Venezuela.
Afinal, ainda havia mais uma carta na manga: no sentido de evitar a crise política, o presidente da Venezuela quer avançar com uma Assembleia Nacional Constituinte para fazer uma nova Constituição.
Continua o jogo do gato e do rato na política venezuelana, mas para o presidente Nicolás Maduro não existe essa coisa do beco sem saída. Nem que, para isso, tenha mesmo de mudar as regras do jogo. Como se prepara para fazer: o líder venezuelano convocou uma Assembleia Nacional Constituinte que irá redigir nos próximos meses uma nova Constituição descrita pelo El País como algo “à medida do regime”.
Desta forma, e no seguimento da tensão social e política que levou os venezuelanos para as ruas também pelas apostas fracassadas por Maduro no plano económico, o presidente poderia legitimar o cargo sem ter de passar pelo sufrágio. Em resumo, esta Constituição será desenhada por 500 delegados, metade pró-regime: segundo o mandatário do atual líder, 250 pertencerão à estrutura comunal que tem defendido o chavismo, ao passo que os restantes 250 serão eleitos por voto direto e secreto em vários municípios.
Como seria expectável, as primeiras reações à ideia não foram as melhores.
“O país continuará a ser dirigido pelas instituições políticas como já acontece hoje. A presidência continuará nas mãos de Nicolás Maduro. Ao mesmo tempo, a Assembleia Nacional continuará a ser controlada pela oposição. Quando a Assembleia Nacional Constituinte estiver pronta e com os seus membros escolhidos, poderá rescrever a Constituição e transformar o Estado, ao mesmo tempo que pode demitir o presidente, a Assembleia Nacional e o Supremo Tribunal”, destacou o constitucionalista Leonel Afonso Ferrer à CNN.
“Está a tentar matar a Constituição da Venezuela”, sublinhou o líder da oposição, Henrique Capriles.
Acrescente-se que esta ideia não é original: em 1999, o antigo líder Hugo Chávez convocou a Assembleia Nacional Constituinte tentou, sem sucesso, algo parecido. Agora, Maduro recupera a ideia para “afastar o golpe fascista” e “promover a paz e a estabilidade no país”.
Desta forma, e no seguimento da tensão social e política que levou os venezuelanos para as ruas também pelas apostas fracassadas por Maduro no plano económico, o presidente poderia legitimar o cargo sem ter de passar pelo sufrágio. Em resumo, esta Constituição será desenhada por 500 delegados, metade pró-regime: segundo o mandatário do atual líder, 250 pertencerão à estrutura comunal que tem defendido o chavismo, ao passo que os restantes 250 serão eleitos por voto direto e secreto em vários municípios.
Temos de alterar este estado, sobretudo a podridão que existe na Assembleia Nacional”, defendeu Nicolás Maduro.“Temos de alterar este estado, sobretudo a podridão que existe na Assembleia Nacional”, defendeu Nicolás Maduro num comício que comemorou o 1.º de maio em grande festa, numa visão diametralmente oposta ao que se passava noutros pontos de Caracas, onde a polícia recorreu a gás lacrimogéneo e canhões de água para travar os protestos da oposição.
Como seria expectável, as primeiras reações à ideia não foram as melhores.
“O país continuará a ser dirigido pelas instituições políticas como já acontece hoje. A presidência continuará nas mãos de Nicolás Maduro. Ao mesmo tempo, a Assembleia Nacional continuará a ser controlada pela oposição. Quando a Assembleia Nacional Constituinte estiver pronta e com os seus membros escolhidos, poderá rescrever a Constituição e transformar o Estado, ao mesmo tempo que pode demitir o presidente, a Assembleia Nacional e o Supremo Tribunal”, destacou o constitucionalista Leonel Afonso Ferrer à CNN.
“Está a tentar matar a Constituição da Venezuela”, sublinhou o líder da oposição, Henrique Capriles.
O que aconteceu hoje, e digo isto sem exageros nem dramatismos, é o maior golpe na história da Venezuela. Maduro está a tentar dissolver a democracia e a república”, diz Julio Borges, líder da Assembleia Nacional“O que aconteceu hoje, e digo isto sem exageros nem dramatismos, é o maior golpe na história da Venezuela. Maduro está a tentar dissolver a democracia e a república. Assim, o Partido da União Democrática e os membros da Assembleia Nacional convocam o povo venezuelano a revoltar-se e a recusar este golpe”, acrescentou Julio Borges, líder da Assembleia Nacional.
