo, daí a necessidade
de se edificar pilares centrais para
um desenvolvimento económico urbano
sustentável. Portanto, o CMB tinha
de adoptar e estabelecer uma conexão
entre dinâmicas de urbanização e o
processo desenvolvimento, eis a razão
de desenvolvermos o MasterPlan de
modo a proporcionar alicerces normativos
para a acção, os princípios operacionais,
as estruturas organizacionais e
as relações institucionais e sociais que
se encaixem no processo de urbaniza-
ção.
Em que consistiu a preparação do
MasterPlan?
Enquanto gestores urbanos temos
como missão de criarmos condições
que permitam o desenvolvimento saudável
da vida dos munícipes. Garantir
a protecção contra as calamidades,
criar um ambiente atraente para investimentos
e que possam proporcionar
emprego, melhorar a prestação de
Daviz Simango, edil da Beira
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EDITORIAL Cartoon
Cultivo desde muito novo a
imagem de um ser totalmente
descompromissado
com a rigidez das regras
que a sociedade nos pretende
impor e à qual muitos homens
cedem. Pretendo demonstrar, com
a forma como me apresento e ajo, o
meu total desapego em relação às
atracções que o lado material da vida
nos oferece, e que me distancio daquilo
que elas possam representar. Para
isto utilizo uma arma muito simples:
a forma como me visto.
Não sou apologista do desmazelo;
nem pouco mais ou menos. Mas
para teres uma ideia do que estou a
dizer-te, vou fazer-te uma descrição
sumária do meu guarda-roupa: tenho,
à vontade, uma boa centena de
peças, entre calças, calções e camisetas.
Quanto às calças e calções, são
todos invariavelmente ou de ganga
azul ou de caqui ou de bombazine.
As camisetas são todas de algodão,
sem símbolos inscritos nem letras de
qualquer tipo. Os meus pés andam
sempre embutidos em botas de meio
cano de camurça ou de cabedal. A
excepção faço-a aos fins-de-semana,
quando, de calções, me faço à rua com
os pés metidos num par de sandálias
de couro.
A única coisa a que se pode chamar
roupa decente ou “de saída”, para usar
a terminologia que é muito cara à minha
mulher, é um fato completo de
fazenda que apesar do tempo a que
está pendurado no meu guarda-fato
ainda está completamente novo, por
uma razão muito simples: só o usei
uma vez, para o meu casamento, isso
há 39 anos. São calças, um colete,
casaco, camisa branca e uma gravata
verde-clara, para contrastar com o
preto do conjunto.
Esta forma de me apresentar é que
constitui o único e grave motivo de
discussão entre eu e ela. O argumento
dela é que, com a minha idade, é um
absurdo eu perseverar em andar na
rua de jeans e caqui como se fosse um
jovem de 20 anos. E eu digo-lhe que o
que eu sou não é o que a minha roupa
é. Ou talvez seja, no sentido de que
eu quero que as pessoas tentem perceber
o que sou através da forma como
me apresento perante elas. Não sou
apologista do desmazelo, bem pelo
contrário, mas quero que as pessoas
entendam que a minha filosofia tem
como trave mestra a anarquia.
Esta minha atitude, para que entendas,
vem da necessidade também de
me livrar daquilo que me ficou da
infância, quando eu tinha três classes
diferentes de roupa: a de trazer por
casa, que era para as minhas brincadeiras
no meio da areia ou dos charcos
que a chuva fazia quando tomava
banho debaixo dela; outra que era
para levar para a escola, unicamente,
e que tirava logo que voltava de lá; e
outra mais restrita que era para usar
aos domingos, quando pela mão das
minhas irmãs mais velhas ia à missa.
A única concessão que faço, quando
temos de sair juntos, eu e ela, é a de
meter as fraldas da camiseta dentro
das calças e pendurar por cima daquela
um colete (tenho três, mas todos
de cabedal. A única diferença são
as cores: um é preto, outro castanho e
outro ainda verde). Mesmo assim, ela
faz questão de que saiamos de casa a
horas diferentes. Nunca juntos, portanto.
Ela sai primeiro, com um avan-
ço de 1H a 1H30, eu depois vou atrás.
Mas naquela semana em que recebemos
o convite dos nossos padrinhos
de casamento para participar, juntamente
com dezenas de outros afilhados,
no churrasco que ofereciam no
seu quintal à volta da piscina na Matola
Rio para assinalar as suas bodas
de ouro de casamento, decidi fazer
uma surpresa à minha querida esposa.
Quando ela saiu 1H30 antes de
mim, disse, apontando para cima da
cama – “Estão aí os teus caquis e jeans
e algumas camisetas. Hás-de escolher
aqueles que quiseres pôr.”
Propositadamente cheguei ao churrasco
com um atraso de 2H. Como
calculava, já lá estavam todos, cerca
de meia centena de pessoas, todos de
calções, sapatilhas e camisetas largas,
às voltas com os pedaços de carne dos
animais que faziam parte da criação
dos donos da casa. E eu apresentei-
-me rigorosamente vestido: calças de
fazenda cara, camisa branca de mangas
compridas, colete, casaco, gravata
verde-clara. Era o fato do meu casamento.
Foi um sucesso estuporado e
as pessoas, bílis no olhar, não sabiam
se aquele era um primeiro sinal de
demência ou se era puro gozo. Um
estupor!
Quando, muito mais tarde, na cama,
ela se virou para mim com um acesso
de ira contido e me perguntou – “Que
ideia foi essa de ires ao churrasco dos
padrinhos de casaco e gravata? Não
sabes o que é um churrasco?” – eu
respondi-lhe – “Decidi que hoje era
um dia especial tanto para os nossos
padrinhos como para nós e então
achei que era a melhor altura para te
fazer uma pequena surpresa e te fazer
feliz definitivamente. Decidi, por isso,
esquecer os meus caquis e jeans e sandálias
e usar a minha roupa de saída, a
única que tenho.”
Ela suspirou fundo, virou-se para o
lado e começou a soluçar baixinho.
T
al como a maior parte das instituições do nosso Estado, a Polícia da
República de Moçambique (PRM) celebra este ano 42 anos da sua
existência, com uma série de eventos comemorativos ao longo de
todo o ano.
O ponto máximo destas comemorações foi no último dia 17 de Maio, a
data exacta em que foi criado o Corpo de Polícia de Moçambique (CPM).
Em 1979 mudou de designação para Polícia Popular de Moçambique
(PPM) e, só em 1992, com as mudanças no regime político, passou a ostentar
o actual nome.
E foi no contexto destas celebrações que o Ministro do Interior, Basílio
Monteiro, terá dito que a corporação precisa de melhorar os seus métodos
de trabalho de modo a minimizar o número de fatalidades desnecessárias,
que muitas vezes ocorrem quando a polícia é confrontada com situações
de gestão de multidões.
Muitas vezes, tais situações resultam de manifestações populares onde os
ânimos atingem níveis que geralmente obrigam a polícia a ter de recorrer
a meios de dissuasão.
Traz algum conforto ouvir essa preocupação da parte do titular político que
superintende a área da segurança interna. Significa que existe, a esse nível,
a consciência das fragilidades que enfermam o trabalho da nossa polícia
e a necessidade de uma mudança positiva nos seus métodos de actuação.
Antes de tudo é preciso reconhecer as extremamente difíceis condições em
que os agentes da PRM trabalham, muitas vezes com meios limitados e,
diga-se em abono da verdade, com uma formação notoriamente deficitária.
Por isso é que a corporação nunca foi poupada das mais degradantes anedotas,
desde o agente com uma espingarda AKM mais comprida do que
a sua própria altura, até ao polícia de trânsito que, mesmo encontrando-
-se de folga, instala-se na esquina mais próxima para extorquir dinheiro a
motoristas incautos.
Em certos casos, não é preciso um olho clínico para concluir que, fisicamente,
alguns dos nossos polícias não estão preparados para o rigor que deles
se espera no exercício das suas tarefas. O nepotismo e o mercantilismo
que, não raras vezes tomam conta das admissões na função pública, podem
ser os motivos para que muita gente sem vocação acabe encontrando conforto
nas hostes da PRM.
Mas é no fenómeno das mortes resultantes de balas perdidas que as defi-
ciências no trabalho da corporação se tornaram notórias, causando luto a
famílias tão pobres e completamente desprotegidas para encontrarem os
caminhos que lhes permitam usufruir do seu direito de regresso.
Quando não são balas perdidas contra vítimas inocentes, a PRM tornou-
-se também bem conhecida pelas suas acções espetaculares de perseguição
a supostos “perigosos cadastrados”, que invariavelmente terminam com a
morte dos alvos. Algumas vezes em acções de suspeita queima de arquivos.
Embora não se possa generalizar, a reputação da PRM tem sido ensombrada
pelo envolvimento de alguns dos seus agentes nos sindicatos do crime.
O recente assalto a uma viatura da polícia, e que culminou com a libertação
de dois criminosos condenados, e cujos corpos vieram a ser descobertos na
Moamba, província de Maputo, são indícios claros de alguns agentes profundamente
entrincheirados no mundo do crime. As explanações pouco
criativas ao nível oficial sobre os dois corpos, devidamente identificados
pelos familiares, só serviram para mostrar o quão grave a situação se tornou
no seio da corporação.
Há muito trabalho que necessita de ser feito para restaurar a credibilidade
da nossa polícia e devolver-lhe a confiança que deve merecer da parte do
público.
Um dos primeiros passos seria o estabelecimento de um código que torne
expressamente proibida a morte de civis, seja em que circunstâncias for, em
situações de contacto com a polícia ou sob custódia desta. Em certos casos
a polícia é confrontada por perigosos criminosos que recorrem a armas
de fogo e, nessas circunstâncias, será impossível que ela não reaja com o
mesmo poder de fogo, em legítima defesa.
Contudo, mesmo nessas circunstâncias, deve ser instituído um mecanismo
legal que coloque o agente em causa em quarentena, até mesmo para permitir
a reposição do seu próprio equilíbrio psíquico.
Um dispositivo legal deve permitir a criação de um mecanismo independente
de investigação sobre a morte de civis que se encontrem sob controlo,
ou em contacto com a polícia.
Este mecanismo não teria somente uma finalidade punitiva, para casos
em que se tenha registado alguma negligência ou intenção comprovada
de matar, mas teria também um efeito didáctico, no sentido de permitir
que a corporação tenha um perfil do tipo de possíveis incidentes fatais e
estudar as melhores formas de como tal pode ser evitado no futuro. E claro,
as lições daí extraídas poderão ser utilizadas no processo de formação de
futuros polícias. O objectivo fundamental é que em toda a sua actuação, a
polícia tenha sempre presente o dispositivo constitucional que consagra o
direito de todos os cidadãos à vida.
A PRM e o direito à vida
Roupa de saída
DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA
Savana 19-05-2017 19 OPINIÃO
528
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
No final do ano transacto, o
Conselho Constitucional,
a pedido expresso, procedeu
à fiscalização sucessiva
da constitucionalidade do nº 1 do
artigo 33º, da Lei nº 7/2014 de 28
de Fevereiro, (Legislação que Regula
os Procedimentos Atinentes Ao
Processo Administrativo Contencioso)
que, ao abrigo do Acórdão
nº 6/CC/2016, declarou a inconstitucionalidade
material daquele
dispositivo.
Perante esta medida necessária, alguns
cidadãos usando os meios de
informação escrita veicularam a
“inconstitucionalidade do contencioso
administrativo”.
O que foi posto em causa por aquele
órgão jurisdicional é, apenas, o nº
1 do artigo 33º, constituindo deste
modo, a derrogação da referida norma.
Foi manifestada a satisfação fazendo-se
alusão ao ganho que o cidadão,
particularmente o funcionário
público, passou a ter e que podia,
a partir de então, recorrer directamente
ao tribunal administrativo,
vencidas as barreiras que constituí-
am, o recurso hierárquico, o recurso
hierárquico (des-necessário) também
conhecido por recurso tutelar e
demais garantias graciosas ou administrativas
vigentes.
Sem pôr em causa a iniciativa do
jurista que tomou a liberdade de
recorrer aos bons ofícios do Digníssimo
Provedor da Justiça, pois, de
contrário seria necessário recolher
duas mil assinaturas para conferir
legitimidade ao pedido de fiscaliza-
ção do dispositivo em apreço. Nestes
termos mérito seja reconhecido.
Outra via seria a de um tribunal
competente desaplicar a norma
declarando-a materialmente inconstitucional,
cuja obrigatoriedade
de sua observância no ordenamento
jurídico se efectivaria, após três
pronunciamentos sucessivos do órgão
de jurisdição administrativa, ao
apreciar um número igual de casos
concretos.
Mas, o que se pretende com a presente
reflexão não está relacionado
à (definitividade e executoriedade)
do acto administrativo, norma que
já desapareceu no mundo jurídico-
-administrativo moçambicano, mas
sim o seu irmão-gémeo, a (mera legalidade)
do recurso contencioso, por
serem ambos traumas de infância do
contencioso administrativo, sendo
ainda os resquícios dos tempos do
administrador-juiz.
Na verdade, não fazia sentido em
pleno século XXI considerando a
evolução que o contencioso mo-
çambicano conheceu, se tomarmos
em linha de conta as disposições
jurídico-administrativas consagradas
nas duas últimas Constituições,
a de 1990 e 2004, respectivamente,
porque, afinal, o Direito Administrativo
é por excelência o Direito
Constitucional aplicado.
Perante a declaração de inconstitucionalidade
material do nº 1 do
artigo 33º, escapou, incólume, o artigo
32º da mesma Lei, cuja reflexão
pretendemos levá-la a cabo.
A análise sobre a mera legalidade do
contencioso administrativo, a prevista
no artigo 32º da Lei nº 7/2014
de 28 de Fevereiro, deve ser vista
sob duas grandes perspectivas: (1) a
análise interpretativa e doutrinária
dos dispositivos legais em jogo e (2)
a situação actual do recurso directo
de anulação.
Assim, relativamente à análise interpretativa
e doutrinária dos dispositivos
legais, cumpre extrair o seguinte:
i) A mera legalidade como natureza
e objecto do recurso contencioso
administrativo, foi posto
em causa imediatamente após a
revisão constitucional de 2004,
passando a haver uma (inconstitucionalidade
superveniente), da
referida norma, como se pode
observar do nº 3 do artigo 253º
da CRM, sublinhado nosso.
ii) O acima referido se justifica pela
existência de um direito subjectivo
reactivo quando o cidadão,
que se vê prejudicado ou em vias
disso, no seu âmbito material ou
moral de interesses, por actua-
ções administrativas ilegais, adquire,
pela conjugação dos dois
elementos, de prejuízo e de ilegalidade,
um direito subjectivo à
eliminação dessa actuação ilegal
de modo a que se defenda e se
restabeleça a integridade dos
seus interesses.
iii) Das imposições constitucionais
e da tese subjectivista que o contencioso
adquiriu através da sua
recente evolução, se pode extrair
a defesa da existência de um direito
à legalidade feito valer num
processo, que consistia num (poder
dos particulares de exigir dos
órgãos e agentes da Administra-
ção Pública a observância estrita
dos preceitos legais que os vinculam,
porque, serve, a um tempo,
os interesses privados dos
particulares e o interesse público
de uma Administração submissa
à lei); sendo este o mais característico
direito subjectivo público
dos particulares.
iv) Estamos convencidos que hoje
é líquido que o papel do recurso
contencioso de anulação não se
cinge à “mera legalidade”, ou seja,
o seu objecto e natureza não é
apenas o controlo da legalidade.
v) Considerar apenas a aprecia-
ção da legalidade do acto num
recurso contencioso de anulação,
ou num recurso directo
de anulação, significa deixar ao
critério do órgão autor do acto
administrativo, o exercício de
auto-tutela, que é proibida num
Estado de Direito Democrático,
porquanto, a tutela jurisdicional
perante as disposições legais, é
exigível que seja efectiva, e que
ofereça segurança jurídica ao
cidadão carente de justiça, que
busca junto de um tribunal instituído
na ordem jurídico-constitucional.
vi) Impõe-se à ordem jurisdicional
administrativa não apenas fiscalizar
a legalidade, anular ou declarar
a nulidade ou inexistência
do acto administrativo desconforme,
mas devendo exercer a
função constitucional que lhe
incumbe nomeadamente o nº 2
do artigo 228º e nº 1 do artigo
230º, ambos da (CRM:2004).
vii) Os aspectos supra podem ainda
ser sustentados com a disposi-
ção legal estabelecida no artigo
6º da Lei nº 24/2013, de 1 de
Novembro, que declara sob a
epígrafe (Normas e princípios
inconstitucionais) “A jurisdição
administrativa não pode aplicar
leis ou princípios que ofendam a
Constituição”. Ora, esta disposi-
ção deve ser completada com a
leitura do nº 5 do artigo 13º da
referida Lei, que mais uma vez
deve conjugar-se com o previsto
no artigo 253º da CRM.
Relativamente à situação actual do
recurso directo de anulação importa
destacar o seguinte:
O artigo 253º, nº 3, da Constituição,
consagra um sistema de contencioso
administrativo de tipo subjectivo,
que pode ser sustentado com os
seguintes argumentos: “o legislador
constituinte quis manifestamente superar
os limites apertados do contencioso
de mera legalidade, e avançar para
um contencioso subjectivo, norteado
pela preocupação de garantir a protec-
ção dos direitos subjectivos e interesses
legítimos dos particulares”.
No contexto do argumento supra,
o modelo subjectivo de contencioso
que abrange o tradicional recurso
directo de anulação, mas que pode
levar, igualmente, à criação de outros
meios jurisdicionais, destinados
a obter a completude da protecção
jurisdicional dos direitos dos cidadãos.
Deste modo, o preceito constitucional
em questão poder-se-ia dividir
em duas partes, designadamente:
- Numa primeira parte, este preceito
refere-se ao recurso de anulação,
atribuindo-lhe um carácter subjectivo.
Com efeito, o direito ao recurso
é concebido como um direito
fundamental dos cidadãos (direito
fundamental de natureza análoga, a
do artigo 56º da CRM, e ao recurso
é atribuída a função de protecção
dos particulares, ou de “garantia dos
seus direitos”, conforme determina
o artigo 62º nº 1, da Constituição,
que consagra o direito de acção, de
que o “direito ao recurso” constitui
a especificação no domínio do contencioso
administrativo.
- Numa segunda parte, estabelece-
-se, ainda, a possibilidade de este
meio jurisdicional vir a ser completado
por outro, a fim de garantir a
completude da protecção dos cidadãos
nas suas relações com a Administração,
sendo a previsão do artigo
111º, alínea c) da Lei nº 7/2014 de
28 de Fevereiro “reconhecimento de
direitos ou interesses legalmente protegidos”.
Como se pode perceber, através dos
preceitos constitucionais referidos
supra, o legislador constituinte quis
consagrar um modelo de contencioso
administrativo subjectivo, abrangendo
tanto o tradicional meio de
impugnação de actos administrativos,
como outros eventuais meios
jurisdicionais a serem futuramente
criados.
A interpretação do artigo 253º da
CRM, que o legislador ordinário
fez, foi deixar subsistir com a sua
feição objectiva tradicional, o recurso
contencioso de anulação e criaram
um novo meio processual, de
carácter subjectivo, a que se chamou
“acções de reconhecimento de direito
ou interesses legítimos”.
Pode concluir-se que a inércia do
legislador ordinário terá contribuído
para, por exemplo, o não enquadramento
processual do recurso directo
de anulação por força do nº 3 do
artigo 253º, prevalecendo por largo
tempo a fiscalização apenas da legalidade
do acto administrativo.
Porém, reduzir a disposição ao
princípio objectivo do contencioso
afastando literalmente o princípio
subjectivo, pode desvirtua-la, como
podemos verificar nas seguintes
conclusões:
I. A função principal do recurso
contencioso é a protecção directa
dos direitos dos particulares
e, só mediatamente, a defesa da
legalidade e do interesse público,
como se conclui da interpretação
dos artigos 253º, nº 3, e
artigo 62º, nº 1 da CRM.
II. A entidade fiscalizadora da Administração
é um verdadeiro
tribunal, independente da Administração
Pública e integrado
no poder judicial como estabelece
o artigo 228º da CRM, como
materialização do princípio da
separação de poderes, aliás, consagrado
no artigo 134º, também
da CRM, em respeito da separação
das magistraturas que a
Constituição da República privilegia,
em defesa do Estado de
Direito Democrático.
III. O particular é titular de posi-
ções jurídicas substantivas nas
suas relações com a Administra-
ção Pública, o que se observa da
leitura do artigo 249º da CRM.
IV. O objecto do processo não é o
acto administrativo, mas as pretensões
das partes relativamente
a este acto.
V. Quando o recurso é interposto
por um particular, o seu objecto
é um direito subjectivo lesado
afirmado pelo particular. O pedido
é, formalmente, a anulação
ou declaração de nulidade ou
inexistência de um acto administrativo,
sendo este, o (pedido
imediato) como forma de protecção
de um direito subjectivo
lesado (pedido mediato).
VI. A causa de pedir no recurso
contencioso de anulação não é a
ilegalidade ou invalidade de um
acto, mas tão só, essa invalidade
enquanto relacionada com os
direitos dos particulares, e nos
termos em que é por eles con-
figurada.
Nesta perspectiva, observando-se a
legislação em vigor no nosso ordenamento
jurídico, pode concluir-se
que, afinal, o contencioso administrativo
não pode permanecer tal
como está.
Atento ao Direito Administrativo
pátrio, e, por ordem hierárquica,
sendo as disposições Constitucionais
relativas a este ramo do Direito
(CRM:2004), a Lei nº 7/2014 de 28
de Fevereiro – intitulada por ”Legislação
que Regula os Procedimentos
Atinentes ao Processo Administrativo
Contencioso” a Lei nº 24/2013 de 1
de Novembro - concernente ao melhoramento
do controlo da legalidade
dos actos administrativos .......,
podemos concluir sem grande esfor-
ço, que o nosso contencioso administrativo
necessita de um “Código”
próprio, por se tratar de um ramo de
direito adjectivo ou processual.
Derrogar a presente legislação dando
enfoque às normas em confronto
com a lei fundamental não resolverá
o problema, para uma disciplina do
Direito em permanente evolução.
Alguns exemplos sustentam a afirmação
supra, nomeadamente a contradição
entre o artigo 188º quanto
à “impossibilidade absoluta e definitiva
de execução” e o nº 1 do artigo
196º ambos da Lei nº 7/2014 de 28
de Fevereiro.
Discutiu-se com alguma acuidade
o elemento de índole subjectiva de
grande indagação no contencioso
administrativo, nomeadamente “ o
princípio do incidente principal”, tema
a reflectir nos próximos momentos.
E
m 2008 uma equipa de
pesquisa sob minha direcçcão
pediu a centenas
de estudantes do ensino
primário de escolas do país,
com currículos possuindo a
disciplina de Educação Cívica
e Moral, que fizessem redac-
ções sobre o que se devia fazer
a uma ladrão e a um feiticeiro,
com desenhos de ambos.
Regra geral, as crianças propuseram
que os ladrões fossem
castigados antes de serem
entregues à polícia e que os
feiticeiros (usámos sempre o
masculino) fossem mortos.
Nos desenhos, as crianças pintaram
os ladrões com calças e
os feiticeiros com saias.
Isso mostrou que elas são educadas
de uma certa maneira
e que a disciplina de Educa-
ção Cívica e Moral não surtia
qualquer efeito dissuasor no
tocante à violência, à crença
na feitiçaria e à punição.
Crianças educadas de uma
certa maneira podem tornar-
-se linchadoras quando adultas.
Educação e linchamentos
Por Abraao Piraba
A Natureza e Objecto do Recurso Contencioso
20 Savana 19-05-2017 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
À
possibilidade de a Procuradoria-
-Geral da República (PGR) estar
a “proceder à verificação e análise
do relatório, com vista a aferir da
sua conformidade com os termos de referência”
emerge a hipótese de devolução
em resultado de inconformidade. Esta
leitura, sugerida por este procedimento,
vale como hipótese e remete-nos a uma
pergunta: poderá isto vir a ser possível?
Uma empresa renomada como a Kroll,
com experiência em auditoria (forense),
com seis meses a trabalhar no assunto das
“dívidas ocultas”, até podia dar-se ao luxo
de executar o seu trabalho fora do que foi
acordado nos termos de referência, mas,
entretanto, não cometeria o erro de entregar
um relatório final cujo conteúdo
denunciasse “inconformidade”.
Apurados os factos, o tão aguardado relatório
da Kroll Associates UK, entregue
O tão aguardado relatório da Kroll
no dia 12 de Maio à PGR, já devia estar a
ser partilhado com o público, independentemente
da defendida “salvaguarda do segredo
de justiça”. Como dizem os conhecedores da
área “relatório é relatório” e “crime é crime”.
Se se diz isso e, entretanto, o relatório continua
vedado ao consumo público, então, o
que dirão todos outros que não têm o mesmo
entendimento da PGR? O que dirão aqueles
“putos da água” que gritaram “ladrão”? Estes
não esperam por nenhum relatório e já publicaram
o seu. O cidadão ainda pergunta: por
que razão as dívidas contraídas não passaram
pela Assembleia da República e nem foram
inscritas nas contas públicas?
Pelo histórico de casos arquivados, casos mediatizados
que tecnicamente entraram em
processo de sua “desmediatização” pela mão
interna, estamos num campo fértil de produção
de uma lógica de compreensão baseada
na sequência de adiamentos com relação
à entrega do referido relatório. Há no ar a
percepção de existência de procedimentos
geradores de dúvidas ou de incongruências e
isso dá asas à imaginação. Ou seja, depois de
tanta demora, num processo no qual as emo-
ções tecnicamente arrefeceram, finalmente a
entrega do relatório tornou-se realidade. Entretanto,
de forma indefinida, obrigam-nos a
esperar pela chegada da cereja. Pretende-se
que esta entre em conformidade com o tão
aguardado bolo. Podíamos começar a comê-
-lo mesmo antes da cereja! Não é fácil suportar/sobreviver
a três adiamentos, e, para
combinar, continuar a salivar quando já não
se coloca a questão de mais um “adiamento”.
Ou o bolo é demasiado bom que cabe aos outros
comê-lo ou a equipa que o prepara está
mais preocupada com a forma (adequada ao
seu povo) do que com o conteúdo, ou, alguém
ainda pensa que está em terra de cegos. O
risco é o bolo encolher durante o processo de
escolha e retirada das melhores partes,
aquelas mais interessantes e cobiçadas
por qualquer um.
Cá entre nós: o cidadão não foi preparado
para os três adiamentos porque se lhe
passou a ideia de uma empresa de idoneidade
e competência reconhecidas internacionalmente.
Apesar do veredicto popular
com relação às “dívidas ocultas” o cidadão
ainda não pode responder com propriedade
sobre o destino dado aos cerca de 2,2 mil
milhões de dólares em causa. O cidadão
não foi antecipadamente preparado para
os procedimentos que se seguiriam após a
entrega do relatório final pela Kroll. Apesar
de tudo isso, o cidadão espera pacientemente
pela cereja que será colocada no
topo do bolo. Depois de colocada a cereja
não nos venham dizer que agora faltam os
pratinhos.
A
ordem liberal do pós-guerra tem enfrentado
sérias dificuldades desde a
crise financeira de 2008, o que enfraqueceu
as economias ocidentais e
minou órgão da governança global e institui-
ções reguladoras.
No encontro anual do Fórum Económico de
Davos, em Janeiro, o presidente chinês, Xi
Jinping, abordando a experiência recente chinesa,
falou em defesa da globalização e forneceu
uma visão de desenvolvimento inclusivo
e sustentável. Com a administração do presidente
norte-americano, Donald Trump, a
virar as costas ao internacionalismo, a China
deu um passo em frente para assumir o papel
de liderança global. Mas pode a China verdadeiramente
assegurar as soluções alternativas
necessárias para manter ligados os motores
da globalização?
A ordem liberal do pós-guerra tem enfrentado
sérias dificuldades desde a crise financeira
de 2008, o que enfraqueceu as economias
ocidentais e minou órgão da governança
global e instituições reguladoras. De acordo
com a directora-geral do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Christine Lagarde, as
economias emergentes representaram mais
de 80% do crescimento global no pós-crise,
e agora contribuem com 60% do PIB global.
Entretanto, potências emergentes, particularmente
a China e a Rússia, enfraqueceram
ainda mais instituições e valores considerados
chave. A anexação russa da Crimeia, em 2014,
e a intervenção na Síria desafiaram princípios
do intervencionismo humanitário tais como
a “responsabilidade de proteger” (R2P); e a
ascendente China confronta a supremacia
ocidental – em termos de hard e soft power –
na era global do pós-guerra.
Os Estados Unidos responderam a tais desenvolvimento
tentando criar uma ordem
liberal 2.0 e promovendo um eixo estratégico
para salvar o status quo na Ásia. Muitos
observadores focaram-se no objectivo americano
de prevenir uma predominância regional
chinesa. Mas os Estados Unidos também
querem defender e fortalecer os princípios
que tornaram possível o sucesso asiático a
seguir à Guerra – aquilo que o secretário de
Estado adjunto, Kurt Campbell, chama “sistema
operativo” asiático”.
Desta forma, a administração Obama procurou
promover a democracia em Myanmar;
impôs regras de protecção à liberdade de
navegação marítima; e concluiu o acordo de
Parceria Trans-Pacífico, entre os EUA e 11
outros países das margens do Pacífico. Entretanto,
em Dezembro de 2015, o Congresso
norte-americano ratificou as reformas de
2010 das quotas e governança do FMI; e, em
Outubro de 2016, o conselho executivo do
FMI adicionou o chinês renminbi ao cabaz
de moedas consideradas reservas mundiais,
os Direitos Especiais de Saque.
Se Hillary Clinton tivesse vencido as eleições
presidenciais americanas de 2016, poderí-
amos estar agora a assistir um esforço continuado
dos EUA no sentido de revigorar e
preservar o duradouro status quo na Ásia e
não só. Mas, com a administração Trump,
muitos temem que os acordos internacionais
existentes possam em breve ser rompidos.
O interesse americano em manter a ordem
liberal mundial advém do seu papel enquanto
aquilo a que os cientistas políticos chamam
de “responsabilidade fiduciária” e “tomador
de privilégios” desse sistema. Mas Trump vê
a hegemonia norte-americana como um fardo
e parece alheado dos privilégios que isso
garante, no mínimo os muitos benefícios
associados ao controlo da principal moeda
de reserva mundial. Mas, ao mesmo tempo,
Trump não quer ceder a preeminência global
americana, o que significa que ele pode
mostrar propensão para guerras comerciais
ou mesmo conflitos militares.
Considerando o papel da China num mundo
assim, vale a pena notar uma mudança fundamental
no pensamento chinês nos finais
da década de 2000, distante da preocupação
com o estatuto internacional e em direcção
a um mais estreito foco no rejuvenescimento
nacional, ou o “sonho chinês”. Por exemplo,
uma análise aos media chineses feita por
Pode a China salvar a ordem global?
