quinta-feira, 4 de maio de 2017

Carta aberta II à sua excelência Presidente da República de Moçambique - Por Wilson Nicaquela

SELO:
PDF
Versão para impressão
Enviar por E-mail
Vozes - @Hora da Verdade
Escrito por Redação  em 03 Maio 2017
Share/Save/Bookmark
Escrevo esta carta ao Presidente da República de Moçambique expectante que ela possa circular em diferentes meios e plataformas de comunicação social, inclusas as conversas de “boca em boca” e, mesmo tarde tenha acesso e/ou conhecimento da sua existência por meios formais e/ou informais. Antes de aprofundar o que suponho ser essência e existência desta minha “missiva” chamo um ponto de ordem para manifestar a minha impossibilidade de continuar a tratá-lo de Excia ou Senhor, pois, sendo membro da FRELIMO sénior a nível do meu Distrito, aprendi que devemo-nos é tratar de camaradas quando Falamos “entre nós”. Eis que lá vou chamando da mesma maneira ao longo da letra.
Camarada Presidente, sendo o mais Alto Magistrado da Nação, para além de ter desempenhado enormes tarefas e/ou cargos públicos e especialmente, Presidente do nosso Ferroviário de Nampula, sabe que a massa associativa muitas vezes vaia treinadores e outros graúdos da equipe em publico vertiginosamente e jamais ousam redimir-se nos mesmos moldes quando a equipe começa aforrar resultados complacentes.
E eu serei diferente? Não sei. O teor pode justificar o que pretendo exprimir no meu texto que muitos leitores e ou compatriotas vão julgar e associar a tantos outros textos extemporâneos e ou tendenciosos. Quando um moçambicano toma a minha postura considera-se-lhe “anormal” e eu insisto que esquece-se esse critério ter esgotado. Indo para o foco da minha carta, tenho os seguintes motivos que assacaram-me a vontade de reescrever-lhe camarada Presidente em público tal como outrora, são três:
  • O seu discurso antes ou depois do Jogo realizado no âmbito das celebrações do dia da nossa promissora OJM;
  • O seu discurso na Sede Nacional da Nossa Gloriosa FRELIMO vs Comícios nas províncias;
  • O seu Esforço sobre a paz.
1 – Camarada presidente, como disse antes, reitero que não pretendo afrontar, adular escamotear e muito menos transcender as normas estatutárias do glorioso. Eu de nascença sou alérgico ao que não me conforta. Acompanhei com enorme preocupação o seu discurso alusivo ao 29 de Novembro de 2016, dia da Organização da Juventude Moçambicana (OJM).
A pessoa que elaborou os tópicos que serviram de fundamento do seu pronunciamento defraudou não só, o espírito do camarada Presidente, como também o rumo que o país está calcando. Não contraponho que precisamos urgentemente, sair do discurso ao pragmatismo. Mas considerar: a análise crítica, o pensamento crítico, a reflexão e expressão de opiniões contraditórias, como sendo uma forma de ser que não caracteriza a juventude moçambicana, parece ter havido excesso de zelo.
Acredito que esse grupo de pessoas que influenciaram o presidente a falar assim, sejam aquelas mesmas que diziam, as redes sociais são infrutíferas na disseminação de informações sérias. Felizmente, a realidade mostrou-lhes algo contrário, vários crimes com repercussões Nacional e Internacional foram denunciados através das redes sociais e seus infractores localizados em menos tempo.
Camarada Presidente, concordo em pleno, alguns analistas e críticos que proliferam nos media e redes sociais fazem pelo aprazível prazer. Como eu não fosse um deles? Porém, deve lembrar que a nação carece de todo tipo de cidadãos e sublinho CIDADÃOS de todas as áreas para que esta locomotiva que o camarada Presidente é o maquinista, continue nos carris. Quando acompanhei aquele discurso do camarada Presidente, lembrei-me do Professor Lourenço do Rosário aquando do lançamento do Fórum Mozefo em (2014), que nos brindou com a estoira “da Cigarra e da Formiga – uns cantam e dançam para alegrar aos outros que trabalham”.
Jamais será possível, todos cursarem engenharias, aliás mesmo vós, que cursastes engenharias, não foi por acaso que nos vossos créditos curriculares incorporaram algumas cadeiras com terminologias sociais (Física social, Física Ambiental e afins). Contudo, percebi que há quem queria ou gostaria de tomar dianteira dos seus pensamentos camarada presidente. Foi bom ter descoberto de imediato que estamos num rumo irreversível para o desenvolvimento do País e, certos fenómenos ou certas realidades são típicas do momento.
