quarta-feira, 24 de maio de 2017

Investigação sugere que antepassados do Homem podem ter vivido na Europa, não em África


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Fósseis encontrados na Bulgária e Grécia sugerem que a linhagem que levou ao Homem pode ter origem na Europa e não em África. Mas a comunidade científica continua céptica em relação aos novos dados.
University of Toronto
Uma equipa internacional de cientistas afirma ter encontrado dois fósseis de primatas com dentes semelhantes aos humanos com 7,2 milhões de anos. Os fósseis, identificados como pertencentes à espécie Graecopithecus freybergi, foram ambos descobertos na Bulgária e Grécia e podem significar que o ser humano nasceu na Europa e não em África, dois mil anos mais cedo do que julgávamos. Isto porque o “El Graeco”, como foi batizado pelos cientistas, pode ser o último ancestral comum entre os macacos e o Homem, normalmente denominado fóssil de transição ou elo perdido.
Os fósseis analisados foram um molar inferior encontrado na Grécia e um dente pré-molar superior, encontrado na Bulgária. Exames feitos aos fósseis, que permitiram ver o interior do molar e do dente sem ter de os abrir, provou que as raízes da dentição eram diferentes da dos hominídeos, mas semelhantes às raízes dos dentes dos primeiros humanos.
Até agora, a comunidade científica assumia que a espécie humana tinha evoluído no continente africano há 7 milhões de anos. Esta descoberta, a ser confirmada depois mais análises científicas, sugere que o Homem pode ter tido origem no continente europeu e não em África, duzentos mil anos mais cedo do que se acreditava. De acordo com a Academia de Ciência da Bulgária, é possível que esta parte do continente europeu tenha sofrido alterações climáticas que a tenham transformado numa savana. Essas alterações podem ter obrigado este primata a evoluir para o bipedismo e a desenvolver dentição adaptada à nova alimentação que tinha ao seu dispor. “Graecopithecus freybergi não é um macaco. É um membro da tribo Hominini (primatas hominídeos) e o ancestral direto do Homo“, acredita Nikolai Spassov, cientista da academia búlgara.
Os mesmos cientistas acreditam que esta espécie pode ter passado para o continente africano através de uma “ponte continental” formada durante um período de seca do mar Mediterrâneo. Esse período pode ter sido o mesmo que levou à formação do deserto do Saara. No entanto, nem toda a comunidade científica está convencida: Peter Andrews, antigo antropologista do Museu de História Natural de Londres, diz que “é possível que a linhagem humana tenha tido origem na Europa, mas provas fósseis muito substanciais colocam a origem em África, incluindo vários esqueletos e crânios parciais”. E acrescenta: “Eu hesitaria em usar um único fóssil isolado como evidência contra a teoria de que o Homem nasceu em África”.
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