Por Yong Deng*
Alastair Iain Johnston, da Universidade de
Harvard, concluiu que, “em vez de um foco
nas ‘forças hostis’ anti-estrangeiro, a mensagem
ideológica primordial de Xi é o ‘grande
relançamento da nação chinesa’”.
Os realistas em questões de política externa
definem o estatuto de grande potência nos
termos da auto-percepção ou capacidades
materiais de um país. Para a China, contudo,
o estatuto é concebido no contexto das
suas relações com a autoridade estabelecida,
designadamente o Ocidente. Começando
nos anos 1990, a China começou por ver os
EUA e o Ocidente como representantes da
corrente global dominante. Enquanto os lí-
deres chineses podem não aspirar integrar o
Ocidente, procuram certamente o seu reconhecimento.
Eles não querem que a China
seja percepcionada como um poder revisionista
hostil, nem que seja colocada à margem
da ordem existente.
É por isso que a China começou a gravitar
em direcção ao Ocidente e a procurar integração
adicional na economia global. A ideologia
governamental reformista ditou que
a China “se conecta pela via internacional”.
Mas, depois da crise financeira de 2008, os
chineses descobriram de repente que a “via
internacional” estava com problemas. Por
necessidade, mas também por escolha, desde
então a China tornou-se uma potência auto-
-centrada e “pós-responsável”. Está agora
menos limitada pelo status quo e mais empenhada
em mudá-lo.
Afortunadamente, a China não está a agir
como uma tradicional potência revisionista
e permanece profundamente comprometida
com a globalização económica. Os líderes
chineses vêem o seu país como o novo motor
desse processo. Desde 2013, Xi tem desenvolvido
o massivo programa chinês “um cinturão,
uma rota”, desenhado para estimular o
crescimento através da conectividade global e
do investimento em infra-estruturas. A China
não quer uma Ásia dividida, nem blocos
regionais fragmentados construídos em cima
de fendas geopolíticas, pelo que tem vindo a
cultivar uma cortesia internacional através de
interesses partilhados.
Porém, a China enfrentará um conjunto único
de problemas à medida que tentar seguir
em frente com a tocha da globalização económica.
Desde logo, continua a ser um país
em desenvolvimento e o seu panorama doméstico
está repleto de riscos políticos e incertezas
económicas. O Governo de Xi tem
sentido dificuldades em assegurar estabilidade
ao nível doméstico à medida que afasta a
China de um perfil de trabalho intensivo, de
crescimento económico assente em grandes
investimentos em direcção a um modelo baseado
no consumo interno e nos serviços. A
primazia desta agenda doméstica significa
que, à tentativa chinesa de liderar uma mudança
global, vai faltar uma visão clara e uma
estratégia coerente.
Um segundo problema decorre da transição
incompleta da China no palco internacional.
Depois de vencer a Segunda Guerra Mundial,
os Estados Unidos dominaram o mundo
imediata e inequivocamente. A China, ao
procurar liderar a próxima fase da globalização
económica, não beneficia de tal poder
geopolítico ou legitimidade.
Observadores ocidentais e no mundo em
desenvolvimento questionam-se sobre se as
soluções apresentadas pela China são genu-
ínos bens públicos; muitos suspeitam que,
por exemplo, a iniciativa chinesa “um cinturão,
uma rota” é um esquema unilateralmente
imposto de auto-preservação. Essa incerteza
realça um ponto central: se a ordem liberal
mundial pode estar a passar dificuldades, uma
alternativa liderada pela China não é ainda
discernível.
*Yong Deng é professor de Ciência Política na
Academia Naval dos Estados Unidos em Annapolis,
Maryland. Entre os seus livros sobre
relações externas chinesas inclui-se “China´s
Struggle for Status”.
Savana 19-05-2017 21 PUBLICIDADE
22 Savana 19-05-2017 PUBLICIDADE DESPORTO
Savana 19-05-2017 23 DESPORTO DESPORTO
Reunião da Mozal para as Partes Interessadas
A Mozal SA, tem a honra de convidá-lo(a) a participar na reunião da Mozal para as partes interessadas. A reunião
será realizada na Quinta-feira do dia 25 de Maio de 2017, na Aliança Eventos, Rua da Mozal no 509, Matola Rio,
Província de Maputo.
O registo de participantes iniciará as 08h00, devendo a reunião começar as 09h00.
Esta reunião tem como objectivo informar a comunidade e a todo público interessado sobre o desempenho da Mozal
no que concerne a Saúde Ocupacional, Segurança no Trabalho, Gestão Ambiental e Responsabilidade Social
Corporativa. Este encontro irá oferecer a oportunidade de se discutir assuntos relacionados com todas actividades
da Mozal.
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contactos:
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( PDLO HQYLUR PR]DO#6RXWK QHW
Contrariamente à percepção
inicial, que indiciava um
ambiente de cortar à faca no
Clube Estrela Vermelha da
capital, tendo como cerne da questão
a suspensão do treinador Sérgio Faife,
alegadamente por ter insultado a
direcção do Costa do Sol, a verdade é
que o assunto já pertence ao passado.
Nesta segunda-feira, o SAVANA
apurou de fontes inside do clube os
detalhes relativos ao encontro havido
entre o treinador e a direcção.
Resumidamente, de acordo com as
nossas fontes, o processo disciplinar
que foi instaurado contra o treinador,
incluindo os elementos da sua defesa
e outros intervenientes subsequentes,
“aponta não haver matéria objectiva
para sancionamento”, mas sim culpas
repartidas, entre o treinador, e aquilo
que foi a acção do departamento de
futebol”.
Neste sentido, o passo a seguir é o levantamento
da suspensão que tinha
sido recomendada pelo departamento
de futebol e a homologação dos acordos
que foram feitos para que a interpretação
do contrato e das normas
internas “não voltem a sofrer perturbações”.
Explicam que em função dos supostos
pronunciamentos feitos na comunica-
ção social contra o Costa do Sol, por
sinal parceiro do Estrela Vermelha,
ficou demonstrado que “o que veio
publicado não é necessariamente o
que o treinador disse, por isso não terá
ofendido a ninguém, muito menos ao
Costa do Sol”.
As fontes esclareceram que era importante
ouvir o treinador para que depois
desse incidente se pudesse conhecer as
suas condições motivacionais. “Graças
a Deus ele soube perdoar as pessoas
que eventualmente o terão interpretado
mal e mostrou-se pronto para voltar
ao trabalho”.
E acrescentam: “o departamento de
futebol também o interpretou mal no
conteúdo das acusações nomeadas no
processo disciplinar e cada uma das
partes se explicou e a conclusão a que
se chegou é que não há outras razões
para alaridos porque o Costa do Sol
nunca enviou nenhuma carta ao Estrela
Vermelha a impedir o mister Faife
de usar as suas instalações, para além
de que essa realidade seria apenas um
agravante no processo e nunca a causa
principal. Por isso, estão criadas as
condições para ele retomar ao trabalho
normalmente”, anfiaçaram.
Na verdade, o que aconteceu é que o
Costa do Sol apenas manifestou formalmente
a sua indignação com o
que vinha no jornal, mas o treinador
defendeu-se, afirmando que o que está
escrito no jornal não é seu produto.
“Mesmo quando se sentiu indignado,
o Costa do Sol nunca impediu o treinador
de colocar os pés no seu campo,
o departamento de futebol do Estrela
Vermelha é que interpretou assim e
propôs a suspensão, por conseguinte, é
um assunto encerrado”.
Entretanto, nesta quarta-feira, o SAVANA
ouviu o pensamento do presidente
Luís Manhique sobre o assunto,
mas declinou tecer esclarecimentos
adicionais, ao mesmo tempo que foi
muito reservado quando questionado
se haveria uma relação de causa-efeito
entre os maus resultados do Estrela
Vermelha na divisão de honra e a suspensão
de Faife.
”As questões disciplinares são de primazia,
sejam contra quem for e o resto
vem a seguir e eu acreditava que havia,
porque aquilo que me haviam proposto,
razões disciplinares para justificar a
suspensão”.
Manhique anotou que o treinador
Sérgio Faife “reafirmou que uma das
coisas que o faz pedir perdão, apesar
“
O presidente da FMF, Alberto Simango Júnior, foi quinta-feira
última nomeado para a Comissão de Apelo da FIFA, no encerramento
do 67o
Congresso da FIFA, que decorreu naquela data em
Manama, capital do Bahrein.
O mandato da Comissão de Apelo é de quatro anos. Na realidade moçambicana,
esse órgão corresponde ao Conselho Jurisdicional. É o órgão para
o qual, numa decisão disciplinar tomada por um outro órgão de hierarquia
inferior, tal o caso das confederações continentais (CAF ou UEFA), não se
conformando, o sancionado recorre à Comissão de Apelo da FIFA.
Com a sua nomeação, Simango tornou-se no primeiro moçambicano a
fazer parte dos corpos sociais da FIFA, desde que a FMF se tornou membro
de pleno direito daquele organismo que governa o futebol mundial,
em 1976. Reagindo à sua nomeação, Simango disse que a mesma honra
o nosso país, antes de admitir que pesou para a escolha da FIFA, o seu
currículo desportivo. “Eu comecei no futebol como atleta. Depois fui a um
clube (Costa do Sol), onde me tornei sócio e mais tarde dirigente do departamento
de futebol. De lá passei para a Liga Moçambicana de Futebol
(LMF), onde primeiro fui membro da direcção antes de ser eleito presidente
por dois mandatos. Quando saí da LMF fui eleito presidente da FMF.
Portanto, tenho um currículo desportivo que deve ter pesado para a minha
nomeação para o Comité de Apelo da FIFA” , admitiu Simango Júnior.
Simango na Comissão de
Apelo da FIFA
A explicação que faltava
$ÀQDOQmRKiPDWpULDSDUDFUXFLÀFDU6pUJLR)DLIH
Por Paulo Mubalo
de ter falhado, é estar satisfeito com o
nosso nível de organização e quando é
assim vale a pena continuar”.
E acrescenta: “Ele disse que sabia que
apesar das condições do Estrela Vermelha
serem boas, as exigências eram
também altas. Eu disse-lhe que o meu
telemóvel está disponível a qualquer
momento para tratar o que for obstáculo
e ele próprio confirmou haver
bom ambiente para continuar apesar
do incidente”.
Sérgio Faife
24 Savana 19-05-2017 CULTURA
CONFERÊNCIA
AGRICULTURA, DIVERSIFICAÇÃO E
TRANSFORMAÇÃO ESTRUTURAL DA ECONOMIA
O OMR organiza uma conferência que tem como tema: AgriFXOWXUD
'LYHUVL¿FDomR H 7UDQVIRUPDomR GD (VWUXWXUD GD
(FRQRPLD o qual ocorrerá no dia 24 de Maio, no Centro Internacional
de Conferências Joaquim Chissano, sala nº 2, na
cidade de Maputo. (Veja o programa abaixo).
$ FRQIHUrQFLDWHP SRU REMHFWLYR GLVFXWLU D GLYHUVL¿FDomR GD
economia sob o ponto de vista estrutural, com enfoque para
DDJULFXOWXUD $ERUGDU VH mRDVSHFWRVGDHVWUXWXUDHFRQyPLFD
desde o período colonial até aos dias de hoje. Far-se-á uma
DQiOLVHGDVSULQFLSDLVWUDQVIRUPDo}HVHVWUXWXUDLVHFRQyPLFDV
RFRUULGDVDRORQJRGRWHPSR ID]HQGR VHXPDFRPSDUDomRHQWUH
DV HFRQRPLDV GH0RoDPELTXH H$QJROD TXH DSUHVHQWDP
alguns aspectos comuns.
3UHWHQGH VHTXHD&RQIHUHQFLDUHÀLFWDVREUHRSo}HVGHGHVHQYROYLPHQWRFRPWUDQVIRUPDomRHVWUXWXUDO
TXH SHUPLWDPDLRU
DFXPXODomR LQWHUQD D HPHUJrQFLD GH XP WHFLGR HFRQyPLFR
competitivo de base social alargada, menor dependência ecoQyPLFDHDOLPHQWDUHPDLRUHTXLGDGHHLQFOXVmRVRFLDO
$VUHÀH[}HVGD&RQIHUrQFLDVHUmRWRUQDGDVS~EOLFDVSRUGLYHUVRVPHLRVHVHUmRH[HUFLGDVDFo}HVGHDGYRFDFLDDGLIHUHQWHV
níveis.
--- PROGRAMA ---
Hora Tema Orador Moderador
9:00 Abertura A confirmar
9:30 Modelos de Transformação Estrutural da Agricultura
e da Economia João Mosca
João Feijó 10:00 Caso de Angola Manuel da Rocha
10:30 Debate
12:00 Intervalo (almoço)
14:30 Continuidades e descontinuidades da estrutura
económica colonial pós-Independência António Francisco
Rafael
15:00 Uaiene Caso de Moçambique: Agricultura, diversificação e
transformação estrutural João Carrilho
15:30 Debate
17:30 Encerramento
$VHQWUDGDVVHUmROLYUHV
$VXDSUHVHQoDpSDUDQyVXPPRWLYRGHVDWLVIDomR
Parceiros:
Pela primeira vez, o saxofonista
moçambicano Ivan
Mazuze escalou Alemanha
para uma actuação
na cidade de Gorlitz, (a 2 horas
de Berlin). Mazuze participou na
vigésima segunda edição do Jazztage
Gorlitz Festival 2017, no
passado sábado, dia 13 de Maio.
O músico não só participou neste
festival, mas foi também figura de
cartaz do concerto e subiu ao palco
muito bem acompanhado. O quinteto
que espalhou seu charme na
Alemanha incluiu artistas de renome
da França, Itália e Noruega e
foi constituído, para além de Ivan,
por Linley Marthe, Enrico Zanisi,
no piano acústico, Bjørn Vidar
Solli, na guitarra, Raciel Torres, na
bateria.
Nas suas aparições, Ivan Mazuze
tem sempre um elemento diferente
no seu elenco, o que para o saxofonista
é um estímulo. “É enriquecedor
trabalhar com artistas diferentes
de tempo em tempo, pois cada
instrumentista traz uma expressão
artística variada, progressiva, dinâmica
e criativa de comunicação
artística”, diz o saxofonista.
O instrumentista tem estado a levantar
a bandeira de Moçambique
pelo mundo fora, o que considera
“uma honra para mim representar
Moçambique pelo mundo fora,
Amosse Mucavele é o autor convidado, em representação
de Moçambique, que participa numa série de eventos literários
em Portugal, desde a segunda quinzena do mês de
Maio.
Ao iniciar este périplo por terras lusas, o escritor moçambicano participa
na IV edição do Festival Literário da Gardunha, no Fundão,
que decorre entre os dias 16 e 21 de Maio. Escritores de Portugal,
Moçambique, Angola, Espanha e Brasil participam nesta edição, que
tem por tema principal “A Viagem” e onde se debaterá o conceito de
fronteira, geográfica, imaginária e poética.
A promoção das relações ibéricas e internacionais e o encontro entre
escritores consagrados e mais jovens são também marcas que distinguem
este festival. Nele participam 30 escritores, entre os quais Luandino
Vieira (Prémio Camões 2006), Lopito Feijó, Amosse Mucavele,
João de Melo, Hélder Macedo, Afonso Cruz, Sérgio Godinho, entre
muitos outros. Para além das tertúlias e exposição, a fadista Cristina
Branco e o Trio Mário Laginha interpretam, no concerto do dia 20,
temas de Chico Buarque.
No dia 23 de Maio, Amosse Mucavele estará na Universidade Nova
de Lisboa, numa sessão coordenada pela Profª. Doutora Ana Maria
Martinho, para falar sobre a nova poesia moçambicana. No dia seguinte,
24 de Maio, lançará a sua obra, Geografia do Olhar, no Teatro
A Barraca, em Lisboa, às 18h00. O livro, editado pela Cavalo do Mar,
será apresentado por Ana Paula Tavares e Filinto Elísio.
Por fim, nos dias 26 e 27 de Maio, o escritor participa no Encontro de
Escritores Lusófonos, em Odivelas, promovido no âmbito da VI Bienal
de Culturas Lusófonas. Este fórum reúne escritores como Ondjaki
(Angola), Germano Almeida (Cabo Verde) e João Tordo (Portugal).
A participação de Amosse Mucavele nesta série de iniciativas em
Portugal tem o apoio do Camões – Centro Cultural Português em
Maputo e da Editora Cavalo do Mar. A.S
*HRJUDÀDGR2OKDU
ODQoDGRHP3RUWXJDO
´eXPDKRQUDUHSUHVHQWDURSDtVµ
pois uma das grandes riquezas que
o nosso país tem é a sua cultura e
música diversificada. É com enorme
prazer poder contribuir para a
promoção da cultura em particular
da música moçambicana alémfronteiras.
O saxofonista continua
a prestigiar os amantes da música
com o seu álbum Ubuntu e considera
que o repertório deste álbum
dá a possibilidade de se explorar
em várias dimensões conjuntas e
interpretações variadas e é preciso
frisar que este mesmo repertório
será lançado num futuro breve,
num outro formato conjunto com
uma interpretação artística diferente
da original.
Recentemente, Mazuze teve duas
aparições na Itália que foram bem
sucedidas e o resultado dessas aparições
será a sua participação em
outros festivais de música clássica
e jazz durante os próximos dois
meses com destaque para os festivais
internacionais: Peperoncino
Jazz Festival 2017 e Internacional
Academy of Music Festival 2017
nas cidades da Toscana e Calabria
respectivamente.
A.S
eHQULTXHFHGRUWUDEDOKDUFRPDUWLVWDVGLIHUHQWHV DÀUPD,YDQ0D]X]H
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1219 DE MAIO DE 2017
2 Savana 19-05-2017 SUPLEMENTO Savana 19-05-2017
3
UM DOS ”VERDADEIROS” PROFESSORES DE MOCUBA
Savana 19-05-2017 27 OPINIÃO Abdul Sulemane (Texto) Naíta Ussene (Fotos) “
O tempo voa sem nos apercebermos. Com ele passaram na quinta-feira, 11
de Maio de 2017, cinco anos após o desaparecimento físico do nosso colega
Joel Chiziane.
Apesar do tempo ido, continua difícil gerir a tua partida mano Jó, como
te tratávamos carinhosamente. O seu jeito humilde de ser, a dedicação ao
trabalho e o teu olhar fotográfico são marcas que sempre estarão presentes no colectivo
da redacção do SAVANA.
A morte, mesmo sendo difícil de compreendê-la porque nos pega desprevenidos,
constitui uma regra de jogo. Não há como fugir dela, ou seja, é o nosso destino.
Mas antes de lá chegarmos temos uma vida pela frente, na qual convivemos com
outras pessoas, trocamos boas gargalhadas e passamos momentos inesquecíveis.
Hoje, passados cinco anos, mais do que chorar, nada nos resta senão celebrar a tua
vida e obra, pois foi no regresso de mais uma missão de trabalho que perdeste a
vida.
Alírio Joel Chiziane, de seu nome completo, deu-se a conhecer ao mundo através
do seu click fotográfico, com o qual fez várias fotografias reportando diversas
situações, desde a guerra dos 16 anos, a fome, a nudez, entre outros, depois de
ter iniciado a sua carreira na Agência de Informação de Moçambique (AIM) em
1984, tendo em 1994 integrado o grupo de “aventureiros” que criou a Mediacoop,
SA, empresa patrona das publicações SAVANA, Mediafax e Rádio SAVANA
.
Um dado desconhecido pela nova geração é que foi dele o clic da foto que selou o
Acordo Geral de Paz (AGP), a 4 de Outubro de 1992, na cidade italiana de Roma.
E a cada ano que se celebra essa data, aquela fotografia inunda jornais, revistas e
televisões sem, no entanto, lhe reconhecerem os créditos. Talvez seja por isso que
também o país que o viu nascer não se dignou homenageá-lo a título póstumo por
este feito, mas outros colegas com quem trabalhou naquela missão receberam medalhas
em 2014. Nem sempre as medalhas justificam a grandeza duma brilhante
carreira como a tua ou de um grande homem, apesar da tua frágil aparência física.
Temos a plena certeza de que mesmo estando na posição horizontal o trabalho dos
teus clicks continuará fazendo diferença e ficam as lembranças para consolar o coração
e as memórias de que valeu teres partilhado a tua rica experiência connosco.
Este texto faz de alguma forma uma radiografia daquilo que foi o fotojornalista
Joel Chiziane, profissionalmente. Mas ele tinha a outra parte. Sabia acompanhar,
estar em outros ambientes.
Reparem nestas imagens que compõem este informal, em sua homenagem, estão
vários momentos vividos pelo mano Jó. Primeiro está a imagem onde aparece com
a sua esposa e filha num ambiente de confraternização. De seguida aparece numa
conversa descontraída com o seu pai. Um sinal de muita cumplicidade para com
as pessoas.
Nesta outra, a terceira, está ao lado do antigo Ministro do Turismo, Fernando
Sumbana. Nesta quarta imagem aparece sentado no chão ao lado do fotógrafo,
Lucas, da Presidência da República. Nesta última aparece ao lado do seu colega,
Naíta Ussene.
Essas imagens que acompanhamos neste informal demonstram a pessoa especial
que foste, Joel Chiziane. Uma forma de consolo junto com as memórias do que
vivemos. De alguma forma servem para termos em mente que devemos viver a
vida sempre com um sorriso no rosto, algo que sempre vimos em ti. Até sempre
Joel Chiziane.
Grande, pequeno Joel Chiziane
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF .BJP EF t "/0 99*7 t /o
1219 Diz-se... Diz-se
Areintegração de Diodino
Cambaza, antigo Presidente
do Conselho de Administração
dos Aeroportos
de Moçambique (ADM) na empresa,
depois de cumprir metade da pena
(6 anos), a que havia sido condenado
por se ter provado o seu envolvimento
no desvio de recursos da companhia,
continua a levantar um grande debate
por parte da comunidade jurídica e
não só.
Dada a controvérsia que suscita, o assunto
foi objecto de reflexão da reunião
semanal da Comissão Central de
Ética Pública (CCEP), cujo desfecho
será dado na próxima semana.
/VNB BOÈMJTF QSFMJNJOBS
"MGSFEP (Bmito,
porta-voz da CCEP, considera
incompreensível a deliberação que
SFJOUFHSPV $BNCB[B OPT "%.
EFfendendo
que a mesma deveria tomar
como base o anterior Código Penal,
que dita a expulsão em caso de condenação
à pena de prisão maior.
" $$&1 EJ[ RVF
OP QSJNFJSP EJB
dedicado à reflexão em torno do caso
“Cambaza”, não foi possível chegar a
uma conclusão, porque há necessidade
de fazer uma análise profunda dos pareceres
dos principais intervenientes
do processo.
Trata-se dos pareceres da ProcuraEPSJB (FSBM
EB 3FQÞCMJDB 1(3
EP
Ministério dos Transportes e ComuOJDBÎÜFT
.5$
EB FNQSFTB "FSPQPSUPT
EF .PÎBNCJRVF "%.
F B
própria solicitação de reintegração
feita por Diodino Cambaza.
&TUF FYFSDÓDJP
EF BDPSEP DPN (BNJUP
que falava FN FYDMVTJWP BP 4"7"/"
vai ajudar a perceber como é que aquelas
entidades se envolveram no processo
e o que esteve por detrás da deliberação
de readmissão do requerente.
/VNB BOÈMJTF QSFMJNJOBS EP DBTP
WJTUP
que a deliberação da CCEP será dada
B DPOIFDFS QSØYJNB TFNBOB
(BNJUP
diz não ter dúvidas de que se está perante
uma deliberação incompreensí-
vel.
"USJCVJV DVMQBT B UPEPT PT JOUFSWFnientes
do processo, incluindo o pró-
prio visado, que pediu a reintegração,
depois de ter saído por motivos não
honrosos.
Explica que o visado foi julgado e
condenado à luz do anterior Código
Penal, que estabelecia que bastava que
um funcionário fosse condenado a
uma pena de prisão maior para perder
imediatamente o seu emprego.
)FSNFOFHJMEP (BNJUP
FY EFQVUBEP
EB "TTFNCMFJB EB 3FQÞCMJDB QFMB 'SFlimo,
entende que teria sido poupada
toda esta celeuma, porque o anterior
1$" EB "%. GPJ KVMHBEP F DPOEFnado
na vigência da anterior lei penal.
/P FOUBOUP
TVDFEF RVF B EFMJCFSBÎÍP
de reintegração foi feita com base no
novo Código Penal que, no seu artigo
FTUBCFMFDF RVF i" DPOEFOBÎÍP
em pena de prisão maior não implica
a perda de quaisquer direitos civis,
profissionais ou políticos, nem priva o
condenado dos direitos fundamentais
ou políticos, salvo limitações impostas
por lei, inerentes ao sentido da condenação
e às exigências da respectiva
execução”.
Para o porta-voz da CCEP, esta lei
não é chamada para o presente caso,
visto que Cambaza foi julgado antes
da sua aprovação.
Corrupção compensa
/P QBÓT
WÈSJPT DBTPT EF DPSSVQÎÍP
têm levantado polémica nos últimos
tempos, levando alguns a considerar,
em tom de desabafo, que a corrupção
compensa.
Em princípios deste ano, o Tribunal
Judicial da Cidade de Maputo condenou
a dois anos de pena suspensa
Jeremias Tchamo, antigo administraEPS
mOBODFJSP EBT -JOIBT "ÏSFBT EF
Moçambique, depois de se ter confirmado
que celebrou 25 contratos entre
B -". F VNB FNQSFTB EF DPOTUSVÎÍP
civil pertencente ao irmão, tendo por
via disso pago 5,3 milhões de meticais.
0VUSP DBTP CBEBMBEP GPJ B EFUFOÎÍP
e julgamento do Presidente do Conselho
Municipal de Lichinga, Saide
"NJEP
FN .BJP EF
BDVTBEP EF
crimes de corrupção e abuso de poder
por ter cobrado ilicitamente 150 mil
meticais a investidores estrangeiros.
"NJEP WJSJB B TFS MJCFSUBEP
EJBT
depois da condenação a uma pena de
18 meses de prisão convertidos em
multa, tendo, por via disso, regressado
ao posto de trabalho onde continua
até hoje.
t /ÍP TF TBCF TF GPSBN BT SF[BT OB /BNBBDIB PV BT QSFDFT BOUFSJPSFT EPT
bispos dos Libombos transformado em feiticeiro da chuva, as hostes do
partidão não se cansam de dar hossanas ao timoneiro, mesmo que o gás
de cozinha tenha subido, os aviões da Mex tenham sido somados aos
EB -". QBSB QBTTBSFN EF TFUF QBSB
B EFTWBMPSJ[BÎÍP EP EØMBS OÍP
faça descer os preços, mesmo que para voar para a Europa seja preciso
autorização. Mas sabe bem sair da “lista negra”, agora que para lá foi
a companhia do tio Bob, a que desvia aviões de carreira para levar o
avozinho presidente às suas consultas regulares em Singapura.
t "UÏ P QBJ EB EFNPDSBDJB
DFSUBNFOUF JNQSFHOBEP QFMP FTQÓSJUP EF 'ÈUJNB
e dos inefáveis pastorinhos, apela à conciliação e à concórdia com “os
JSNÍPT EB 'SFMJNPw 4FSÈ RVF P QBSUJEÍP
FN USPDB
WBJ BCPMJS BRVFMB
famosa canção “não vamos esquecer o tempo que passou”?
t 2VFN TF QPEF EBS NBM DPN B TPSUF Ï B WFSTÍP GFNJOJOB EF NJOJTUSP
lança perfume. Com tanto moza fazendo shopping FN /FMTQSVJU
ainda vão flagrar o carro do ministério à porta da central vet fazendo
abastecimentos para uma clínica privada na capital mais tórrida de
.PÎBNCJRVF " JOJDJBUJWB FTUÈ UJQJmDBEB OP WFMIP F OP OPWP $1 -PHP
quem te avisa, teu amigo é …
t "HPSB RVF P UJNPOFJSP BOEB QFMB )PMBOEB EF CSBÎP EBEP DPN P QVUP
Daviz cortejando a Shell, fala-se de mais interesses multinacionais em
Moçambique, nomeadamente a Heineken, interessada em disputar o
NPOPQØMJP EB 4"# .JMMFS F B ,-. RVF BQBSFDF BTTPDJBEB BP SBNBMIFUF
EB 2BUBS
&NJSBUFT F 5VSLJTI
DPNP FNQSFTBT RVF QPEFSÍP UJSBS B
companhia de bandeira do fundo do poço.
t 1PS DÈ
OPWP iEFBEMJOFw QBSB PT NP[BT RVF RVFSFN mDBS DPN P .P[B
Depois de terem falhado a primeira chance leonina, mesmo com
as faladuras de pesos-pesados na competição, os tais não estão para
atirar ainda a toalha ao chão. Há uma proposta em evolução, para
deixar escorregar por debaixo da porta do xerife da 25 de Setembro,
QSPWBWFMNFOUF y B "HVFOUB DPSBÎÍP
t " FNQSFTUBEB SBJOIB EP $IJWFWF QFHPV NBV IVNPS DPN BT OPUÓDJBT
do Conselho Constitucional que lhe deram imensas alegrias
FORVBOUP UTVOBNJ EP "MUP .BÏ 1BSB BMÏN B SFFEJÎÍP EP TFS
inconstitucional, mesmo os racistas de mau-carácter têm direito à defesa
e o direito ao contraditório. Tão lixados os chantagistas nas empresas e
bancos que punham em sentido os seus superiores hierárquicos sempre
com pesadelos que os seus contratos fossem anulados por uma simples
EFOÞODJB BOØOJNB OP USJTUFNFOUF DÏMFCSF NJOJTUÏSJP "mOBM
BUÏ PT
desafinados têm coração.
t 0VUSP TFDUPS CFN MJYBEP DPN P $$ Ï P EPT NJOJTUSPT EFTFNQSFHBEPT
e os accionistas ociosos que por força do seu “potencial proteccionista”
DPOUSB PT EFTNBOEPT QFSNJUJEPT BP NJOJTUÏSJP EB EF +VMIP
GPSBN
BP
MPOHP EPT BOPT
DPMFDDJPOBOEP DBSHPT OPT $POTFMIPT EF "ENJOJTUSBÎÍP
de grandes empresas estrangeiras e participações sociais sem terem de
DPMPDBS FN DJNB EB NFTB VN NFUJDBM QBSB BNPTUSB " UBM CVSHVFTJB
rendeira de que falam os manuais.
t 0T PQPSUVOJTUBT MPDBJT OÍP QPEFN FTUBS NBJT MJYBEPT RVF PT QPMÓUJDPT
franceses depois das últimas medidas do novo presidente Emmanuel
.BDSPO /VN HBCJOFUF EF NJOJTUSPT
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formação um novo partido para disputar as legislativas de Junho, podem
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Por cá, dizem que “macronar” é arranjar namoro com uma kota …
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agora são os holofotes sobre outros dois filhos da casa, Diodino Cambaza
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desta escola de torcionários de balalaica e óculos escuros está cada vez
mais longínquo. Um dia destes é bem possível que saia vassourada lá para
os lados do Minec …
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aumentam as dores de cabeça para o bancário, ex-ministro e executivo
do gás e petróleo. Como vai arranjar mola pra bancar a participação
nacional sem hipotecar os dividendos e royalties da produção futura.