2 – Camarada presidente, eu fiquei suficientemente emocionado quando acompanhei/o seu discurso desde aquela reunião/visita da sede Nacional do glorioso e nas províncias ao chamar atenção para estarmos abertos e preparados para a crítica e convivência na diversidade. Há quem questione para quem o Presidente manda os recados? Nem precisa responder. Os destinatários daqueles recados estão em plantão e recebem para valer.
Que isso doa a quem se achar vitima, o problema é dele. Ninguém o condenou a parar no tempo, pois o slogan mais triunfante da gloriosa é o ser FORÇA DA MUDANÇA. Ela muda e muda-se, adapta e adapta-se a cada momento. Eis que torna-se atemporal.
Não estou inventando teoria nenhuma, estou, a recorrer os princípios norteadores do método de trabalho da FRELIMO a que o camarada Presidente se inspirou para chamar atenção aos acríticos que agora acham-se vítimas do seu discurso. Refiro da “Crítica – Unidade – Crítica e Auto-crítica ”. Já era sem tempo, igualmente, de tornar isso algo prático.
3 – O último ponto do meu ensaio dialéctico, que suponho falante e não mudo, enlaça os esforços sem dimensão que camarada Presidente tem demonstrado e eu sublinho DESDE DEZEMBRO DE 2016. Há muito que esperava, pois sempre eu acreditei em ti. Redigi-lhe uma carta no longínquo? No dia três (3) de Outubro de dois mil e quinze (2015), que gerou enorme contraditórios entre os prós e contras dos seu sentido.
Na verdade, posso até, aceitar que fui muito imprudente e acima de tudo violento, estava mesmo manifestando uma preocupação nacionalista e julguei consciente. Havia me justificado nessa carta e aqui não deixo de fazer. Escrevo, critico e elogio a ti camarada Presidente FILIPE JACINTO NYUSI por três razões: 1- Fiz campanha a teu favor; 2- É o Presidente da República e, 3- Jurou em nome da Constituição da República de Moçambique (CRM). Os outros que prefiro não mencionar aqui, em obediência ao teu conselho de acarinharmos todas as formas e esforços que empreende PESSOALMENTE, para o retorno a paz efectiva, apesar de, eles serem parceiros necessários não juraram em nome da CRM.
Camarada Presidente, eu nunca ignorei dos teus esforços para que, aquelas três palavras agregadas num dos mais importantes órgãos anatómicos, a CABEÇA, fossem uma realidade, nomeadamente: 1- PAZ; 2- PAZ e, 3- PAZ. Mas por algum tempo tive a sensação de estar a me defraudar. Confesso que por remorsos da Guerra dos 16 anos que me deixou 2 anos sem realizar exames finais, no Posto Administrativo de Itoculo, Distrito de Monapo, Província de Nampula (1991 e 1992), fiquei assim como o camarada Presidente sentiu quando visitou o Ministério dos Transportes e Comunicações.
Mas, desde aqueles telefonemas que, eu até comecei a elogiar numa publicação da página da OJM de Nacala-Porto no FACEBOOK, OJM de Monapo no WAHTSAP e seguido na minha página do FACEBOK, em Janeiro de 2017, senti que alguém havia colocado “VÁLVULA SELADA” numa das artérias daquele outro teu órgão anatómico vital, o CORAÇÃO. De facto, podemos caber todos os cerca de 25 milhões de compatriotas em nome da constituição que lhe confere essa elasticidade orgânica. O meu júbilo foi estrondoso quando tivemos a II fase da trégua militar. Teve réplica quando ouvi seguramente no anúncio de conversas permanentes com o líder da RENAMO pelo Telefone. Veja que por esses anúncios, a veia comercial do país começou a circular sem contemplações. Isso veio denegar àqueles que, mesmo com alguma carga de razão, apregoavam que a PAZ não é sinónimo do calar das armas.
Não consigo mensurar a satisfação que os moçambicanos ostentam quando acompanharam aquela vaticinação das retiradas dos quartéis militares do exército republicano, ali onde era o epicentro das erupções dos conflitos militares nos últimos 5 anos, esmo antes do acordo definitivo que tenho a fé não tardar.
Camarada Presidente continue assim, ignore as nossas análises improcedentes, os erros ou atropelos são próprios do processo. Não estou alvitrando para a manutenção dos erros, pois eles nos ajudam a prever eventos vindouros. Camarada Presidente, como JACOB ZUMA fez quando MIA COUTO lhe redigiu uma carta, espero que passe a redarguir as Cartas Abertas, pois há quem vacila e exime-se embora, aufere por essas tarefas.
Eu dizia nessa carta do dia três (3) de Outubro de dois mil e quinze (2015) e digo agora de letra e espírito, NYUSI, CONFIO EM TI.
Por Wilson Nicaquela Professor primário

Sem comentários: