Tenho acompanhado que com júbilo e garbo, camaradas meus (entenda-se, da FRELIMO) têm publicitado os habituais telecomícios de Afonso Dhlakama, líder incontestável e inabalável da RENAMO, a respeito das “installment tréguas” com que tem brindado os moçambicanos. O que salta a vista nesses comícios é o facto de Dhlakama dar a entender que os seus correligionários devem saber perdoar a FRELIMO e não agir com ódio! Oh Senhor, assim mesmo está bom?
Quer dizer, a FRELIMO é que deve ser beneficiária de uma clemência por parte da RENAMO, mesmo se sabendo que quem mata, viola e saqueia é ela e não a FRELIMO! Ora nem mais, há aqui uma tentativa de renamizar a FRELIMO que, como membro não posso conceber. Aliás, sempre achei estranho que Afonso Dhlakama fosse quem viesse anunciar os entendimentos com o Presidente Nyusi. Há quem vê nisso um exercício de “empowerment” de Dhlakama, alguém que quando lhe dá na real gana foge para o mato, manda matar, saquear e destruir e no fim diz que deu presente aos moçambicanos porque vê o sofrimento do povo e está sensibilizado pelos constrangimentos dos empresários. Parece-me haver inversão de papéis.
Por outro lado, a renamização da FRELIMO é caracterizada pela ausência da FRELIMO nas bases. Já há bom tempo não vejo os Chefes das Brigadas Centrais de assistência as províncias (também membros da Comissão Política) nas respectivas províncias assistidas, tanto é que boa parte deles são deputados eleitos por esses círculos eleitorais, portanto, com responsabilidades com o seu eleitorado. Assim, como acontecia com a RENAMO, apenas o Presidente do Partido se faz ao terreno, numa espécie de “one man show” a moda Dhlakama. Em contrapartida, a Renamo vai descendo as bases e fazer aquilo que a FRELIMO sabe fazer melhor que ninguém: desdobrar-se as bases. Muito estranho para mim!
Finalmente, num exercício a todos os níveis estranho, flagranteamos quadros da FRELIMO e da RENAMO em troca de propaganda romântica, quais galhardetes de amor e paixão, com declarações de fazer inveja. Em suma, são adversários em campo que parece jogarem para empatarem o jogo. Vale recordar que quando o adversário nos elogia é porque não estamos no bom caminho e da última vez que entre a RENAMO e a FRELIMO houve este “exchanging vows” a FRELIMO esteve a um passo de morar na oposição. Preciso lembrar os resultados de 1999? O adversário não pode ser objecto de carícias, mas alvo a abater numa guerra, naturalmente, com o devido respeito.
Em todo o caso, o que me anima é saber que a FRELIMO, sabiamente inspirada pelo espírito da gesta libertária e pelos briosos combatentes da luta de libertação nacional, as nossas reservas morais, tudo fará para evitar esta renamização a que tem sido imposta!
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