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ou nada mesmo.
Em voz baixa
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e do escárnio austral nas redes sociais. Esta semana, a par da morte
cibernética do líder dos “kambas”, o porta-voz do tio veio dizer que
quando em público põe óculos escuros e descai o queixo, não está a
sonecar. Tá só a descansar…
“É incompreensível a
reintegração de Cambaza”
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Savana 19-05-2016
EVENTOS
1
projecto também é expressa no ganho
de velocidade da via, que foi
quadruplicada e, principalmente,
na segurança da operação do sistema
ferroviário”, acrescentou Murilo
Ferreira.
Em declarações aos jornalistas, um
dia antes da inauguração da infra-
-estrutura, o analista operacional
do porto, Hector Cumbane, disse
que, até ao final deste ano, a Vale
espera exportar através da nova
linha-férrea pouco mais de 13 milhões
de toneladas.
“Em 2016, ano em que o CLN
entrou em operação, foram exportadas
seis milhões de toneladas de
carvão, que vão passar para cerca
de 13 milhões este ano e para 18
milhões em 2018, atingindo o pico
da linha-férrea”, afirmou Cumbane.
A linha-férrea Moatize-Nacala,
continuou, dá maior capacidade
de escoamento de carvão à Vale e
o cais em Nacala permite a atracagem
de navios de muito maior
calado.
Antes da entrada em operação da
nova linha-férrea e do novo porto,
o máximo que a Vale podia exportar
era apenas seis milhões de toneladas
pela linha-férrea de Sena, que
liga as minas de carvão de Moatize
ao porto da Beira, província de Sofala,
centro de Moçambique.
Por outro lado, o porto da Beira
tem menor profundidade que Nacala
e está constantemente sujeito a
operações de dragagem.
“O porto de Nacala não tem limitação
de calado nem sofre variações
de maré, no ano passado, atracou
aqui um navio com 187 mil toneladas”,
afirmou Hector Cumbane.
Através da nova linha-férrea, locomotivas
da Vale com 60 vagões
cada transportam carvão metalúrgico,
usado em grandes indústrias,
e térmico, para geração de energia,
até ao porto, de onde é depois exportado
em grandes navios para
Europa e Ásia.
De acordo com dados do CLN, na
fase de construção, o corredor chegou
a empregar cerca de dez mil
pessoas e agora, na fase de opera-
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EVENTOS
A entrada em funcionamento
do Corredor Logístico
Integrado de Nacala
(CLN) aproximou
as abundantes reservas de carvão
de Tete dos principais mercados
internacionais, principalmente
Ásia e Europa.
O distrito de Nacala-à-Velha,
província de Nampula, a mais de
dois mil quilómetros de Maputo,
engalanou-se no dia 12 para receber
sumidades que participaram na
inauguração de um dos empreendimentos
mais caros da história de
Moçambique.
O consórcio liderado pela companhia
mineira brasileira Vale e que
integra os CFM e a japonesa Mitsui
investiu 4,4 biliões de dólares
para a construção do CLN.
A infra-estrutura compreende uma
ferrovia com 912 quilómetros, incluindo
200 que transitam por Malawi,
e um novo terminal portuário
em Nacala-à-Velha.
A ferrovia vai escoar o carvão produzido
pela Vale em Moatize até
ao terminal portuário. Aqui, num
cais de águas profundas, o produto
é esperado por navios de grande
calado, que o transportam para pa-
íses europeus e asiáticos.
Falando durante a inauguração ofi-
cial do CLN, o director-presidente
da Vale, Murilo Ferreira, afirmou
que, com a entrada em funcionamento
do empreendimento, a
empresa concluiu com sucesso o
projecto com maior volume de investimentos
fora do seu país.
“Temos prontos 912 quilómetros
de ferrovia que ligam a província
mineira de Tete ao terminal portuário
multiusuário de Nacala-à-
-Velha, com travessia no Malawi”,
disse Ferreira.
A obra, prosseguiu, permitiu que
a empresa aumentasse a capacidade
de tráfego, de dois comboios de
20 vagões, cada, por dia, para 22
comboios com 120 vagões por dia,
puxados por quatro locomotivas de
altíssima tração.
“A envergadura tecnológica do
ção, dá trabalho a cerca de quatro
mil, sendo a maioria moçambicanos.
Pode ser o motor de África
- Nyusi
O Presidente moçambicano, Filipe
Nyusi, considerou que CLN
tem condições para impulsionar
a economia africana, devido à sua
grandeza e ao seu carácter transfronteiriço.
“O Corredor Logístico Integrado
de Nacala dispõe de um grande potencial
para dinamizar a economia
nacional e até da região Austral e
da África”, disse Filipe Nyusi, falando
na inauguração do CLN.
Filipe Nyusi assinalou a grandeza
da infra-estrutura, apontando que
o seu funcionamento vai ter impacto
na economia e no bem-estar de
Moçambique e dos países vizinhos
sem acesso directo ao mar.
“O Corredor Logístico Integrado
de Nacala é uma infra-estrutura de
base produtiva com impacto directo
em vários sectores de actividade
económica e no bem-estar dos mo-
çambicanos”, declarou o chefe de
Estado moçambicano.
Filipe Nyusi fez notar que o Governo
moçambicano espera que o
CLN seja uma alavanca para o incremento
do transporte dos recursos
minerais, comercialização agrí-
cola e desperte o potencial turístico
da província de Nampula.
“Queremos que o CLN venha a catalisar
o surgimento de iniciativas
empreendedoras que visem melhorar
a qualidade de vida das popula-
ções”, enfatizou o chefe de Estado
moçambicano.
Filipe Nyusi exortou o consórcio
responsável pelo corredor a respeitar
os interesses das comunidades
e o meio ambiente, bem como a
apostar no recrutamento de mão-
-de-obra moçambicana e na compra
de serviços e bens locais.
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brasileiro
Na mesma ocasião, o ministro
das Relações Exteriores do Brasil,
Aloysio Ferreira, assegurou em Nacala
que a Vale está em Moçambique
para ficar.
“A Vale chegou, veio para ficar”, declarou
Aloysio Ferreira, falando na
inauguração do CLN.
Para o diplomata, Moçambique é
muito importante para o Brasil e a
presença do investimento brasileiro
demonstra que as relações entre os
dois países não são apenas de fraternidade,
de povos que têm uma
herança comum, que têm um património
cultural comum.
Longe da “fanfarra” que dominou
o folclore da inauguração oficial,
os moradores de Nacala-à-Velha,
muitos deles a leste do que se passava
no recinto do terminal portuário,
convergem no pedido de emprego e
de serviços sociais básicos, principalmente
água, energia e educação.
Carvão de Tete mais perto da Europa e Ásia
Com CLN
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Savana 19-05-2017 EVENTOS
2
Standard Bank inaugura balcão do futuro
O
Standard Bank inaugurou,
nesta quarta-feira, em
Maputo, o primeiro Ponto
de Serviço Electrónico de
Moçambique, que funcionará 24
horas por dia, de modo a permitir
acesso rápido e permanente aos
serviços do banco. Trata-se de um
serviço do futuro, onde os clientes
poderão efectuar todas as transac-
ções de um balcão de atendimento
tradicional com maior autonomia e
sem a intervenção de gestores bancários.
Neste espaço inovador e equipado
com tecnologia de ponta, os clientes
terão disponíveis iPads para
transacções no NetPlus (Internet
Banking) e NetPlus App (Mobile
Banking); ATMs para depósitos e
levantamentos; Kiosques digitais
para depósito de cheques, requisi-
ção de livros de cheques, cartões e
pagamento de serviços diversos.
Os clientes terão, também, acesso
à internet gratuita para configura-
ção de aplicações do banco nos seus
próprios dispositivos electrónicos,
bem como para, na área de pausa
disponível no local, navegar na internet.
No geral, os clientes vão beneficiar-
-se de todos os serviços bancários
sem ter de interagir com alguém
pois, para além das ferramentas
disponíveis para transacções, o espaço
está equipado com telas “touchscreen”
de informação através das
quais pode-se, também, submeter
sugestões e colocar questões.
“A nossa prioridade são vocês, nossos
clientes e não é por acaso que a
nossa visão é “radicalizar a vossa experiência,
compreendendo as vossas
necessidades e focalizando no que
é relevante para vocês”. Este balcão
digital é uma das várias iniciativas
que o banco está a implementar
para melhorar a vossa experiência,
tornando o acesso ao banco rápido,
eficiente e com custos mínimos”,
afirmou o Presidente da Comissão
Administrativa do Standard Bank,
Tomaz Salomão.
Adiante, Salomão referiu que este
Balcão, que é primeiro de três a serem
implementados este ano, vem
colocar o poder nas vossas mãos.
“Aqui não há que fazer filas e depender
da disponibilidade dos operadores
do balcão. Todas as necessidades
transaccionais são feitas de
acordo com a vossa conveniência e
prioridade”, disse.
Na mesma senda, alinhou Cláudio
Banze, Director de Canais, Distribuição,
Vendas e Serviços do Standard
Bank, tendo referido que a
iniciativa reforça o compromisso da
banca em servir cada vez melhor o
cliente, e não só também o comprometimento
e seriedade com a agenda
nacional de migração digital.
Refira-se que o Ponto de Serviço
Electrónico acresce o número de
canais digitais do Standard Bank,
que já inclui o Quiq, NetPlus, NetPlus
App, Kiosques digitais, ATMs
para depósitos e Linha de Apoio ao
cliente, que pode ser acedida gratuitamente,
24 horas por dia, incluindo
feriados, através do número
800 412 412.
A
Multichoice (DStv) assinou, recentemente, um memorando
de entendimento com a Khuzula Investiments, entidade
organizadora do Festival Azgo, de forma a apoiar e
promover a cultura moçambicana. Na sua sétima edição, o
festival vai ter lugar no campus da Universidade Eduardo Mondlane,
na cidade de Maputo, no próximo sábado, e reunirá um programa
diversificado de música, cinema e arte.
O festival contará com a actuação dos Ghorwane, Freshlground,
Ray Phiri, Xixel Langa, Lay Lizzy e os primos, Azagaia e os cortadores
de Lenha, Maria Gadu, Boss AC entre outros.