Acrescente-se que esta ideia não é original: em 1999, o antigo líder Hugo Chávez convocou a Assembleia Nacional Constituinte tentou, sem sucesso, algo parecido. Agora, Maduro recupera a ideia para “afastar o golpe fascista” e “promover a paz e a estabilidade no país”.
Estados Unidos acusam Nicolás Maduro de “mudar as regras do jogo”
Os Estados Unidos acusaram esta terça-feira o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de "mudar as regras do jogo" ao convocar uma Assembleia Constituinte.
Durante uma conferência de imprensa na Casa Branca, cuja transcrição foi publicada no site do Departamento de Estado, o sub-secretário adjunto dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, Michael Fitzpatrick, sublinhou que o país está preocupado com a convocatória a uma Assembleia Constituinte na Venezuela.
Por outro lado, o sub-secretário adjunto dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental explicou que as ações anunciadas pelo Presidente da Venezuela poderão dar motivo para considerar a aplicação de novas sanções contra funcionários do Governo de Caracas.
“Uma das primeiras coisas que estamos a fazer, diplomaticamente, é consultar com todos os nosso vizinhos e parceiros da região — devido ao facto de o problema da Venezuela não ser com os Estados Unidos. Com toda a franqueza, o regime tem problemas com o seu próprio povo. Os EUA trabalharão em estreito contacto com outras nações para desenvolver um enfoque regional holístico, em resposta ao que o Governo de Nicolás Maduro está a fazer”.
Na segunda-feira, Nicolás Maduro convocou os venezuelanos para elegerem uma Assembleia Nacional Constituinte cidadã, para, justificou, preservar a paz e a estabilidade da República, incluir um novo sistema económico, segurança, diplomacia e identidade cultural. Segundo Maduro, como parte das suas “atribuições constitucionais” está a reforma do Estado venezuelano, modificar a ordem jurídica, permitindo a convocatória redigir uma nova Constituição.
As marchas a favor e contra o Presidente venezuelano intensificaram-se há um mês e, segundo dados oficiais, 28 pessoas morreram. Fontes não oficiais elevam para 34 o número de mortos em manifestações, nas quais mais de 500 pessoas ficaram feridas e mais de 1.300 foram detidas.
Estamos profundamente preocupados com os motivos para esta Assembleia Constituinte, que ignora a vontade do povo venezuelano e corrói ainda mais a democracia venezuelana. Trata-se de esforços do Governo venezuelano para impedir a realização de eleições e para usurpar a autoridade da assembleia nacional venezuelana”, afirmou.Mas Fitzpatrick foi ainda mais longe nas críticas a Maduro: “O que o Presidente [da Venezuela] está a tentar fazer novamente é mudar as regras do jogo. Sabe que está a perder poder e procura manipular as coisas, reescrever as regras, de modo a assegurar o acesso continuado ao poder, privilégios e proteções, para si e os seus amigos”.
Por outro lado, o sub-secretário adjunto dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental explicou que as ações anunciadas pelo Presidente da Venezuela poderão dar motivo para considerar a aplicação de novas sanções contra funcionários do Governo de Caracas.
“Uma das primeiras coisas que estamos a fazer, diplomaticamente, é consultar com todos os nosso vizinhos e parceiros da região — devido ao facto de o problema da Venezuela não ser com os Estados Unidos. Com toda a franqueza, o regime tem problemas com o seu próprio povo. Os EUA trabalharão em estreito contacto com outras nações para desenvolver um enfoque regional holístico, em resposta ao que o Governo de Nicolás Maduro está a fazer”.
Na segunda-feira, Nicolás Maduro convocou os venezuelanos para elegerem uma Assembleia Nacional Constituinte cidadã, para, justificou, preservar a paz e a estabilidade da República, incluir um novo sistema económico, segurança, diplomacia e identidade cultural. Segundo Maduro, como parte das suas “atribuições constitucionais” está a reforma do Estado venezuelano, modificar a ordem jurídica, permitindo a convocatória redigir uma nova Constituição.
As marchas a favor e contra o Presidente venezuelano intensificaram-se há um mês e, segundo dados oficiais, 28 pessoas morreram. Fontes não oficiais elevam para 34 o número de mortos em manifestações, nas quais mais de 500 pessoas ficaram feridas e mais de 1.300 foram detidas.
No sentido de evitar a crise política, o presidente da Venezuela quer fazer uma nova Constituição.
Afinal, ainda havia mais uma carta na manga.
observador.pt