A
Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), em parceria com a Oficina de Sucessos, realiza
no próximo dia 25 de Maio, em Maputo, uma palestra de motivação empresarial sob o lema
“empreendedorismo em acção”. O evento, de carácter motivador, reunirá num único espaço uma
rede de suporte ao empreendedor, que poderá contribuir de um modo geral com a combinação
de estratégias de desenvolvimento financeiro eficiente e de crescimento pessoal.
A palestra visa a formação de pessoas ou uma sociedade responsável e comprometida com o futuro do
crescimento do empresariado nacional.
Refira-se que a “Oficinas de Sucesso” é um projecto jovem que visa fazer treinamentos, palestras, coaching
e mentorias em várias áreas, nomeadamente, Finanças pessoais; Empreendedorismo; Relacionamentos
pessoais e profissionais; Desenvolvimento pessoal; Transformação pessoal e profissional e Motivação.
AMMREN lança website
A Rede de Jornalistas e Pesquisadores Africanos Contra
Malária (AMMREN) lançou nesta quinta-feira, em
Maputo, um website que vai divulgar matérias jornalísticas
sobre a doença e outros problemas de saúde.
Trata-se de uma iniciativa da AMMREN com o financiamento
do Centro de Programas de Comunicação da Johns Hopkins
University, (CCP-JHU).
No website podem ser publicadas matérias feitas pelos membros
da Rede e jornalistas de um modo geral, bem como resultados de
pesquisas desenvolvidas na área da malária e outras doenças. Em
Moçambique, a malária é a principal causa dos óbitos, especialmente
em crianças menores de cinco anos.
A AMMREN é uma rede de jornalistas e pesquisadores da malária,
que tem como objectivo contribuir de forma inovadora
para a prevenção e controlo da malária, em Moçambique através
de uma comunicação baseada em pesquisa sobre a doença. A organização
é parte de uma rede africana que congrega jornalistas
e pesquisadores de nove países africanos, nomeadamente Mo-
çambique, Gana (onde se situa a sede), Quénia, Tanzânia, Malawi,
Gabão, Nigéria, Gâmbia e Senegal. A Rede em Moçambique
junta dezenas de jornalistas de vários órgãos de comunicação a
nível do país e pesquisadores da área de saúde com enfoque para
a malária.
No âmbito das suas atribuições, a Rede pretende consolidar a
sua actuação para um melhor conhecimento e desempenho dos
jornalistas na selecção, recolha e tratamento de abordagens sobre
malária, divulgação de reportagens com base em evidências para
a elevação do nível de conhecimento das populações moçambicanas
sobre a prevenção de doenças e advocacia para o fortalecimento
contínuo das políticas públicas de resposta à doença.
DStv apoia Festival AZGO
ANJE promove palestra de motivação empresarial
Savana 19-05-2016
EVENTOS
3
Beira e Dondo
Caros assinantes do jornal SAVANA
Pede-se o favor de contactar os nossos escritórios da sede-Maputo pelos
Nºs 21 301737, 82 3171100, 84 3171100 ou pelo e-mail: admc@mediacoop.
co.mz para tratar de assuntos de vosso interesse.
A Direccao
Karamel Bar & Lounge
Sábados, 27/05 20HORAS Glourious Celebration
Party Com DJ’s SERITO, SALOMON, ANDRY....
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados e Domingos, 18h30 “Pátria de Esperança”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h Música com Zé Barata ou Fernando Luís
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h Música ao vivo
O
Instituto de Directores de Moçambique (IoDmz), em parceria
com diversas entidades nacionais e internacionais, vai
ministrar, este ano, em Maputo, cursos relacionados com a
Governação corporativa, Ética empresarial, Supervisão fi-
nanceira, Auditoria Interna, Desenvolvimento do capital humano,
Princípios anticorrupção e outras áreas afins. O exercício visa potenciar
quadros seniores de instituições do sector público e privado do
país, bem como estudantes do ensino superior e o público em geral.
As sessões de formação estarão segmentadas em diferentes níveis de
responsabilidade nos processos de liderança estratégica, executiva e
operacional de negócios, sendo destinadas aos administradores não-
-executivos, administradores executivos e outros gestores seniores
corporativos.
Os referidos cursos irão decorrer entre os meses de Maio e Novembro
deste ano, no Instituto de Formação das Telecomunicações de
Moçambique-TDM, na cidade de Maputo.
Refira-se que são parceiros da IoDmz, nesta iniciativa, o Instituto de
Governação Corporativa de Portugal-IPCG, o Instituto de Directores
do Quénia, a Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique,
o Instituto de Auditores de Moçambique e a Mozambique
Coach.
A
empresa de telefonia
móvel, Movitel, completa,
este ano, cinco anos
de actividade no mercado
de telecomunicações em Mo-
çambique. Durante estes anos,
a empresa tem-se destacado na
cobertura da sua rede em todo o
país, em particular nas zonas mais
recônditas, onde mais de 85% da
população teve, pela primeira vez,
acesso aos serviços de celulares.
Iniciadas as suas actividades no
país, em 12 de Maio de 2012, a
marca vem privilegiando o acesso
à comunicação para a população
das localidades e dos distritos das
capitais provinciais, com o principal
objectivo de tornar a comunicação
acessível a todos os mo-
çambicanos, contribuindo, assim,
para o crescimento significativo
do país.
Durante estes cinco anos, a Movitel
tornou-se líder em cobertura
de rede de telecomunicações
a nível nacional, estando neste
momento em cerca de 148 distritos
e nas 11 províncias do país
abarcando cerca de 5 milhões de
clientes. Para além da sua cobertura
nacional, a Movitel é também
líder no fornecimento de
internet móvel (com uma capacidade
de 3.75G), bem como a de
fibra óptica no país.
A Movitel tem estado igualmente
em profunda ligação com a sociedade
civil, abraçando várias causas
sociais, com enfoque à responsabilidade
social. Dentre as várias
acções nos mais variados sectores,
destaca-se o suporte dado a
mais de 3000 escolas secundárias
e primárias que se beneficiaram
de carteiras, material informático,
de reabilitação de escolas e da
implantação da rede de internet
como forma de alargar as fontes
bibliográficas dos estudantes.
MOVITEL celebra cinco
anos da sua rede B
IM e Embaixada de Moçambique
em Portugal firmam parceria
O Millennium bim assinou, recentemente,
em Portugal, um
memorando de entendimento com a Embaixada
de Moçambique em Portugal que
pretende desenvolver acções conjuntas
com vista à identificação de jovens talentos
moçambicanos residentes em Portugal,
que pretendam regressar a Moçambique
e assim contribuir para o processo
de desenvolvimento sócio-económico do
país. A assinatura do protocolo teve por
base uma das principais prioridades do
Millennium bim para 2017: o desenvolvimento
do capital humano, onde um dos
principais vectores é a atracção de jovens
talentos com potencial de liderança.
O protocolo assinado prevê acções de
divulgação de recrutamento externo do
Banco, através dos diferentes canais de
comunicação, organização de Workshops
de emprego anuais em Portugal, onde
serão recebidos CV, divulgadas oportunidades
de emprego e realizadas entrevistas,
podendo o Millennium bim, conforme o
perfil dos candidatos, promover a realização
de estágios profissionais no Grupo
Millennium durante a formação académica
destes estudantes.
Com vista à atracção e captação de jovens talentos
Instituto de Directores
capacita quadro
Savana 19-05-2017 EVENTOS
4
A
Cervejas de Moçambique
(CDM) procedeu,
na quinta-feira finda, à
entrega de certificados
a 100 vendedores retalhistas, de
Maputo e Matola. Trata-se de
revendedores que foram recentemente
formados pela cervejaria
com vista à melhoria da prestação
de serviços ao cliente.
A iniciativa surge no âmbito do
programa de responsabilidade
social da CDM que tem por
objectivo elevar o nível de consciencialização
dos mesmos sobre
aspectos ligados ao impacto do
consumo irresponsável de bebidas
alcoólicas na saúde do consumiF
oi lançado nesta
segunda-feira, na cidade
de Maputo, um
projecto do centro experiencial
de comunicação
“A Mundzuku Ka Hina”.
O Projecto resulta de uma
experiência de formação
profissional e humana, desenvolvida
nos últimos oito
anos no bairro de Hulene,
um dos mais problemáticos
em termos de poluição
ambiental devido ao aterro
sanitário.
A Mundzuku Ka Hina é um
campo de experimentação
pedagógica que, para além
de representar um momento
de formação e inserção no
mundo de trabalho, pretende
ser um campo de experimentação
pedagógica de
novos métodos de interven-
ção nas áreas de desconforto,
participação com percursos
cursos e gestão.
Hoje o laboratório de comunicação
conta a vida dos
jovens que ali procuram pela
sobrevivência através de retratos
fotográficos, vídeos,
gráfica, alfabetização digital.
Em 2009, o laboratório iniciou
a sua actividade entre
grande dificuldade, muito
cepticismo, poucos recursos
financeiros e humanos
e com apoio da associação
Basilicata-Moçambique.
Em 2015, o projecto ganhou
o concurso Global, um concurso
internacional que premeia
percursos formativos
inovadores, o papel estraté-
gico das novas tecnologias e
das novas linguagens informativas
para a inovação na
didáctica, na integração, no
desenvolvimento sustentável
e na inclusão social.
dor e, em geral, na sociedade.
O Programa de Desenvolvimento
de Retalhistas teve início em
2016 e já formou mais de 400
retalhistas. Durante a capacitação
foram leccionadas matérias tais
como princípios éticos e morais,
gestão de finanças individuais,
CDM capacita retalhistas em Maputo
recursos humanos, marketing e
responsabilidade ambiental, particularmente
no que diz respeito
ao desperdício pós-consumo e
responsabilidade na venda de bebidas
alcoólicas, desencorajando
a venda a menores de idade e a
pessoas desabilitadas para o consumo
das mesmas.
Hugo Gomes, Director do Departamento
Jurídico e Assuntos
Corporativos da Cervejas de Mo-
çambique, afirmou: “está provado
que uma formação de alta qualidade
melhora o desempenho dos
retalhistas, resultando em maiores
vendas, numa maior satisfa-
ção dos clientes e numa maior
retenção dos clientes, a Cervejas
de Moçambique está a trabalhar
para acelerar o crescimento e o
desenvolvimento social em toda
a sua cadeia de valor – desde os
produtores aos retalhistas.
Lançado o
laboratório
experiencial de
comunicação
1 comentário:
Poderosos feitiços de magia negra e rituais de vodu. mude sua realidade atual com Magia Negra. amor, saúde, sucesso e proteção. entre em contato com o Dr. Obodo via
e-mail: templeofanswer@hotmail.co.uk
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